Fanfics Brasil - Capitulo 49 Codinome Beija-Flor (Portiñon)

Fanfic: Codinome Beija-Flor (Portiñon) | Tema: Rebelde


Capítulo: Capitulo 49

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Capítulo 49 – Refrão de Bolero.


 


Dulce...


 


-- Ei, que mesa parada é essa? E esses copos vazios? – Cheguei reparando na falta de animação do pessoal. – Garçom, traz uma rodada de tequila pra cada um. Essa é por minha conta.


Os gritos e guardanapos que voaram expressaram a animação que eu queria e precisava ver. Cheguei por trás da cadeira que Angel estava sentada e passei meus braços ao redor de seu pescoço, dando-lhe um beijo no rosto. Ela me olhou, mas não com o olhar e sorriso de sempre.  Sabia que estava diferente, mas não soube interpretar.

Aliás, não deu tempo.


Maite logo me puxou, levando-me até o canto do bar, longe da mesa, olhei para a expressão dela e já imaginei o que viria.


-- Não adianta me olhar assim, Dulce. 

Me assustei, rindo logo em seguida.


-- Assim como, criatura? Nem te olhei direito.


-- Me olhando assim, com essa cara de quem não quer ouvir.


-- Mai, eu só quero curtir essa noite sem ter que pensar em nada sem problemas.


Ela olhou-me, reprovando minha fala.


-- Dulce, essa noite vai acabar e o amanhã vai vir mais pesado do que você imagina.


-- Como assim? – Perguntei, confusa.


-- Quer mesmo saber? – Ela fez uma pausa e olhou dentro dos meus olhos. Sem graça, desviei os meus. – Se bem que, do jeito que você está agindo, novamente como uma criança mimada, não vai estragar sua noite se eu contar.


-- Maite eu já tenho vinte anos, ta legal? – Respondi, irritada – Eu já cresci, não sou mais criança e muito menos mimada.


Ignorando a resposta e meu nervosismo, Maite questionou, surpreendendo-me.


-- A Anahi saiu daqui chorando. O que aconteceu entre vocês?


-- Ela foi embora?


-- Foi, Dulce. E ela não estava nada bem.


-- Como você sabe, Maite?


-- Sabendo, Dul. – Ela olhou-me misteriosamente, como se soubesse de algo que eu não sei. – Não sei o que vocês conversaram, mas Anahi saiu chorando muito daqui.


Fiquei pensativa e, novamente, surpresa.
Anahi sempre foi forte demais pra demonstrar fraqueza perto de outras pessoas.


-- Mas, pelo jeito, você está bem, né? – Maite perguntou, tirando-me de meus pensamentos.


Não soube o que responder.


Não quis responder, porque Maite sabia.


Sabia que eu não estava bem.


Eu nem queria estar ali.


-- Só espero que você seja menos inconseqüente, Dulce. – Ela disse, séria. E, antes de sair, deixando-me sozinha, completou – O mundo não vai parar de girar, porque você vai se embriagar.


Voltei para a mesa e o pessoal já me esperava com a rodada de tequila. Rodada essa que foi a primeira de muitas. Eu via os copinhos vazios se multiplicando e multiplicando. O líquido descia quente, aquecendo meu peito gelado e eu queria mais. Precisava me manter aquecida. Precisava afogar a imagem que eu via no fundo do copo.


-- Dulce, quantas você já bebeu? – Angelique, que havia saído do meu lado, sentando do outro lado da mesa, perguntou.


-- É... – Comecei a contar os copinhos que estavam ao meu lado. – 1 tequila, 2 tequilas,3 tequiullas, 4 teuiqlas, 5 teuqislas, 6 teiqulkss, 7 eteiqlas, 8 treqiklas.

Eu tentava, mas não conseguia fazer com que as palavras saíssem de forma ordenada. Sem conseguir formular uma frase que fizesse sentido, eu tentei me expressar de outra forma.

Gargalhando.


Não conseguia parar de rir. De tudo e qualquer coisa numa vã - e tola - tentativa de mostrar que eu estava feliz.


-- Vamos embora, Angel? A Dul já bebeu demais.


-- Nãão!


Eu gritei e ri.


Arrancando gargalhadas de mais alguns. Alguns outros que me acompanharam nas doses, excessivas, de tequila.


