Fanfic: Um Amor Improvável | Tema: Portiñon (Adaptada)
Existe uma teoria nada científica que diz que cada pessoa está relacionada a outra com apenas seis graus de separação.
Funciona assim: entre você e o Papa existem seis pessoas. O seu ascensorista trabalhou num hotel chique no Rio de Janeiro. Lá ele conheceu um dos integrantes da equipe que acompanha uma banda de rock que estava fazendo um show.
Está seguindo meu raciocínio?
Este integrante morou muito tempo em Londres e conheceu uma garota, que é camareira de um lorde inglês que gosta de passar as férias no Brasil e é muito amigo de um certo bicheiro, que possui uma certa intimidade com um ex-presidente, que conhece o Papa.
Taí. Neste embrulho todo está a base de uma das teorias mais absurdas que já surgiram. Algo tão sem sentido que as pessoas começaram a criar uma aura de misticismo em torno dela. E não é essa a base de todas as crenças? A soma de uma história sem pé nem cabeça com uma série de coincidências aparentemente inexplicáveis e voilá: temos milhões de seguidores fanáticos.
E pensando de uma forma mais analítica, seria algo como se você e eu estivéssemos à distância de meras seis pessoas, porém com uma possibilidade perto de zero de nos encontrarmos sem que a roda do destino começasse a girar, conspirando a nosso favor.
A mulher dos seus sonhos pode estar à esta mesma distância e vocês nunca vão se esbarrar. Um dia talvez até se cruzaram no corredor de um shopping ou no lobby de um aeroporto, mas faltou a materialização do primeiro elo que levaria aos outros e que as uniria, tornando duas estranhas em companheiras para toda a vida.
Você poderia ir a um bar do conhecido de sua melhor amiga. Então derrubaria café em si mesma sem querer e o tal conhecido de sua amiga chamaria o atendente para ajudar a limpar a mancha da sua roupa. Só que o atendente era cunhado de uma senhora cujo irmão era dono de uma lavanderia e tinha um produto ótimo para tirar manchas. O dono da lavanderia chamaria a assistente dele para trazer o produto e seria paixão à primeira vista.
É uma série de fatos concatenados e que nos leva em direção a alguém, sem que saibamos.
Pense bem se não é uma tremenda alugação? Não me parece algo viável no mundo real.
Mas foi algo bem parecido o que aconteceu comigo. Algumas pessoas aleatórias e lá estava eu, na presença do meu destino. Sem saber disto, é claro. E talvez nem tenha sido tão aleatório assim. Mas de qualquer forma, esta história de amor poderia ter se perdido neste mundo de coincidências inúteis, não fosse pela minha propensão de sempre me meter em confusão.
Não que eu procure o desastre, entende? Mas é que os desastres orbitam ao meu redor, esperando um deles terminar para o outro assumir o lugar, num círculo interminável.
Posso dizer que tudo começou quando recebi uma proposta de trabalho para tirar algumas fotos para uma agência de propaganda onde um dia eu trabalhara. O fotógrafo escalado não pode comparecer por um ataque de alergia. Comera ostras no jantar e no dia seguinte cobrira-se de urticárias. O fotógrafo escolhido para substituí-lo também não podia ir por estar comprometido com outros trabalhos.
Eu fui à terceira opção. Mas não por minha incompetência, deixo bem claro. O motivo para hesitarem em me chamar foi um desentendimento que tive anteriormente com o produtor-chefe da agência KGB.
Eu sei o que estão pensando: que a tal agência não passava de fachada para a espionagem russa. Mas infelizmente não havia nada de tão excitante naquele antro de estúpidos egocêntricos.
No bate-boca homérico que eu e o Almeida tivemos numa segunda-feira fatídica, nós chegamos finalmente a um acordo: ele entraria com o pé e eu com a bun..da. Fui demitida sumariamente no mesmo dia. Mas a fofoca que circulava pelos corredores da agência era que o talzinho estava profundamente arrependido. O que para mim não fazia muita diferença: adorava a vida de freelance. Não retornaria para aquele lugar nem se o Almeida desfilasse de rainha da bateria do Salgueiro.
Mas adoraria tirar fotos disto. Kkkkk
Isto me lembra que tenho uma teoria muito interessante sobre meu ex-chefe: o pré-requisito exigido para que assumisse o cargo tinha sido não possuir o mais básico bom senso que uma galinha de angola possui. Garanto que é só chegar com uma faca perto que ela corre loucamente. Ele, ao contrário, cortou o próprio pescoço e depois ficou apavorado com as conseqüências do que fizera.
