Fanfic: Drink your fear... Or your fetish. | Tema: BDSM, ORIGINALS, BDSMS.
Enquanto um dos soldados me jogava e fechava a enorme porta de aço, eu gritei. Gritei e caí de joelhos. Tentei me arrastar para ir até a porta. Era enorme, grossa e fria. Eu sabia que tudo estava bom demais para ser verdade. O aço se abriu. Um corpo musculoso e alto se aproximou de mim esticada ao chão. Senti mãos puxando o cabelo de minha nuca e me arrastando por outra porta até que chegamos ao quarto.
Fui jogada ali. E ali fiquei chorando e gritando. Chutando a porta. Puxando os cabelos enquanto tentava assimilar tudo o que estava acontecendo. Mas era impossível. Era impossível conseguir entender. Tudo era complexo.
A porta se abriu.
Encolhi meu corpo no canto da parede, num canto mais escuro do quarto. O homem com luvas, botas e roupa preta, veio em minha direção e segurou meu tornozelo, arrastando-me até a porta. Levei um tapa tão forte na costela que desmaiei.
Eu acordei e estava em uma sala toda branca. Uma sala que não se parecia em nada com aquele anterior, da poltrona vermelha. Sentando-me vejo que estou em uma maca. Olho para tudo. Não há ninguém. Olho para frente e vejo a imagem de uma menina com aparência horrível, toda machucada e inconsciente.
Sou eu.
Olhando-me.
No espelho.
Dou um pulo da maca e olho desorientada para os lados. Não há ninguém. Ando até a porta. Volto para perto da maca. Tudo está girando. Sinto-me sentada em uma roda gigante. E ela gira. Gira. Gira. Gira. Gira. Gira. E eu estou tonta. Meus passos diminuem e estou quase caindo. Estou sem fôlego. Estou cansada.
E eu tropeço. E estou deitada no chão, sem conseguir levantar. Fecho os olhos por um segundo, mas desconfio que tenha sido por quase meia hora. Estou sendo carregada até a maca. Sinto lençóis abrigando meu corpo. Os cochichos cessaram. Não consigo abrir os olhos, não consigo mexer-me. Eu não quero acreditar.
Eu choro. Choro com os olhos fechados. Sinto que estou sendo observada, mas não consigo ampliar minha visão para ver quem é. Abro meus olhos vagarosamente, ainda piscando para acostumar minha íris com o ambiente. É um quarto de pouca luz. Parece maior que o outro. Forço minha coluna a me sustentar. Levanto-me. Forço meus joelhos a manterem minhas pernas retas. Forço-me a andar com passos cuidadosos pelo quarto para sentir as paredes e saber mais ou menos a distancia entre cada uma delas. Tateio as paredes geladas. Fico aliviada quando minhas costas quentes e suadas tocam o piso gélido. Fico menos tremula e minha respiração começa a se regular.
Fico de pé e me encosto á parede porque a porta foi aberta e tem alguém ali. Parado. Observando-me. Foi aquele ‘alguém’ que me dava à impressão de observar-me enquanto eu estava na maca. Ele não diz nada. Me pega no colo ainda sem deixar ver-me seu rosto. Leva-me até outra porta, que dava entrada a outro quarto enorme. Sou arremessada contra o chão. Fico de quatro, ergo meus braços para ficar numa posição melhor. Agora estou de joelhos, cabeça baixa, ombros caídos, cabelos arrastando ao chão. Vejo pés a minha esquerda. Pés a minha direita. Homens de pé dos meus dois lados.
Olho rapidamente ao redor. É uma sala grande, espaçosa, iluminada, com um piso que simula madeira. Estou ajoelhada encima de um longo tapete que vai da porta até um pouco mais a minha frente, onde uma cadeira grande está. Parece que estou em um tipo de palácio em frente ao trono de um Rei. A porta por onde entrei arrastada faz um barulho alto quando é aberta. Ouço passos no piso logo atrás de mim. Barulho de botas. Olho um pouco para trás, para o chão, por cima do meu ombro esquerdo, e vejo o par de botas pretas bem engraxadas indo em direção a cadeira. De cabeça baixa, olho disfarçadamente para minha frente. Os passos confiantes, determinados, fortes, que transmite firmeza e segurança.
Meu coração bate. Tum Tum.
Tum Tum.
Tum Tum.
E os batimentos se aceleram. O Tum Tum fica mais fácil de ser ouvido por mim. Tudo o que consigo ouvir agora são as batidas frenéticas do meu coração descontrolado dentro do peito.
Massageio o local e ouço a voz suave e calma.
– O que houve aqui? – perguntou a voz distante e tão pouco conhecida, que vinha da minha frente. Não me atrevo a olhar.