-- A vida... – Comecei a falar. Trôpega. Tropeçando nas palavras. – A vida é uma festa.


-- Uma festa que merece tequilaaaa. – Completaram os outros em coro.


Essa frase, dita assim, com tanta animação e espontaneidade, me fez lembrar de quando eu disse, anos atrás... à caminho do México.


Eu tinha tanta vontade de viver. Eu tinha esperança de que poderia esquecer.


Mas foi tudo em vão.
De nada adiantou viajar.
Sumir. Fugir.


Ele continua aqui. Esse amor maldito.
Essa doença que não sara.
Ferida que não fecha. É só fechar os olhos e ver a imagem dela.
Querer e desejar estar com ela.


Anahi. Anahi.
Anahi.

Eu só penso em você.
Eu só quero você.

Eu ainda amo você.


Já com a cabeça pesada e a visão turva, eu parei. 
Assim, só parei.
Fiquei parada. Observando.
O riso morrendo na garganta. As luzes estavam mais fortes. Doíam os olhos.
O coração estava batendo, mas sem razão. Só batendo. Lembrei das crianças no Haiti. Da destruição, de todas as pessoas que sofrem e não encontram solução.


O mundo não parou para observar minha dor.


Maite tinha razão, ele continuava girando e ele girava tão rápido e rápido. Tirando e devolvendo os sentidos. E agora fica essa sensação, esse amargo na boca, essa ânsia de ser o que não fui.


Arrependimento.

" Tenho a impressão que a vida, as coisas foram me levando. Levando em frente, levando embora, levando aos trancos, de qualquer jeito. Sem se importarem se eu não queria mais ir. Agora olho em volta e não tenho certeza se gostaria mesmo de estar aqui. " 

E eu não queria mesmo estar ali.


Levantei. Vacilante e encontrei os braços de Maite, que me apoiaram.


-- Quero ir embora. – Pedi, sabendo que entraria na segunda fase da embriaguez. “A choradeira”


-- Toma esse café – Ela colocou a xícara quente à minha frente. – Você vai melhorar e nós vamos embora.


Depois de muita insistência – e paciência – de Maite, eu tomei o café. Não foi o bastante para curar minha embriaguez, mas eu me senti melhor. Menos tonta.
Por alguns segundos, tive a impressão de que o mundo havia parado de girar. Mas, segundos depois, eu descobri. Ele havia parado de girar sim.
Parado de girar em volta de mim.


-- Cadê a Angel, Mai? – Perguntei, sentindo sua ausência na mesa.


-- No banheiro.


-- Vou lá atrás dela.


-- Não, Dul.


Maite tentou me impedir, mas eu não deixei.


Precisava falar com Angelique.


Entrei no banheiro.


Parei quando a vi.


Ela estava em frente ao espelho.


Linda.


Seus olhos se encontraram com os meus em passos lentos, eu caminhei até ela.


Dessa vez, distância nenhuma nos atrapalhou.

Alcancei seu corpo.

Toquei seu rosto com carinho. Acariciei.

Deslizei minha mão até sua nuca. Trouxe seu rosto para junto do meu.
Encostei minha testa na sua. E, de olhos fechados, apenas sentindo sua respiração, senti seu corpo.

Arrepio. Desejo.

Rocei meus lábios, sentindo o dela tremer. Um gemido rouco e baixo escapou de seus lábios.

Meu corpo vibrou sem poder conter o desejo, a beijei com volúpia sugando sua língua. Mordendo e puxando os lábios.

Anahi tinha os lábios quentes e doces. A empurrei até a parede do banheiro. Forcei minha perna entre as suas pressionando seu sexo. Afastei seus cabelos e devorei seu pescoço.
Sugando. Beijando.
Passando a língua.
Deixando rastros de desejo por onde ela passava.
Minhas mãos encontraram no seu corpo, o caminho exato do prazer acariciei seus seios. Apertei. Desci uma mão até a cintura e a trouxe para mais junto de mim. A outra mão, driblava a camiseta e sentia as costas nuas de Anahi. Ela suspirava, aumentando ainda mais o meu desejo. Nossos corpos se movimentavam, acompanhando o ritmo frenético do beijo cálido.
Eu arranhava, bem de leve, sua barriga.
Ela gemia em minha boca.
Eu dizia coisas loucas. Sussurrando em seu ouvido.


