Fanfics Brasil - Capitulo 47 Codinome Beija-Flor (Portiñon)

Fanfic: Codinome Beija-Flor (Portiñon) | Tema: Rebelde


Capítulo: Capitulo 47

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Capítulo 47 – Revanche.


 


Dulce...


 


A sensação de pisar em solo brasileiro foi inexplicável. Sai do avião e respirei fundo fazendo com que meus pulmões se enchessem de ar brasileiro.


`` Ah, como é bom chegar em casa. ``


Angel tinha avisado pros meus pais – e pros pais dela – que nós estávamos voltando, não foi surpresa encontrar Carlos nos esperando no aeroporto.


-- Menina Dulce, quanto tempo. – Ele abraçou-me, saudoso. – Você cresceu.


-- Ô, Carlos. Nem cresci tanto assim. – Eu respondi, batendo, amigavelmente, nas costas dele. – Senti sua falta, amigão.


-- Eu também, menina... Eu também.


Carlos cumprimentou Angel e nos ajudou com as malas, carregando-as até o carro.


-- E como estão as coisas lá em casa, Carlos? – Eu perguntei, durante o caminho.


-- Tudo bem. Daquele jeito de sempre, menina Dulce. Seu pai ta no escritório e acabei de deixar sua mãe no shopping.


-- É. O tempo passa e nada muda mesmo.


-- A casa ficou muito vazia sem você. – Ele comentou, enquanto manobrava o carro. – Outro dia seu pai tava comentando que sentia sua falta.


-- Meu pai, sentindo minha falta? O velho tá ficando doido nunca foi de sentir minha falta.


-- Você ficou dois anos fora, Dul. – Angel comentou, divertida. – É normal que ele sinta sua falta.


-- É... pode ser.


Angel sorriu, dando-me a certeza de que sabia que eu não havia me convencido. Se ela já me conhecia antes, depois de dois anos juntas, convivendo diariamente, Angel me conhecia como ninguém.


Falando em me conhecer como ninguém, lembrei de uma outra pessoa que também ocupava esse posto em minha vida.


-- Carlos, muda o caminho, não vai pra casa não.


Enquanto ele parava o carro, esperando mais informações, Angel me perguntou, sem entender.


-- Ué, pra onde você quer ir, Dul?


-- Pra casa da Mai. – Falei alto para que Carlos ouvisse. Angel sorriu, aprovando minha decisão.


Maite odiava surpresas.  Surpresas emocionantes, então.


-- Ela vai te matar, Dul. Você sabe que ela odeia ser pega de surpresa.


-- Tava pensando nisso agora. – Gargalhamos, imaginando e imitando as supostas reações de Maite. – Cara, não consigo controlar, to morrendo de saudade daquela doida.


-- Eu também. Aposto que ela vai se desmanchar em lágrimas.


-- Com certeza. Já vou preparar meus braços, sinto que eles receberão vários tapas.


-- Aposto que você já tinha planejado isso tudo, Dul.


-- Como assim, minha loira? – Eu perguntei ironizando, enquanto segurava sua mão.


-- Você não avisou pra Mai que a gente estava voltando de propósito, Dul. – Ela respondeu, entrelaçando seus dedos nos meus. – Pensa que eu não sei, né?


Sorri.


Cheguei perto de seu rosto e, após dar-lhe um beijo estalado, sussurrei em seu ouvido:


-- Tô louca pra te beijar, sabia?


-- Só beijar? – Ela respondeu, provocante, mordendo a pontinha da minha orelha.


-- Beijar, morder – Eu dizia enquanto passeava com a mão em sua perna, aproximando de seu sexo – tocar, chupar... Tô louca pra te...


-- Chegamos, meninas.


