Dulce: Quando eu digo "a casa" eu quero dizer os espiritos que vivem nela, tanto os maus e os do bem, eles não podem matar uma pessoa viva, só morta, então não vão conseguir te machucar.
Christopher: Assim me sinto mais aliviado.
Dulce: Se não quiser que eles o assuste, mande-os ir embora.
Christopher: Só isso?
Dulce: Você não acredita, não é?
Christopher: Agora sim.
Dulce: Porque não acreditou no começo?
Christopher: Não sei (coçou a barba mal feita)
Dulce: O porão são o lugar que eles mais ficam porque é escuro, antigo, abandonado.. tem muitas lembraças, então evite descer aqui se não quiser morrer de susto.
Christopher: Eu não tenho medo.
Dulce: Não é isso, Christopher. (balançou a cabeça) Mesmo uma pessoa não tendo medos, eles conseguem assustar.
Christopher: Certo, e porque motivos eu iria querer descer aqui mesmo?
Dulce: Não sei, me diga você.
Christopher: Então vamos sair daqui.
Subiram para a sala, Dulce ligou a fogueira enquanto Christopher se sentava no sofá da sala a observando.
Dulce: Eu costumava ficar aqui na frente dessa fogueira nos natais.
Christopher: Passava o natal sozinha?
Dulce: Eu era sozinha, Christopher. Não tinha nada.
Christopher: E o seu namorado?
Dulce: Eu não o tinha conhecido ainda.
Christopher: E porque não tentava conhecer mais pessoas?
Dulce: As pessoas me acham estranha, não sou boa nisso.
Christopher: Se não fosse boa, não estariamos conversando agora.
Dulce se sentia bem com ele, olhou pra ele sorrindo.
Dulce: Talvez eu só não tenha tentado o suficiente.
Christopher: Você é mesmo um fantasma? (tocou o braço dela) Então porque posso te tocar?
Dulce: A pergunta que não quer calar, que todos nessa casa querem saber.
Christopher: Alguns moradores morreram aqui?
Dulce: Sim, milhares.
Christopher: E a minha empregada? Ela nunca os viu?
Dulce riu.
Dulce: Christopher você não percebeu ainda?
Christopher: Percebi o que?
Dulce: Ela está morta.
Christopher levantou o cenho.
Christopher: Não, ela pode sair da casa.
Dulce: Sim, porque ela foi a primeira a morrer aqui, e também outro motivo porque o corpo dela foi enterrado no quintal da casa.
Christopher: Então se eu morrer aqui, e meu corpo for enterrado no quintal.. eu posso ser igual a ela?
Dulce: Sim, é tudo tão complicado, muitas coisas que você tem que saber, tanto que..
Christopher: Espera, espera (interrompeu Dulce) Porque motivo alguma pessoa interraria o meu corpo no quintal da minha própria casa?
Dulce: Moira, ela foi uma mulher jovem e sexy, ela era uma prostituta, alugou essa casa junto com seus irmãos há um século atrás, os irmãos dela eram gays, eles costruiram essa casa.. Moira já foi estrupada, sofreu vários tipos de abusos sexuais, ela foi realmente muito bonita, mas após se envolver com dois homens ao mesmo tempo, o amante descobriu e a matou aqui nessa sala junto com o marido, quando os irmãos dela souberam, ficaram chocados e a enterraram no quintal da casa, bando de loucos..
Christopher: E ele vive aqui também? O Marido?
Dulce: É claro, mas ele vive trancafiado no porão.
Christopher: E o que aconteceu com o amante?
Dulce: Não se sabe, mas não morreu na casa.
Christopher: Como você sabe disso se isso foi há um século atrás
Dulce revirou os olhos.
Dulce: Moira foi minha empregada, esquecedinho.
Christopher: E você já sabia?
Dulce: Não, só fui saber depois que morri, ela cuidou de mim.
Christopher: Nunca vi vocês duas conversando.
Dulce: Nós nos odiamos.
Christopher: Porque?
Dulce: Outra loooooonga história..
Christopher: Outro dia você me conta (bebeu um pouco do copo de whisky que tinha ao seu lado)
Dulce: Amanhã é o dia, Christopher.
Christopher: Que dia?
Dulce: Halloween. O dia em que todos os mortos podem ser eles mesmo, o dia em que eles podem sair da casa.
Christopher: Sair da casa?
Dulce: Sim, mas só a noite, de dia eles não podem sair.
Christopher: Mas isso é um perigo.
Dulce: Não, não é. E sabe porque? Porque eles não podem machucar ninguém, só assustar.
Christopher: Não é tão perigoso assim.
Dulce: É..
Christopher: Só isso pra me contar sobre a casa?
Dulce: Ela tem sentimentos, então não a ofenda. (sussurrou)
Christopher sorriu.
Dulce: Você é o primeiro que não tem medo, todos fogem como umas maricas quando vêem algum espirito.
Christopher: Isso é demais pra minha cabeça, então prefiro morar aqui com a ideia de que é halloween todo dia. (sarcástico)
Dulce: Bem pensado.
Christopher: E que tipo de espirito é você? Faz o mal, ou o bem?
Dulce: Se eu fosse do mal estaria no porão te assustando e não te contando esta história trágica que eu sempre sonhei em contar para alguém, mas ninguém nunca me deu uma oportunidade, mas o corajoso Uckermann, realizou meu sonho (riu)
Christopher: Agora me conte sobre você, Dulce.