Fanfics Brasil - Capitulo 48 Codinome Beija-Flor (Portiñon)

Fanfic: Codinome Beija-Flor (Portiñon) | Tema: Rebelde


Capítulo: Capitulo 48

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Capítulo 48 – Metade.


 


Anahi...


 


Fui caminhando para trás, sem nem perceber. Absorta e perdida em meu próprio abismo. Deixei que meu corpo batesse na parede e escorregasse pelo azulejo gelado, frágil, bracei meus joelhos e deixei que o desespero fosse expressado em lágrimas grossas e turvas. Lágrimas que nublavam minha visão e borravam a maquiagem, antes perfeita, mas que agora carregava o peso de olhos inundados. Sujos em uma metáfora irônica da minha vida, traziam à tona a dor de uma rejeição recente. Eu experimentava o outro lado da dor. De um mesmo amor.
Reflexos e conseqüências de uma ação impensada. Covarde.


O que eu mais temia aconteceu. Dulce encontrou um novo amor. Um amor corajoso. Descomplicado. Um amor capaz de lhe dar o que eu não fui capaz.
E ter presenciado essa reviravolta tão de perto, doeu e doeu muito.
Não no ego, mas na alma. 
Na metade roubada do meu coração.
Na parte destinada para o seu amor.

Esse amor que me veio e derrubou todas as certezas.
Esse amor que eu senti e ofusquei.
Covarde, renunciei.

O amor que me castiga. 
Instiga. Provoca.
O amor que, hoje, me faz chorar sozinha num canto de um banheiro qualquer.
O amor que eu ainda sinto. Tão forte e vivo.


O amor que traz dor.
E rasga o peito.
E faz sangrar.


 


-- Anahi, você está bem? – Levantei os olhos apenas para ver uma Maite preocupada. Agachada na altura do meu rosto, ela tocou meu braço com delicadeza, chamando minha atenção.


-- Não. Eu não estou bem. – Respondi, voltando a chorar sem saber o que fazer. Sem querer fazer nada. – Não estou nada bem.


-- Olha, eu sei que pode parecer meio impossível, mas eu me importo contigo, Any. – Olhei para aquela menina e vi sinceridade em suas palavras. Ela tocou em minhas mãos e fez um carinho amigo. – Vi que a Dul saiu faz um bom tempo e você ficou, imaginei que você estivesse precisando de ajuda.


-- Eu estou perdida, Maite. Agora, mais do que nunca.


-- O que aconteceu, Any? Quer me contar?


-- Eu sou uma idiota, Maite. Uma idiota. – Respondi, enquanto me levantava do chão – Sua amiga deve te contar o que aconteceu, aí você vai entender meu desespero.


Virei as costas, dirigindo-me até o espelho tentando secar as lágrimas e arrumar a maquiagem borrada.


-- Eu sei que você gosta muito dela, Any. – Ela disse, chamando minha atenção. Parei o que estava fazendo e a olhei, pelo reflexo do espelho. – Do contrário, o desespero não estaria tão visível em seus olhos.


Virei-me em sua direção admirada com a propriedade com que ela falava, permaneci em silêncio, apenas olhando-a.

Maite prosseguiu.


-- Sei que não deve estar sendo fácil, mas você sabe o que tem que fazer. Se terá coragem ou não, eu não sei mas, está em suas mãos, Any, sempre esteve.


Ela disse e saiu, deixando-me sozinha novamente no banheiro. As lágrimas ameaçaram a cair novamente. O fardo estava tão pesado. Eu mal agüentava o peso do meu próprio corpo. Engoli a dor e, sem conseguir disfarçar os olhos vermelhos, voltei para o bar. Alfonso estava sentado em uma mesa. Caminhei até lá. Sentei na cadeira ao seu lado e ele logo perguntou, aflito.


-- Amor, o que aconteceu? Você demorou, eu fiquei preocupado tentei ligar no seu celular, mas até a bolsa você deixou comigo.


