Fanfics Brasil - Capitulo 45 Codinome Beija-Flor (Portiñon)

Fanfic: Codinome Beija-Flor (Portiñon) | Tema: Rebelde


Capítulo: Capitulo 45

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Capítulo 45 – Surfando Karmas e DNA...


 


Dulce...


 


Dois anos.


Foi o tempo que gastei para conhecer alguns dos – vários – países que eu queria e tinha vontade. Durante esse tempo, não fiz e nem me preocupei com nada. Aliás, minha única preocupação era matar a curiosidade de novas experiências. Na companhia de Angelique – que havia se tornado a amante perfeita, sem cobranças, sem compromissos, só sexo e diversão – eu havia passado por diversos países, em diversos continentes. Ásia, Europa, América. Experimentando diversas culinárias, alimentando culturas. Conhecendo pessoas. Vivendo sabores. Cores e magias diferentes.
Duas adolescentes gastando a mesada dos pais pelo mundo. Sem bagagem. Sem preocupações. Durante dois anos, aquela aventura toda me preencheu. 
Tanto que não deixou espaço para sofrimento e lamentações. As novas experiências ocupavam os espaços deixados pelas velhas.
As lembranças foram ocupadas pelos planos. 
A vontade de viver era tanta, que eu havia me esquecido da vida. 
Do amor.
Do sofrimento de antes.


Eu tinha sede de descobertas. 
A necessidade de viver era gritante. 
Desesperadora.


Estava vivendo como se não houvesse amanhã.
Bebendo até cair. Amanhecendo em festas.
Sendo inconseqüente até dormir.


Eu precisava buscar alguma maneira de preencher o vazio que surgia ao amanhecer e eu buscava em outro lugar. Em outra bebida. Em algum outro corpo qualquer. Busquei durante dois anos. Dois anos que foram muito bem aproveitados, mas que foram efêmeros. Fúteis demais.


Hoje, na cidade de Porto Príncipe, capital do Haiti que foi devastada pelo terremoto, convivendo diariamente com uma população que, além dos vários problemas sociais, políticos e econômicos, foram vítimas de uma tragédia natural, eu percebo a futilidade da minha fuga.
Tantas crianças perderam os pais e hoje estão abandonadas. Pessoas que, após perderem tudo ou com medo de perder o pouco que sobrou após o terremoto, usam a rua como moradia.

Pobreza. Miséria. Fome.
Dor. Abandono. 
Mortos e Feridos.


Eu conhecia ali, naquela cidade destruída, o lado miserável da vida. O meu sofrimento, motivo da minha fuga, se tornou tão pequeno e sem sentido.
Eu rodei o mundo por dois anos, conhecendo lugares belos, pessoas felizes, gastando dinheiro sem me preocupar com nada, mas foi em um lugar destruído, vendo pessoas vivendo em extrema miséria, que eu conheci o real sentido do verbo viver.


Já parou para pensar em como é viver sem ter garantias e nem expectativas do amanhã?


Viver sem ter o que comer.
Viver sem ter o que beber.
Viver sem ter o que vestir.


Ver os filhos passando fome, frio. Necessidade.

Viver sem ter certeza se viver é a melhor saída.


Viver doente.


Viver carente.


E mesmo assim, viver.


Eu vi pessoas levantarem de madrugada para percorrer percursos de km à procura de água. Essa mesma água que você desperdiça sem pensar nas conseqüências. Eu vi uma mãe deixando de comer para alimentar seu filho.
Eu vi a vida. Na sua extremidade.


A vida suada. Sofrida.
Severina.


Eu olhei para as minhas mãos e comparei com as mãos calejadas da criança que trabalhava para ajudar os pais.


Eu tinha tudo.
E não dava valor em nada.


Precisei chorar a dor de um mundo desigual, para dar valor no mundo, em geral.


 -- Angel?


-- Fala, gata.


-- Tô voltando pra casa. Você vem comigo?


-- O que? Por que isso agora, Dul?


-- Cansei, Angel. Cansei de fingir que tá tudo bem, que eu tô feliz. Eu adorei por todo esse tempo, de verdade. Mas olha isso. Olha à sua volta. – Pedi, apontando – Daqui, desse hotel quatro estrelas, é tudo muito bonito, mas você já olhou lá fora? Olha aquelas crianças, cara. Aquelas pessoas passando necessidade.


-- E o que tem isso, Dulce? Vai querer mudar o mundo agora?


-- Cara, será que você não entende? – Perguntei andando de um lado pro outro, passando a mão pelos cabelos. Desesperada. – Não quero ser mais uma filhinha de papai alienada. Eu, praticamente, fugi de casa, achando que meu problema era o maior do mundo. Mas sofrer por amor não é nada perto disso, Angel. Olha essas pessoas, cara. São seres humanos.


-- Dul, você fumou alguma coisa e não me ofereceu? Surtou, cara.


-- Você não entende. Você nunca entende, Angel. Eu vou voltar. Você vem comigo?


-- Vou, né?! Depois eu vejo se tem alguma coisa pra fazer no Brasil.


