Fanfic: As Escolhas

Tinha sido praticamente impossível convencer  Helena a ir pra cama sem que ele tivesse que ler aquele livro do reizinho.

Mas ele não estava com cabeça pra ler. Muito menos pra ler aquele livro.

Meu Deus, ela estava muito mais bonita do que ele se lembrava. Os cabelos cacheados estavam ainda mais curtos do que eram há quatro anos e, embora ela não parecesse ter envelhecido nem sequer um dia, os olhos castanhos de Eduarda pareciam cansados. Como se ela já tivesse vivido uma vida.

Eduarda estava ali. Tinha lido pra Helena e tinha encantado a menina que tinha falado sobre "a moça do restaurante" durante todo o caminho até casa. Era como se a menina soubesse que Eduarda era a sua mãe.

Pablo respirou fundo.

Ele queria cair em um buraco e nunca mais sair dele.

A ferida no coração dele estava quase cicatrizada.

Quase.

Mas agora...

Agora ela tinha voltado e toda a história tinha voltado junto com ela.

Pablo a viu saindo pela porta do seu antigo apartamento na Argentina. Escutou a voz dela dizendo que nunca mais queria ver a menina.

Ela era um monstro.

A pior pessoa que ele já tinha encontrado na vida.

Mas o coração de Pablo não conseguia entender isso. Por mais que ele repetisse pra si mesmo o quanto aquela mulher era ruim, o coração de Pablo só ficava ali, batendo feito louco.

Nunca antes ele quis tanto que ela tivesse ficado com ele e a Helena.

Ela teria sido uma boa mãe, ele soube disso no exato momento que viu as duas lendo aquele livro.
Pablo se assustou ao ouvir o seu telefone tocando. Era a Marta.

Ele tinha sido muito grosso com ela no restaurante. Tinha dito simplesmente que não iria mais jantar ali e deixou ela sozinha sentada em uma mesa.

- Alô? - Pablo sabia que devia uma explicação pra ela

- Pablo? - Marta deu um suspiro aliviado - Graças a Deus eu consegui falar com você. Tá tudo bem?

- Tá, eu só estou com um pouco de dor de cabeça - Pablo não queria falar com ninguém, muito menos com a Marta

- Aconteceu alguma coisa na reunião?

- Não - Pablo revirou os olhos - tudo perfeito como sempre. Marta, amanhã a gente conversa, ok?

- Ok - ela pareceu desapontada - qualquer coisa pode me ligar, certo?

- Certo - Pablo desligou o telefone e se jogou na cama

Ele tinha acabado de ver a mulher que ele mais tinha amado na vida. Ela estava lá com aquela mesma barreira de gelo que ela tinha há 5 anos atrás quando Pablo a tinha visto pela primeira vez.  Ele quase tinha derretido aquela barreira...

Pablo fechou os olhos.

Queria dormir.

Mas ela aparecia e aparecia na sua cabeça. E ele sabia que por mais que ele tentasse, ela sempre estaria ali. Dentro dele.

E de alguma forma absurda, ele sentia que era ali mesmo onde ela deveria estar.