Há de se convir que ofender e demitir sua melhor fotógrafa, no meio de uma campanha, só para infantilmente mostrar quem manda, não contribui em nada para atestar sua esperteza.
Já deu para notar que sou uma pessoa com vasto conhecimento de teorias populares, não é? E a outra teoria que sempre me persegue é a de Murphy, que alguns já elevaram á categoria de Lei: tudo que você imagina que pode dar errado acaba realmente acontecendo. Principalmente se for comigo.
Minha chance de mostrar todo o meu talento mais uma vez e humilhar meu ex-chefe frustrou-se quando abri a janela do meu apartamento e constatei que estava chovendo torrencialmente.
Como eu poderia fazer uma sessão de fotos para uma campanha de moda-verão, ao ar livre, embaixo d’água? Só se fosse de roupas de mergulho, o que não era o caso. E se tudo fosse adiado para o dia seguinte, talvez o fotógrafo oficial já estivesse melhor e eu perderia a minha vingança.
Liguei de imediato para um amigo meu que trabalhava na equipe de produção de fotografia e insisti para que nada fosse cancelado. Tinha tido uma grande idéia.
É verdade, gente, às vezes acontecia dessas coisas de ter poderosos insights. Não era sempre, mas o suficiente para garantir minha sobrevivência em uma área com tanta competitividade.
--Tem certeza, Anahi? -- Claudinho perguntou pela terceira vez.
O sujeito era para lá de chato.
--Confia em mim, cara. Vai ser o maior sucesso. -- afirmei confiante.
--O pessoal da agência vai ter um treco. Na verdade eu tinha que consultá-los antes de fazer uma mudança dessas. A gente paga por hora e se as fotos não derem em nada, o seu couro vai estar negociado. E o meu também, diga-se de passagem.
--Sem estresse, rapaz. Pode mandar as modelos pra locação que hoje eu vou arrasar. E rapidinho que eu preciso aproveitar a iluminação natural.
--Que iluminação, Anahi? Tá caindo o céu lá fora.
--Relaxe, homem, e deixa comigo.
Ele concordou ainda um pouco hesitante. Agora imagine eu, que estava pondo minha reputação em risco e desafiando uma campanha publicitária já definida. Era mesmo uma loucura. Adorei!
Quando as modelos chegaram, tudo estava preparado. Esperei a chuva afinar um pouco e comecei as fotos. Esta era a melhor parte de tudo: o fotógrafo é o chefe, o soberano absoluto. Isto enquanto dura a sessão. “Faça isso!”,” Vire pra aqui!”, “Agora me dê um sorriso!” Sentia-me uma deusa mandando e desmandando naquelas garotas lindas. E no pessoal de apoio também. “Me passa a outra câmera!”, “Cadê o maquiador?”.
E foi neste estado de megalomania que eu abandonei os planos originais e criei meu próprio cenário.
Coloquei as meninas embaixo de guarda-sóis com as roupas de verão, o mar cinza ao fundo, enquanto as gotas de chuva despencavam das nuvens. Mesmo sendo uma mudança radical, combinava demais com o slogan da campanha: “Ainda bem que o verão já está chegando”.
Claudinho conhecia um cara no departamento de marketing da revista, chamado Marcos, que estava para ser chutado por sua total falta de criatividade. Ele ligou para o sujeito e contou o que estava fazendo.
O cara ficou super agradecido pela oportunidade e foi bolar bem rapidinho um plano para apresentar como alternativa ao que o colega talentoso havia criado. Pelo menos isto garantiria para ele alguma sobrevida. E talvez até servisse de inspiração para ele em novas campanhas. E quem sabe vacas possam começar a voar.
Eu fiz a minha parte e, modestamente, ficou muito bom. Com um pouquinho de photoshop ia ficar simplesmente perfeito.
--Obrigada, garotas, vocês foram demais. -- agradeci às modelos com extrema simpatia, afinal, elas eram muito deliciosas. Nada de ossos aparecendo. Magras mas extremamente saudáveis, se entende o que eu digo. Tinha no que pegar.
Ah, a beleza! Isto sempre me fascinou. Sou uma admiradora fervorosa da beleza feminina. Totalmente vidrada nos detalhes singulares que tornam certas mulheres verdadeiras obras-de-arte.
