Fanfic: As Escolhas
- A loja já está quase pronta, Senhor Maceoli - Pablo pegou umas fotos da construção que estavam na sua pasta e colocou em cima da mesa
- Pelo visto, a loja está ficando realmente muito bonita - Manuel pegou uma das fotos que estavam na mesa - mas não foi pra isso que eu te chamei aqui, Pablo
- Não? - Pablo se ajeitou na cadeira e não pode evitar de parecer bastante confuso - o senhor não está gostando da construtora ou...
- Nada disso, meu rapaz - riu - vocês realmente são os melhores de São Paulo
- Então...?
- Minha filha vai voltar pro Brasil - Pablo pode notar o tom de orgulho na voz de Manuel - finalmente ela vai trabalhar aqui, junto de mim
- Essa é uma ótima notícia, senhor - Pablo estava tentando entender o que tudo aquilo tinha a ver com ele
- Sim, a melhor notícia que eu já tive em muito tempo. Há anos que eu tento convencer ela a voltar pra casa e agora alguma coisa fez com que ela ficasse.
Pablo olhou pro relógio. 18h e 40min. Tinha que buscar sua filha em 20 min. Helena tinha ido a festinha de aniversário de uma amiguinha da escola. A sorte de Pablo era que o salão de festa ficava a apenas duas quadras da sede das indústrias Maceoli. Talvez se o Manuel adiantasse aquele conto familiar, ele conseguisse chegar lá a tempo.
- O fato é que a ideia da loja foi da minha filha - Manuel continuou assim que percebeu a pressa de Pablo - e eu acho que não há nada mais justo do que ela cuidar dos assuntos da loja a partir de agora.
- Me parece uma ótima ideia, senhor - Pablo se levantou da cadeira - mas, se o senhor me der licença, eu realmente tenho que ir agora.
- Ah claro, não se preocupe - Manuel se levantou também - era só isso o que eu tinha que falar com você. Até mais, Pablo
Pablo saiu praticamente correndo do escritório. Odiava se atrasar. Ainda mais quando se atrasava com a sua filha. Ele resolveu ir andando até o salão de festas, seria muito mais rápido do que tirar o carro da vaga e depois arrumar outra vaga pra pôr o carro quando chegasse lá.
- Papai - Helena deu um abraço apertado em Pablo assim que ele chegou - você demorou
- Eu sei, meu amor - se abaixou pra poder ficar na altura dela - papai teve uma reunião importante
- Tá bom - Helena sorriu pra ele - dessa vez eu te desculpo
Pablo riu também
- Ufa, ainda bem que você é essa mocinha tão compreensiva - deu um beijo na cabeçinha dela - agora dê tchau pra sua amiga e vamos embora.
Eduarda tinha combinado com o pai de dar uma passadinha na sede pra que ele pudesse lhe mostrar a quantas ia o projeto da loja.
Mas a verdade era que ela não estava com a menor paciência pro trabalho hoje. Ela não conseguia tirar da cabeça as palavras de Pablo. "Espero que tenha valido a pena"
Agora, depois de ter visto a filha e de ter revisto Pablo, ela tinha certeza que não.
Pela primeira vez, em quatro anos, ela tinha se arrependido.
E tinha sido justamente por isso que ela tinha resolvido ficar no Brasil. Por eles.
O que ela estava pensando afinal? Que era só ela encontrar o Pablo e dizer pra ele: "olha Fehar, eu me arrempendi, eu quero a minha filha de volta e uma chance com você"? Por acaso ela achava que ele iria deixar ela voltar, como se nada tivesse acontecido? Por acaso ela deixaria, se estivesse no lugar dele?
Lá fora, começou uma chuva fortísima, o que forçava Eduarda a prestar muito mais atenção no trânsito a sua frente. Afinal, ela tinha a vida dela pra recuperar, tudo o que não precisava era sofrer um acidente agora.
De repente, Eduarda se lembrou da mulher que estava com Helena naquele dia no restaurante. A menina tinha dito que aquela mulher era amiga do pai dela.
"Amiga"
Então, Pablo tinha alguém.
Eduarda sentiu uma dorzinha estranha no coração. Bem feito, ela pensou, é isso que dá quando você demora 4 anos pra perceber que ama alguém.
Não poderia ter o amor de Pablo, obviamente, mas faria de tudo pra conseguir ter o amor da filha. Não que ela merecesse qualquer um dos dois, é claro. Mas ela lutaria por Helena, com a mesma intensidade com a qual ela corria atrás da menina nos seus pesadelos.
