Fanfic: As Escolhas
Uma menininha estava correndo. Correndo como se procurasse algo ou alguém e Eduarda corria atrás da menina como se sua vida dependesse daquilo.
De repente a menina parou e olhou pra trás. Olhou diretamente pra Eduarda e ela então pode ver o rosto de Helena estampado na menina.
- Por que você me deixou, mamãe?
- Desculpa, filha - uma lágrima escorria do rosto de Eduarda - eu fui uma idiota, mas agora eu estou aqui
Eduarda tentou abraçar a menina, mas Helena se desvencilhou do seu abraço.
- Mas agora eu não te quero mais. - Helena começou a correr, correr tão rápido que era impossivel de ela ser alcançada
- Helena - Eduarda gritava - me perdoa, meu amor
Mas Helena parecia não escutar
Eduarda acordou com o barulho da campanhia tocando. Olhou pro relógio. 1h e 12min da manhã.
Talvez fosse Soledad que tinha resolvido dar uma passada na cobertura depois de sair do DiLordes. Talvez a mãe dela quisesse saber como as coisas estavam.
Eduarda se levantou com dificuldade e foi em direção a porta. Ela tinha de se lembrar de agradecer a mãe por a ter tirado daquele pesadelo terrivel
- Já tô indo, mãe - ela falou quando a campanhia tocou novamente
Eduarda abriu a porta e quase caiu pra trás quando viu Pablo e não Soledad parado na sua frente
- Precisamos conversar - a voz de dele estava ríspida - agora
Pablo tentou não olhar pro pijama que Eduarda estava usando. Era um short minúsculo e uma camisa onde estava escrito "All good children go to Heaven". Uma música dos Beatles, típico dela.
O fato era que a camisa era tão folgada que acabava caindo sobre o seu braço direito, deixando o ombro de Eduarda deliciosamente descoberto.
- O que você quer, Fehar? - Eduarda ajeitou a manga da camisa assim que percebeu pra onde Pablo estava olhando - Eu não sei se você percebeu, mas eu não estava exatamente esperando a sua visita.
Eduarda não soube como conseguiu elaborar aquela frase. A cabeça dela estava um emaranhado de pensamentos e a regata preta que Pablo estava usando só tornava tudo ainda mais dificil.
- Já disse - Pablo entrou sem nenhuma cerimônia no apartamento - precisamos conversar
Eduarda fechou a porta devagar. Ela não sabia como Pablo tinha encontrado o seu endereço nem o porquê ele tinha feito aquilo, mas de uma coisa ela tinha certeza: aquilo não significava uma coisa boa pra ela.
- Claro que você pode entrar, Fehar - Eduarda falou irônicamente - sinta-se à vontade, a casa é sua
Pablo revirou os olhos. Houve um tempo em que ele adoraria todo aquele sarcasmo dela, mas agora tudo o que ele queria era se manter em segurança.
- Na verdade, essa casa é um pouco minha também - ele coçou a cabeça em um claro sinal de irritação - eu que construi isso aqui, sabia?
Claro, Eduarda pensou, era assim que ele sabia onde ela morava e era por isso que o porteiro tinha deixado ele subir a essa hora da noite.
- Eu duvido que você tenha invadido a minha casa no meio da madrugada só pra me dizer que foi você quem construiu isso aqui - Eduarda cruzou os braços - por que você não vai direto ao ponto, Fehar?
- Por que você decidiu ficar no Brasil? - Pablo olhou diretamente pra ela
- Mas que porcaria de pergunta é essa, Fehar? - Eduarda se encostou na parede, era como se o chão estivessa abrindo em baixo dos seus pés
- Só responde o que eu te perguntei, Duda
Eduarda olhou pro chão e ficou em silêncio. Pablo era um homem inteligente, ele tinha percebido tudo.
- Foi por causa de Helena, não foi? - Pablo derrubou um pequeno abajur no chão - Foi você quem decidiu ir embora, Duda, foi você escolheu quem escolheu isso.
- Eu sei o que eu escolhi, ok? - Eduarda tentou acalmar Pablo - Mas agora eu sei também o que eu perdi
- Dane - se o que você perdeu - Pablo chegou bem perto de onde Eduarda estava - você acha que pode voltar 4 anos depois e agir como se nada tivesse acontecido?
