Fanfic: Drink your fear... Or your fetish. | Tema: BDSM, ORIGINALS, BDSMS.
Depois do susto que tomei, fui obrigada a me segurar mais sobre meus sentimentos. Três dias exatos haviam se passado. Em mim, habitava um vazio inconsequente. Não poderia deixar-me abater e sabia disso. Um dos soldados bateu duas vezes levemente na porta do quarto como costume, fazendo-me despertar. Levantei ainda sonolenta e fui tomar um banho para ir em breve ao refeitório, depois as aulas. Enquanto a água ia pousando tranquilamente sobre minha pele, os pensamentos invadiam minha mente. Já não eram perguntas e sim, respostas. Tudo tinha sido ampliado, tinha ficado mais simples, para felicidade de todos e principalmente, a minha. Ou, quase isso.
Os ensinamentos que tínhamos não eram tão bons. Ficar ajoelhada e amordaçada ao chão gelado, enquanto recebemos tapas e puxões de cabelo não me parece tão inteligente. Tinham escolhido professores errados para isso. Eu tinha amigos antigamente, quando ainda possuía uma vida, e eles gostavam da submissão e todas as coisas elevadas ao nível do bdsm. Diziam que esta era uma arte e que nem todos poderiam compreender tudo sobre. Era um meio de vida, diziam eles. Antigamente não, mas hoje entendo o que queriam dizer e respeito, pois atualmente acima de qualquer prazer irrevelante em dor, admiro a coragem e sagacidade de quem favorece de maneira constante este jogo tão bonito.
Enxuguei-me com a toalha nova e perfumada que teria pego no dia anterior. As roupas que nos eram dadas pareciam uniformes. Vesti-as com cuidado, penteando meu cabelo comprido com as mãos depois de passar um pouco de creme para hidratá-lo e deixá-lo mais bonito. Vejo meninas reclamando constantemente da maneira como são tratadas aqui. Concordo em partes que, não somos como rainhas para eles, mas poderia ser pior. Estou tentando ao máximo compreender e deixar as coisas fluírem.
Abri a porta. Fechei. Andei pelo corredor. Alguns corpos para lá e para cá. Dirigi-me ao refeitório, sendo que a maior parte das meninas se encontrava lá a este horário, que por fim desconheço. Comidas já estavam esticadas entre as bases envernizadas das mesas e algumas já se alimentavam. Outras conversavam. Sentei-me aonde algumas colegas se reuniam e abocanhei uma maçã vermelha que estava bem em minha frente. O silêncio se apossou, mas eu ainda não sabia o porquê.
– Meninas? – a voz que até alguns dias antes havia sumido, pousou sobre nossos ouvidos nos fazendo virar quase instantaneamente para o começo do refeitório – Como estão vocês? – seu corpo ia se aproximando – Eu vim aqui para conversar. Poderia prestar atenção, um momento?
Varri meus olhos entre as garotas. Todas elas acenando que sim com a cabeça. Fiz o mesmo. Ele prosseguiu com seu tom calmo e inebriante, porém indiferente.
– Peço-lhes desculpa pela inconveniência de vir as 11hrs da manhã até aqui falar com vocês, porém era pra tê-lo feito á algum tempo, se lembram. Devo apresentar-me. Meu nome é Mike. Mike Franck`s. Sou o imperador deste grande negócio. – estendeu suas mãos sobre o teto e esboçou meio sorriso, depois voltando sua atenção para nós – Eu sou o famoso ‘’chefe’’ – riu fazendo aspas no ar, parecendo gostar da expressão que usavam para descrevê-lo – Queria vós avisar-lhes para não termos duvida alguma. É só isso senhoritas, desculpem-me pelo incomodo e voltem aos seus aposentos cerca de vinte minutos. – saiu andando com seu jeito mandão e firme.
Eu gostava de como falava e agia. Era calmo, terno, porém engana-se. Este não é tão tranqüilo assim. Ou, pelo menos na cama não. Abaixei meu olhar para a maçã quase terminada e escondi um sorriso pelos pensamentos. As meninas comentavam coisas sobre ele e sua beleza estereotipa – que confesso, é grande – e terminavam de se alimentar. Joguei os restos da fruta no lixo e dirigi-me ao meu aposento para trocar de roupa e ir até a sala onde tínhamos as ‘aulas’, se posso chamar aquilo de tal. Vesti as devidas roupas e saí em direção ao corredor da tortura, como Ariel costumava se referir. Os dois professores como sempre muito adiantados, já esperavam por nós.
