Fanfic: Watermark Fight - 2 | Tema: Enya, Sarah Brightman

Nicky e Ciáran se encaram seriamente. Já foram amigos no passado, mas agora, tudo mudou:

- Bêbado como sempre, não é? – diz Nicky

- O que... eu bebo... ouuuu deeeixo... de beber não... é da sua... conta! – responde o irmão de Enya, com a fala enrolada e irritada ao mesmo tempo.

- Sim, é verdade, não é da minha conta. Mas dar em cima da minha esposa é da minha conta! Acha que nunca reparei na maneira que você a olhava nas reuniões que fazíamos quando eu era empresário do Clannad?  – rebate o produtor, agora também irritado.

Bernd está zonzo, meio grogue, mas consegue ouvir a conversa com clareza e arregala os olhos.

Antes de responder a Nicholas, Brennan toma mais um gole de Guiness e limpa a garganta:

- Já que você... tocou no assunto... vou... te falar. Sim, eu estava interessado na Roma. E... como não... estaria?

O produtor musical olha furiosamente para Ciáran, que sorri sarcasticamente de volta.

- Aquele... olhar distante... a pele branca... o perfume de rosas... aquele sorriso lindo... que ela tem... e... aquela boca...

Nicky não o deixa terminar. Ele o puxa pela gola da camisa e o encara de uma maneira que Bernd jamais vira, deixando o CEO atônito, mesmo meio lerdo:

- Minha mulher não é carne de açougue pra você ficar avaliando, seu alcoólatra!

O músico dá uma risada:

- Você... você é engraçado Nicky! Fala... fala como se não tivesse... culpa no cartório.

- Do que você está falando? Jamais traí Roma!

- Será... mesmo? Nada me... tira da cabeça... que Enya só deixou a banda porque vocês dois estavam de caso!

Bernd fica ainda mais surpreso e grita:

- COMO... É QUE É?

- Isso é uma mentira! Uma mentira deslavada! Como se atreve a dizer uma coisa dessas, especialmente na frente de Dopp? Ela nunca se sentiu familiarizada no grupo. Você e os outros formavam uma panelinha e ela se sentiu excluída! – diz Nicky, puxando com mais força a gola da camisa de Ciáran.

- É verdade que... sempre fomos... distantes... de Eithne. Mas não foi... por opção... estávamos o tempo todo na estrada. Mas isso não... a faria sair do grupo... não no momento... em que estávamos no nosso auge. Você... a tirou de nós, Nicky. Deveria... ter tirado Roma de você a tempo! – Ciáran eleva a voz, irritado.

Nicholas dá um soco em seu rival, que cai violentamente no chão, com o nariz sangrando:

- Seu... seu velho... maldito. – Ciáran se levanta, zonzo e com dificuldade, mas consegue acertar em cheio com outro soco a boca de Nicky, que começa a sangrar.

- Bêbado ordinário! Vou acabar com você!

Nicky e Ciáran se engalfinham no bar, trocando socos e golpes. Bernd fica mais grogue e quase cai do banco.

Depois de um bom tempo, Frank consegue sair do engarrafamento e dirige apressadamente a caminho do Temple Bar.

Ninguém tem coragem de separar os dois brigões. Parecem dois lobos brigando por uma fêmea. Dopp se apóia no balcão para não cair, sua visão fica mais turva, mas ainda consegue ver a luta entre os seus amigos.

Frank estaciona o carro e corre desesperadamente até o pub. Ele percebe que as pessoas estão se aglomerando:

- Que estranho! Parece que uma briga está acontecendo lá dentro. Que não seja Bernd arrumando confusão! – pensa o amigo de Dopp, que se infiltra no meio da “multidão”. Para sua surpresa, não é o ex-namorado de Enya que está brigando, mas o melhor amigo da cantora com o irmão da mesma:

- Mas o que é isso? Ficaram loucos! Já temos problemas demais! – grita Frank

- Ciáran? Nicky? Parem com isso!

Frank não reconhece a voz de imediato, por causa da gritaria que toma conta do local, mas depois reconhece a fisionomia:

- Pól! Ainda bem que apareceu! Vamos separar esses dois!