-- Preciso voltar a fazer minha faculdade. – Constatei. – Meus amigos, minha família, minha casa. Como eu tive coragem de deixar tudo?


Eu me perguntava, sem entender. 
Era como se eu tivesse acordando de um pesadelo. 
Onde eu estive com a cabeça durante todo esse tempo?


Eu fiz o que abomino e que todas as pessoas fazem: fugi.


-- Ei, calma. Pára de andar de um lado pro outro e me escuta. – Angel pediu, segurando-me pelos ombros, fazendo com que eu me sentasse e prestasse atenção em suas palavras. – Nós vamos voltar pra casa. Você só precisava de um tempo longe de tudo, Dul. A gente se divertiu, foi ótimo. Agora pronto, vamos voltar. Para de se culpar e condenar o tempo todo.


-- Eu só me dei conta do quanto fui covarde, Angel. Não precisava ter fugido dessa maneira.


-- Dul, você estava assustada. O tamanho e a intensidade do sentimento te assustaram, você fez o que todo mundo faria, se afastou pra se proteger.


-- E agora? Eu tenho medo de ver e sentir tudo de novo. Eu quero muito voltar, mas não sei se estou pronta. Durante esse tempo todo, eu evitei pensar em Anahi, mas não sei como vai ser.


-- Como assim não sabe? Amor, você tem namorada agora. E sou euzinha aqui. Ou vai dizer que esse monumento aqui – passou a mão pelo seu corpo – não é o bastante pra você? Quando você ver a digníssima, vai ver que não sente mais nada.


Sorri, achando graça no comportamento de Angel.
Nossa relação era mesmo especial. Pra não dizer, aberta demais.


-- Sério, Dul. Eu espero que você tenha conseguido amadurecer e entender melhor o que você sente. E, o mais importante, compreender as atitudes dela.


-- É... Pra ser sincera, não sei o que esperar. Nem do que eu sinto, nem das atitudes dela. Hoje eu sei, Angel fugir dos problemas não os solucionam.


-- Nossa filosofou! – Ficamos em silêncio por longos e angustiantes segundos. Angelique quebrou o silêncio e a seriedade do momento, quando completou – Tu andou fumando mesmo, Dul. 

Sorrimos. Juntas e cúmplices.


E ali, naquele quarto de hotel, eu tive certeza: Estava na hora de voltar pra casa eu voltaria da mesma forma que parti.


Buscando...


Naveguei por mares e oceanos diversos, mas continuo procurando meu porto. Eu sabia onde ele estava, mas também sabia que ele não era seguro.


Me abandonei naquela vaga idéia de que fugir era a solução.


Me enganei.

Agora eu voltaria. Refazendo o caminho.


Enfrentando ventanias e tempestades.

Surfando Karmas e DNA.


 


Surfando Karmas e DNA – Engenheiros do Hawaii


http://www.youtube.com/watch?v=I5cvaapHMq0


 


`` Quantas vezes eu estive
Cara a cara com a pior metade?
A lembrança no espelho,
A esperança na outra margem

Quantas vezes a gente sobrevive
À hora da verdade?
Na falta de algo melhor
Nunca me faltou coragem

Se eu soubesse antes o que sei agora
Erraria tudo exatamente igual..

Surfando karmas e DNA
Eu não quero ter o que eu não tenho
Não tenho medo de errar!

Surfando Karmas e DNA
Não quero ser o que eu não sou
Eu não sou maior que o mar.``



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Autor(a): lunaticas

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 65



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  • flavianaperroni Postado em 16/08/2015 - 04:40:47

    Amei de verdade a fic,perfeita demais *-*

  • claricenevanna Postado em 06/12/2013 - 01:17:47

    Andei meio sumida daqui, mas não esqueci essa web que adoro de paixão. O final foi lindo, toda web foi linda, cara. Me emocionei muito com o amor puro delas. Parabéns! Uma história inteligente, instigante e marcada de muito amor. Estarei acompanhando na nova web.

  • angelr Postado em 05/12/2013 - 00:48:19

    Adorei a fic perfeita romantica e muito fofa amei foi bom ler *_*

  • annecristine Postado em 05/12/2013 - 00:31:28

    Crlh vc escreve muito! Amei o final da fc. Elas sao lindas o Matheus super fofo! Rs.. Parabens ameii.. ^_^

  • annecristine Postado em 04/12/2013 - 18:12:31

    Aiii q lindo! Amei o penúltimo cap. Foi perfeito! Pena q vai acabar.. :/ Parabéns!

  • Valesca Postado em 02/12/2013 - 23:49:59

    A sua web é maravilhosa, parabéns! ps.: posta mais

  • lunaticas Postado em 02/12/2013 - 22:50:48

    Acabei de postar dani_portinon haushuahsauu

  • dani_portinon Postado em 02/12/2013 - 22:48:15

    Vai postar o próximo capitulo que hrs ? *-*

  • dani_portinon Postado em 29/11/2013 - 23:07:22

    Posta mais, estou amando a web ><

  • annecristine Postado em 29/11/2013 - 01:58:05

    Ai q fdp nojento o pai da Dul.. Pena delaas.. :/ Tomara q a Dulce fique boa logo..


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