Não consegui responder. Se o fizesse, voltaria a chorar.


-- Tá tudo bem, Anahi? – Ele perguntou novamente, segurando minhas mãos. – Suas mãos estão geladas.


Abaixei a cabeça e pedi baixinho, com a voz embargada.


-- Vamos embora, Poncho. Por favor.


Ele não se opôs. 

Saímos do bar em silêncio. Logo estávamos dentro do carro. Ainda em silêncio, ele me olhava sem entender. Sem saber o que fazer. Encostei minha cabeça no banco e não consegui mais segurar.


Chorei.


`` Chorei. Por tudo que fomos. Por tudo o que não conseguimos ser. Por tudo que se perdeu. Por termos nos perdido. Pelo que queríamos que fosse e não foi. Pela renúncia. Por valores não dados. Por erros cometidos. Acertos não comemorados. Palavras dissipadas.Versos brancos. 
Chorei pela guerra cotidiana. Pelas tentativas de sobrevivência. Pelos apelos de paz não atendidos. Pelo amor derramado. Pelo amor ofendido e aprisionado. 
Pelo amor perdido. Pelo respeito empoeirado em cima da estante. Pelo carinho esquecido junto das cartas envelhecidas no guarda- roupa. Pelos sonhos desafinados, estremecidos e adiados. Pela culpa. Toda a culpa. Minha. Sua. Nossa culpa. Por tudo que foi e voou. E não volta mais, pois que hoje é já outro dia. Chorei. ``


-- Amor, por favor, fala comigo o que aconteceu? – Ele perguntava preocupado, limpando as lágrimas que caiam. Abundantes. Aumentando ainda mais a minha culpa. – O que está acontecendo com você, Anahi?


-- Em casa... Vai pra casa, Alfonso eu vou te contar. – Eu respondi em meio às lágrimas. – Eu preciso te contar. Não agüento mais.


Ele ligou o carro e seguiu para casa. Durante o caminho, eu tentava formular um discurso. Eu tentava achar uma explicação.


Eu precisava encontrar minha razão.
Eu precisava encontrar a direção certa.


Mas eu não consegui. 
Só sabia chorar e sentir uma dor inesgotável. 

Havia chegado a hora de enfrentar meus problemas de frente não conseguia olhar para Alfonso.  Só o fiz, quando descemos do carro e entramos juntos no elevador. Ele, ao contrário do que eu imaginava, não se afastou. Puxou-me para um abraço e acolheu-me em seus braços.
Eu queria tanto poder mandar nos meus sentimentos e não ter que passar por isso, mas eu não agüentava mais.


Estava farta de ter que fingir.
Ali, naquele momento eu sabia ser meu extremo.
Estava me sentindo sufocada. Anulada.


-- Vem, querida..  – Ele chamou-me, abrindo a porta de casa. 

Caminhamos até o sofá. Sentamos.
Eu, de cabeça baixa, mexendo nervosamente nas mãos, não sabia como começar.


-- Ei, não me deixa mais preocupado do que já estou. – Ele disse, tocando meu queixo, erguendo meu rosto em sua direção. – Me diz, amor o que está acontecendo?


-- É tão difícil, Poncho. Não sei. – Eu tentava dizer, mas as palavras não saíam. A coragem faltava. – Não sei se você vai entender e...


-- Anahi. – Ele respirou fundo, tentando se controlar. – Eu também vou parar de fingir que não sei que algo de muito estranho está acontecendo com você. – Voltei a chorar. Muito. – Tem meses que a gente mal se toca, tem anos que a gente não faz amor. Você... Eu preciso saber o que está acontecendo.


-- Eu vou te contar, mas promete, Poncho. – Aproximei dele e, segurando suas mãos, implorei – Promete que vai me escutar? Por favor.


-- Eu prometo Anahi, prometo. – Ele acariciou meu rosto, olhando-me com carinho. – Não consigo deixar de sentir que estou te perdendo.