Carlos avisou, nos interrompendo. Angel abriu os olhos, visivelmente frustrada. Desci a mala que estavam os presentes de Maite e passei pelo porteiro - sem ser anunciada. Toquei a campainha e quem atendeu foi Marta, a funcionária. Martinha, após muita festa e insistência para que lanchássemos, nos avisou que Maite estava no quarto. Segurei na mão de Angel e seguimos – passo a passo, fazendo o mínimo barulho possível – até o quarto. Abri a porta e, ao ver a cena, segurei para não rir. Logo Angel entrou e, conhecendo bem o jeito escandaloso dela, colei minha boca na sua.


-- Humm...


-- Shii... – Falei baixinho. Desgrudando os lábios dos dela. – Não ri alto.


-- O que? Por quê?


Ela perguntou e desviou seu corpo do meu, olhando para dentro do quarto. Angelique soltou uma gargalhada tão alta que Maite se assustou e gritou, levantando da cama. Angel, por susto ou reflexo, não sei explicar, gritou de volta.


As janelas tremeram e meus ouvidos sofreram. Abafei o som, os protegendo com as minhas mãos. Só vi a boca das duas abertas, gritando. Foi a minha vez de gargalhar. Eu ria tanto, que nem percebi que os gritos haviam cessado e as duas olhavam – com um olhar de morte – pra mim. Maite se aproximou, bufando com os olhos vermelhos e o corpo todo – inclusive o rosto – coberto por uma máscara marrom. Isso mesmo, marrom.
Instintivamente, caminhei para trás. Só não imaginava que Angel estava atrás de mim. Acabei esbarrando nela. Estava cercada e perdida enquanto Maite se aproximava, virei e abracei Angel, tentando me proteger.


-- Ela ta muito feia, Angel. Socorro...


Angel  me abraçou e não conseguiu segurar a risada. Corremos juntas para o outro lado do quarto.


-- Eu vou mataaaaaaar vocês. – Maite gritava, irada. Nos encolhemos no cantinho do quarto, sem ter para onde correr. Nos abraçamos e ficamos rindo baixinho. – E pareeeem de rir, as duas.


-- Parei, parei... – Eu respondi, levantando as mãos, em sinal de paz. – Agora fica calma, Mai. Sou eu, a Dul lembra?


-- Cala sua boca, Dulce Maria. Apesar dos anos que se passaram e da sua falta de consideração em me avisar que estava voltando, eu ainda lembro dessa sua cara feia.


-- Não é a cara dela que ta feia, hein?! – Angel comentou zombando e despertando, novamente, a fúria do gigante.


-- Angeliqueeeeeeeee. – Virei o rosto, fazendo careta. O timbre da voz de Maite ecoou por cada canto do meu corpo. Ela, não satisfeita, continuou gritando – Ai que ódioooooooo!


-- Puta que pa*riu. – Eu deixei escapar. – Que grito!


-- O que ta acontecendo aqui, gente?


-- Marta, Martinha. Socorro! – Maite correu em direção à Marta, desesperada.


-- Que foi, dona Maite?


-- Essas duas aí, Marta acabaram com a minha máscara de relaxamento. Não deu tempo da lama agir no meu organismo... Ai, que tragédia.


-- Ô minha Nossa Senhora. Fica calma, dona Maite as meninas não sabiam.


-- A minha lama de Araxá, Marta. – Ela interrompeu, batendo os pés. Dando birra. – Deu tanto trabalho pra conseguir.


Maite sentou na cama, colocou as mãos no rosto, ainda coberto de lama, e começou a chorar. Sai do cantinho da parede e me aproximei de onde ela estava. Aproveitei que ela estava distraída e me ajoelhei, falando baixinho.


-- Eu trouxe vários cremes e hidratantes pra você, amiga. De várias partes do mundo. – Ela levantou a cabeça, mesmo com a lama cobrindo seu rosto, pude perceber seus olhinhos brilhando. – Deixa a lama pra lá.


-- Ai, Dul. – Ela se jogou em meus braços, cobrindo-me de beijo e de lama. Enquanto me apertava em seu abraço, ela repetia: – Eu te amo tanto. Senti tanto a sua falta.


