Fanfic: Codinome Beija-Flor (Portiñon) | Tema: Rebelde
Capítulo 39 – Pra dizer adeus.
Dulce...
Cheguei em casa e me joguei na cama. Exausta. Física e psicologicamente abalada. Dormi o suficiente para ficar com olheiras gigantescas e, depois de passar a semana toda ``ausente``, sem ir na faculdade e nem ver ninguém, tomei uma decisão. Esperei que meu pai e minha mãe estivessem em casa e os chamei para uma conversa. Estávamos os três no escritório de papai, os dois olhavam-me assustados e temerosos, eu nunca havia os chamado assim, com tanta urgência.
-- Dulce, o que aconteceu, filha? – Mamãe perguntou, acariciando minha mão, do outro lado da mesa, e quebrando o silêncio.
Pelo seu tom de voz, logo percebi que eles estavam temerosos não por mim, mas pelo que eu poderia dizer. Por certo, pensavam que eu os acusaria de algo. Sorri, entendendo o comportamento estranho dos dois.
`` Carinhoso demais. Eles nunca foram assim. ``
-- Mãe, pai, não se preocupem, o que eu tenho pra falar não é sobre vocês. – Eles se olharam e suspiraram, aliviados. `` Bingo`` – É uma coisa simples, mas que pra mim...
-- Dulce, desembucha logo. – Papai interrompeu-me. – Eu ainda tenho mais duas reuniões hoje.
Foi a minha vez de suspirar. `` Agora sim, esses são meus pais. ``
-- Eu quero fazer uma viagem.
-- Era só isso, Dulce? – Mamãe perguntou, indignada.
-- Quero ficar um ou dois anos fora.
Eles se olharam novamente. Dessa vez, sem entender. Papai cruzou as mãos em cima da mesa e apoiou seu queixo, analisando-me atentamente.
-- Por que isso agora, Dulce?
-- Quero conhecer outros lugares, pessoas, países. Cansei daqui.
-- Cansou daqui? – Mamãe imitou-me com ironia. – E sua faculdade?
-- Vou trancar.
Papai levantou-se e foi até o bar, servindo-se de uma dose de whisky.Mamãe continuou parada. Olhando-me. Após longos segundos de silêncio, eu continuei a falar.
-- Eu nunca pedi nada desse tipo pra vocês. E continuaria sem pedir se, realmente, não precisasse sair por uns tempos daqui.
-- O que você aprontou que precisa sair com urgência daqui, Dulce?
-- Não aprontei nada, pai.
-- Se meteu com gente que não devia?
-- Não, mãe.
-- Aposto que...
-- Você não aposta nada, pai. – O interrompi. – Você nunca vai entender o que se passa comigo, porque está ocupado demais em enganar os outros e fazer das suas falcatruas. Só importa com a merda desse seu trabalho, só quer saber de dinheiro e dinheiro. Negócios e armações.
Ele não disse nada, apenas virou-se novamente na direção do bar e encheu seu copo com mais uma dose. Fiquei encarando suas costas, esperando que ele respondesse mas, como sempre, ele não disse nada. Mamãe puxou meu braço, encarou-me com raiva e disse:
-- Respeita seu pai, Dulce.
-- A senhora é outra, mãe. – Puxei meu braço e respondi, alterando o tom de voz sem conseguir esconder a mágoa. – Só quer saber de gastar o dinheiro que meu pai ganha passando por cima de outras pessoas vive uma vida de fingimento e bajulação. Seja aqui ou na rodinha da `` alta sociedade `` que você freqüenta. Quem são vocês pra me julgar? Quem? – Gritei. – Me diz?
Mamãe calou-me com um tapa forte no rosto o barulho do tapa não foi mais doloroso que o silêncio que se seguiu.
Mágoa. Dor.
O laço sanguíneo perdia-se no emaranhado de nós
Segurei o lado em que ela havia batido e a olhei. Ela estava com as mãos trêmulas o olhar fixo nas costas de meu pai, que ainda mantinha-se virado e em silêncio.
-- Eu só queria lembrar de vocês e sentir orgulho. Queria que a senhora fosse minha amiga, meu porto seguro, mamãe.
Eu disse, emocionada. Eles nada disseram. Eu já me preparava pra sair dali, quando ele interrompeu-me e ordenou:
-- Volta aqui e senta, Dulce.
Sentei. Ele prosseguiu:
-- Amanhã mesmo você viaja.
-- Ela precisa de dinheiro, Fernando. – Mamãe interveio. – Não quero que ela passe necessidade. O que as pessoas vão dizer?
Sorri, ironicamente. `` Caso perdido mesmo. ``
-- Vou te dar dinheiro e uma mesada, mas quero notícias. Aonde você está, o que está fazendo. Entendeu, Dulce? – Balancei a cabeça, de acordo. – Não te criei pra ficar solta no mundo!
