Fanfic: Um Amor Improvável | Tema: Portiñon (Adaptada)
Com o dia absolutamente perdido, recolhemos nosso material e o guardamos de volta para usarmos no dia seguinte. Sempre haveria uma manhã ensolarada depois de outra naquela ilha de verão eterno. Por isso não estava tão preocupada assim.
Depois de uma série de tentativas frustradas, finalmente conseguimos contato por rádio com Stuart, o piloto do ferro-velho voador. Tinha que avisá-lo de que as coisas demorariam mais do que o planejado. A princípio a gente ia ficar por três dias, mas agora já não sabia mais.
--Não dá para demorar muito, pois tem um furacão se formando e provavelmente virá em direção a Rarotonga. Pode ser que em alguns dias eu já não possa mais decolar para pegar vocês.
Que beleza! Um furacão indo para as ilhas Cook. Pelo menos estávamos a salvo na Ilha dos Ventos, que ficava a milhas e milhas de lá. Pelo menos uma notícia boa.
--E quanto tempo vai demorar esse tal furacão?
--Não sei, ele ainda não fez reserva em nenhum hotel.
Espertinho. Não perdia uma oportunidade sequer de pegar a gente numa besteira. Era mesmo ridículo querer saber quantas horas ou dias um furacão iria demorar para se dispersar. De qualquer forma decidi naquele instante que não ficaria além do combinado. Daria um jeito de mudar um pouco o enfoque e terminar mais cedo.
--Vamos fazer o seguinte: entro em contato quando terminar o trabalho aqui, ok?
A estática tomou conta da comunicação e resolvi desligar o rádio. Dulce estava a meu lado e mostrou-se bem menos otimista após nossa conversa.
--O que houve? – perguntei curiosa com aquela cara de quem comeu e não gostou.
--Não acho nada bom que um furacão esteja vindo em nossa direção.
Eu dei uma risadinha de superioridade.
--Você ouviu o que Stuart falou: o furacão, se passar, vai ser em Rarotonga, bem longe de nós.
--Anahi, os furacões são imprevisíveis e muitas vezes mudam de rota repentinamente, atingindo lugares que a princípio estavam fora da área de perigo.
--Está tentando me assustar?
--Claro que não, mas acho que não é à toa que chamam essa ilha de Ilha dos Ventos. Já percebeu que os nativos estão amarrando as embarcações longe da praia e estocando alimentos em cestas?
Eu tinha percebido, mas achei que era um tipo qualquer de ritual da colheita. Todos enchem suas cestas e fazem uma oferenda ao “deus melancia” ou coisa parecida.
Porém era difícil de acreditar no desastre quando o céu era de um azul absolutamente limpo, sem uma única nuvem. O sol queimava forte e a equipe inteira estava espalhada pelas praias se torrando na beira de um mar tranquilo que convidava a um mergulho na água fresca.
--Pare de se preocupar, Dulce. Nunquinha que de uma hora para outra iria chegar uma tempestade. Está sendo pra lá de negativa, não acha?
--Só tentando nos preparar para uma eventualidade.
--Dulce, deixe de pensar em tragédias. Só preciso de duas manhãs, mais nada. Farei as fotografias das meninas e aí é só esperar o velho Stuart e sumir desse fim-de-mundo. Logo estaremos de volta para nossa terrinha santa e cada um de nós seguirá com a sua vidinha. De minha parte pretendo esquecer por completo esse episódio dessa ilha.
--Ótimo, é a mesma coisa que eu desejo: voltar pra casa e me livrar de tudo o que aconteceu aqui.
--Beleza!
--Maravilhoso.
--Sensacional.
Dulce foi para um lado e eu para o outro. Aquela garota começava a me dar nos nervos. Não sabia bem por que, mas sua presença me dava ansiedade. Era como um uísque de terceira que só de olhar já dá náuseas. A grande responsável pela logística que entrava em pânico com uma tempestade a quilômetros de distância.
Só que à medida que o sol ia se pondo um vento forte começava a soprar.
Eu estava no deck lendo um livro na maior tranqüilidade quando passou uma mulher correndo atrás de um balaio que fugia em desabalada levado pela ventania. Depois foi um garoto que perdera o chapéu. As folhas do livro viravam sem parar e achei por bem continuar a leitura dentro do chalé.
