Fanfic: Quem segura o bebê? {AyA} [terminada]

Ela balançou a cabeça, apavorada. Todas as mentiras que criara estavam desmoronando, e logo estaria completamente exposta. Não queria nem pensar no que aconteceria então...

Felizmente, Toni acordou de seu cochilo e encerrou a con­versa, anunciando que era hora da mamadeira e da troca de fraldas.

— Pode me dar a sacola de fraldas e uma mamadeira, Alfonso? — Anahí pediu, retirando o bebê da bolsa.— Vou cuidar dela enquanto usa seu cartão de crédito.

— Já verifiquei, e há um microondas no refeitório dos fun­cionários. Eles disseram que pode usá-lo para esquentar a ma­madeira de Toni. Irei encontrá-la assim que terminar de colocar essas coisas no carro.

Anahí olhou para os carrinhos lotados e riu.

— Agora sei por que toda grande família tem aquelas ca­minhonetes imensas.

— Caminhonete! Sabia que estava esquecendo alguma coisa. Vamos ver... Acho que vi uma bem interessante na seção dos jatos.

— Engraçadinho! — Ela riu, afastando-se com Toni nos braços.

Para sua surpresa Alfonso foi encontrá-la minutos mais tarde. Os funcionários haviam se encarregado de levar os objetos me­nores até o carro, e entregariam o restante em sua casa antes do final do dia. Quando Anahí terminou de cuidar de Toni, o automóvel estava carregado e pronto para partir. Dinheiro e charme... o que não se pode conseguir com essa combinação?

Depois de acomodar Toni em sua cadeira, Anahí prendeu o cinto de segurança e suspirou:

— Preciso voltar ao trabalho para poder descansar.

— Poderá descansar esta noite. Convidei meus irmãos para jantar, e terá algum tempo de folga enquanto eles estiverem em casa, brincando com Toni.                                   

— Eles já sabem sobre o bebê?

Alfonso ligou o motor e saiu do estacionamento.

— Pensei em surpreendê-los. Assim compreenderão melhor a importância de conservarmos essa informação em segredo até a volta de Christopher e Dulce.

— E seus irmãos sempre atendem seus chamados ime­diatamente?

— Eles já descobriram que só têm a lucrar concordando comigo.

— Por que é o mais velho?

— Sim, e porque sou o chefe deles na empresa. O que detém e puxa os fios...

— O que determina o ritmo?

— Pode usar quantas metáforas quiser, mas o significado será sempre o mesmo.

Uma observação acurada. Se fosse esperta, também trataria de lembrar quem impunha o ritmo de acordo com o qual dançava... e quem detinha os fios da marionete de seu sonho, a Baby Dream.

— Anahí! A campainha! Pode abrir, por favor? Estou termi­nando de trocar a fralda de Toni!

Sorrindo, Anahí abriu a porta e encontrou os quatro irmãos de Alfonso no corredor.

— Dez dólares como são boas notícias.

— Quinze como são péssimas notícias.

— Vinte como ele vai dizer que ficou noivo.

— Alfonso? Aposto vinte e cinco dólares como está enganado. A porta do outro lado do corredor abriu-se e a Sra. Bumgartle apareceu na soleira.

—    O que é isso? Quem está apostando?

—    Olá, Sra. Bumgartle — os quatro responderam em coro.

—     Não me venham com esses sorrisinhos cínicos. Apostar é ilegal neste estado, sabem?

—    Era só uma brincadeira — Christian garantiu. — Estamos apenas tentando imaginar o que Alfonso está pretendendo.  

—    Podem ter certeza de que não é coisa boa — ela disparou.

— E agora, parem de falar em voz alta no corredor, ou vou chamar o síndico — e bateu a porta.

— Os cavalheiros não querem entrar?

— Oh, olá, Anahí — Christian cumprimentou-a, aceitando o convite. — Está acontecendo algo de especial?

— É claro que sim! — Os gêmeos, Marc e Stef exclamaram em uníssono.

— E essa não é aquela Anahí gorda do escritório — Rocco percebeu, piscando para ela com o bom humor de sempre. — Há mais alguém aqui?

— Só Antonia.

— Antonia? — Rocco estranhou. — E ela é bonita?

— Linda. Cabelos escuros, curtos e brilhantes, grandes olhos castanhos, um sorriso capaz de derreter o coração de um homem das neves e...

— E? — Christian interessou-se.

— Covinhas. E no corpo todo! — Quatro pares de olhos chocados cravaram-se em seu rosto e, rindo, ela os levou à sala de estar. — Querem beber alguma coisa?

— Vamos lá, Anahí — Stef implorou. — Fale de uma vez! O que está acontecendo?

— Não posso dizer mais nada. A história pertence a Alfonso e...

— A Christopher, para ser mais exato — Alfonso corrigiu da porta. A expressão dos quatro irmãos Herrera teria valido uma fotografia. Variando da surpresa ao choque, todos olharam no mais absoluto silêncio para a criatura encantadora nos braços do irmão mais velho. Christian foi o primeiro a recuperar-se.

— Essa é Antonia, a tal das covinhas, suponho.

— Ela é... sua? — Rocco perguntou incrédulo.

— É filha de Christopher — Alfonso explicou. Marc estalou os dedos.

— De Christopher e... como é mesmo o nome dela? A estudante estrangeira por quem ele estava maluco. Dulce! Sim, é isso? Aposto que os pais dela ficaram furiosos quando souberam sobre o pequeno incidente.

— Você conheceu Dulce? — Anahí surpreendeu-se.

— Só a vi uma vez, e muito rapidamente. Christopher tratou de levá-la embora antes que eu a conquistasse.

— O que acham de prepararmos o jantar enquanto eu conto todos os detalhes? — Alfonso sugeriu.

Minutos mais tarde, todos os Herrera estavam reunidos na cozinha, trabalhando como uma orquestra bem afinada. Anahí observava da porta, admirada com o entrosamento da família e com o carinho que todos demonstravam pela sobrinha. Toni passava de colo em colo, absolutamente feliz. Já estavam terminando quando Stef comentou:

— O que aconteceu com a nossa querida Anahí? Passou por um regime relâmpago?

— O noivo dela a obrigava a andar como um saco de batatas. Não sei por que Will-William insistia em escondê-la sob um disfarce, mas vou descobrir — Alfonso prometeu.

— Um disfarce? — Rocco perguntou, aproximando-se dela com um brilho malicioso nos olhos.

— Exatamente. E como hoje é uma noite de comemoração, e não precisamos mais desse disfarce tolo... vá mudar de roupa, Anahí, enquanto arrumamos a mesa. Ponha o vestido verde.

Pelo tom de voz de Alfonso e pelo brilho determinado em seus olhos castanhos, Anahí compreendeu que o que parecia um pedido era, na verdade, uma ordem.