Ainda chorando, levantei. Afastando-me dele sabia que, se continuasse ali, olhando em seus olhos, não teria coragem. Caminhei até o bar e, após encher o copo de conhaque, o tomei como se precisasse daquilo. Uma dose de coragem. Ainda de costas para Alfonso, com a voz falha e embargada, eu confessei, finalmente:


-- Eu me apaixonei por outra pessoa.


Não consegui virar de imediato, nem observar sua reação. Após alguns segundos, que pareceram horas, ele se manifestou.

-- Por quem?


Virei-me.

Encontrando seus olhos úmidos presos aos meus. Abaixei o olhar, tentando encontrar algum ponto fixo no tapete que me desse coragem para continuar. Alfonso se levantou em passos lentos, me alcançou. Parou ao meu lado, pegou o copo vazio e tornou a encher. 
Serviu-se da mesma dose e a tomou.
Ainda segurando o copo, virou-se em minha direção e repetiu a pergunta.


-- Por quem?


Encarar seus olhos tão de perto e ao mesmo tempo tão distantes e interrogativos, fez com que eu demorasse a responder.


-- Por uma mulher. Uma aluna.


Como se estivesse em câmera lenta, acompanhei o copo escorregando de suas mãos e se espatifando no chão.

Pedaços.

Vidro que se quebrava em vidas. 
Metades que se partiam.
Cacos que se formavam pelo chão.

Silêncio seguido de angústia.

Desespero acompanhado de medo.


Distância.


Alfonso se afastou sem nada dizer. Sem me olhar caminhou até a janela. Tomada por um choro convulsionado em soluços, eu tentei explicar.


-- Eu não sei como aconteceu. Eu... Eu não planejei. Não esperava. Eu preciso que você me entenda, Poncho eu estou desesperada, sem saber o que fazer. – Ele não disse nada, nem ao menos se moveu. Eu andava de um lado para o outro tentando achar palavras. Tentando formular frases. Tentando achar explicação. – Eu tentei. Tentei resistir. Tentei me afastar. Por você, por Mateus, mas eu não consegui foi mais forte... É mais forte do que eu.


Sentei novamente no sofá, segurando a cabeça entre as mãos. 

Desespero.

Eu me afogava em lágrimas.


-- Eu não aguento mais. Não agüento mais ter que fingir e fugir. Tá doendo tanto, tanto... Eu não queria te magoar. Eu não queria, Poncho. Não queria.


Eu repetia sem parar. Tomada por um descontrole intenso.


Caminhei até ele.


Abracei suas costas. 

Ele continuou sem se mover.


-- Me ajuda, Poncho eu tenho tanto medo. Eu não queria te machucar. Eu não queria. Eu juro que não. Eu juro.


Ele tirou minhas mãos, desfazendo o abraço e se afastou.


-- Você tem noção do que vai fazer com a sua vida, Anahi? Você tem noção do quanto está me fazendo sofrer?


-- Não faz isso. – Implorei, enquanto me aproximava novamente. – Não faz isso comigo, pelo amor de Deus.


-- Não chega perto. Não chega perto de mim!


Ele se alterou, passando as mãos pelos cabelos.


-- Eu não tive culpa, me perdoa. Me perdoa Poncho eu tô desesperada, me ajuda eu não queria te magoar eu juro.


Ele respirou fundo e me olhou. Não com a frieza de antes, mas com pena. Dó.


-- Eu estou sem chão,me sentindo perdida e sozinha. Eu preciso muito de você. – Eu confessava, desesperada. – Preciso muito que você entenda. Não foi nada planejado, eu não esperava... Eu...


Como se entendesse a dimensão do meu sofrimento, ele se apoiou no balcão do bar, respirando fundo tentando se acalmar.


-- Poncho, por favor.


-- Se coloca no meu lugar, Anahi. – Bateu no peito, puxando a camisa. Apontando para o coração. – Tá tudo quebrado aqui dentro.


