Fanfic: Paixão inesperada | Tema: Portiñón

No jantar Any ficava observando cada gesto da mulher sentada a sua frente, mas Alice parecia não perceber a cisma da futura enteada. Mariana estava ao lado de sua mãe, seu pai na cabeceira da mesa, e felizmente João não estava presente.

A loira havia passado a tarde toda observando a mulher, como se pudesse perceber coisas em simples detalhes, como o jeito com que Alice olhava para seu pai, como se comportava.

Fracasso, fora o comportamento inadequado de João, tudo parecia absolutamente normal. Mariana era uma criança ainda e portava-se como tal, mal falava com os outros e dedicava-se a eletrônicos e outras distrações.

Alice agia como qualquer mulher apaixonada, ela sorria para seu pai como se tudo estivesse perfeito. Antônio também parecia feliz. Era a primeira vez que Anahi via o pai assim depois que sua mãe os deixou ao não resistir a um tumor no cérebro.

Lembrou-se de que no inicio ela não notava seu pai, o quanto ele estava abalado, só queria ficar revoltada, chorar e gritar, ela pensou só em seu próprio sofrimento ao perder a mãe tão cedo.

Mas agora seu pai sorria novamente, porém em vez de ficar feliz, Any sentiu uma enorme fúria, na verdade ela queria ver algo de errado, procurou o dia todo um motivo para dizer a seu pai que estava sendo enganado.

Suas esperanças foram pelo ralo quando soube que Alice era rica, seu pai havia contado a ela enquanto estavam na piscina que Alice tinha uma linha de lojas de roupas por toda a região e que havia ficado viúva há três anos.

Any não queria aceitar o fato de que ela havia sido tola ao ponto de achar que Alice era uma caçadora de dotes. Devia ter notado desde o princípio como a mulher se vestia bem, como suas joias valiosíssimas brilhavam, mas ela estava cega pela fúria e ciúmes.

Foi arrancada de seus pensamentos quando seu pai lhe chamou a atenção.

-- Filha, nem tocou na comida, o que há?

-- Uh, nada pai, estava distraída, mas não estou com fome, importa-se se eu subir?

-- Tudo bem queria. – Respondeu Antônio sorrindo.

Subiu para seu quarto e se jogou na cama.

-- Droga! – Grunhiu com o rosto enfiado num travesseiro.

Não pôde evitar as lágrimas ao lembrar-se de sua mãe, sentia tanta falta dela, após sua morte Anahi nunca mais se sentiu amada. Sabia que seu pai a amava, mas ele estava sempre ocupado, e ela não tinha mais ninguém, por isso tornou-se fria e impassível para com os sentimentos.

Sabia que não podia fazer nada, não tinha como trazer sua mãe de volta, nem como estragar a felicidade de seu pai, apenas aceitar, pois sabia que ele também ficara totalmente perdido coma morte da esposa e que se sentia só pois a filha havia se tornado completamente rebelde e independente, sentimentalmente falando.

Aos poucos as lágrimas secaram e Any ficou observando o teto, no fundo ela não queria mais estar ali, aceitaria o casamento de seu pai, mas definitivamente queria participar o menos possível daquela nova família.

No outro dia pela manhã acordou cedo, e decidiu-se que voltaria antes mesmo do almoço, daria uma desculpa ao seu pai, não queria ficar ali hoje e muito menos na presença de João. Sentia nojo ao lembrar-se de suas insinuações.

Disse ao seu pai que precisava fazer uns trabalhos, mas que tudo estava em seu notebook que havia ficado na capital, e teria que voltar antes. Antônio inocentemente concordou arranjando um voo para as 9:00h da manha.

Any sorriu sentindo-se vitoriosa, tudo que queria era voltar para “casa”. No avião uma imagem veio a sua mente, os olhos sensuais de Dulce fitando-a segundos antes dela tomar seus lábios naquele beijo sufocante.

Não sabia ao certo porque agiu daquela maneira, repudiando a morena após um beijo que só tinha acontecido porque Any teve o impulso de não deixar sua ruiva sair por aquela porta.

Neste momento enquanto observava as nuvens pela janela do avião todos aqueles confusos sentimentos voltaram, aquilo tornava a cabeça da loira num caótico turbilhão de desejos, necessidades e orgulho.

Queria organizá-los, mas não conseguia. Porém aquela doce menina não saia de sua mente, sentia seu corpo tremer quando pensava em Dulce.

Decidiu-se que iria descobrir se o que estava sentindo era apenas atração ou se era algo mais, algo desconhecido que Any temia em descobrir, a paixão.

Alguns minutos depois de pegar um táxi no aeroporto a loira pagou o taxista e seguiu rumo ao seu quarto, abriu a porta e parecia tudo quieto.

Da porta de entrada só tinha a visão da cama de Dulce que estava vazia.

Imaginou que a ruiva havia viajado também, não acendeu a luz, decidiu que apenas abriria a janela, queria sentir a brisa entrar, e a luz do sol iluminando seu “lar”.

Deixou sua bagagem perto da porta e foi em direção à janela, congelou no meio do caminho. Havia alguém na sua cama, olhou para a pessoa agarrada ao travesseiro e não acreditou.

Dulce estava ali, dormindo na sua cama? Agarrada em seu travesseiro?

Era real ou Any estava alucinando?

Esfregou os olhos e percebeu que definitivamente ela estava lá, aproximou-se lentamente e sentou com cuidado ao lado da morena que dormia profundamente.

Ficou observando-a por um longo momento até que a ruiva ao mexer-se encostou seu braço na perna de Any.

A loira assustou-se e tentou levantar-se e sair dali antes que Dulce a visse.

Tarde demais, a ruiva acordou e ao vê-la ali sentada arregalou os olhos sentando-se de imediato na cama.

comentem lindas da dd` :*