Fanfic: As Escolhas

Pablo se lembrou daquela noite. A noite em que ele tinha encontrado a Eduarda pela primeira vez.

  Estava cheio daquele Sr. Gonzalez. Pablo já tinha refeito a planta do restaurante daquele homem 6 vezes. 6 vezes e nenhuma delas tinha agradado ele. Adorava o seu trabalho, mas realmente odiava clientes como o Sr. Gonzalez
  E o pior, ele não se lembrava onde diabos tinha enfiado a porcaria do carro. Já tinha dado mil voltas no quarteirão e nada.
  De repente, Pablo sentiu que tinha se batido em alguma coisa, ou melhor, em alguém. Era uma linda mulher com cabelos cacheados que chegavam até os ombros. Usava um vestido branco, com mangas de renda. Diria que era um vestido caro, se entendesse dessas coisas.
  - Me desculpe - ele se abaixou e pegou um livro que estava no chão, provavelmente ela tinha deixado cair quando ele se bateu nela - estava distraido, tive um dia ruim
  - Não se preocupe - ela sorriu - eu que devo parar de ler enquanto ando. Hoje eu me bati com você, amanhã eu posso ser atropelada ou algo do tipo
 Pablo leu o título do livro e não conseguiu não enrugar a testa quando o fez. "Bem Está o que Bem Acaba - Shakespeare".  
  - Algum problema com o livro, senhor...? - Ela pegou o livro da mão dele
  - Fehar, mas pode me chamar só de Pablo - ele sorriu - e nenhum problema com o livro. O problema é que você acabou de quebrar uma das minhas certezas, senhora...?
  - Maceoli, mas pode me chamar só de Eduarda. Posso saber qual certeza eu quebrei?
  Ele provavelmente era o homem mais lindo que ela já tinha visto. Pablo tinha cabelos castanhos, perfeitamente penteados, e olhos tão azuis que chegavam a ser cinzas. Ele usava uma calça jeans, um paletó bege e uma camisa azul por de baixo. A camisa estava com três botões desabotoados, o que mostrava perfeitamente o corpo definido dele.
  - A de que mulheres bonitas não costumam ser inteligentes - ele passou a mão pelo cabelo - mas pelo o que você anda lendo, você é os dois
  - Isso foi um elogio, Fehar? - sorriu sarcástica - você já conseguiu mesmo alguma garota com essa cantada machista?
  Pablo deu de ombros
  - Porque você não me conta do que se trata o livro e me dá a chance de me redimir?
 - É uma das comédias negras de Shakespeare - pablo não pode deixar de notar o brilho nos olhos de eduarda - a heroina da história, Helena, ganha do rei o direito de escolher com que vai se casar e ela acaba escolhendo o homem por quem ela sempre foi apaixonada
 - E eles foram felizes para sempre... Isso é Shakeaspeare? Eu pensei que era Walt Disney
Eduarda não pode evitar de sorrir.
- Exceto pelo fato de que eles não são felizes para sempre. O marido dela é simplesmente um idiota
- É uma história meio triste, não? Quer dizer, você não sente nenhum pouco de pena de Helena?
- Foi uma escolha dela - eduarda abraçou o livro inconscientemente - não se pode culpar ninguém pelas consequencias das nossas escolhas infelizes
Pablo sorriu abobado, nunca tinha conhecido uma mulher como aquela.
- Que tal eu te pagar um jantar? - Deu um passo em direção a ela - Assim você me conta mais sobre seus livros e a gente sai do meio da calçada
- Me parece uma ótima ideia - sorriu - mas você vai ter que ter muita paciência pra me ouvir falar sobre meus livros
- Acredite, paciência não vai ser o problema - segurou na mão dela e riu - o problema vai ser nós acharmos o meu carro.

Pablo segurou o bebê de forma mais firme. Depois daquilo eles tinha resolvido pedir o jantar no apartamento de Pablo e tinham ficado juntos pela primeira, e última, vez.
Ele se lembrou do que Eduarda tinha dito, sobre as escolhas. "Não se pode culpar ninguém pelas consequências das nossas escolhas infelizes"
Era isso o que ele tinha sido pra ela? Uma escolha infeliz? Era isso que o bebê era pra ela? A consequência de uma escolha infeliz?
Eduarda estava errada e ele sabia disso. A única escolha infeliz que ela estava fazendo era abandonar ele e a menina. Não que ele estivesse profundamente apaixonado por Eduarda, não estava. Mas não poderia negar que tinha se encantado por aquela mulher, até mais do que ele deveria.
 - Você vai se chamar Helena, meu amor - segurou a pequena mãozinha da menina -  igualzinha a heroína do livro da sua mãe.