Fanfic: Um Amor Improvável | Tema: Portiñon (Adaptada)
Colocamos os equipamentos em relativa segurança e seguimos em fila indiana por uma trilha pelo meio do mato. Eu ia na frente com um facão enorme, abrindo caminho, com o queixo empinado. Sentia-me o próprio Indiana Jones na liderança dos refugiados.
A chuva aumentara e agora chegava a atrapalhar nossa visão. As gotas grossas e pesadas doíam quando atingiam o rosto. Avançávamos com dificuldade.
Andamos pelo que pareceram horas e algo começou a me parecer familiar na paisagem. Talvez eu estivesse tendo um insight sobre o caminho a tomar para nossa sobrevivência e isto me animou. Acelerei o passo confiante de que encontraríamos um abrigo que nos garantisse segurança.
Então percebi que estávamos de volta à aldeia, no mesmo ponto de onde havíamos saído.
Os bochichos foram gerais e fiquei atordoada por ter andado em círculos sem perceber. Que merda!
--Tenha dó, Anahi! – Gigio me esculhambou com as mãozinhas na cintura.
--Você não pode falar nada porque é capaz de conseguir se perder dentro de uma banheira.
--Vamos tentar de novo, gente. – Maite tentou conciliar.
Escolhi outra trilha e dessa vez tive o cuidado de ir marcando os lugares por onde passávamos para que não corrêssemos o risco de repetir o papelão.
Dessa vez o caminho parecia mais íngreme e o terreno mais pedregoso, o que significava que podíamos estar perto de alguma caverna. A confiança retornou ao grupo e não tardou para que encontrássemos uma pedra gigantesca na nossa frente, impedindo que passássemos.
-- Gente vamos ter que subir pra passar.
As reclamações surgiram de todos os lugares. Estavam cansados e nada dispostos a encarar uma escalada daquele tipo em meio a uma tempestade.
--Alguém tem uma idéia melhor, seus moleirões? – não dei trégua. Também estava exausta e nem por isso ficava criando desculpas para desistir. Nunca fui uma perdedora e não queria começar ali.
--Que tal voltarmos para aquele ponto onde o caminho bifurcou? – Raul arriscou-se a opinar – Talvez pegando o da esquerda a gente possa contornar a pedra.
Todos concordaram e eu fiquei ali parada enquanto o grupo trocava de líder e retornava pelo mesmo caminho pelo qual havíamos vindo. Continuava achando que era melhor escalar a pedra para chegar logo do outro lado. O céu estava muito preto e o vento forte demais. Tínhamos que encontrar algum lugar para ficarmos e o tempo estava se esgotando. Demoraríamos muito indo em torno.
--Anahi, venha. – Dulce pediu ao perceber que eu não me movia.
--Vão vocês. Eu quero tentar subir e ver o que tem do outro lado. Se eu encontrar alguma coisa, grito para vocês virem.
Ela pareceu se apavorar com a idéia.
--E se não puder subir? O vento está forte e a chuva mais violenta.
--Não se preocupe, tenho bastante experiência com escaladas em rochas.
Ela me olhou duvidando e não pude condená-la por isso: eu era um bocado garganta. Mas naquele quesito não estava me gabando à toa. Tinha mesmo algum conhecimento da coisa e achava que podia me virar bem. O “bastante experiência” era um pouco de exagero, mas era para não deixá-la preocupada.
--Tem certeza? – Maite também ficou reticente em me abandonar ali.
--Claro que tenho. A gente se encontra depois.
Fiquei de costas para elas e comecei a subir. Não era uma escalada das mais difíceis e a única coisa que atrapalhava é que o vento estava chegando em rajadas e quanto mais eu subia, mais exposta a ele eu ficava.
No meio do caminho tive que dar uma parada para recuperar o fôlego. Olhei em volta e dava para ver o horizonte ficando cada vez mais ameaçador. O oceano estava agitado como nunca vira e as ondas começavam a invadir a praia e chegar peto da mata.
Continuei subindo lentamente e quando finalmente cheguei ao pico, enxerguei uma seqüência de cavernas logo à frente. Mesmo se tivesse uma matilha de lobos lá dentro, era melhor do que enfrentar um furacão a céu aberto.
