Fanfic: Férias em Família. | Tema: ♥ Laliter ♥

Allegra.

Preciso mencionar que, mesmo tendo quinze anos, sofro de insônia, e que o fato se agrava quando meu pai era obrigado a dormir no meu quarto. Já que, até uma locomotiva antiga era mais silenciosa que ele.

- Preciso arrumar um jeito de acabar com essas brigas urgentemente. – Murmurei para mim mesma, antes de levantar-me e ir para a cozinha.

Chegando à cozinha, sentei-me na cadeira, pensando no que comer. Ficar sem sono me dava fome, aliás, qualquer coisa me dava fome. Santino dizia que eu não engordava por que era muito ruim. Pobrezinho, era muito complicado para sua mente entender o que era metabolismo acelerado. Continuando, minha fome se agravava pelo nervosismo. Papai e mamãe sempre tiveram suas pequenas picuinhas, coisa que se resolvia em cinco minutos. Mas, ultimamente, as brigas, além de acontecerem com maior freqüência, tinham seu tempo prolongado. Tal como o tempo que demoravam para fazerem as pazes.

Sempre me disseram que alguns – ou todos – os casais enfrentavam a famosa crise dos dez anos. Alguns casamentos sobreviviam e outros, infelizmente, não resistiam à ela. Eu esperava, de todo o coração, que o de meus pais sobrevivesse.

Levei dez minutos para decidir que comer um cereal seria a melhor opção para mim, naquele momento. Se eu estava com insônia, era melhor comer algo não muito pesado, ou só pioraria.

- Perdeu o sono?

Virei o rosto para a porta da cozinha e sorri para, logo em seguida, voltar a mergulhar a colher em minha tigela.

- Você ronca demais.

- Eu?! – Exclamou papai, pegando uma tigela no armário e sentando ao meu lado, jogando um pouco do cereal na mesma.

- Experimente se ouvir durante a noite. – Com uma risadinha, o vi despejar o leite.

- Não duvido, sua mãe me diz a mesma coisa. – Meneei a cabeça, dando mais uma colherada. – Escute, precisamos dar um jeito naquele colchão, ele é duro demais, acaba com as minhas costas. Acho que vou comprar um novo, já que, freqüentemente ando dormindo naquele quarto. A propósito, nunca soube que Santino falava tanto quando dormia.

- Porque não dividia o quarto com ele com tanta freqüência. Pai, não gosto das brigas de vocês. – Comentei, mudando bruscamente de assunto. – Antes era até engraçado, aliás, até certo ponto é, mas ultimamente anda perdendo a graça.

Mamãe fica triste, você fica mal humorado. Santino é muito burro para perceber, e Agus uma criança, acha que é brincadeira, mas eu vejo, sei que estão em uma fase difícil. Qualquer coisa é motivo de briga.

- É. – Suspirou, mexendo com a colher dentro da tigela. – Estamos com alguns problemas.

- Sei que sou só a filha de vocês, mas será que você quer me contar?

- Já disse que você é uma pequena adulta?! – Sorri junto dele. – Tudo roda, basicamente, em torno de um novo filho. Eu quero, mas sua mãe não. Junta com os problemas na firma, em casa e dá onde está. Sua mãe sempre se irritou com muita facilidade, você sabe como ela é.

- Sim. Mas eu tenho certeza que ela também fica mal. Apesar de todo esse jeito dela, mamãe é louca por você. Lembra daquela festinha do colégio? Quando eu e Santino tínhamos uns doze anos, que ela quase voou no pescoço da mãe de uma amiga minha, só porque a mulher olhou diferente para você?!

- Lembro. Lali sempre foi invocada.

- E completamente apaixonada por você. – Sorri, terminando meu cereal. – Por que não sobe para o quarto de vocês ?! Sei que mamãe pode parecer durona, mas tenho certeza que adoraria se você fosse até lá, “pertubá-la”, se é que me entende. – Pisquei o olho, deixando minha tigela na pia. – Não esqueça de trancar a porta, pai. – Uma baixa risada pode ser ouvida.

- Pode deixar. – Quando já estava saindo da cozinha, o ouvi me chamar. – Alle!

- Eu.

- Eu amo você.

Continua...........