-- Nossa o que uns cremezinhos importados não fazem. – Angel comentou, rindo e se aproximando, completando o abraço triplo.


-- Essas meninas. – Marta comentou, balançando a cabeça. – Vou deixar vocês matarem a saudade e vou preparar um lanchinho. As meninas devem estar com fome.


Ficamos conversando, contando um pouco desses dois anos pra Mai. Mas ela só prestou atenção depois de ganhar os presentes e experimenta-los, claro. Logo Marta voltou com uma bandeja cheia de coisas gostosas. Eu comi tanto que nem imaginava o quanto estava com fome.  A comida brasileira é sem comparações mesmo. Me deliciei e matei a saudade do bolo de cenoura com calda de chocolate que só a Marta sabe fazer.


-- Amigas, vou tomar um banho e tirar a lama, vocês me esperam?


-- Claro, Mai não vejo a hora de te ver sem essa coisa marrom.


-- O tempo passa e você não perde a chance de fazer piadinhas sem graça né, Dul?


Ela retrucou, emburrada. Angel e eu ficamos rindo. Assim que Maite entrou para o banho, Angel pulou em meu colo, como se adivinhasse meus pensamentos..


-- Agora eu só saio daqui depois que go*zar. – Ela disse, entre um beijo e outro. Ofegante.


-- Tá doida, Angel? – Eu respondi com dificuldade, enquanto ela se mexia em meu colo. – A Mai tá ali do lado.


-- Só uma rapidinha, vai. – Ela levantou a saia e levou minha mão até seu sexo, sussurrando em meu ouvido: – Sente já tô toda molhada, Dul.


-- Delícia.


Passei o dedo na sua calcinha e, realmente, estava toda molhada. 
Impossível resistir. Avancei na sua boca, beijando-a com volúpia sugando a língua, mordendo o lábio. Desci para o pescoço. Lambendo. Marcando. Afastei a calcinha e acariciei seu sexo molhado. Pressionei o clitóris e ela gemeu, agarrando-se ao meu pescoço. Escorreguei o dedo e penetrei, movimentando-os dentro dela. Angel apertava seu corpo ao meu a cada movimento, gemendo e pedindo por mais..


-- Quer mais é? Eu dou. 

Acelerei os movimentos e enlouqueci quando ela mordeu minha orelha, gemendo.


-- Faz mais rápido, Dul. – Ela pedia com dificuldade a respiração entrecortada impedia que a frase saísse com clareza. 

Eu fiz, como ela pediu. Angelique movimentava-se em meus dedos. 
Inclinando seu corpo. Beijando meus lábios.


-- Vou gozar.


Ela antecipou, levando-me à loucura. Não demorou para sentir seu gozo escorrendo pelos meus dedos e não demorou para Maite sair do banho. Com a quantidade de lama que tinha em seu corpo, eu esperava que o banho fosse mais longo. Angel saiu rapidamente do meu colo, caindo de qualquer jeito na cama tentando ajeitar a saia e o cabelo. Limpei meus dedos no lençol da cama e disfarcei, pegando a primeira revista que vi pela frente. Pensando que, se Maite sonhasse em descobrir o que havia acabado de acontecer, eu estava encrencada.


-- Outra coisa que eu queria deixar bastante claro: – Maite comentou, enquanto saia do banheiro, secando os cabelos molhados. Levantei meu olhar da revista e aguardei, aflita,que ela continuasse – Eu aceito vocês se pegarem, mas transar no meu quarto já é demais.


Ficamos com aquela cara de: Ahn? Como ela sabe?


-- Podem tirar essa expressão de Madalena arrependida e apedrejada do rosto. Esqueceram que eu conheço muito bem as duas?


Diante do nosso silêncio e do clima constrangedor que se instaurou, Maite continuou falando.