Uma trilha vinha pelo canto e seria bem mais fácil para os demais subir por ali. Olhei para todos os lados até perceber uma movimentação em meio à folhagem, indo em sentido contrário ao que deveria. Só podia ser eles, então gritei a plenos pulmões para que me ouvissem.
Quase perdi minhas cordas vocais chamando os panacas até que alguém olhou para cima e pude sinalizar o caminho que deviam seguir.
Enquanto esperava para que chegassem, entrei na caverna e liguei uma pequena lanterna que catara quando saíra do chalé. O interior parecia vazio, mas quem podia garantir? Não era grande, mas do tamanho suficiente para nos abrigar por algumas horas. Ou dias. Aí voltei meu pensamento para o banheiro. Não queria ficar presa por dias com um bando de gente cagando lá dentro.
Decidi que o primeiro que quisesse descarregar o barro seria arremessado para fora da caverna sem piedade.
O pessoal subiu pela trilha e se abrigaram aliviados. Estavam exaustos e a primeira coisa que fizeram foram se joga no chão repleto de pedregulhos.
Foi uma sinfonia de “Ai, minha bunda”. Contudo era um sofrimento alegre.
Ri da idiotice deles e fui olhando um em um para conferir se estavam todos presentes.
Então meu coração se apertou. O medo tomou conta de mim.
--Onde está Dulce?
--Ela estava bem atrás de mim. – um dos assistentes afirmou surpreso.
--Não, ela estava atrás de mim. – outro contradisse o primeiro.
--Vi que ela parou para tirar uma pedra do sapato. – Maite falou em voz baixa, devastada por não ter prestado mais atenção na garota.
Eu surtei e fiz menção de sair da caverna.
--Está louca? – Raul me segurou e pisei no pé dele para que me soltasse.
--Seus egoístas. Só estão interessados em salvar a própria pele.
--Vou com você. – Maite se adiantou, mas eu a detive.
--Fique aqui, vou mais rápido se for sozinha.
E me projetei para fora do abrigo seguro, enfrentando todo tipo de perigo em busca de uma branquela esquisita, irritante, faladeira e que eu mal conhecia. Raul tinha razão: eu estava mesmo louca.
Autor(a): angelr
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Desci pela trilha escorregando pelo meio da lama. A tempestade agora era violenta e os ventos deviam estar perto dos oitenta quilômetros por hora. A chuva grossa açoitava o meu corpo inteiro e eu tinha que me segurar nas plantas e árvores para não ser levada como um balão de ar quente. A água que escorria pelos meus cabelos e rosto t ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 60
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flavianaperroni Postado em 07/12/2014 - 05:01:54
Eita como é PERFEITAS suas webs amei essa assim como amo as outras uehuehuehe
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justin_rbd Postado em 02/12/2014 - 12:44:15
OIE , mais um fic sua que leio e cada vez me surpreendo mais , voce é uma otima escritora ,PARABÉNS ,amei essa fic ,foi incrivel do começo ao fim !!
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vverg Postado em 06/01/2014 - 20:42:48
Dona angelr vc surpreende heim... Adorando suas fics heim... Ow pessoa talentosa sow... rsrsrsrs =)
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vverg Postado em 06/01/2014 - 20:41:32
Gente me diverti com esta Anahi, de todas as fics já li sobre o tema... Essa é a mais engraçada, principalmente na ilha...kkkkkkk Nesta ela é quem conquista.. não a Dulce..rsrsrs Adorei...mto bom... =)
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angelr Postado em 30/11/2013 - 00:10:46
portinons2vondy - Sim perfeita
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portinons2vondy Postado em 29/11/2013 - 23:56:50
pena que acabou angelr a web era muito boa mesmo :(
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angelr Postado em 29/11/2013 - 22:01:55
maralopes - Pois é pena que acabou hahaha mas to postando uma nova
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maralopes Postado em 29/11/2013 - 16:25:46
que pena tava amando ler a web mas bola pra frente bjaum angelr
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angelr Postado em 28/11/2013 - 21:16:13
rayssamiiraanda - Sim amanha acaba infelizmente :(
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rayssamiiraanda Postado em 28/11/2013 - 17:11:16
pooooooooooooxa :( queria mais dessa fic .. amanhã vai terminar :'(