Não conseguia controlar o choro e nem as convulsões de meu corpo.


Eu tremia de frio.


Um frio que estava do lado de dentro do meu corpo.


Eu não tinha mais forças para argumentar.


Então, me calei.

Deixando apenas o som de um choro interminável, ecoando pela sala. Vi Alfonso se desencostar do balcão e caminhar até a porta. Por impulso, me levantei rapidamente, e o alcancei, impedindo que ele saísse.


-- Aonde você vai, Poncho? – Perguntei, fora de mim. Puxando sua camisa. Segurando seu braço com força – Não me deixa, por favor.


-- Me dá um tempo, Anahi. Não me pede nada agora. – Ele respondeu, magoado. Afastou-me de seu corpo e antes de bater a porta, completou. – Não consigo nem olhar pra você direito.


Sem poder impedir, vi a porta se fechar e Alfonso sair. Me senti reduzida à nada. Não agüentava mais me manter de pé.
Chorando desesperada, escorreguei pela porta e fiquei ali, ecoando a dor de palavras cuspidas. Me senti mais sozinha do que nunca.


Perdida.


Envolvi meu corpo em um abraço.  Meus braços rodeando e apertando um corpo que estava dormente. As incertezas assolavam meu coração. Rasgando.
Partindo ao meio. Meus pensamentos, carregados de mágoa e dor, ainda se voltavam ao reencontro como se não bastasse toda dor, eu ainda me torturava lembrando-me de Dulce me perguntando onde e com quem ela estaria.


Frágil.


Senti o fio da vida escapar de minhas mãos como um fantoche, eu não detinha mais o controle. Estava à mercê do destino.

Sozinha..


Estava entregue.


 


Eu perco o chão
Eu não acho as palavras
Eu ando tão triste
Eu ando pela sala
Eu perco a hora
Eu chego no fim
Eu deixo a porta aberta
Eu não moro mais em mim...

Eu perco as chaves de casa
Eu perco o freio
Estou em milhares de cacos
Eu estou ao meio
Onde será
Que você está agora? ``


 


Metade – Adriana Calcanhoto


 http://www.youtube.com/watch?v=TTSPU58IpYA



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Autor(a): lunaticas

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 65



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  • flavianaperroni Postado em 16/08/2015 - 04:40:47

    Amei de verdade a fic,perfeita demais *-*

  • claricenevanna Postado em 06/12/2013 - 01:17:47

    Andei meio sumida daqui, mas não esqueci essa web que adoro de paixão. O final foi lindo, toda web foi linda, cara. Me emocionei muito com o amor puro delas. Parabéns! Uma história inteligente, instigante e marcada de muito amor. Estarei acompanhando na nova web.

  • angelr Postado em 05/12/2013 - 00:48:19

    Adorei a fic perfeita romantica e muito fofa amei foi bom ler *_*

  • annecristine Postado em 05/12/2013 - 00:31:28

    Crlh vc escreve muito! Amei o final da fc. Elas sao lindas o Matheus super fofo! Rs.. Parabens ameii.. ^_^

  • annecristine Postado em 04/12/2013 - 18:12:31

    Aiii q lindo! Amei o penúltimo cap. Foi perfeito! Pena q vai acabar.. :/ Parabéns!

  • Valesca Postado em 02/12/2013 - 23:49:59

    A sua web é maravilhosa, parabéns! ps.: posta mais

  • lunaticas Postado em 02/12/2013 - 22:50:48

    Acabei de postar dani_portinon haushuahsauu

  • dani_portinon Postado em 02/12/2013 - 22:48:15

    Vai postar o próximo capitulo que hrs ? *-*

  • dani_portinon Postado em 29/11/2013 - 23:07:22

    Posta mais, estou amando a web ><

  • annecristine Postado em 29/11/2013 - 01:58:05

    Ai q fdp nojento o pai da Dul.. Pena delaas.. :/ Tomara q a Dulce fique boa logo..


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