Quando Sr. Franck`s se referia sobre seu império, estava certo. Parecia realmente um reino. Era um corredor de longa extensão que continha em cada milímetro uma porta. Lá se dividiam o grupo de meninas para as aulas. Os outros corredores eram ao mesmo jeito. Deviam ser um seis ou sete andares. Largos e extensos.
Adentrei a porta. Fechei-a. Ninguém lá a não serem os dois homens grandes e fortes olhando minha chegada. Sentei perto deles. Eram reservados, mas gentis. Marcelo, o mais quieto veio até mim com todo o carinho do mundo (que me fez pensar que fosse gay, da qual eu estava certa).
– Anne, eu e Sergio precisamos conversar com você. – me olhava calmamente, como um amigo da qual eu podia confiar – Aconteceu alguns imprevistos nesses dois dias que não teve aulas conosco. Sugiro que você saiba já um pouco do que iremos conversar aqui, portanto serei breve. O Brian esteve aqui e elogiou-te muito para nós, e acreditamos que não tenha sido somente para mim e Sergio. Está entendendo o que quero lhe dizer?
– Em verdade, não. Seja um pouco mais direto, por favor. – embora pareça ter soado rude, foi de total calma.
– Bom... Mike veio falar conosco. Você sabe quem é Mike, não?
– Bem mais do que gostaria, mas sim, sei. O que ele disse?
– Então já temos um bom começo. A vida de `Lenne é corrida, embora não pareça. Achamos até que seja devido à isto que ele nunca dá as caras por aqui. Enfim, veio até aqui para nos dizer que precisa de alguma garota para acompanha-lo em uma festa da qual ele não pode ir sozinho. Não entendemos realmente o porquê – olhou para Sergio e o mesmo afirmou para o companheiro prosseguir – Não sei porquê ele não contrata uma garota qualquer ao invés de pegar uma daqui, mas... Não sou eu quem faço as regras.O recinto da festa chama-se Solenelamou’r Mism, fica em Roma. Andamos analisando as outras meninas, mas uma tem se destacado em meio elas e este alguém é você. Então, falamos de você para ele e o mesmo analisou a situação... Perguntou para nós suas fisionomias e nós a descrevemos. Referiu-se a ti como ‘’a menina que deu trabalho’’. – nós rimos – E então ele disse para levar você até a sala onde costuma ficar. Eu tenho vinte minutos para fazer isso, – dizia olhando em seu relógio de pulso – caso contrario, adeus licença para aulas. Pode ser uma boa oportunidade para você. Se tu gostas deste mundo que te rodeia agora, se gosta do que acontece aqui, pode dar-se bem neste ramo. Não falo financeiramente, mas pode ser conhecida pelos amantes dessa figura, entende?
– Entendi tudo o que me disseste... Mas, depois de ir até esta apresentação, terei que voltar para cá?
– Não posso lhe informar sobre isso. Quem irá lhe dizer é ele. Aproveite para tirar todas as suas duvidas. Agora vamos lá, e na sala dele você poderá dizer se aceita ou não. Vamos – esticou sua mão para a minha e eu a agarrei, acompanhando-o.
Meu coração pulsava forte. Talvez por medo, talvez por susto, talvez por surpresa. Ora essa, não é defeito não saber o porquê seu coração bate forte. Ou é? Bem, tanto faz. Eu tremia feito vara verde. Chegamos a um corredor mais chique, onde ao fim havia somente uma porta. Marcelo olhou-me sugestivo, transpassando uma mensagem e me dando segurança. Entendi o recado e soltei de sua mão, embora fossemos quase do mesmo tamanho (afinal eu tinha quase vinte, ou vinte – já que não sabia em que data estava – )
Fui. Dei o primeiro passo. Dei o segundo. Caminhei devagar. Tinha esperanças de olhar para trás e Marcelo e Sergio ainda estarem lá, mas não. Os dois já haviam se tele-transportado para as aulas, que estavam quase em sua hora. Encostei meu corpo rente à porta, mas não se ouvia nenhum barulho. Era como se ninguém estivesse ali. Bati uma, bati duas. Nada. Bati três. Na terceira, sua voz suave como sempre esboçou um ‘entra’ e eu o fiz, receosa. Ele estava com as costas da poltrona viradas para mim, como se evitasse me olhar. O chamei.
– Senhor Franck`s?
– Sente-se, Anne. – respondeu educado virando-se para mim e me deixando ver seus olhos tão claramente demoníacos.
Fechei a porta com cautela e me dirigi até a cadeira preta com assento estofado que havia em sua frente. Seus olhos analisavam cada parâmetro que eu tinha. Senti meu corpo entrar em conflito com minha mente. Uma chama subia de meus pés, inundando meu corpo. Minhas mãos tremiam, tremiam e tremiam. Abaixei meu olhar, mas depois o fitei prestando atenção, agora em seu jeito de falar.