- Você me conhece?

- Sim. Sou Frank, amigo de Bernd.

- Ah, sim! Você sabe quando começou a briga?

- Não faço idéia, acabei de chegar. Vim pra cá para encontrar Dopp e chamei Nicky, mas não sabia que Ciáran estaria aqui.

- Eu também não sabia que ele estava no bar, até que eu e Moya estranhamos a demora dele para chegar ao ensaio da banda, aqui perto. Então pensei que ele pudesse ter parado pra beber. Pelo visto, acertei. Só não imaginava essa pancadaria. Vamos separá-los agora!

Pól segura Ciáran enquanto Frank tenta controlar Nicky:

- Pelo amor de Deus, mano! Não é possível! Além de beber todas, vai arrumar confusão com o Nicky?

- Esse... aí que... começou! – diz Ciáran, com o nariz ensangüentado.

- Não interessa quem começou! Vamos embora daqui! – Pól arrasta o irmão para fora do pub.

- Nicky! Mas o que foi isso? Por que você e o irmão da Enya tavam brigando?

- Longa história, longa história! – O produtor musical sente o gosto do sangue em sua boca. – Aquele miserável me acertou em cheio na boca, acho que quebrei o maxilar.

- Quer ir ao hospital?

- Não, não se preocupe, depois resolvo isso. Afinal, foi por outra causa que viemos para cá.

Os dois olham para Bernd, que está desolado e abatido. Está visivelmente bêbado e atordoado pela briga que presenciara.

- Bernd! Vamos te levar pra casa, você está péssimo! – diz Frank

- Eu... quero sumir... Eithne me deixou! – Dopp começa a choramingar.

- A coisa tá feia mesmo! Nunca o vi tão triste em toda a minha vida! Nem quando ele se separou da outra mulher ele ficou assim! Calma, cara, calma.

- Como... pude perder... a minha doce celta? Ela... era tudo... pra mim... Prefiro a morte... do que ficar sem ela! – O CEO desaba em lágrimas.

Ryan fica sem reação. Não imaginava o quanto Bernd ama Enya.

- Vamos te levar em casa e lá você nos conta tudo – diz o produtor.

Frank e Nicky levam o amigo para o carro de Frank. O alemão fica cada vez pior ao relembrar os beijos de Enya. Ele se sente como se o seu coração estivesse dilacerado.

Depois de mais ou menos 30 minutos, eles chegam ao prédio em que Dopp reside. Os amigos dele o ajudam a chegar até o apartamento. Os três se sentam no sofá e Bernd conta tudo o que aconteceu, com dificuldade:

- Mas eu juro... juro por... meu cargo... na Warner... que eu não... tive caso algum... com Sarah.

Nicholas observa Bernd, pensativo:

- Vejo sinceridade em seus olhos, não acho que tenha mesmo traído Eithne.

- Tenho certeza disso, Nicky – diz Frank

- Não quero... ficar longe... da minha Enya... não quero, não quero!

- A situação está crítica – se preocupa o produtor

- É verdade. Temos que descobrir o que houve.

- Estou começando a achar que alguém armou algo para separá-los.

- Acalme-se Bernd, vamos ajudá-lo e...

Frank nem termina de falar e o CEO apaga no sofá.

- Iiih, olha só, Nicky!

- Vamos deixá-lo dormir. Mas te garanto que vem uma bela ressaca por aí.

- Também acho. É melhor você ir ao hospital olhar isso.

- Tem razão. Vou ao hospital mais próximo.

Os dois saem cautelosamente do apartamento de Dopp. Frank acompanha Nicky até o hospital. Depois de um raio-x, fica comprovado que o produtor não teve a mandíbula quebrada. Fazem o curativo em seu rosto e o liberam do local:

- Ainda bem que não foi nada mais sério.

- Ainda bem mesmo! Mas... continuo preocupado com Bernd.

- Eu também, Frank. Roma deve ir falar com Enya e tentar descobrir a versão dela disso tudo. Espero do fundo do meu coração que eles se entendam.

