Fanfic: Codinome Beija-Flor (Portiñon) | Tema: Rebelde

Capítulo 46 – Sinais de Fogo.

Anahi...


Cheguei em casa exausta, mas com a sensação de dever cumprido. Consegui manter a calma e fazer a prova tranquilamente. Agora, era só aguardar pelo resultado. 

-- Mamãe. – Mateus pulou em meu colo, cobrindo-me de beijos. – Saiu bem?

-- Acho que sim, filho. Agora eu quero muitos e muitos beijos para comemorar.

Depois de ganhar muitos beijos e abraços, Mateus aninhou-se em meu colo. Caminhei com ele até o sofá e me sentei, acariciando seus cabelos.

-- Sabe o que você ta merecendo, mamãe?

-- O que, filho? – Perguntei curiosa.

-- Sorvetee!

Sorri. Me deliciando com a idéia.

-- Humm.. Sabia que eu to morrendo de vontade de tomar sorvete? Mas sabe o que eu quero antes?

-- O que, mamãe? – Ele levantou-se, olhando-me atentamente.

-- Batata frita e um sanduíche gigante.

-- Ebaaaa!

Já estávamos saindo quando Alfonso chegou, segurando várias sacolas e pastas.

-- Oi, amor. – Deu-me um beijo e abaixou, abraçando Mateus. – Oi, filhão.

-- Oi, papai.

-- Posso saber onde os amores da minha vida vão?

-- Comer batata frita, sanduíche e depois tomar sorvete. Vamo também, pai?

-- O papai não vai poder, filho. Tenho milhões de coisas pra resolver, mas eu quero um sorvete hein?! Vou esperar você trazer.

-- Vou pensar, papai.

-- Ah, vai pensar é? Então, vem cá.

 Os dois começaram uma guerrinha. Sobraram cócegas até para mim. Ambos terminaram exaustos, jogados no sofá.

-- Tá todo suado, filho vai tomar um banhozinho rápido, vai a mamãe te espera.

-- Ah, mãe eu to com fome.

-- Filho, já pro banho.

Após reclamar muito, ele foi. Mateus tinha a personalidade forte muito parecida com a minha se continuássemos assim, tão parecidos, teríamos longos e calorosos embates. Alguém teria que ceder primeiro e esse pensamento me fez sorrir.

-- Ta rindo sozinha, amor? – Alfonso comentou divertido.

-- Tava aqui pensando no Mateus. Ele se parece tanto comigo.

-- Pode até se parecer com você, querida, mas a habilidade pro futebol, ele puxou a mim.

Sorri, achando graça. Alfonso estava visivelmente bem humorado naquele dia.

-- Anahi, e a prova? – Perguntou mudando o semblante. 

-- Fui bem. Estava tranqüila. Agora é esperar sair o gabarito para ter uma noção de como eu me sai, de fato.

-- Aposto que você se saiu muito bem, meu amor. – Ele se aproximou, abraçando-me. – Merece até uma comemoração o que você acha?

Ainda não estava com muita vontade de sair, mas tentei me lembrar qual tinha sido a última vez em que saímos para comemorar e não me lembrei. Alfonso continuava tão paciente e atencioso, não merecia tanta frieza e distanciamento da minha parte até porque ele não tinha culpa da dor que eu ainda sentia.

-- Acho uma boa idéia, Poncho. Onde você quer ir?

-- Ah, nós já fomos em tantos bares e restaurantes, mas eu queria alguma coisa diferente. Não sei.

-- Faz tempo que não vamos naquele barzinho que você gosta, o com música ao vivo. Lá é gostoso, descontraído.

-- Pensei que você não gostasse de lá, querida. – Balancei a cabeça, desfazendo sua impressão. – O Augusto transformou aquele bar fez um ótimo negócio.

Tentei não pensar, mas foi impossível deixar de lembrar da última vez que estive naquele bar. Dulce havia me beijado com tanta intensidade e eu havia correspondido com tanta paixão e loucura. Só concordei em voltar àquele lugar, porque sabia que não teria chance nenhuma de nos encontrarmos novamente. Apesar de uma parte de mim desejar ardentemente esse reencontro, a outra se contentava em lamentar e recordar apenas.

-- Amor? – Alfonso chamou, tirando-me de meus devaneios. – Ouviu o que eu disse?

-- Desculpa, me distraí.

-- Só estava confirmando, pode ser no bar do Augusto mesmo?

-- Pode sim, amor. 