-- Não, eu não escutei nenhum gemido eu só deduzi. Como? – Fez a pergunta e ela mesmo respondeu – A revista que você tá lendo, Dul, tá de cabeça pra baixo. – Olhei na hora para a revista e a desvirei, indignada com meu erro amador. – E essa boca vermelha, Angel? Sua saia tá toda torta e as pernas tão arranhadas.


-- Desde quando você enxerga dessa distância, Maite? – Angel perguntou, olhando das pernas para Maite e de Maite para as pernas.


-- Desde quando vocês transam no meu quarto?


-- Vixii... Tem muito tempo. – Confessei inocente.


-- O que? Vocês já...


-- Claro que não, amiga. – Angel retrucou, trincando os dentes e me beliscando disfarçadamente. – A Dul tava só brincando. Né, Dul?


-- É... Lógico que é brincadeira, Mai. – Aproveitando que Maite havia virado e se distraído no guarda-roupa, devolvi o beliscão e ainda reclamei. – Doeu, tá?


-- Você é louca de contar que a gente já transou aqui antes? Só pode ser, né?!


-- Para de sussurrar, Angel.


-- Para você.


-- Meninas...


-- Foi ela. – Dissemos ao mesmo tempo, apontando uma para a outra.


-- Foi ela o que, gente? Vocês tão malucas. – Suspiramos, aliviadas. – Deixa eu falar, combinei com a galera de ir no bar do pai da Amanda hoje. Vocês topam?


Olhei para Maite como se ela tivesse cometido a maior gafe do mundo. E, realmente, ela havia cometido. Sempre que Amanda e eu nos encontrávamos rolava alguma coisa. O que eu faria com ela e a Angel no mesmo ambiente?


-- Fica tranqüila, Dul. – Maite disse, interrompendo meus pensamentos. – A Angel sabe e não vai deixar a Amanda chegar perto de você.


-- Isso mesmo, Dulcinha se aquela abusada ousar chegar perto de você, eu bato nela.


-- Você não mata nem mosca, Angel. Vai bater em alguém?


-- Maite, de qual lado você tá mesmo?


Enquanto as duas discutiam, eu lembrei – pela primeira vez depois que cheguei – de Anahi. As lembranças que eu tinha dela e daquele bar ainda eram tão fortes e vivas em minha mente. Vê-la com o marido, trocando carícias, foi uma das maiores decepções que eu tive na vida.


-- Dul?


-- Fala, Maizinha da minha vida.


-- Tá toda distraída aí. Tá pensando em que?


-- Em nada. – Disfarcei. – Aliás, tô pensando que vai ficar tarde pra gente se arrumar. Nós três juntas, vai horas e horas.


Elas concordaram, lembrando do quanto enrolamos para arrumar. Após alguns segundos de silêncio, Maite sugeriu:


-- Por que vocês não se arrumam por aqui mesmo? Economiza tempo.


-- Boa idéia. – Angel concordou. – As malas estão no carro ainda, Dul.


-- Nossa, cara o Carlos tá lá até agora vou pegar as malas e dispensa-lo já volto.


Desci rapidamente, preocupada com Carlos. O encontrei conversando com o porteiro, tomando um cafézinho.


-- Ô, Carlos. Desculpa pela demora.


-- Imagina, menina Dulce eu imaginei que vocês fossem matar a saudade.


-- E ele nem reclamou da espera, dona Dulce. – Seu Elias, o porteiro, comentou, todo brincalhão – Fez foi tomar meu café inteiro.


Eu sorri, achando graça da implicância dos dois.


-- Carlos, pode ir pra casa minha mãe deve tá louca atrás de você. Nós vamos ficar aqui e sair mais tarde.


-- Não vai ver sua mãe e seu pai, menina Dulce? – Ele perguntou.


-- Diz pra eles que eu enrolei por aqui e que amanhã mato a saudade.


`` Mais um dia. Aposto que eles nem vão se importar mesmo. ``


-- Sim, senhorita. Qualquer coisa que precisar já sabe, menina Dulce. É só me ligar.


