Fanfic: Quem segura o bebê? {AyA} [terminada]

A descoberta de que aquela criança era de Christopher, e não de Alfonso, fez com que Anahí passasse a acompanhar os fatos com maior atenção. Lutando para ignorar uma crescente sensação de alívio, voltou para o centro da sala e manteve-se em silêncio, atenta.

Christopher aproximou-se de Dulce com os braços abertos, mas então notou o bebê e parou.

— O que é isso? — Gritou.

— O que parece ser? — Dulce respondeu no mesmo tom.

— É um bebê!

A criança em questão começou a gritar novamente e Anahí tratou de fechar a porta. Um grupo de secretárias formava um semicírculo no corredor, e uma delas afastou-se dizendo que ia chamar a segurança. Como secretária da presidência, sabia que tinha autoridade para dispersar o grupo e impedir que a segurança fosse acionada, mas não podia pensar em tudo ao mesmo tempo. Examinando as prioridades, Anahí fe­chou a porta o voltou para o centro da sala.

— Já chega! — Alfonso intercedia. — Quero silêncio, entende­ram? — Todos obedeceram de imediato, inclusive o bebê. — Assim é melhor. E agora, será que podemos chegar ao fundo dessa questão?

— Seu irmão é um suíno! — Dulce começou, prosseguindo num italiano apaixonado.

— Em inglês, por favor. — Alfonso indicou.

— Meu inglês não é tão bom.

— O italiano de Christopher é pior ainda, e vejo que conseguiram superar a barreira do idioma. Será que alguém pode fazer as apresentações?

— Alfonso — Christopher adiantou — esta é Dulce Maria. Dulce, meu irmão Alfonso e sua secretária, Srta. Puente.

— Buon giorno.

— Dulce e eu... Bem, nós nos conhecemos na universidade, em Berkeley. Ela é aluna do programa de intercâmbio para estrangeiros.

— Não sou mais — ela interrompeu. —Agora sou uma estatística. Mãe solteira.

— E de quem é a culpa por isso? — Christopher encarou-a.

— Sua! Não acredita que esta criança é sua?

— É bom que seja! — Ele respondeu furioso.

— Crianças, por favor — Alfonso intercedeu. Anahí aproximou-se e estendeu os braços.

— Não quer me dar o bebê? — Sugeriu, esperando remover o pobrezinho do campo de batalhas. Para seu alívio, Dulce concordou sem protestar, e ela levou a criança para o extremo oposto da sala.

Christopher voltou a falar, agora num tom mais moderado.

— Eu telefonei, mas você não atendeu. Fui procurá-la em sua casa, mas me disseram que havia se mudado sem deixar endereço. Estive em todos os lugares onde você costumava ir, mas era como se houvesse evaporado.

Dulce plantou as mãos nos quadris arredondados, os olhos cheios de ressentimento.

— É claro que desapareci! Você mentiu para mim!

— Nunca!

— E quanto a Giovanna Carducci?

— Você me deixou por causa de Giovanna Carducci?

— Está vendo? Ele admite! — Dulce exclamou, derramando lágrimas patéticas.

— Não estou admitindo nada!

— Já chega — Alfonso interrompeu novamente. — Vamos ver se entendi bem. Você e Dulce conheceram-se, apaixo­naram-se e romperam por causa de uma mulher chamada Giovanna Carducci...

— Não! — Christopher negou.

— Sim! — Dulce insistiu.

— E — Alfonso prosseguiu — sem que Christopher soubesse, Dulce teve um bebê...

— Tonia — a mãe ofereceu.

— Tonia. Essa é a história?

— Sim, bem resumida — a jovem concordou.

— E bastante distorcida — Christopher protestou.

— Não estou interessada em sua opinião. O grandão está certo. O grandão suspirou:

— Tenho um certo receio de perguntar, Dulce, mas... o que você quer?

— Minha mãe está muito doente na Itália. Preciso ir aju­dá-la, mas não posso.

— Por que não? — Christopher estranhou.

— Por que não? Acabou de conhecer Tonia e ainda pergunta por que não? Nasci num pequeno vilarejo, e meus parentes são antiquados. Se um dia souberem que tive um bebê fora do casamento, sem dúvida me deserdarão. Por isso estou aqui. Porque pensei numa solução.

— Qual? — Alfonso adiantou-se.                                          

Chorando copiosamente, Dulce tomou o bebê dos braços de Anahí e beijou seu rosto corado antes de colocá-lo nos braços de Christopher.

— Esse bebê também é seu — disse. — Cuide dele enquanto estou na Itália. Quando minha mãe melhorar, voltarei e serei novamente uma mãe solteira e abandonada.

Deixando a sacola de fraldas no chão, Dulce correu para a porta e saiu.

— Espere! — Christopher gritou. Deu alguns passos para segui-la, mas então se lembrou de algo e voltou.

— Precisamos discutir essa situação — Alfonso avisou.

— Mais tarde, meu irmão. Agora preciso detê-la.

— Sr. Herrera? — Edward chamou da porta. — Algum problema?

— Sim — Alfonso suspirou. — Entre em contato com a portaria e peça para deterem uma moça ruiva, baixa e jovem. Ela deve estar chorando.

— Imediatamente, senhor.

— E quanto a você, Christopher...

— Agora não. Não temos tempo — ele interrompeu, depo­sitando a criança nos braços do irmão mais velho. — Cuide de Tony enquanto vou atrás de Dulce.

—    Espere! Volte aqui! — Mas era tarde demais. Christopher já havia desaparecido além da porta, e Alfonso olhou para o bebê com ar desanimado. Em seguida ele encarou Anahí e um sorriso malicioso distendeu seus lábios. — Ora, ora, Srta. Puente — disse, aproximando-se e estendendo os braços para entregar-lhe a criança. — Veja só o que tenho para você.