Nicky olha o relógio:

- Nossa, já são quase dez da noite! Tenho que voltar para Killiney. Me avise se acontecer algo com ele.

- Pode deixar, te ligo! Até logo!

- Tchau!

Os dois se despedem e vão para suas respectivas casas.

Ryan chega rapidamente em casa. Roma se assusta:

- NICHOLAS! O que foi isso? – diz, preocupada.

- Um imprevisto no bar. Um imprevisto chamado Ciáran.

- Ai, meu Deus! Não acredito que vocês brigaram no meio do Temple Bar!

- Mas não foi nada grave, estou bem.

- Ai,ai. Você não tem jeito mesmo! Mas e Bernd?

- Está terrível, terrível! Nunca o vi tão triste – o casal se senta na sala.

- E ele te contou o que aconteceu?

- Sim. Ele disse que Enya o ligou, o convidando para um jantar no Manderley. Então... – Nicky relata à esposa o que disse o ex-namorado de sua melhor amiga.

- Gente! Nunca imaginei que Eithne pudesse dar um tapa em Bernd que não fosse brincadeira. Nicholas, isso também está te cheirando a armação da Sarah?

- Obviamente, mas não acho que nossa amiga acreditará nisso sem provas.

- É verdade. Ela deve estar sofrendo muito com isso – suspira a letrista

- Você não foi vê-la?

- Achei melhor não ir enquanto não soubesse exatamente o que aconteceu. Devo ir amanhã. Agora o senhor vai me contar como arrumou essa coisa horrível aí na sua boca.

- Prefiro não falar nisso...

- Nicholas... Dominick... Ryan! Pode abrir o bico!

- Você realmente não desconfia, Roma? – Nicky olha a esposa em seus olhos profundamente.

Ela se cala. Depois de alguns segundos com os olhos baixos e em silêncio, ela segura as mãos do marido e o olha:

- Nicky, meu amor. Pra quê revirar esse passado? Temos duas filhas, adultas, casadas... netos, netos chegarão em breve, tenho certeza. Eu não amei Ciáran e nem amarei. Entreguei meu coração a você. Já se passaram mais de vinte anos que saímos do Clannad e mais anos ainda que nos casamos! Não fique remoendo algo que nem aconteceu. – Roma beija delicadamente os lábios do marido, que a envolve em seus braços.

O novo dia chega rapidamente. E para Bernd, junto com um novo dia, também chegou uma baita ressaca:

- Ai, eu exagerei mesmo na dose. Nunca mais tomo Poítin! Caramba! Ainda tô de terno! Como é que eu fui dormir no sofá? Ai!

Com dificuldade e uma enorme dor de cabeça, ele se levanta e toma uma ducha fria para tentar amenizar os efeitos da ressaca, sem muito sucesso.

Ele vai até a cozinha e prepara um café bem quente, que acaba o ajudando um pouco. Depois toma um paracetamol para aliviar sua dor física. Pois a emocional não irá se acabar tão cedo.

A ficha da noite passada vai caindo e o alemão relembra de tudo o que aconteceu:

- Nem nos meus piores pesadelos imaginei uma coisa dessas!

Dopp decide ir até o seu carro e pega as fotos “comprometedoras” com Sarah Brightman. Ele volta para o seu apartamento e observa melhor as imagens:

- Esse não é o meu quarto. Essas fotos foram feitas em outro lugar... mas isso é o de menos. Como fiz isso com minha Eithne?

De repente, ele começa a raciocinar, se lembrando das investidas da britânica:

- Ei, ei, ei! Não tem outra explicação! Só pode ter sido aquela... aquela... maldita! Maldita, desgraçada! – Bernd grita de fúria.

Num ataque de ira, o CEO acerta em cheio um soco no espelho da sala de estar, além de virar uma mesa de centro e jogar cadeiras no chão.

O espelho se estilhaça e a mão de Dopp começa a sangrar. Mas sua raiva é muito maior do que qualquer dor de cabeça ou corte:

- Vadia, vadia! Eu devia ter imaginado desde o começo! Vou acabar com sua carreira! Você não perde por esperar!