Fanfic: Era uma vez um conto de falhas. | Tema: Romance, Hot, Escola, Ex, Passado

As vezes me pergunto o motivo de eu estar aqui, por que, e o que eu faço aqui, afinal de contas? Costumava a ter objetivos na vida, ainda tenho, na verdade, mas ultimamente tudo anda mudando tão rápido. As coisas estão tão diferentes. Eu nem sei mais quem eu sou direito. Nem sei onde estou. O que me deixa feliz, o que me faz feliz, afinal? Eu ainda tenho os mesmos sonhos? Ainda sou a mesma garota de dois anos atrás? Ou de um ano, talvez? Não, nem eu sei.

- Dormindo de novo, mocinha? – alguém me cutucou.

De repente me dei conta de que já estava começando a viajar novamente na aula de geografia.

Sexta-feira, primeira aula do dia, sete e meia da manhã, ultima aula antes das férias do meio do ano.

- Desculpa, professor. – eu disse sem graça enquanto a sala toda ria.

- Tudo bem, só espero que isso não se repita de novo. – Ele falou olhando sério para mim.

O professor foi até a carteira dele e de lá continuou a explicação sobre os fusos horários, coisa que eu não consigo entender muito bem.

As três primeiras aulas passaram muito rápido e quando eu percebi o sinal para o intervalo já estava tocando. Nem acreditei, só mais três aulas e já estaria de férias. Um mês sem aula, isso era bom, compensaria o tanto de aula que eu ando tendo ultimamente.

- Elena, vamos? – minha amiga, Gabriela, me chamava.

- Já estou indo Gabi, espera um minutinho. – falei apressada enquanto pegava dinheiro para comprar algo na cantina.

- Ok, vamos logo antes que a fila da cantina fique grande. – Ela disse, já me segurando pelo braço.

Peguei meu dinheiro, celular, e fomos.

Eu, Gabriela e Rayana. Era assim que passava o intervalo na escola, com minhas duas melhores amigas do período da manhã.

Já estávamos na metade do ano. Quase cinco meses que eu tinha entrado naquela escola e conhecido elas, parecia tanto tempo e ao mesmo tempo tão rápido.

Fomos até a cantina, que como prevíamos estava totalmente cheia, e então deixamos de lado a vontade de comprar um salgado e fomos dar uma volta pela escola.

Sentamos em um banco de frente com a sala da biblioteca, e lá ficamos.

Comecei a prestar a atenção em uma conversa.

- Nate, seu cabelo é lindo, sabia? – uma garota que eu não gostava, Alice, falava isso enquanto passava a mão no cabelo de Natanael.

Não entendi o que ele respondeu para ela, mas vi que deu um sorriso para ela e logo em seguida olhou para mim, fechando o sorriso e ficando sério.

- Nossa, por que você não conta logo pra ele que ainda gosta dele? Para com isso. Ele deve gostar ainda de você, tenho certeza. – Ray falou séria para mim, percebendo que eu estava olhando para ele.

- Não da Ray, eu queria falar com ele, mas depois de tudo o que eu fiz, ele deve me odiar. – eu já estava ficando triste, não gostava de falar sobre ele, nós.

- Você que sabe, mas devia tentar. – ela falou olhando nos meus olhos, sorrindo.

- Quem sabe. – Eu disse sem ânimo nenhum. – Vou tentar.

A próxima aula eu iria para o teatro, encontrar meus colegas de ensaio lá, ensaiar um pouco, e assim se preparar para a apresentação, que seria na ultima aula.  A escola inteira iria ver.

Como era fim de bimestre, a escola estava vazia, mas mesmo assim tinha um tanto de alunos legal para ver a nossa apresentação. Pelo menos na minha sala tinha bastante pessoa.

O sinal tocou e fui até a sala de aula sozinha pegar meu material para ir até o teatro.

- Onde vai? – A professora de biologia me perguntava, como se estivesse brava.

- Eu tenho que ir para o teatro, vou apresentar na ultima aula, se importa? – Falei. Sem o mínimo ânimo.

- Tudo bem, tem autorização para sair da sala? – Ela disse.

- Sim, quer ver? – Falei, já abrindo minha bolsa. A sala estava rindo dela.

- Não precisa, pode ir então.

Saí da sala, dando de cara e me esbarrando com o Natanael quando eu pisei no primeiro degrau da escada para descer ela. Ele estava subindo, provavelmente indo para a sala dele, que ficava de frente com a minha.

- Desculpa. – ele disse, olhando para baixo.

- Tudo bem, sem problemas. – dei um meio sorriso. – É... Nate?

Já era tarde demais, ele tinha sumido de vista.

Fui para o teatro, ensaiamos e então já estava na hora da apresentação. Essa era a primeira vez que eu ia apresentar uma peça. Tudo bem que era na escola, pouco mais de duzentas pessoas, pelo motivo da escola estar vazia, mas já era algo, um começo.

Fizemos um aquecimento e então os alunos de todos primeiros, segundos e terceiros anos começaram a entrar no teatro.

Dez minutos se passaram.

- Com vocês, os “Operários em Ação”. – o professor de teatro disse, já no palco.

A peça começou e então foi tudo muito bem. Essa seria o primeiro período em que iríamos apresentar. Ainda tinha mais um pela frente: O período de tarde, outros alunos.

Eu era a última a falar, era minha vez:

“ E o operário ouviu a voz de todos seus irmãos, dos seus irmãos que morreram, por outros que viveram. Uma esperança sincera cresceu no seu coração, e dentro da tarde mansa, agigantou-se a razão, de um homem pobre, e esquecido, razão porém que fizera, de um operário construído, em um operário em construção.”

Essa era minha fala. Era um poema.

Fizemos uma dança no fim e então todos foram embora.

Sai para almoçar e encontrar com minhas amigas da tarde, enquanto não dava a hora da gente se apresentar novamente.