Eduarda olhou pro lado e teve a impressão de ver um vulto conhecido segurando uma menina, coberta por um paletó, no braço.
Eram eles. Pablo e Helena.
Parou o carro, tirou o cinto e saiu correndo em direção aos dois.
- Ei, o que vocês estão fazendo nessa chuva? - Eduarda não pode deixar de notar que eles estavam enxarcados e que ela começava a ficar assim também.
Pablo não respondeu nada, ficou olhando pra ela de forma surpresa. O que que Eduarda estava fazendo ali, afinal?
- A gente tá procurando o carro do papai, tia Duda - Helena sorriu pra ela
Eduarda olhou pra Pablo assim que Helena disse que eles estavam "procurando o carro do papai". Nem ela e nem Pablo puderam impedir suas mentes de voltaram àquela noite. A noite em que eles tinham se visto pela primeira vez.
Eduarda se lembrou do quanto eles tinham demorado a encontrar o carro dele, se lembrou do jantar no apartamento dele, se lembrou de como era doce a sensação de ser tocada por ele e de como ela tinha se sentido mulher quando ele a beijou.
Pablo quis voltar no tempo, quis voltar àquela noite e ter ela de novo. Quis enxergar nos olhos daquela Eduarda que estava na sua frente agora, o mesmo brilho que enxergou na Eduarda em que ele tinha se esbarrado há 5 anos atrás. Ela estava ali agora, mas isso não era o suficiente. Pablo queria que ela estivesse ali para sempre.
- Você quer ajudar a gente a procurar, tia Duda? - Helena olhou de forma esperançosa para Eduarda
- Eu acho melhor não, meu amor - Pablo ajeitou o paletó que estava protegendo Helena da chuva para que ele pudesse cobrir a menina melhor - a tia Duda não tem jeito pra essas coisas
- Eu tenho uma ideia melhor - Eduarda ignorou a provocação de Pablo - eu tô de carro, posso levar os dois pra onde vocês quiserem.
Helena olhou para o pai como se esperasse que ele aceitasse a proposta.
- Muito obrigada pela carona, mas eu me recuso a dever algum favor a você - Pablo começou a andar na direção contrária onde estava o carro de Eduarda e ela
Eduarda tinha que convencê-lo a entrar naquele maldito carro.
- Por Deus, Fehar - Eduarda gritou - nós dois sabemos que você não vai encontrar esse carro tão cedo
Pablo parou de andar abruptamente. "Fehar". Ela era a única pessoa do mundo que chamava ele pelo sobrenome e Pablo não tinha notado o quanto tinha sentido falta de ser chamado assim durante todos esses anos, até escutar a voz dela gritando por ele.
- O que diabos você quer? - Pablo tinha um tom ácido na voz que nem sabia que existia
Eduarda caminhou em direção a ele, com o coração acelerado e as pernas trêmulas.
- Eu quero evitar que você e a Helena peguem uma pneumonia
Pablo olhou pra Helena e viu que ela já estava dormindo
- É meio tarde pra você se preocupar com a gente, não acha?
A chuva tinha se tornando ainda pior e uma imensa vontade de chorar ia tomando conta de Eduarda. Ela sabia que as coisas não seriam fáceis com o Pablo e sabia que ele estava certo em ser tão duro com ela, por isso mesmo, não iria chorar. Não agora
- Seu orgulho pode prejudicar a Helena, não acha? - Eduarda olhou pra menina - ela é muito pequeninha pra levar tanta chuva.
Pablo sabia que Eduarda estava certa. Sabia que a filha poderia ficar doente caso continuasse com aquelas roupas enxarcadas.
E ele não fazia ideia de onde tinha colocado a porcaria do carro. O único que ele poderia fazer era engolir o orgulho e aceitar a carona de Eduarda.
- Você poderia nos deixar na nossa casa? - Pablo olhou pros seus pés - ela não fica muito longe daqui.
Eduarda respirou aliviada.
- Claro - sorriu - meu carro está logo ali.
Autor(a): lindaflor2
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Pablo resolveu ir no banco de trás junto com a filha que dormia feito um anjinho. Tinha medo do que estar tão perto de Eduarda poderia lhe causar. Ainda mais quando as roupas totalmente enxarcadas de Eduarda marcavam tão bem o corpo perfeito dela. - Então, jura que você vai me dar mesmo o endereço da casa de vocês, Fehar? - ed ...
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