Fanfic: A menina que sonhava com o Azul do céu | Tema: Romance, Drama, Annie, Charlie, Céu Azul, Sonhos, Cartas, Colegial

O dia amanheceu chuvoso, era uma manhã gélida de segunda-feira e uma jovem estava esperando o ônibus escolar debaixo de uma grande árvore. Ela era loira, pele branca, olhos castanhos e vestia um, sobretudo azul-escuro, sua mochila estava pendurada em seu ombro direito, ela usava um jeans apertado e all star cano alto. Uma típica jovem estudante. O ônibus amarelo parou bem a sua frente, ela entrou e cumprimentou o motorista com um aceno breve com a mão. Caminhou segurando nos acentos até um banco vazio, sentou-se jogando a mochila verde-musgo no chão perto de seu tênis vermelho. Ela ficou observando o céu acinzentado enquanto tirava de seu bolso seu celular e seus fones. O trajeto até a escola pública era calmo, o ônibus nem sempre lotava, mas, mesmo que faltasse espaço para algum aluno sentar eles jamais se sentavam ao lado de Annie "A demolidora". Era assim que a típica jovem era chamada.

Quando o ônibus parou enfrente ao portão da escola, Annie ao se levantar, não percebeu que seu tênis havia desamarrado e acabou tropeçando, caindo assim, em cima de Charlie, um estudante do último ano. Um jovem alto, com a barba por fazer, usava uma blusa da banda Bring Me The Horizon, tinha alargador na orelha esquerda, usava um jeans rasgado e um coturno preto, seus olhos esverdeados pousaram por cima da garota que estava com o rosto afundado em seus peitorais largos. Annie sentiu seu rosto corar imediatamente, todos que estavam o ônibus se afastaram dos dois formando uma pequena roda. Charlie era aluno novo, tinha acabado de se transferir, ele então pousou sua grande mão nos cabelos da menina e disse.

- Você se machucou? 

Nisso, o silêncio foi maior do que qualquer outra coisa, de repente, algum aluno do sexto ano gritou.

-protejam-se! A Demolidora vai atacar!

Annie se afastou do garoto, mas seus olhos não saíram do chão. Seu punho esquerdo se enrijeceu e com uma precisão exata a garota, de 1,63 acertou um soco no estômago de Charlie, que caiu sentado no banco.

-Não se atreva a ficar no meu caminho novamente, novato. - Disse ela pegando sua mochila e saindo do ônibus.

-Cara, por que você não me avisou que ela era doida? - Perguntou Charlie a Harry, seu amigo e colega de classe, eles estavam usando jalecos brancos e óculos de proteção, o professor Sebastian explicava algo sobre a teoria da relatividade.

-Achei que não precisava, afinal, você é sempre tão calado, não conversa com ninguém e já no primeiro dia de aula você leva um soco de uma garota do segundo ano. - Harry tinha os cabelos enrolados e castanhos, seu rosto fino transparecia serenidade.

-Mas qual é o problema dessa menina? Quer dizer, por que a chamam de Demolidora? 

-Caro senhor Stevens - O professor chamou Harry- Você e seu colega gostariam de vir explicar a matéria ou poderei continuar explicando? 

-Me desculpe Mr. Sebastian, esse é Charlie Asyl- Disse Harry apontando para Charlie - Ele veio da Flórida. 

-Oh, muito prazer, como já deve saber, sou Sebastian, professor de química, agora voltando à matéria...

O dia passou rápido e já havia chegado a hora do almoço, na cantina algumas meninas foram conversar com Charlie, afinal, ele era um garoto muito bonito, ele estava sentado no pátio comendo uma maçã. Annie estava sentada sozinha em uma mesa, longe de qualquer outra pessoa, estava com seus fones de ouvido ouvindo Panic! At The Disco enquanto comia um sanduiche. Enquanto Charlie passava seu numero de celular para as garotas ele avistou Annie, ele se levantou rapidamente deixando as garotas para trás e foi em busca de Annie.

-Qual o seu problema? - Ele disse ao se aproximar da menina. - Por que você me bateu hoje cedo? Vamos, me diga por que fez isso!