-- Pai...
-- Vou te dar essa chance, Dulce. – Ele interrompeu-me. – Espero que você volte melhor e menos rebelde. Pai nenhum faz o que eu faço por você não me faça tomar medidas drásticas.
-- Eu...
Ele saiu do bar e caminhou até onde eu estava encarou meus olhos e, com a ira espumando em sua boca, disse:
-- Outra coisa, vou fingir que não ouvi os insultos que você dirigiu a mim e sua mãe. Pro seu bem, Dulce... Pro seu bem!
-- Pai...
-- Agora você pode ir.
-- Mas...
-- Sem dizer nada, Dulce. Já disse asneiras demais por hoje! – Apontou o rumo da porta e completou: – Vai!
Eu sai pisando duro despejando em lágrimas e palavrões, o misto de mágoa e raiva que sentia.
Incompreensão.
Desentendimento.
Vergonha.
Eram algumas das palavras que eu sentia quando lembrava dos meus pais. Peguei a chave do carro e saí, com um destino certo. Não demorou muito e eu cheguei o porteiro já me conhecia bem, rapidamente autorizou-me a subir. Maite abriu a porta com um sorriso no rosto, que logo se desfez quando me viu. Nós ainda não havíamos conversado e eu sabia, pelo seu olhar, que ela estava magoada.
-- Oi... – Eu disse, quebrando o silêncio. – Posso entrar?
Ela afastou-se da porta, deixando espaço para que eu entrasse. Entrei. Ela permaneceu de costas, virando e desvirando a chave. Trancando e destrancando a porta eu já estava sentada no sofá. Controlando as lágrimas.
-- Maite – Chamei, baixinho. Com a voz embargada. Ela não se virou.
Levantei. Caminhei até ela e toquei seu braço, fazendo com que ela virasse em minha direção. Ela me encarou, interrogativa.
-- Eu precisei tanto de você. – Eu disse, deixando que as lágrimas caíssem livres. – De um abraço. Do seu carinho. Preciso tanto de você, Mai.
Ficamos assim, apenas nos encarando, por longos segundos. Entre lágrimas ela abraçou-me forte misturando suas lágrimas às minhas. Vencendo a barreira de mágoa e orgulho que nos afastava.
-- O meu chão sumiu desde que você me deixou sozinha, Mai.
-- Eu tô aqui agoraDul... Não chora.
Ficamos abraçadas por um longo tempo me senti tão segura e protegida, só nos separamos para ir até a cozinha. Maite queria me dar água com açúcar para acalmar. Mal sabia ela que eu só precisava de sua presença.
-- Eu vou embora do Brasil, Mai. – Eu disse, encostada na mesa, enquanto a observava encher o copo.
-- O que? – Ela virou-se e perguntou-me assustada: – Como assim vai embora do Brasil?
-- Vou viajar. Dar um tempo daqui.
Ela suspirou. Olhando-me com pesar eu sabia exatamente o que ela estava pensando.
-- Quando você vai?
-- Amanhã.
-- Já? E aquela burocracia toda de visto, passaporte?
-- Meu pai ficou de resolver tudo. E você sabe como ele lida com burocracia.
Respondi, encarando seu olhar misterioso. Desviei apenas para olhar o copo transbordando era assim, exatamente assim, como eu me sentia. Transbordando.
Cheia demais.
Angustiada demais.
-- Dul...
-- Eu sei, Mai. – A interrompi. – Sei que você me acha mimada e covarde. Sei que estou fugindo e sofrendo por uma situação que eu mesma procurei.
-- Eu não disse nada disso, Dul. – Ela defendeu-se.
-- Não disse, mas pensou, Mai. – Eu respondi, categórica. – Eu sei disso tudo, mas não consigo... Tá doendo tanto. Eu nunca... nunca senti isso por ninguém, sabe?!
-- Eu sei, Dul. Só acho que é loucura abandonar tudo. Amigos, faculdade, família pra fugir de alguém que...
-- Depois daquele dia, a gente se viu de novo. – A interrompi.
-- Quando vocês se viram?
-- Um dia antes do aniversário dela. Eu pedi pra gente se despedir e ela... Bom, ela aceitou.
-- Dul, você sabia que ia ser pior. Por que pediu pra se encontrar com ela de novo?
-- Porque eu precisava, Mai. Precisava sentir o gosto dela mais uma vez. Precisava ter uma lembrança pra me agarrar, pra saber que nada do que ela disse sentir era mentira.
Ela suspirou. Vencida.
-- É... Acho que você precisa mesmo se afastar um pouco. Colocar a cabeça no lugar.
-- Vou sentir saudade. – Eu disse, lamentando.