- Eu sou a mãe dela, Fehar - Eduarda levantou o queixo em sinal de desafio - Quer você queira quer não
- Você não é a mãe dela - Pablo atirou uma estátua contra a parede - a Helena não tem mãe
- Será que dá pra parar de quebrar meu apartamento, Fehar? - Eduarda segurou o punho dele o mais forte que pode - Daqui a pouco os vizinhos vão chamar a polícia
Pablo olhou pra estátua e pro abajur quebrados no chão. Ele nunca tinha sido violento, mas só de pensar em Eduarda deixando eles de novo, o coração dele já começava a doer.
- Toma - Pablo tirou um papel do bolso e entregou a Eduarda - lê
- O que é isso, Fehar? - ela leu o que estava escrito no papel - Eu não acredito que você lê essas porcarias
Era uma dessas notícias de site de fofoca. O título era "Duda Maceoli finalmente de volta a casa".
Eduarda enrugou o nariz. Ela já tinha sofrido demais com aquele tipo de notícia quando ainda vivia no Brasil.
- Eu não leio - Pablo sorriu de levinho enquanto juntava os cacos da estátua com o pé - eu encontrei o site por acaso
Eduarda olhou de novo pro papel, mas logo devolveu aquela noticia pra Pablo.
- Leu? - Ele guardou o papel de volta no bolso da calça
- Eu parei na parte em que eles me chamam de "sem graça" - Eduarda fez um biquinho contrariado
- Depois dessa parte - Pablo deu um meio sorriso - eles dizem que você tem milhares de propostas de emprego e que não vai demorar a ir embora
Eduarda gelou. Ela finalmente tinha entendido o porquê de toda aquela revolta de Pablo.
- Você sabe que eu já aceitei trabalhar com meu pai - Eduarda quis abraçar Pablo, quis implorar pra que ele acreditasse nela - e sabe também porque eu fiz isso
- Sei - Pablo deu de ombros - o que eu não sei é por quanto tempo essa sua decisão vai durar
Eduarda se deixou cair na poltrona.
- O que eu quero dizer é que - Pablo respirou fundo - quem me garante que você não vai nos largar de novo por causa de um emprego? Você já fez isso uma vez
Pablo esperou que ela respondesse algo, mas Eduarda parecia absorta demais nos seus pensamentos
- A Helena não é mais um bebê recém nascido. Se você for embora de novo, ela vai saber. Ela vai se machucar
- Mas eu não vou a lugar nenhum, Fehar - Eduarda finalmente conseguiu balbuciar alguma coisa
- E que motivos eu teria pra confiar em você? - Pablo foi em direção a porta - Quando você decidiu ir embora, eu respeitei a sua decisão. Agora tudo o que eu quero é que você respeite a minha decisão de não deixar você voltar
Eduarda sentiu que estava começando a chorar. Ela prefiria que Pablo estivesse quebrando o seu apartamento ao invés de estar quebrando o seu coração.
Porque ele estava certo, completamente certo. Ela tinha feito uma escolha, uma escolha horrível, e agora ela estava pagando por aquilo que tinha feito.
Ela não tinha o direito de querer voltar agora. Não depois de tudo.
- Você deveria pegar um avião, aceitar uma dessas propostas - Pablo não pode deixar de notar que ela estava chorando - e fingir que não nos conhece
Eduarda se levantou e foi até uma estante de livros grandiosa que ficava no centro da sala.
- Entregue isso a Helena - Eduarda pegou um livro infantil da estante - eu comprei no dia que tiraram essa foto. Não precisa dizer que fui eu quem deu
Pablo pegou o livro e sorriu fracamente ao se lembrar de como Helena ficava feliz ao ganhar algum livro novo.
- Não se preocupe, eu vou ficar bem longe de vocês - Eduarda enxugou uma lágrima que escorria pelo seu rosto - mas não vou pra lugar nenhum, então na segunda nós ainda temos uma reunião sobre a loja
Eduarda viu Pablo assentir fracamente antes de ir embora.
Autor(a): lindaflor2
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
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