Annie levantou os olhos para olha-lo melhor, o sol refletia em seu rosto sério. Ela permaneceu calada mastigando um pedaço de sanduiche.

-Eu não vou esperar o dia inteiro! -Insistiu ele.

-Então dê o fora. - Disse Annie engolindo o último pedaço do seu lanche.

-Você acha que é assim? Que pode me bater e fingir que nada aconteceu? QUAL É O SEU PROBLEMA?

Algumas pessoas assistiam a discussão, algumas comentavam que ele não sabia onde estava se metendo e outras diziam que Annie iria apanhar do novato.

-Oras, cale essa maldita boca! Você fala demais para um garoto. -Annie se levantou e ficou frente a frente com ele, ela tirou um elástico do seu bolso e amarrou o cabelo, deu as costas ao menino e caminhou até a biblioteca.

Charlie ficou muito irritado. "Ela não pode fazer isso e ir embora" ele agarrou seu pulso e a prensou contra a parede segurando suas duas mãos deixando ela em desvantagem. Todos estavam vendo o alvoroço.

-Me solte seu babaca!

-Não! Não vou te soltar até você me dizer por que me bateu. 

Os olhos de Annie se encheram de lágrimas, sua expressão era de uma garota de cinco anos que havia perdido a boneca. Harry colocou sua mão no ombro do amigo e disse alguma coisa em seu ouvido, Charlie imediatamente a soltou. Annie caiu sentada no chão com os joelhos dobrados.

-Me desculpe Annie. -Disse Charlie, ele pôde ver um leve sorriso se formando no canto da boca da garota, ele estendeu a mão para a menina, ela segurou em sua mão e se levantou Harry olhou para as pessoas e disse. 

-Não há nada para ver aqui! Vão embora!

 E então, as pessoas foram se dispersando deixando apenas os três. Eles se sentaram em uma das mesas, Annie sempre com a cabeça abaixada. 

-Seus olhos são bonitos, não deveria escondê-los. -Disse Charlie encarando a menina. Harry pousou sua mão na mão de Annie e disse.

-Sei que você está triste Annie, sei o que se passa em sua casa, mas isso não é motivo para você agredir meu amigo Charlie.

Annie olhou confusa para Harry e falou.

-Como... Como você sabe? 

-Sou seu vizinho. Escuto quase tudo, as brigas, as lutas, seus choros. - Annie arregalou os olhos e imediatamente abaixou a cabeça. 

-Sabe, tudo começou quando minha mãe resolveu se casar novamente. Ele é um monstro, um imbecil! -Charlie ouvia tudo atentamente - Minha mãe não se importa mais comigo, depois da morte do Eric, meu irmão, ela se droga e vai pro quarto, Rupert chega a casa quase todos os dias bêbado, e bom... Eu que pago o preço - Ela levantou a blusa até a altura do sutiã, havia várias marcas roxas e alguns cortes. - Minha vida é uma merda.

-Pior que a minha não é. -Disse Charlie olhando para as pichações da mesa.

-Mesmo? Não é você quem apanha todos os dias do padrasto.

-E não é você quem está morrendo. -Disse Harry se intrometendo.

Annie franziu o cenho.

-Eu estou com câncer, o médico me deu dois anos de vida. Mas não sei se vou conseguir chegar até isso. -Disse Charlie cruzando os braços.

-O que? Como assim? Mas as pessoas que tem câncer não são carecas? Ou sei lá, ficam de cama?

Charlie deixou uma leve risada escapar.

-Não é todo câncer que é preciso fazer quimioterapia. O meu é terminal, não adiantaria fazer qualquer tratamento. Tenho um câncer raro no cérebro, ele não me afeta em nada, pelo menos, ainda não. Sou um paciente terminal, meu futuro já foi traçado. O seu ainda não. 

Annie ficou conversando com eles até o intervalo acabar, no final do dia Charlie e Annie sentaram-se no mesmo banco do ônibus, o que deixou muita gente assustada, Harry se sentou logo atrás. Quando chegou a vez de Annie e Harry descerem do ônibus, Charlie disse.

