Fanfic: Sweet Nightmare | Tema: Famosos diversos.
- Ãhn? Claro que eu estou bem. – Eu me surpreendi com a Alli bem ali na minha frente praticamente desesperada gritando comigo. Eu mal tinha acordado, mas pude perceber que não tinha muita claridade vinda da janela, provavelmente ainda era de madrugada e por mais que eu amasse minha melhor amiga não era hábito dela vir me visitar tão cedo, principalmente se considerar que nos veríamos algumas horas mais tarde na escola:
- AIMEUDEUS! – Ela suspirou aliviada e me abraçou com tanta força que eu achei que quebraria meus ossos.
- Alli! Alli! Escuta por favor, o que está acontecendo? Por que você está aqui tão cedo? – Tentei me desvencilhar dos braços dela para checar o horário e confirmar as minhas suspeitas de que algo estava muito errado para que ela viesse aqui tão cedo, mas ela me abraçava com tanta intensidade que era praticamente impossível, à força que ela estava usando naquele abraço era quase sobre-humana, e se eu não conhecesse minha melhor amiga, naquele momento, eu diria que ela tinha virado uma espécie de imortal superdotado ou sei lá. Na minha segunda tentativa fracassada de sair do aperto do abraço sufocante de Alli ela me apertou mais ainda e por alguns segundos eu consegui sentir os batimentos acelerados do coração dela, e foi então que eu percebi: Não importava o porquê ela estava ali, ela estava realmente apavorada, e se me sufocar daquele jeito fizesse com que ela se sentisse melhor, então tudo bem. Parei de resistir e deixei que ela me abraçasse ainda mais forte, e foi só então que ela começou a chorar, o silencio no quarto só era interrompido quando ela soluçava fazendo com que as lágrimas quentes e salgadas caíssem ainda mais rapidamente por cima de mim. Alguns minutos depois os batimentos dela se acalmaram, ela me soltou, respirou fundo, secou as lágrimas e sorriu:
- Você está bem? – Perguntei com a voz calma, com medo de desencadear mais uma chuva de lágrimas, mas então Alli me surpreendeu com uma risada:
- Eu é que pergunto. Você está bem? Ou melhor, você está ficando maluca? Você me fez borrar meu rímel, nunca mais faça isso Srta Skyes. Ouviu? NUNCA MAIS! – Ela disse aquilo tentando soar legitimamente ameaçadora, uma tentativa fracassada já que a alegria nos olhos dela era claramente evidente. Eu estava feliz por ver que depois da enxurrada de lágrimas ela demonstrava felicidade, mas ao mesmo tempo, eu estava confusa de mais para sequer me orientar no tempo, ainda não entendia o que ela estava fazendo na minha casa de madrugada.
- Alli, do que você está falando? Você é que veio aqui de madrugada e começou a chorar me abraçando... Eu não consigo entender. O que aconteceu? – Eu sabia que Alli já estava pronta para responder todas as perguntas necessárias enquanto eu ainda me sentia perdida então resolvi perguntar sem rodeios porque sabia que ela me entenderia, ela sempre entende:
- Wen. Você tá tipo, tipo, brincando né? – Ela me olhou confusa. E eu apenas fiz um gesto negativo com a cabeça. Então ouvi a sirene da ambulância da cidade e embora eu estivesse um pouco perdida percebi que o barulho parou bem na frente da minha casa. Alli suspirou longa e profundamente e continuou – Olha Wen, eu não sei o que aconteceu com você noite passada, tá legal?! Você simplesmente não foi pra escola, eu te liguei umas 50 vezes e você não atendeu fiquei esperando você retornar minhas ligações, mas já eram 17:30, então eu fiquei preocupada e vim te ver, quando eu cheguei aqui a porta estava aberta, tipo, literalmente, escancarada e então eu entrei e vi você deitada na sua cama... Dormindo, e uma porção de caixas de remédios na sua cabeceira, eu fiquei assustada, pensei que você pudesse ter feito alguma loucura e chamei a ambulância. – Ela engoliu em seco e ficou esperando pela minha reação, claramente, esperando que eu me lembrasse de algo:
- Alli, você chamou a ambulância porque eu estava dormindo? Fala sério, mande eles embora eu já estou bem. – Tentei me sentar na cama, mas eu não consegui. Meus braços estavam tão fracos a ponto de nem conseguir me ajudar a manter o corpo ereto. E só pela simples tentativa de levantar a cabeça eu já senti o mundo rodar. Ignorei aquelas sensações acreditando que como eu não tinha sentido nada disso até aquele momento aquelas sensações eram provavelmente consequências de eu ter ficado deitada o dia todo. O dia todo. Jake. –MEUDEUS! Alli eu preciso me arrumar. Que horas são mesmo? Eu combinei de sair com o Jake, ele não vai me perdoar se eu me atrasar, eu preciso ser rápida, vamos me ajude. – Eu tentei me levantar e embora eu tivesse feito um esforço imenso para colocar os pés para fora da cama o mais rápido possível, logo eu senti o chão longe de mais para que eu pudesse alcançar. Por alguns segundos tive a sensação de que uma bola de demolição tivesse sido jogada em cima de mim. E a última coisa que eu ouvi foi a Alli gritando e um barulho, que presumi serem os paramédicos correndo, depois disso todos os meus sentidos foram desligados.