Não vi qualquer problema. Era absolutamente normal que aquilo ocorresse de vez em quando e era causado pela diferença de pressão causada pela oscilação de temperatura entre o mar e a terra. Pelo menos Maite tinha me explicado isso uma vez.
Um galho de palmeira passou voando pela janela do meu quarto e atrás dele mais alguns. O céu já não parecia tão limpo assim.
Só pensei na porcaria das fotos que precisava tirar e que não poderia caso o tempo ficasse nublado. Um contratempo que nos faria atrasar mais um pouco. Se no início detestara aquele trabalho, agora era algo perto de ódio profundo e mortal.
Dulce surgiu na porta do quarto e fiquei injuriada, achando que ela iria começar com suas profecias do fim do mundo. Mas ela ficou lá me olhando calada.
--O que foi? – Não aguentei e perguntei cheia de curiosidade.
--É verdade que você dormiu com a Keyla?
Fiquei surpresa com a pergunta. Nosso relacionamento era puramente profissional e não incluía compartilhar intimidades. Quer dizer, a não ser pelos beijos gulosos que trocamos. E mesmo tais beijos sendo bem deliciosos para uma beata, não via qualquer motivo para fazer confidências.
Além do mais eu fiquei na mesma, pois não sabia quem era essa Keyla. Por isso dei uma resposta sincera.
--Sei lá.
--Como não sabe? – ela ergueu a voz pelo menos uma oitava. Eu tinha reconhecido o nuance porque estudei violino quando tinha dez anos.
--Sério. Não sei quem é essa Keyla.
--Não me venha com essa,Anahi. Então não se lembra da modelo loira que está no segundo chalé?
--Ah, essa? – respondi casualmente -- Eu não sabia o nome dela. Não conversamos muito naquela noite.
--Pois ela veio me alertar que minha esposa não passa de uma cachorra sem caráter e que era melhor eu ficar longe de você.
Dei risada.
--Que barraco. Ela pensa mesmo que você é minha mulher?
--Bom, depois daquela cena na praia...
Ri de novo.
--Pelo menos a Mahira vai acreditar também e me deixar em paz.
--Você não tem respeito pelos sentimentos das outras mulheres, não é?
Parei de rir. Aquela conversa não estava indo na direção que eu gostaria. Agora ia receber esculacho da bibliotecária solteirona que se achava dona de toda a dignidade do mundo.
Autor(a): angelr
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 60
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flavianaperroni Postado em 07/12/2014 - 05:01:54
Eita como é PERFEITAS suas webs amei essa assim como amo as outras uehuehuehe
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justin_rbd Postado em 02/12/2014 - 12:44:15
OIE , mais um fic sua que leio e cada vez me surpreendo mais , voce é uma otima escritora ,PARABÉNS ,amei essa fic ,foi incrivel do começo ao fim !!
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vverg Postado em 06/01/2014 - 20:42:48
Dona angelr vc surpreende heim... Adorando suas fics heim... Ow pessoa talentosa sow... rsrsrsrs =)
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vverg Postado em 06/01/2014 - 20:41:32
Gente me diverti com esta Anahi, de todas as fics já li sobre o tema... Essa é a mais engraçada, principalmente na ilha...kkkkkkk Nesta ela é quem conquista.. não a Dulce..rsrsrs Adorei...mto bom... =)
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angelr Postado em 30/11/2013 - 00:10:46
portinons2vondy - Sim perfeita
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portinons2vondy Postado em 29/11/2013 - 23:56:50
pena que acabou angelr a web era muito boa mesmo :(
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angelr Postado em 29/11/2013 - 22:01:55
maralopes - Pois é pena que acabou hahaha mas to postando uma nova
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maralopes Postado em 29/11/2013 - 16:25:46
que pena tava amando ler a web mas bola pra frente bjaum angelr
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angelr Postado em 28/11/2013 - 21:16:13
rayssamiiraanda - Sim amanha acaba infelizmente :(
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rayssamiiraanda Postado em 28/11/2013 - 17:11:16
pooooooooooooxa :( queria mais dessa fic .. amanhã vai terminar :'(