– Hoje Senhor, - começa um dos homens do meu lado – algumas horas atrás, uma garota – limpa a garganta e continua – ficou com um homem – escuto um suspiro forte vindo da minha frente. O homem ao meu lado parece reprimir um suspiro amedrontado. – e esta garota senhor, bem, não era para ficar com este homem. Ela tinha outros afazeres. E então, trouxemos-a aqui. – Completa o homem, ao meu lado. Ele parece um soldado. Um soldado do inferno que me tortura, obrigando-me a ficar aqui.
– Hm. – É tudo o que ouço o ‘obscuro’ gesticular. Ele parece pensar. Ele inala tão forte que faz uma espécie de eco na sala gigantesca e com praticamente nenhum móvel. – E... Como foi que umamenina – em sua voz há desdém e diversão, uma mistura que me assusta – conseguiu ter direitos para isto? – Ele se refere como se fosse a mais impura das ações – Explique-me. – Manda. Seu tom é suave, mas suas palavras expressam uma alta autoridade.
– É... Senhor? – o homem fica confuso. Gagueja. Não sabe o que falar.
– Explique-me. – Exige novamente, o homem sentado. – Como foi que uma menina violou nossas regras sem ser pega antes?
– Nós, - engole em seco – bem, nós não imaginávamos que ela fosse tão idiota a este ponto – ele para, pensa – ninguém faz isso aqui, todos sabem as regras – ele respira fundo. Finaliza.
– Hm. – Outro murmuro do homem a minha frente. – Temos que achar alguém para culpar por isso, Raul. – Ele diz. O cara do meu lado parece tremer. Sua respiração está entrecortada. – Não acha?
– Senhor? – Ele parece perdido – Claro Senhor. Devemos achar um culpado.
– Também acho. – Diz divertido. Se levantando da cadeira, o homem das botas brilhantes anda para perto do cara do meu lado e para. Sinto seu olhar queimando-me. Quero gritar, mas minha boca dói e eu estou mordendo a língua. – Raul?
– Senhor? – diz com sua voz tremula.
– Suponho que esta seja a menina. – Fala. Um minuto de silencio. Um minuto torturante de silencio, em que sinto os olhos do homem examinando-me. – Qual é o seu nome? – pergunta. Levo alguns segundos para perceber que ele está falando comigo. Esses segundos parecem ser uma eternidade para o homem, que suspira. – Eu falei com você. – Ele arrasta um pé para perto de mim e no susto caio para trás, olhando para cima com meus olhos arregalados. Eu o conhecia, e jamais imaginaria que iria fazer o que faz agora comigo. Era ele, este maldito dos olhos verdes – Diga-me. – Manda. Sua voz suavemente fria, mas seu semblante era estranho, indecifrável. Parecia estar surpreso por me ver ali.
– Anne. – Sussurro. Por um momento penso que ele prendeu meu rosto entre as mãos e está me forçando a olhá-lo, mas reparo que na realidade ele nem se moveu, e minha mente perturbada está me traindo. Sou eu que não consigo desviar o olhar. Abaixo a cabeça.
Sinto seu olhar em mim por mais um tempo. Ele diz:
– Raul.
– Sim, senhor?
– Leve-a para o quarto dela. – Se vira e anda até perto da cadeira, mas não se senta. – Agora. E dê a ordem para que os outros homens, das outras áreas do prédio, levem as meninas para se alimentarem.
– Sim, senhor.
Fui levada para o corredor que já tanto conhecia. Deixaram-me frente à porta de meu quarto. Abri com todo o cuidado do mundo, como se fizesse um esforço para não acordar alguém que ali dormia. Ponta dos pés. Fechei-a. Desabei. Minhas lagrimas saiam inconseqüentemente, perdidas. Não tinha entendido o que fiz de tão errado. Aquilo só havia confirmado as expectativas de que ele realmente era o chefe.
Depois de um banho, desci ao refeitório para encontrar as outras meninas. As mesas bem alinhadas e de uma madeira bonita e brilhante. Sentei-me com o grupo de sempre.
– Anne, você parece assustada – Camille indagou fazendo as outras meninas concordarem.
– Desculpe, é apenas dor de cabeça – e uma lagrima escorreu. Uma lagrima que não pude evitar. Uma lagrima inconseqüente.
– Não fica assim, Anne. – Ariel falou me olhando e depois me abraçou.
Suspirei de cansaço. Comi minha comida em silencio. Não prestei mais atenção nos assuntos a minha volta. Depois de, aproximadamente uma hora, homens nos mandam levantar. Ficamos de pé e paradas no mesmo lugar. Ouvimos uma voz alta nos pedindo atenção e falando para ficarmos quietas. Era a voz que me arrastara hoje mais cedo para aquela grande sala onde havia um acento feito um trono. O tal Raul.
Assim que pediu para nos calarmos ouviam-se apenas nossas respirações e logo passos que iam aumentando á medida que alguém entrava no refeitório, parando lá na frente e tenho certeza de quem é.
Ele.