-- Bom, então eu vou trabalhar e terminar isso logo para não ter imprevistos.  – Disse e se aproximou, dando-me um rápido beijo nos lábios e seguindo até o escritório. – Até mais tarde, querida.

-- Até, amor e eu vou apressar aquele sapeca que até agora não voltou do banho.

-- Nem precisa, mamãe já estou pronto.

Mateus apareceu na sala, todo vestido e de banho tomado.

-- Vem cá, deixa eu ver se está cheiroso.

Ele se aproximou e eu senti o cheirinho gostoso dele.

-- Hum... que garoto cheiroso.

-- E faminto. – Completou, passando a mão na barriga.

-- E exagerado também.

Ele fez careta e me puxou, levando-me até o carro. O sanduíche e o sorvete se estenderam para o parque de diversões. Passamos horas e horas brincando e nos divertindo.

Mãe e filho. Juntos.

Perdi a conta de quantas vezes gargalhei.
Mateus era a razão do meu sorriso.
Meu laço mais bonito.

Nos divertimos tanto que cheguei atrasada em casa. Foi o tempo de deixar Mateus na casa da avó, tomar um banho e me arrumar correndo. Alfonso já estava pronto e me aguardava impaciente.

-- Vai demorar muito ainda, Anahi?

-- Já tô quase pronta, Poncho.

-- Tem duas horas que estou te esperando, amor. – Ele respondeu, impaciente. – Quanta demora!

Terminei de passar o batom, peguei a bolsa e o chamei na sala.

-- Pronto... Tô pronta.

-- Finalmente.

`` Nem reparou na minha roupa. Homens sempre sem paciência ``

Seguimos até o bar.

Durante o caminho, eu sentia meu coração bater mais e mais rápido. 
Minhas mãos começaram a suar e uma ansiedade desconhecida surgiu em meu peito. Só quando eu desci do carro e entrei no bar, entendi o motivo.

Dulce.

Não acreditei quando a vi.Tão mais linda e madura. Estava com mais jeito de mulher. Sentada na mesa, com várias pessoas em volta, Dulce se distraía tirando fotos. Entre poses e sorrisos. Entre uma foto e outra, ela me viu.

Seu sorriso sumiu.

Fixou seu olhar no meu.

Sem saber como agir, eu continuava ali, parada, sem acreditar, segurando forte no braço de Alfonso, que conversava distraído com o segurança do local.
Eu senti que ia desmaiar a qualquer momento. Minhas pernas fraquejaram e a boca secou. Precisei me apoiar nele para não cair. Dois anos se passaram e nada mudou. Eu sentia meu coração bater como um louco dentro do peito. Era como se nós nunca tivéssemos nos afastado. Meu corpo vibrou novamente. Tão vivo.

`` Depois de tanto tempo. Com tantos lugares, ela tinha que estar justo aqui, meu Deus? ``

Nos encaramos por longos segundos. Eu não agüentava mais sentir aquele desespero. Aquela sede dela que nunca era saciada. Pedi licença, me separando de Alfonso e corri para o banheiro.
Precisava fugir. Me esconder..
Precisava sair dali o mais rápido possível.

Lavei meu rosto várias vezes, tentando esfriar aquela sensação que insistia em pulsar em cada canto do meu corpo. Eu não conseguir controlar a vontade de vê-la mais uma vez.

Era tanta saudade.

Era tanto amor.

Sequei o rosto e caminhei até o espelho, encarando meus olhos de perto. Fechei-os para não ter que admitir que o brilho que vinha deles, tinha um motivo especial. Abri-os novamente para ver Dulce pelo reflexo do espelho. Parada. Sem deixar de me encarar, ela caminhou para mais perto. Virei, encarando seus olhos de frente.

E o tempo parou naquele momento.

A rotação do mundo também.

E, depois de anos, eu voltava a encarar aqueles olhos perturbadores que me sugavam, atraindo, me fazendo mergulhar naquela imensidão misteriosa.

O silêncio fora quebrado pelo barulho da música.

Nossos olhares continuaram fixos.

A respiração alterada.

As batidas descompassadas.

Minha mente não conseguia raciocinar o que os olhos viam.

Dulce. De volta.
Tão perto. Tão distante.

Tão bela.

Dulce.

 `` Quando você me vê eu vejo acender
Outra vez aquela chama
Então pra que se esconder você deve saber
O quanto me ama
Que distância vai guardar nossa saudade
Que lugar vou te encontrar de novo?
Fazer sinais de fogo
Pra você me ver.. ``

Sinais de Fogo – Interpretado por Preta Gil

 http://www.youtube.com/watch?v=7_cbbmYNA9o