-- Você é muito gostosa. Sou louca por você, Anahi.

Ela desgrudou seus lábios dos meus com pressa. Afastou-me violentamente. Abri os olhos. Assustada.


-- Puta que pa*riu, Dulce! Assim não dá.


Os olhos acusadores que me fuzilavam não eram azuis, como os de Anahi.

Angelique.


Era ela o tempo todo.


Passei a mão no cabelo, visivelmente nervosa e sem graça. Abri e fechei os olhos várias vezes. Não consegui acreditar que quem estava ali era Angelique e não Anahi. Como eu pude me enganar assim?


Anahi me causava alucinações.

Angelique me condenava por elas.


-- Você pensou nela o tempo todo, Dulce? – Ela perguntou, sem acreditar.


-- Angel, olha... eu posso explicar. Eu bebi muito e...


-- Você já respondeu indiretamente, mas eu ainda quero ouvir. – Ela interrompeu-me, categórica. – Pensou nela, Dulce?


-- Pensei, Angel. – Admiti, frustrada. – Eu revivi a mesma cena de horas atrás, mas...


-- Mas, com a diferença que, dessa vez, você deixou de ser teimosa, orgulhosa e pirracenta e fez o que seu coração pediu. Com a pessoa errada, mas fez.


-- Angel...


-- É muito gostoso o que a gente tem, Dul. – Ela disse, enquanto se aproximava. – Foram ótimos esses dois anos ao seu lado, mas não sou eu quem você ama.


-- Eu gosto da nossa relação, Angel. É o suficiente pra mim.


-- Relação, Dul? – Ela riu, ironizando. – A única relação que nós temos, além da amizade linda de sempre, é carnal. O bom e velho sexo. Sem compromisso e sem cobranças.


-- Não seja por isso, a gente pode namorar. Eu te peço em namoro agora, Angel quer namorar comigo?


Ela riu.
Eu a olhei sem entender.


-- Entende uma coisa, linda. – Ela segurou meu rosto, olhando-me carinhosamente, enquanto dizia. – Meu coração é um aventureiro, Dul. Sem porto e nem destino certo. E o seu já está todo e completamente ocupado.


-- Não, Angel...


-- Eu sei que a história de vocês é complicada, cheia de desencontros, mas, se você a ama, vai atrás dela. Luta por esse amor, Dulcinha. – Abaixei minha cabeça, sem forças pra discutir – Seus olhos refletem o brilho do amor. Seu toque, o modo com que você se entregou agora a pouco, só me faz acreditar que você a ama com todas as forças...


Foi a minha vez de rir, admitindo mais uma vez que a vida é feita de ironias.


-- Que foi?


-- Nunca pensei que viveria pra ver você falando de amor.


Ela sorriu também. Deixando o clima um pouco mais ameno.


-- Você sabe o quanto eu tentei, Angel. – Eu disse, retomando o assunto. – Agora chega. To cansada de sofrer.


-- Só tentar não é o bastante, Dul. Cara, você tem amor pulsando nas veias.  Tem noção do que é isso? – Ela perguntou-me, entusiasmada. – Amor, Dul. O sentimento mais sublime e puro.


-- Só o amor não basta, Angel. – Conclui, amarga. – Eu também acreditava que o amor movia montanhas, mas não é bem assim na prática.


Angelique me olhou sorridente, limpou a garganta e encenando, declamou:


-- “Quando a gente precisa que alguém fique a gente constrói qualquer coisa, até um castelo.”


-- Meu castelo desmoronou, amiga. Castelo de farsa não enfrenta vendaval.


-- Ei, espera aí, Dul. Você não tava bêbada? – Ela perguntou, de repente.


-- Foi o café que a Mai me obrigou a tomar. Fiquei ótima.


-- Sei. – Ela respondeu, sem acreditar.


-- E também, depois de ter tomado tequila direto da fonte, no México, não são 8 rodadas que vão me derrubar..


-- É... Você mudou mesmo, amiga. – Ela afirmou, me olhando e sorrindo.


-- Mudei? Em que sentido, Angel?


-- Bom, posso enumerar três ‘ nuncas ‘ que você jurou nunca fazer e que, hoje, são coisas que você sempre faz.


-- Manda, vai.