-- Obrigada, Carlos.


Despedi-me dos dois e subi. Enquanto o elevador chegava, eu me peguei pensando em Anahi de novo. Tão logo reprimi o pensamento. Não queria dar chance para meu coração se manifestar. O medo e a confusão ainda sobressaíam à saudade. Eu queria curtir aquela noite. Matar a saudade dos meus amigos sem ter que pensar e nem decidir nada.


E assim eu faria.


Subi e encontrei Maite se arrumando e Angel tomando banho. Logo que Angel saiu, eu entrei no banho. Maite havia preparado caipirinhas e, enquanto nos arrumávamos, fizemos um esquenta. Depois de horas e horas, terminamos lindas, atrasadas e um pouco `` altinhas `` pela quantidade de caipirinhas, nós saímos em direção ao bar. Logo que chegamos, já encontramos a mesa cheia. Foi emocionante rever tantos rostos conhecidos.Abracei e fiz festa para todos meus amigos. Logo estávamos todos rindo e conversando ao mesmo tempo.

-- Dul, faz pose pra foto. – Alguém gritou.


Quando eu levantei meu olhar e o direcionei para a câmera, não acreditei no que vi, ou melhor, em quem vi chegando.


Anahi.


Os anos só a deixaram mais linda. Fiquei paralisada.Em choque.


Senti meu corpo se retesar em um misto de felicidade e dor.
Escondi as mãos trêmulas. 
Senti as pernas bambearem e agradeci por estar sentada.
O coração, sem controle, batia desesperado.
Desejei poder me teletransportar. 
Só não sabia se queria ir para longe dali ou para os braços dela. A mente trabalhava sem parar. Em segundos.
E eu não conseguia desviar meu olhar dela. Continuei olhando. Analisando cada detalhe.
O cabelo havia crescido, mas ainda continuava repicado. O corpo estava tão ou mais bonito que antes. Ela usava um macacão preto, que o delineava perfeitamente combinando com um sapato de salto, que só realçava sua altura.

Linda. 
Linda demais.


Fixei meu olhar em sua direção e não desviei mais tanto que acabei chamando a atenção de Maite e Angelique.
Mas eu nem liguei eu não conseguia enxergar nada além de Anahi.


E ela estava irresistivelmente perfeita.


E acompanhada.


Só percebi que ela estava junto do marido, quando ela desviou seu olhar do meu e falou alguma coisa com ele, saindo logo em seguida. A segui com o olhar e a vi entrando no banheiro. Levantei e fui até lá. Ela estava parada em frente ao espelho e, ao me ver no reflexo, virou-se. Em transe, eu me aproximava. Sem pensar. Sem medir a dimensão de cada passo.


Eu precisava chegar mais perto e eu chegaria mais, se não tivesse me assustado com a música que começara a tocar. Parei de caminhar estancando no meio do caminho. Deixando que a música ecoasse e rasgasse o silêncio, só os olhos falavam.

-- Posso te dar um abraço? – Ela pediu baixinho, com a voz vacilante, quebrando o silêncio e a distância que havia entre nós.


Sem conseguir dizer em palavras, balancei a cabeça, autorizando sua aproximação. Uma distância de anos, sendo quebrada em segundos.


Seus olhos estavam mais azuis e brilhantes.


Seu olhar fixo no meu.


Seus passos lentos, a traziam até mim.


Meus braços tremiam, clamando pelo seu abraço.


-- Dul.


Ouvi uma voz conhecida me chamando era Angelique que chegava acompanhada de Maite. Ao ouvir a voz, Anahi se afastou, interrompendo nosso abraço. Fechei os olhos ao ver que Angelique se aproximava. Ela envolveu-me pela cintura e beijou-me ardentemente. Segundos que demoraram uma vida. Abri os olhos e, de relance, vi Anahi parada no mesmo lugar.