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Quando abri os olhos percebi que não estava em casa. Olhei ao redor tentando identificar o lugar e só quando eu vi o soro injetado na minha veia percebi que estava em um hospital. Embora o quarto fosse totalmente branco, parecia um quarto bem confortável. Tinham duas cadeiras reclináveis ao lado de um armarinho branco que abrigava um frigobar e um mini micro-ondas. Logo a frente uma mesinha embutida na parede, e uma cadeira de madeira bem rústica. Ao invés de cabeceiras, ao lado da minha maca, existia espaço livre e apenas uma poltrona vazia, azul marinho, do lado direito. No lado esquerdo existia uma janela que permitia a entrada da luz solar, e logo abaixo da janela outro armário que foi usado como suporte de vários vasos e buques de flores que foram deixados a mercê do sol. Enquanto eu admirava a luz radiante do sol nas pétalas das flores, alguém abriu a porta:
- Espero que esteja melhor dorminhoca! – Era a voz da minha avó. Eu não fazia nem ideia do porque ela teria vindo da Carolina do Sul para me visitar, mas eu estava exaltadamente feliz em vê lá.
- Vovó! Eu n-não acredito que a senhora está aqui!
- Ah, por favor. Não é só porque você está doente que pode me chamar de senhora assim em público. Tem médicos muito bonitos te atendendo sabia? – Ela disse em tom de brincadeira, e deu um daqueles sorrisos aconchegantes de avó. Por mais que ela já fosse de idade, minha avó era muito rica, e por esse motivo ela aderia a quase todos os tratamentos de beleza existentes. E ela era, realmente, muito bonita para a idade que tinha.
- Ah, desculpe! – Dei risada – Então vovó, o que você está fazendo aqui em Roseville? Achei que só viria no fim de semana que vem. – Tentei não soar muito rude e me arrumei na maca de uma forma confortável deixando um lugar para que minha avó se acomodasse logo ao meu lado. E sem que eu precisasse dizer nada ela se sentou na maca de frente para mim e prosseguiu:
- Eu ia, mas fiquei sabendo que tem carne nova no pedaço e eu não vou deixar minha netinha se envolver com qualquer um. – Ela fez uma pausa, deu um longo suspiro e prosseguiu –Ah, a quem queremos enganar? Ele é um gato. Ficaria feliz se você tivesse me contado sobre ele. – Dei risada, minha avó era literalmente assanhada demais para a idade dela, e de uma maneira estranha, era incrível ter essas conversas divertidas com ela. Era quase como se mamãe estivesse aqui comigo. Quase.
- Carne nova? Hmm será que você está falando de algum dos médicos desse lugar? – Sorri debilmente, ainda claramente sentindo o efeito dos analgésicos que eles devem ter aplicado em mim.
- Estou falando do cara lindo que você deixou te esperando lá fora enquanto ficou apagada durante dois dias. Como é mesmo o nome dele? Jake Hosmannd? Um rapaz realmente adorável. – Eu praticamente parei de escutar quando ela falou dois dias. DOIS DIAS. Eu não podia acreditar que tinha ficado apagada por tanto tempo, eu praticamente nem me lembro de ter ficado apagada. Para ser sincera eu não me lembrava de nada. As únicas coisas das quais eu conseguia lembrar vagamente era de um sonho, Alli e uma sirene. Eu sabia que a Alli tinha ido lá, e também lembrava de como tinha chegado aqui, através da sirene que eu tinha ouvido, obviamente. Mas não conseguia lembrar nada além disso. Aquela noite, ou melhor, dia, era uma lacuna em branco para mim, e eu esperava que alguém tivesse as respostas das quais eu precisava.