-- Eu lembro que você dizia que nunca ia beber. Nada nem uma gotinha de álcool sequer e hoje você toma todas, aliás, toma até demais, né?


-- Hum... – Dei um sorrisinho. – O próximo.


-- Você jurou nunca ficar com nenhuma amiga. Bom, sou suspeita pra falar de quantas vezes você quebrou esse juramento, né?!


Sorri, fazendo careta pra ela.


-- Ta faltando um. – Observei. – Ou acabou a criatividade?


-- Jamais. Deixei por último, porque esse é o mais importante.


-- E qual é?


-- Você jurou que nunca se apaixonaria. Em hipótese nenhuma. Nem pensar.


Nem pensar.

Eu que falei nem pensar.


Sem pensar.


Nem sentir.


Eu que falei da boca pra fora, agora sei o que se passa aqui dentro.


Paixão. Avassaladora.


Amor. Demais.


Meus pensamentos a buscaram mais uma vez.


Anahi.


Pela primeira vez, depois de ter conversado com ela, o arrependimento começou a bater na porta do meu peito.


Eu fui sincera como não se pode ser.


Eu disse o que queria. Devia.

Eu disse o que minha razão disse para dizer.


Eu me protegi de outras – tantas – decepções.


Mas, mesmo assim, estou decepcionada.


A expressão arrasada. O choro de Anahi agora doíam na alma.


Ela parecia tão entregue.
Como sempre foi.
Minha.


Aqueles lábios. Labirintos. Tão próximos depois de tanto tempo.


O corpo. 
A voz.
Os gestos. O olhar.


Suspirei vencida. Eu nunca deveria ter me apaixonado. Eu me apaixonei para sempre e eu que falei nem pensar.


Ah...


 


 Refrão de Bolero – Engenheiros do Hawaii


http://www.youtube.com/watch?v=whBYF3mv9mc


 


Eu que falei nem pensar
Agora me arrependo roendo as unhas
Frágeis testemunhas
De um crime sem perdão


Mas eu falei nem pensar
Coração na mão
Como um refrão de um bolero
Eu fui sincero como não se pode ser


E um erro assim, tão vulgar
Nos persegue a noite inteira
E quando acaba a bebedeira
Ele consegue nos achar

Num bar,
Com um vinho barato
Um cigarro no cinzeiro
E uma cara embriagada
No espelho do banheiro


Teus lábios são labirintos
Que atraem os meus instintos mais sacanas
E o teu olhar sempre distante sempre me engana
Eu entro sempre na tua dança de cigana. 



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Autor(a): lunaticas

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 65



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  • flavianaperroni Postado em 16/08/2015 - 04:40:47

    Amei de verdade a fic,perfeita demais *-*

  • claricenevanna Postado em 06/12/2013 - 01:17:47

    Andei meio sumida daqui, mas não esqueci essa web que adoro de paixão. O final foi lindo, toda web foi linda, cara. Me emocionei muito com o amor puro delas. Parabéns! Uma história inteligente, instigante e marcada de muito amor. Estarei acompanhando na nova web.

  • angelr Postado em 05/12/2013 - 00:48:19

    Adorei a fic perfeita romantica e muito fofa amei foi bom ler *_*

  • annecristine Postado em 05/12/2013 - 00:31:28

    Crlh vc escreve muito! Amei o final da fc. Elas sao lindas o Matheus super fofo! Rs.. Parabens ameii.. ^_^

  • annecristine Postado em 04/12/2013 - 18:12:31

    Aiii q lindo! Amei o penúltimo cap. Foi perfeito! Pena q vai acabar.. :/ Parabéns!

  • Valesca Postado em 02/12/2013 - 23:49:59

    A sua web é maravilhosa, parabéns! ps.: posta mais

  • lunaticas Postado em 02/12/2013 - 22:50:48

    Acabei de postar dani_portinon haushuahsauu

  • dani_portinon Postado em 02/12/2013 - 22:48:15

    Vai postar o próximo capitulo que hrs ? *-*

  • dani_portinon Postado em 29/11/2013 - 23:07:22

    Posta mais, estou amando a web ><

  • annecristine Postado em 29/11/2013 - 01:58:05

    Ai q fdp nojento o pai da Dul.. Pena delaas.. :/ Tomara q a Dulce fique boa logo..


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