Mas não perdi muito tempo observando aqueles patrimônios da humanidade. Tinha que retocar as fotos. Um trabalho fácil diante da perfeição de todas.
Complicado foi à guerra civil dentro da revista, quando a equipe que bolara toda a campanha descobriu que havia sido burlada. Mas como o cliente que os contratara adorou as mudanças de enfoque e aprovou de imediato, tudo acabou numa grande fumaça do cachimbo da paz.
Palmas para mim. Acabara de subir mais uma posição do ranking de fotógrafos. Mas minha ambição era chegar ao topo e por isso não deixei por um só momento de me esforçar para executar trabalhos que fugissem ao lugar comum.
Queria ser lembrada como a salvadora de campanhas medíocres. A heroína dos marqueteiros burocráticos. Alguém que se destacasse na multidão e fizesse a diferença.
Naquela noite saí com uma Morena estupenda, daquelas que provocam torcicolo em qualquer um que cruzasse seu caminho. E eu me diverti muito desfilando com ela por todos os points. Ninguém precisava saber que ela era minha prima Maite que visitava a cidade pela primeira vez.
Ela queria ser modelo, mas tinha um sotaque forte do interior e eu havia dito que a melhor forma de escondê-lo era ficar bem quietinha e apenas sorrir. Afinal, era aquilo que todos esperavam de uma mulher estonteante, com mais curvas que a Serra do Rio do Rastro.
Contudo ela era muito mais do que uma descerebrada. Tinha mais neurônios do que todos nós reunidos. Era uma espécie de prodígio e tudo o que queria era arrumar alguma grana para pagar seus estudos. Por isso jamais se prestaria a ser um bibelô nas mãos de algum empresário machista.
Por isto lá estava eu, curtindo uma de grande conquistadora, apenas para exibir a mercadoria aos olhos cobiçosos.
Segunda enviaria às maiores agências de modelo um book maravilhoso que faria o queixo de todo mundo cair. A diferença era que minha prima não mais seria um rosto perdido na multidão e sim a garota tentadora que me acompanhara pela night. E acreditem: estar comigo dava uma tremenda popularidade.
É que eu já descobriria um bocado de garotas talentosas que seguiram uma carreira vitoriosa. E também já dormira com quase todas.
Autor(a): angelr
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Mas juro que nunca foi a poder de chantagem. É que modestamente falando, sei muito bem o caminho até os lençóis de uma dama. Coisa de genética entendem? Nasci com olhos azuis incrivelmente atraentes para o mulherio em geral. Era uma combinação explosiva: olhos felinos com pele loira. E nem tinha sido eu a inventar essa hist&oa ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 60
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flavianaperroni Postado em 07/12/2014 - 05:01:54
Eita como é PERFEITAS suas webs amei essa assim como amo as outras uehuehuehe
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justin_rbd Postado em 02/12/2014 - 12:44:15
OIE , mais um fic sua que leio e cada vez me surpreendo mais , voce é uma otima escritora ,PARABÉNS ,amei essa fic ,foi incrivel do começo ao fim !!
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vverg Postado em 06/01/2014 - 20:42:48
Dona angelr vc surpreende heim... Adorando suas fics heim... Ow pessoa talentosa sow... rsrsrsrs =)
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vverg Postado em 06/01/2014 - 20:41:32
Gente me diverti com esta Anahi, de todas as fics já li sobre o tema... Essa é a mais engraçada, principalmente na ilha...kkkkkkk Nesta ela é quem conquista.. não a Dulce..rsrsrs Adorei...mto bom... =)
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angelr Postado em 30/11/2013 - 00:10:46
portinons2vondy - Sim perfeita
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portinons2vondy Postado em 29/11/2013 - 23:56:50
pena que acabou angelr a web era muito boa mesmo :(
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angelr Postado em 29/11/2013 - 22:01:55
maralopes - Pois é pena que acabou hahaha mas to postando uma nova
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maralopes Postado em 29/11/2013 - 16:25:46
que pena tava amando ler a web mas bola pra frente bjaum angelr
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angelr Postado em 28/11/2013 - 21:16:13
rayssamiiraanda - Sim amanha acaba infelizmente :(
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rayssamiiraanda Postado em 28/11/2013 - 17:11:16
pooooooooooooxa :( queria mais dessa fic .. amanhã vai terminar :'(