-- Eu também, amore. – Ela abraçou-me mais uma vez. Aconchegando-me em seus braços. – Nem preciso dizer pra você se cuidar, né?!
Balancei a cabeça, negando. Ela prosseguiu:
-- Dul, quero notícias todos os dias. Email, sms, telefone. Qualquer coisa.
-- Vou te mandar cartão postal de todos os lugares, Mai.
-- Já sabe pra onde vai?
-- Não.
-- Como não, Dul?
-- Deixei que meu pai escolhesse, só vou descobrir amanhã, na hora de ir.
-- Sua doida! – Ela disse, fazendo cócegas e me beijando.
As horas que se seguiram foram de muita emoção. Maite sabia que eu odiava despedidas, mas, mesmo assim, fez questão que nós revíssemos fotos e relembrássemos os inúmeros momentos que vivemos juntas. Maite era assim, protetora demais. Amiga demais. Tudo pra mim. Seus pais não estavam, lamentei muito por não poder me despedir deles, mas deixei um beijo e a promessa de que logo estaria de volta. E, após inúmeras recomendações e lágrimas de despedida, sai de sua casa. Andei sem rumo pela cidade, por horas. Segui até a cabana. Entrei rapidamente, apanhei alguns objetos e fotos que estavam ali e segui. Parei na porta da casa dela. Olhei o porta retrato que estava em minhas mãos. Anahi, Mateus e Eu. Sorríamos felizes.A roda gigante, ao fundo, com suas luzes coloridas, passou despercebida a verdadeira luz estava ali, nos três sorrisos entusiasmados. Sorri ao lembrar dos momentos que passamos naquele primeiro e tão inesquecível encontro concordei com aquele trecho de uma música:
`` O que vai ficar na fotografia, são os laços invisíveis que havia. ``
Consegui eternizar um momento mágico e o levaria comigo para sempre. Antes de acelerar o carro e partir, olhei para seu apartamento e depois para a foto.
-- Adeus, Anahi. Jamais vou te esquecer. Se cuida, meu amor.
Titãs – Pra Dizer Adeus.
http://www.youtube.com/watch?v=rxbgYlC_xlM
Você apareceu do nada
E você mexeu demais comigo
Não quero ser só mais um amigo
Você nunca me viu sozinho
E você nunca me ouviu chorar
Não dá pra imaginar quando
É cedo ou tarde demais
Pra dizer adeus, pra dizer jamais
É cedo ou tarde demais
Pra dizer adeus, pra dizer jamais
Às vezes fico assim pensando
Essa distância é tão ruim
Por que você não vem pra mim
Eu já fiquei tão mal sozinho
Eu já tentei, eu quis chamar
Não dá pra imaginar quando
Autor(a): lunaticas
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Capítulo 40 – Trancado. Anahi... Um mês. Foi o tempo que demorei para saber da viagem de Dulce. Enquanto aplicava uma atividade, passeando pela sala e monitorando as ações dos alunos, pude ouvir a conversa de Maite e Beatriz, uma outra aluna, elas combinavam uma saída para o final de semana que se aproximava. Beatriz ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 65
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flavianaperroni Postado em 16/08/2015 - 04:40:47
Amei de verdade a fic,perfeita demais *-*
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claricenevanna Postado em 06/12/2013 - 01:17:47
Andei meio sumida daqui, mas não esqueci essa web que adoro de paixão. O final foi lindo, toda web foi linda, cara. Me emocionei muito com o amor puro delas. Parabéns! Uma história inteligente, instigante e marcada de muito amor. Estarei acompanhando na nova web.
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angelr Postado em 05/12/2013 - 00:48:19
Adorei a fic perfeita romantica e muito fofa amei foi bom ler *_*
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annecristine Postado em 05/12/2013 - 00:31:28
Crlh vc escreve muito! Amei o final da fc. Elas sao lindas o Matheus super fofo! Rs.. Parabens ameii.. ^_^
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annecristine Postado em 04/12/2013 - 18:12:31
Aiii q lindo! Amei o penúltimo cap. Foi perfeito! Pena q vai acabar.. :/ Parabéns!
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Valesca Postado em 02/12/2013 - 23:49:59
A sua web é maravilhosa, parabéns! ps.: posta mais
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lunaticas Postado em 02/12/2013 - 22:50:48
Acabei de postar dani_portinon haushuahsauu
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dani_portinon Postado em 02/12/2013 - 22:48:15
Vai postar o próximo capitulo que hrs ? *-*
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dani_portinon Postado em 29/11/2013 - 23:07:22
Posta mais, estou amando a web ><
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annecristine Postado em 29/11/2013 - 01:58:05
Ai q fdp nojento o pai da Dul.. Pena delaas.. :/ Tomara q a Dulce fique boa logo..