- Oh, oh, oh! Espera aí, o que você disse vovó? Dois dias? Eu fiquei apagada por dois dias?
- Hm, três se contar o dia em que sua amiga e os bombeiros te trouxeram.
- Você está falando sério? O que aconteceu? Por que eu fiquei apagada por tanto tempo? – Ela ia começar a responder a primeira pergunta quando viu nos meus olhos o quanto eu estava desesperada por respostas. Eu estava com a expressão tensa e então ela ficou preocupada. Ela se limitou a dar um sorriso com o canto da boca e a passar a mão, que ao contrário do rosto deixava evidente a idade que tinha no meu rosto. Ela deu um longo suspiro e recomeçou a falar com um tom sereno que, devido a nossa baixa convivência, eu nunca tinha visto ela usar:
- Esta tudo bem. Eu entendo que você tenha muitas perguntas, mas vá com calma o.k? Você acabou de acordar, e eu não quero te cansar mais. Você vai ter que ficar aqui até um pouco mais tarde, mas vai embora ainda hoje. Então aproveite esse tempo para descansar um pouco, está bem? Eu vou estar ali fora paquerando esses médicos bonitos que passam pelo corredor, se precisar pode me chamar, mas tente descansar. – Ela disse enquanto arrumava a minha coberta de uma forma protetora, da mesma forma que a minha mãe fazia quando eu tinha 7 anos, e me depositou um beijo na testa. Eu dei uma risadinha e mesmo que relutante peguei no sono assim que ela saiu do quarto. Acordei algumas horas depois com uma enfermeira retirando o soro do meu braço. Ela deu um sorriso gentil e eu decidi me arriscar na aventura de falar com ela:
- Oi, eu já posso ir pra casa?
- Claro que pode, assim que eu acabar de tirar isso aqui, e você se trocar está liberada para ir para casa.
- Ah, uhm. Obrigada! Você, por acaso, sabe onde está a minha avó?
- Ela está lá fora. Seu namorado e sua amiga também estavam, mas sua avó os dispensou para que eles descansassem durante algumas horas, ela disse que eles podiam te visitar mais tarde. Você tem sorte de ter uma amiga e um namorado que se importam tanto com você. Outra amiga sua e mais dois amigos também vieram, mas os dois em especial vinham para cá todos os dias depois da escola e passavam horas esperando que você acordasse.
- Ele... uhm... Ele não é meu namorado, é só um amigo da escola. – Eu falei meio sem jeito, eu sabia que ela estava se referindo ao Jake e a Alli, Tyler provavelmente só viria aqui para ver Alli e o Gwenny não passaria mais de 30 minutos nesse lugar. Fiquei um pouco surpresa com a ideia, mas depois dei um sorriso involuntário pensando que minha melhor amiga, e o Jake passaram tanto tempo em um hospital apenas para me ver acordar bem. Alli faria isso 10 vezes por mim se necessário, eu sabia disso. E era sempre reconfortante pensar que nos melhores e nos piores momentos minha melhor amiga sempre estaria à disposição. Mas a surpresa veio quando eu tive a confirmação de que o garoto lindo do qual minha avó se referia era o Jake. Eu mal o conhecia. Na verdade, eu iria saber um pouco mais sobre ele no nosso encontro que foi cancelado sem aviso prévio. E mesmo assim ele tinha ficado lá durante dois dias para ter noticias minhas. Era reconfortante e ao mesmo tempo um pouco assustador pensar que Jake tenha feito isso por mim. Mas enquanto eu me arrumava para ir para casa preferi ficar com o reconfortante. Logo após me vestir sai do quarto e dei de cara com a minha avó apreciando a bunda de um dos médicos que falava com a recepcionista. Dei uma risada abafada e fui ao encontro dela. Passamos o caminho todo para casa conversando sobre as novidades decorrentes da semana. E assim que chegamos em casa minha avó me aconselhou a ir para o banheiro tomar um banho e me vestir porque ás 20h00 meus amigos chegariam para que jantássemos todos juntos e comemorássemos a minha volta para casa. Eu segui o conselho e subi as escadas. Separei um vestido azul tomara que caia e sapatilhas brancas com detalhes prateados para o jantar, e fui para o banho. Tomei um banho de banheira bem demorado e bem quente. Eu merecia isso. Saí do banho, arrumei o meu cabelo para que ele ficasse um ondulado bonito e passei um pouco de maquiagem apenas o necessário para esconder a minha cara pós-hospital. Desci até o primeiro andar e enquanto esperava Alli e os outros, fiquei formulando um milhão de perguntas na minha cabeça, todas girando