– Já sabe o porquê está aqui? – perguntou-me pousando uma folha impressa sobre sua mesa escura.
– Sim. Quero dizer, parcialmente sim.
– Hm.
Este ‘hm’ matava. Significava que ele parecia pensativo, mas já tinha certeza do que falar. Seus olhos saltaram da mesa para mim, me fazendo corar quase instantaneamente. Entre nós havia uma faísca em combustão. Um pingo de gasolina e a tragédia estaria completa.
– O que você precisa fazer é o seguinte, Srt. Anne... – pegou a folha – Leia este contrato e assine se concorda com os termos do mesmo. Caso contrário diga não e eu chamarei outra menina. Nele estará explicado tudo. Pode levar a folha consigo e lhe dou um dia de prazo. Ok?
– Ok.
Eu analisava cada detalhe do folheto que tinha me entregado. Concordei com a cabeça e me retirei da sala. Quase tropecei duas vezes devido a falta de atenção. Adentrei ao meu aposento e sentei sobre a cama. A folha dizia exatamente estas coisas:
‘’Eu, _________________ confirmo este contrato á data __________ do ano de ___________.
TERMOS PARA CONTRATO RENTE A ESTE.
Esta mesma concorda e confirma que tudo que ocorra sob os termos do presente contrato será consensual, confidencial e sujeito aos limites abordados e aos procedimentos de segurança estabelecidos no presente contrato. Limites e procedimentos de segurança adicionais poderão ser abordados por escrito. Esta mesma autoriza todas as regras abaixo com total consentimento e responsabilidade para com seus atos. Qualquer quebra o tornará imediatamente nulo e as partes concordam em assumir total responsabilidade uma perante a outra pela conseqüência de qualquer quebra.
OBRIGAÇÕES
O companheiro responsável se responsabilizará pelo bem-estar, pela orientação e pela disciplina adequada da companheira. Se, em qualquer tempo, o companheiro deixar de cumprir os termos para a segurança de sua companheira, os limites e os procedimentos de segurança abordado estabelecidos no presente contrato ou abordado em forma de aditamento, esta mesma tem o direito de terminar o presente contrato no ato e deixar de servir sem aviso prévio.
DISPONIBILIDADE
A companheira estará sujeita a ter qualquer tipo de segundos afetos com o companheiro incluindo estas como relações sexuais e qualquer segundo que envolva critérios íntimos.
EXIGÊNCIAS MASCULINAS.
– O companheiro tornará prioritária a saúde e a segurança da companheira em todos os momentos. O companheiro não realizará nem permitirá que se ative qualquer ato que possa causar dano sério ou risco à vida de sua companheira.
– O companheiro manterá um ambiente estável e seguro em que a companheira possa cumprir suas obrigações e sentir-se confortável.
EXIGÊNCIAS FEMININAS.
– A companheira obedecerá às regras estabelecidas no presente contrato.
– A companheira não olhará diretamente nos olhos do companheiro, a não ser quando especificamente instruída a fazê-lo. A mesma manterá os olhos baixos e conservará uma atitude calma e respeitosa na presença do mesmo.
– A companheira sempre se conduzirá de maneira respeitosa para com o seu companheiro e só se dirigirá a ele como Senhor, Sr. Mike, ou outra forma de tratamento que o mesmo indicar.
CONCLUSÃO
– Nós, abaixo assinados, lemos e entendemos plenamente as disposições do presente contrato. E por estarmos assim justos e contratados, assinamos o presente instrumento.
O companheiro: _________________
____________
A companheira: ______________
____________
* O contrato foi gentilmente lido e regularizado sendo aceito por ambas as partes. ’’
xx
Minha mente dizia-me para aceitar. Pode ser uma boa oportunidade, como disse Marcelo. Pode ser que eu possa me dar bem. Não vejo nada de demais entre as regras.
Meu coração batia, batia, batia. Tum Tum. Tum Tum. O estômago revirava. Minhas veias da cabeça saltitavam. O chão parecia o céu. Tum Tum.
Levantei-me da cama. Dei dois passos depois da porta. Dei três. Fui até aquele imenso corredor novamente dentro de um minuto. Bati na porta. Na primeira batida ouvi sua voz suave novamente dizendo um ‘’entre, querida’’. Tremi. Entrei. Lá estava ele, tão sedutoramente sedutor.
– Eu aceito, Sr. Mike.
Autor(a): korn6661
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