-- Você demorou amor. – Ela disse, acariciando meu rosto. – Vim ver se estava tudo bem.


-- Oi, professora Anahi. – Maite também se manifestou, cumprimentando-a.


-- Oi, Maite. – Ela devolveu o cumprimento.


Eu observava a cena sem saber o que fazer. Somente quando o silêncio se fez, eu percebi que elas esperavam alguma resposta minha.


-- Eu... Eu já vou. Só estava... É... Eu já vou.


-- Vou te esperar, amor. – Angel deu-me um beijo rápido nos lábios e, antes de sair, ainda completou – Não demora.


Observei as duas saírem e só voltei meu olhar à mulher parada a minha frente, quando ela se manifestou, perguntando:


-- É sua namorada?


-- É.


Mal consegui responder. Anahi olhava-me tão profundamente. Ficamos assim, apenas nos olhando, por longos segundos.

-- Eu... senti muito a sua falta, Dulce. – Ela confessou com a voz embargada e os olhos úmidos. – E pensei em você todos os dias, durante esses dois anos.


Fechei os olhos. No meu coração, fogos de artifícios explodiam e comemoravam depois de anos de luto. Senti sua respiração mais perto. Sabia que ela havia se aproximado. Eu ainda a amava muito mas, bastou sentir seu toque para a mágoa voltar com força.


Abri os olhos.


Toquei suas mãos que estavam em meu rosto e as afastei. Na mente, as imagens dela e do marido. Os toques. Olhares. Alianças.


-- Como vai seu casamento, Anahi? – Perguntei, sem conseguir disfarçar a dor que me assolava. – E sua família? Seus amigos? Você não perguntou, mas eu estou bem. Feliz. Namorando. Meus amigos estão todos ali, minha namorada também.


-- Dul... – Ela tentou se aproximar novamente, mas eu a afastei.


-- Seu marido também está ali, né?! – Continuei falando. Dura. Cuspindo as palavras que estavam entaladas na garganta. – Não quero ser mais uma garotinha que você beija escondido, Anahi. – Antes de sair do banheiro, completei. – Chega de me usar e descartar.


Ela puxou-me, impedindo que eu saísse.


-- Por favor, Dul me escuta. Não vai embora... Eu preciso tanto te falar me escuta.


Fiz um esforço enorme, mas, impulsionada pela raiva, consegui dizer:


-- Me solta, Anahi.


-- Por favor, Dul não faz isso comigo me escuta.


Ela insistiu, segurando meu braço virando meu rosto em sua direção. Já sem paciência, eu respondi:


-- Fala Anahi, mas fala rápido que, como você mesma viu, minha namorada está me esperando.


Ela segurou meu rosto suas mãos estavam geladas e trêmulas. Fixou seus olhos nos meus. Ameaçou falar, mas a voz não saiu. Desviei meu olhar. Meu auto controle estava se esvaindo a cada segundo perto dela. Não sei se eu resistiria muito tempo.


-- Eu te amo. Preciso de você. – Ela disse, emocionada. As lágrimas caiam incessantemente de seus olhos. Meu coração bateu na boca. Ela estava desesperada, mas eu também estava. – Sofri muito durante esse tempo. Eu... Fica comigo.


Esperei tanto pra ouvir aquelas palavras, mas não consegui absorvê-las direito.
Eu só conseguia pensar nas minhas lágrimas. Na minha dor. Pela primeira vez, a razão falava alto. Gritava.


 


-- Você vai terminar com seu marido? Vai ficar só comigo? Sofrer nos braços dele, atrás da sua família, aparentemente, perfeita é fácil, Anahi.


-- Não faz isso comigo, Dul. – Ela pedia, desesperada.


Ironia. A vida é cheia de ironias.

Eu não queria sofrer de novo. Não sei se conseguiria me recuperar.


-- Eu te amo. Eu te amo, Dulce... Amo muito.