em torno da incógnita que tinha sido a noite anterior antes de a Alli me achar dopada no meu quarto. A campainha tocou, e como eu já esperava Alli foi a primeira a chegar, ela estava com um vestido lindo, ele era curto, roxo, sem mangas e tinha um laço que ficava perfeitamente alinhado na cintura. Ela estava com sandálias marrons de salto, embora Alli já fosse alta, ela adorava usar salto. Ela me abraçou forte e então entrou. Nós duas sentamos no sofá e conversamos normalmente. Ela estava tão animada falando sobre as novidades, chatas, do EastSchool que eu me sentiria muito mal se a interrompesse. Então deixei que a conversa fluísse e se aparecesse à oportunidade certa eu tocaria no assunto com ela. Ficamos conversando por mais uns 15 minutos até que Maddie e Gwenny chegaram. Maddie estava com um vestido coladinho que ressaltava bastante as curvas dela enquanto Gwenny estava com uma calça jeans preta, uma camiseta de botões preta também que ele dobrou até o cotovelo, um lenço branco com linhas pretas que caiu perfeitamente com o resto do look no pescoço e um all star preto, ele estava sempre estiloso com o que quer que fosse o que eu considerava uma das vantagens de se ser gay. Tyler chegou apenas alguns minutos mais tarde, ele estava vestido mais despojado, com uma camiseta cinza que ressaltava os músculos, calça jeans, e o boné do time, incrivelmente o Tyler parecia ser sexy até vestido com trapos de mendigo, e eu estou falando tipo, muito sério. Eu ainda estava cumprimentando Tyler quando percebi que ele estava acompanhando. Jake. Logo atrás do sexy e musculoso Tyler estava o meu fiel companheiro de hospital, Jake Hosmannd. Tyler era sexy. Ninguém na sala poderia negar isso, até a minha avó ficou meio sem ar quando ele entrou na sala, mas Jake Hosmannd era o meu foco no momento. Ele estava vestindo uma camiseta cinza também, porém com gola V, e aquilo realmente fez com que músculos que eu nem tinha reparado que ele tinha ficassem a mostra, uma calça jeans preta, e uma jaqueta de couro estilo badboy dos anos 60 e aquilo era o contraste perfeito para a atenção que chamavam os seus olhos que brilhavam dourados de encontro à luz. Quando ele sorriu, eu debilmente sorri também. Os dois entraram e logo todos nós sentamos nos sofás e pufes ao redor da lareira. Nossa governanta nos serviu chocolate quente e ficamos todos juntos jogando conversa fora por exatamente uma hora até que o jantar fosse devidamente servido. Eu achei que minha avó tinha mandado preparar algo muito fino e caro, mas quando um garçom que veio da porta dos fundos nos serviu as pizzas eu fiquei devidamente aliviada. Era daquilo que eu precisava. Naquele momento eu tinha tudo o que eu queria. Meus amigos e a única família que me restou reunidos desfrutando de um verdadeiro dote culinário egípcio, a pizza. Ficamos cerca de duas horas na mesa de jantar, como eu desconfiei minha avó mandou preparar não apenas algumas pizzas, mas um rodízio delas, e uma equipe especializada de garçons para nos servir. Ficamos rindo das piadas e histórias que minha avó e Gwenny se revezavam para nos contar e nem nos demos conta do quão tarde já era quando a louça começou a ser recolhida. Gwenny e Maddie se despediram e foram os primeiros a irem embora e Tyler e Alli logo seguiram eles. Mesmo com a relutância da Alli em me deixar, eu consegui convence lá de que eu já estava fora de perigo, mesmo sem saber qual era o meu perigo, e que ela poderia ir para a casa descansar tranquila porque nos veríamos amanhã bem cedo na escola, mas ela ainda assim ficou com um pé atrás e me fez prometer que ligaria para ela assim que eu abrisse os olhos. Depois dos abraços sufocantes da Alli e dos movimentos estranhos que Tyler e Jake trocaram para se despedir ficamos sós. Eu, Jake e a minha avó bêbada derramada no sofá da sala. Eu e Jake trocamos um olhar e combinamos em levarmos minha avó para a cama juntos. Ele apoiou um braço dela em volta do pescoço e eu apoiei o outro e então subimos a escada praticamente arrastando o corpo dela até o segundo andar. Deitamos ela na cama, e o Jake desceu enquanto eu arrumava ela para dormir. Entre palavras cuspidas, e ruídos estranhos ela pegou no sono e eu desci. Encontrei Jake sentado em cima do murinho de tijolos que ficava de frente para a cidade, apoiado