Fanfic: As Escolhas

Eduarda tinha acabado de pegar sua bagagem e ainda não tinha visto nem seu pai nem sua mãe no aeroporto. O voo tinha sido tranquilo, talvez pelo fato de Eduarda ter dormido durante toda a viagem.

- Duda! - Eduarda viu a mãe acenar pra ela do outro lado do aeroporto - Estamos aqui!

Eduarda sorriu, afinal ela tinha de parecer bem. Ela nunca teve muitas amigas na vida e justamente por isso sua mãe era a pessoa que mais a conhecia no mundo.

- Pensei que vocês tinham se esquecido de mim - fez um falso biquinho - já estava ficando desesperada

- Ai meu Deus, tão dramática quanto a mãe - o pai de Eduarda deu um forte abraço nela - até parece que fomos nós que ficamos 4 anos sem visitar a família

Manuel Maceoli era um homem rigoroso e arcaico com tudo o que tinha a ver com suas empresas ou com sua família. Mas apesar disso, era também um homem amoroso e gentil.

Embora ele não aceitasse muito bem o fato de Eduarda trabalhar em outra empresa -como também não aceitava o fato de Soledad, a mãe de Eduarda, ter seu próprio restaurante - ele tentava de todas as maneiras disfarçar a sua insatisfação.

- Você poderia deixar um pouco da Duda pra mim também, Manuel?

Manuel soltou Eduarda meio a contragosto.

- Meu Deus, cariño - Soledad era argentina e embora vivesse há anos no Brasil, ainda não tinha perdido o sotaque - você está ainda mais bonita do que eu me lembrava. Deve ter milhões de namoradinhos na Argentina

Eduarda sorriu da cara de susto que seu pai fez.

- O único que eu tenho na Argentina é trabalho - olhou para o pai - pode ficar tranquilo, chefe!

- Mas você deveria ter alguém, Duda! - Soledad abraçou a filha - Moças bonitas não foram feitas pra ficarem sozinhas.

A imagem de um par de olhos cinzas veio a mente de Eduarda. O jeito como aqueles olhos sorriam quando ela e Pablo tinham se esbarrado pela primeira vez, o jeito como eles a olhavam e a faziam sentir tão maior do que ela realmente era. Talvez ela tenha ficado tempo suficiente com aqueles olhos pra ter se apaixonado por eles. Talvez ela ainda se entregasse a Pablo todos os dias com a mesma intensidade durante todos esses anos. Mesmo não sabendo onde ele estava.

- Por Deus, Soledad, você poderia parar de tentar levar sua filha pro mal caminho? - Manuel sorriu - Ela acabou de chegar, deve estar cansada da viagem

- Tudo bem, tudo bem - Soledad deu um selinho em Manuel - Cariño, seu pai vai te levar pra casa agora, tudo bem? Eu tenho que resolver uns problemas no DiLordes

- Alguma coisa grave? - Eduarda viu Manuel pegar a mala dela

- Não, nada demais - Soledad respirou fundo - só uma garçonete que ficou doente e não vai poder ir trabalhar hoje

- Vamos, Duda? - Manuel tentou mudar de assunto, odiava falar sobre os negócios da mulher - Lá em casa tem um café da manhã delicioso te esperando

- Se você quiser, mãe, eu posso ir com você. Eu posso substitui a moça que faltou

- Nem pensar, Duda - Manuel começou a arrastar Eduarda pelo aeroporto - Você acabou de chegar de viagem deve estar cansada e além disso, uma Maceoli não pode ser vista servindo mesas

Eduarda parou de caminhar de repente, fazendo com que seu pai não conseguisse mais arrastar ela

- Papai, não tem nada de mais em uma Maceoli servir mesas - sorriu cúmplice para a mãe - e já está quase na hora do almoço. O senhor sabe como aquele restaurante fica um caos na hora do almoço

- Sua mãe nunca vai deixar você fazer uma loucura dessas, não é mesmo, Soledad?

- Você faria esse favor por mim, cariño?

- Soledad! - Manuel repreendeu a mulher

- Claro, mãe - Eduarda riu pra mãe - você sabe como eu adoro o DiLordes

- Então, Manuel, você leva as malas da Duda pra casa e eu levo ela pro restaurante.

Manuel balançou fortemente a cabeça. Estava claro que ele não concordava com aquilo.

Mas Eduarda precisava de um pouco de distração e ela sabia que o restaurante da mãe era o único lugar que a faria esvaziar a cabeça. O DiLordes era o único lugar do mundo que a faria esquecer que ela era Eduarda DiLordes Maceoli, a jovem administradora de sucesso que tinha um futuro promissor pela frente e  um passado tenebroso nas costas.