Apertei os olhos. Passei as mãos na cabeça. O desespero tomava conta de mim também.

Eu queria tanto beija-la, mas não podia.
Não depois de tanta dor. 
Ceder seria sofrer e sangrar novamente.


Olhei para sua mão esquerda e a vi.
Brilhando. Cegando.
A aliança que representava um compromisso.


Um compromisso que não era comigo.


Juntei todas as forças que eu nem imaginava que tinha. Afastei seu corpo do meu e, antes de deixa-la ali, sozinha naquele banheiro, eu disse:


-- Seu amor me destrói, Anahi e eu não quero mais viver em pedaços.


Sai sem olhar para trás. Sabia que se eu olhasse, voltaria e confessaria todo amor que ainda sentia por ela.


Era tanto amor.
Mas era mais mágoa.
Era mais dor.


Não conseguia esquecer o quanto sofri. Saí do banheiro e me encostei na parede, do lado de fora. Encostei e respirei fundo analisando o ambiente ao meu redor, as pessoas continuavam se divertindo, alheias ao momento que eu vivia.


Algumas comiam. Outras bebiam. Sorriam. Conversavam.


Outros cantavam, acompanhando a letra.


Só então consegui prestar atenção na música.


E me assustei ao perceber que ela expressava o que eu não conseguia dizer.


 


Santorine - Revanche


http://www.youtube.com/watch?v=Zb1_gh-yFLA


 


Hoje te encontrei sem querer
Pensei que tudo iria desabar
Lembrei de quando fiquei sem você
Pra aquele mundo não quero voltar


Mas veja só o que aconteceu
Seu mundo se distanciou do meu
E agora que quase me acostumei
Você de repente apareceu


Querendo me propor uma nova chance
Querendo reviver nosso romance
Mas só eu sei o que eu passei em vão
Chegou a hora da revanche então


...


E quando a saudade lhe doer
Recorde o quanto que me fez sofrer
Ai quem sabe um dia possa dar valor
A quem um dia realmente lhe amou


E quantas vezes que apertou o coração
Vendo suas fotos jogadas no chão
Mas aprendi que o verdadeiro amor
É o amor sem sofrimento.. ``



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Autor(a): lunaticas

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 65



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  • flavianaperroni Postado em 16/08/2015 - 04:40:47

    Amei de verdade a fic,perfeita demais *-*

  • claricenevanna Postado em 06/12/2013 - 01:17:47

    Andei meio sumida daqui, mas não esqueci essa web que adoro de paixão. O final foi lindo, toda web foi linda, cara. Me emocionei muito com o amor puro delas. Parabéns! Uma história inteligente, instigante e marcada de muito amor. Estarei acompanhando na nova web.

  • angelr Postado em 05/12/2013 - 00:48:19

    Adorei a fic perfeita romantica e muito fofa amei foi bom ler *_*

  • annecristine Postado em 05/12/2013 - 00:31:28

    Crlh vc escreve muito! Amei o final da fc. Elas sao lindas o Matheus super fofo! Rs.. Parabens ameii.. ^_^

  • annecristine Postado em 04/12/2013 - 18:12:31

    Aiii q lindo! Amei o penúltimo cap. Foi perfeito! Pena q vai acabar.. :/ Parabéns!

  • Valesca Postado em 02/12/2013 - 23:49:59

    A sua web é maravilhosa, parabéns! ps.: posta mais

  • lunaticas Postado em 02/12/2013 - 22:50:48

    Acabei de postar dani_portinon haushuahsauu

  • dani_portinon Postado em 02/12/2013 - 22:48:15

    Vai postar o próximo capitulo que hrs ? *-*

  • dani_portinon Postado em 29/11/2013 - 23:07:22

    Posta mais, estou amando a web ><

  • annecristine Postado em 29/11/2013 - 01:58:05

    Ai q fdp nojento o pai da Dul.. Pena delaas.. :/ Tomara q a Dulce fique boa logo..


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