com os braços para trás, olhando para cima e admirando as estrelas. Se aquele dia estava bonito, a noite estava tão bonita quanto. A lua estava incrivelmente brilhante. Um tom tão resplandecente de prateado que por alguns segundos eu cheguei a pensar que não era o sol que a iluminava e sim que ela por si só tinha sua luz. As estrelas, que a muito eu não tinha parado para observar, estavam em milhares, infinitos pontinhos brilhantes que se espalhavam pelo céu incrivelmente escuro que contrastava perfeitamente com o brilho das estrelas que pareciam preencher todo o lugar. A noite estava perfeita. E eu poderia ter ficado horas ali, parada naquela varanda, apenas admirando a beleza da noite se não tivesse visto Jake Hosmannd primeiro. A luz da lua refletia diretamente na parte esquerda do rosto dele, deixando ressaltados pelo brilho da lua o formato angelical do rosto e os músculos do braço esquerdo, os olhos continuavam brilhando intensamente dourados, e o estilo badboy com a jaqueta de couro deixou tudo ainda mais interessante, mas não se comparava a destreza de toda a imagem como um conjunto. Jake Hosmannd não era o cara mais perfeito do mundo. Mas naquele momento eu tive consciência de todas as coisas maravilhosas que ele era. Se tivéssemos que escolher uma definição concreta para perfeição eu acho que todas as pessoas do globo deveriam escrever uma lista com todas as coisas que consideram perfeitas, e depois de escritas, essas coisas deveriam ser avaliadas para criar uma definição para a palavra. Eu não faço ideia de qual seria essa definição. Mas eu tenho certeza de que daquela noite em diante Jake Hosmannd estaria na minha lista. Fiquei apoiada na porta, sorrindo debilmente admirando a visão a minha frente até que ele notou minha presença e fez um gesto com as mãos para que eu me juntasse a ele, sentei ao seu lado e aconcheguei a cabeça no ombro dele. Ficamos assim por muito tempo. Um silêncio tão aconchegante e quente. Eu sentia a respiração dele, elevava e abaixava levemente o ombro, como se ele não quisesse que eu me sentisse desconfortável. Eu dei uma risadinha e tirei a cabeça do ombro dele. E então ele me olhou de relance com o canto do olho e deu um longo suspiro:
- Linda não é? – Ele me perguntou.
- A lua ou as estrelas?
- À noite, princesa.
Nós dois nos olhamos e ficamos nos encarando por alguns segundos, então eu sorri e desviei o olhar, voltando à atenção para a lua, às estrelas e a noite, mas deixando meus pensamentos me guiarem até o cara maravilhoso que estava bem ao meu lado:
- Eu acho que já tenho que ir.
- Acha? – Eu sorri e me senti claramente bem com a ideia de que Jake estava tão relutante em deixar aquela atmosfera quanto eu. Ele deu um suspiro profundo e triste e continuou:
- Aula com o Sr Fritzburn amanhã. Meus sempre simpáticos colegas de classe estão tramando aprontar mais uma daquelas com ele, e eu não posso perder o espetáculo das veias saltadas, vai ser emocionante. – Ele disse em tom de ironia. E eu dei risada. Depois disso ficamos admirando a noite por mais alguns silenciosos segundos. Jake trazia uma paz à atmosfera, uma serenidade inigualável. Os meus últimos seis meses de vida tem sido uma eterna incógnita e eu nunca sei o que fazer, ou quando fazer. Eu sempre costumei ser uma pessoa pé no chão, e fielmente decidia. E depois de tudo o que aconteceu eu me senti de mãos atadas. Não era como se as pessoas ignorassem o que eu pensava ou achava, era mais como se eu simplesmente não pensasse ou achasse nada, eu simplesmente, não tinha ideia do que fazer. Mas quando eu estava com Jake, àquela sensação de liderança, de saber que caminho tomar e quando tomar, aquela sensação de saber exatamente o que fazer me preenchia, e eu simplesmente olhava nos olhos dele e sabia que direção tomar. Era esse o efeito que ele causava em mim. Uma nostalgia mágica que me trazia de volta a quem eu realmente era. Eu não conhecia Jake muito bem, eu nem sequer me conhecia. Mas quando eu estava com ele tinha a sensação de que nós dois sabíamos exatamente o que o outro era:
- Princesa... – Ele se virou para me olhar nos olhos, àqueles lindos e encantadores olhos dourados – Eu só quero que você saiba que eu poderia continuar aqui pelo resto da minha vida, e se isso não fosse o suficiente, pelo resto da eternidade.