O mesmo homem que falou friamente com Raul. O mesmo homem que me usou e depois me tratou como se não me conhecesse. Sua voz logo se ouviu falar.
– Boa noite, garotas. – Disse suave. Seu tom camuflado por um timbre calmo e sedoso, quando na verdade são palavras frias. Vazias. – Estãofascinantescom essas saias.
Olho para baixo. Minha saia vem pouco acima do meio de minha coxa e, desconfortavelmente, sinto-me nua com essa roupa. Sinto que voltei a ser a garota medrosa e tímida de antes. Aquele ser que queria prazer desmaiou dentro de meu abismo á poucas horas.Ele olha para todos os rostos ali presentes, se perde alguns segundos no meu, vira-se e vai embora. As meninas dizem que nunca o viram, discutem sobre quem ele seria e o barulho inunda o refeitório.
O modo como ele falou causa em mim náuseas.
Os homens nos mandam voltar para os quartos. Cada grupo de vinte, que ocupava cada mesa, vai indo em direção a porta e saindo. Exausta, jogo-me na cama. Fecho meus olhos, mas o sono não vem, trazendo-me memórias.
Lembranças...
Eu queria poder voltar no tempo. Voltar no dia em que fui convidada para aquele bar. Se eu soubesse então que tudo isso aconteceria, não teria ido. Lembro dos corpos que se afastavam. Saíam de medo. Lembro dos olhos que me focaram fazendo prender-me a respiração. Eram olhos castanhos, castanhos como um lápis de cor. Eu estava mole, minhas pernas não me propuseram correr. Foi ali, no meio de uma diversão que todo este pesadelo começou. Foi ali que 19 anos de vida foram arruinados. No dia de meu aniversário fui seqüestrada e traga até cá onde estou. Lembro-me da coisa toda como se fosse ontem. Lembro-me o que eu estava pensando, o que estava sentindo, o que estava desejando... Lembro-me de tudo. Nunca senti tanto medo em minha vida.
– Relembrando –
Era por volta de 21h00min da última sexta-feira e eu estava tomando chope neste mesmo bar. O dia no trabalho tinha sido péssimo, comoprevisto.Tinham várias mesas juntas, devido à quantidade enorme de amigos que tínhamos ali. De repente vejo os mesmos com olhares assustados direcionados para mim, como se estivessem sendo obrigados a ficar em silencio. Depois, apenas um pano cobrindo minhas narinas. Então tudo escureceu, não conseguia mais me debater. E apaguei.
Quando acordei estava dentro de um quarto desconhecido (da qual me estabeleço hoje) e totalmente com outras roupas. Uma dor de cabeça terrível.Minha cabeça começou a rodar. Queria saber onde estava, porque estava ali e o que tinha acontecido. Poderia me soltar se não estivesse presa entre algemas nos ferros da cabeceira da cama. Mesmo sem ninguém por perto, confesso que nessa hora comecei a chorar e implorar pela minha vida.
A porta se abriu, revelando um homem de aparência desconhecida. Tinha um preparo físico bem cuidado e andava com um uniforme sem siglas, apenas com um nome em um tipo de etiqueta. Jared. Fora o resto, era apenas uma roupa, parecida com a de um soldado. Ele me rodeou, olhou em meus olhos e começou suas explicações.
– Olá, Anne. – eu não podia responder, estava com a boca vendada – Acredito que você esteja assustada, não? Deve estar. Queria apenas te dar algumas explicações... – sentou ao meu lado na cama, calmamente. – Nós lhe seqüestramos, mas, não vamos devolver. A partir de hoje, terá de se acostumar com esta vida. Certo?
Balancei a cabeça. Não teria o porquê de relutar, já que não seria solta de maneira nenhuma. Ele já havia deixado claro. Quando me soltou e me pediu para ir conhecer o ambiente, procurei todas as maneiras possíveis para fugir, mas parecia que eu estava cercada por espinhos. Espinhos por toda parte. Não havia nenhuma porta que me dessa escapatória, NENHUMA. Se passado seis meses, fui me acostumando, até chegar onde estou hoje.
Já vivi situações marcantes às vezes pela alegria, tristeza medo e coragem! Adquiri uma independência afetiva, material e financeira. Acho que isso me fez uma mulher fria, adaptável a qualquer situação. Mas, sou uma mulher independente, e não deixarei este meu ego morrer. Se esse é meu destino, então eu realmente tinha que estar aqui -portanto, farei minha parte!-.
Autor(a): korn6661
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Depois do susto que tomei, fui obrigada a me segurar mais sobre meus sentimentos. Três dias exatos haviam se passado. Em mim, habitava um vazio inconsequente. Não poderia deixar-me abater e sabia disso. Um dos soldados bateu duas vezes levemente na porta do quarto como costume, fazendo-me despertar. Levantei ainda sonolenta e fui tomar um banho para ir em breve ...
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