-Espere! Tome, esse é o numero do meu celular. Ligue-me se o seu padrasto te bater. -Annie pegou o pedaço de papel com alguns números anotados e dobrou-o, segurando firme em sua mão.

-Valeu se der certo, eu te ligo. 

Annie e Harry desceram do ônibus e foram caminhando os cincos quarteirões que levavam para suas respectivas casas. 

-Que horas seu padrasto chega? -Perguntou Harry olhando o céu, que mesmo depois que a chuva parou continuava acinzentado.

-As oito. E minha mãe chega a casa as nove.

-Você poderia ficar na minha casa até umas dez horas... Assim você não iria apanhar.

-Não posso, tenho que cuidar da Alice, minha irmã de três anos. 

-Traga ela, Charlie vai ir à minha casa hoje à noite, ele é ótimo com crianças. 

-Tudo bem, vou dar um jeito de sair de casa com ela.

Eles chegaram à casa de Annie, ela abriu o pequeno portão e se despediu de Harry. Quando entrou em casa a babá de Alice já estava de saída. Ela subiu, deu banho na irmã e tomou o seu banho. Depois das duas estarem trocadas, quando já era sete e meia, antes dela abrir a fechadura ela escutou o portão se fechando. "Não é possível, ele veio mais cedo pra casa?", um homem robusto abriu a porta, ele era alto, gordo, tinha papada, olhos negros e cabelos ruivos. 

-Onde você pensa que vai sua vadiazinha? -Disse o homem desabotoando a calça. - Vai fugir com essa bastarda? 

-Querida, sobe e fica debaixo da cama. Não saia de lá! -Disse Annie baixinha no ouvido da irmã, que á obedeceu imediatamente. - Eu só ia até o mercado para comprar pão e leite para Alice! 

Parecia que o homem não á escutava.

-Vamos! Deite de costas no sofá! Hoje vou fazer você se arrepender de querer sair de casa. -Ela hesitou, quando sentiu a mão pesada do homem atingindo seu rosto, jogando-a no sofá. - Se você gritar, eu vou arrancar sua pele e fazer de tapete. -O homem rasgou a roupa de Annie, deixando-a nua ele abaixou as calças. Após ter passado quarenta minutos, o homem saiu de cima da jovem, havia lágrimas em seus olhos. Ele tirou a cinta de sua calça e a chicoteou, deixando suas pernas e braços cheios de ferimentos, muitos até sangravam. 

-Eu vou tomar um banho e dormir, espero que quando acordar a janta já esteja pronta. -Ela assentiu com a cabeça. - E vista algo sua vadia.

Ela, com certa dificuldade se levantou e colocou um vestido florido, ela esperou o homem trancar a porta do quarto, subiu as escadas e foi para seu quarto, ajoelhou-se e viu sua irmãzinha dormindo debaixo da cama. Ela deu um beijo em seu rosto, desceu as escadas, abriu a porta e foi caminhando até a ponte de 30 metros que ficava perto da sua casa. Ela atravessou a barreira protetora da ponte, ficando apenas á cinco centímetros de um forte rio que passava embaixo da ponte. Ela soltou uma das mãos, fechou os olhos e pediu perdão á Deus, antes de soltar sua outra mão ouviu seu nome. Era Charlie, ele estava com sua moto parada bem atrás de Annie.

-Annie, não pule!

-Ela se virou para ele e começou a chorar.

-Eu não aguento mais! Eu preciso fazer isso!

-Annie, pense nas pessoas que se importam com você!

-Não há ninguém!

-Há sim! Sua irmã menor, Harry e eu!

-Você e Harry não se importam comigo, só estão tentando ser gentil e a minha irmã vai achar alguém melhor.

Charlie desceu da moto se agarrou em volta da cintura fina de Annie.

-Se você cair, eu também vou.

-Me solte Charlie! Eu quero morrer!

-A questão é que - Ele disse quase como um sussurro - Eu vou morrer, mas você... Você pode escolher se vai morrer ou não. Como eu disse meu futuro já foi traçado, o seu ainda não.

Annie refletiu sobre aquilo e então, parou de tentar se livrar dos braços fortes de Charlie.

-Me puxe. -Ela disse. -Não é para eu morrer hoje.