- É ótimo estar na sua companhia também, Jake! – Eu sorri, e então ele pegou minha mão. As mãos dele eram estáveis e macias. Tocar as mãos dele era como pegar uma porção de terra na mão. Nem fria, nem quente, apenas a temperatura certa. A maciez fazia com que eu sentisse que a mão dele podia se diluir na minha e chegava a ser engraçada a delicadeza de seu toque. Os olhos profundos e dourados me acariciavam enquanto ele descia o olhar das nossas mãos para meu rosto. Ele começou a aproximar o rosto lentamente, quase como se estivesse com medo do que viria a seguir. E embora eu estivesse totalmente sem contato intimo nenhum há seis meses, eu não estava intimidada. Não estava com medo. Na verdade eu me sentia pronta para sentir os lábios dele nos meus. Eu estava pronta para sentir aquela sensação de insegurança que eu vinha sentindo por tanto tempo se perder no espaço no meio de um beijo apaixonado. Eu estava mais do que pronta. Eu queria trocar o meu desespero pela certeza e pelo aconchego que era estar com ele. Nossos olhos já estavam fechados e eu já conseguia sentir o calor da respiração, que já batia acelerada, dele quando Jake se levantou e afastou-se subitamente. Eu abri os olhos assustada e desviei o olhar para a cidade. Se não fosse pela negritude da noite tenho certeza que eu estaria reluzindo vermelho de tanta vergonha. Eu não fazia ideia do porque ele tinha feito isso. Há alguns segundos atrás eu tinha certeza de que queria isso. Eu tinha certeza de que nós dois queríamos isso. E de repente ele se afastou levando embora toda a serenidade junto com ele. Talvez isso fosse ele. Jake na verdade não queria mais do que brincar comigo. E ele sabia como. Ele era incrível. Lindo, sexy, doce, simpático, engraçado... Ah droga! Por que eu fui tão idiota? Por que eu me deixei levar pela ideia de que ele era realmente um cara legal?! Eu ainda estava na metade da lista mental de xingamentos horríveis que eu tinha criado para mim mesma quando Jake se aproximou novamente. Ele estava claramente perturbado. Ele suspirou e tentou falar algumas palavras para se desculpar, mas as palavras mais pareciam ruídos e gaguejos desesperados. Olhei para ele curiosa, tentando esconder o constrangimento evidente que eu estava sentindo. Jake olhou profundamente nos meus olhos e eu desviei o olhar para a cidade novamente:
- Olha. Olha. E-eu. Ah! Meu Deus. Eu não vou conseguir explicar isso se você não olhar pra mim tá legal? Só olha pra mim. – Eu resisti. Eu não sabia o que sentir, ou até pensar no momento. A única coisa da qual eu tinha certeza é a de que eu não tinha coragem o suficiente para encara-lo. Ele se sentou ao meu lado novamente e vendo a minha relutância ele pegou meu rosto entre as mãos e ficou segurando o, obrigando-me á encara-lo. Os olhos que antes brilhavam reluzentes dourados agora pareciam gritos de desespero. A expressão de súplica se suavizou quando eu finalmente tomei coragem para encara-lo e como se eu fosse o fôlego que lhe faltava ele retomou a fala – Wen fique sabendo que a coisa que eu mais quero nesse momento, nesse mundo, nessa vida, nesse universo – Ele disse dando ênfase cada vez que encontrava uma palavra nova para adicionar a lista - é poder simplesmente te beijar. Eu daria tudo para poder te beijar, minhaprincesa. – Ele acariciou meu rosto com uma das mãos, e a sua expressão se tornou terna e suave – Eu só. Não seria justo com você fazer isso agora, princesa. Não seria justo. – Ele deu um longo suspiro, e me depositou um beijo demorado na testa. – Espero que você entenda. – Ele tirou as mãos suavemente do meu rosto, levantou-se e foi embora.
Autor(a): Breamer
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).