Fanfics Brasil - Capitulo 15 Um Amor Improvável

Fanfic: Um Amor Improvável | Tema: Portiñon (Adaptada)


Capítulo: Capitulo 15

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Desci pela trilha escorregando pelo meio da lama. A tempestade agora era violenta e os ventos deviam estar perto dos oitenta quilômetros por hora. A chuva grossa açoitava o meu corpo inteiro e eu tinha que me segurar nas plantas e árvores para não ser levada como um balão de ar quente.


A água que escorria pelos meus cabelos e rosto tapava minha visão e eu esfregava os olhos para tentar mantê-los abertos. E sem conseguir enxergar patavina, acabei tropeçando em alguma coisa no caminho e caindo de peito no chão. Nem tive tempo de me levantar porque escorreguei pelo barranco, girando interminavelmente até terminar patinando em círculos sobre minha bunda.


--Ui, ui, ui! – ia exclamando dolorosamente enquanto arrastava minha parte posterior pelas pedrinhas e raízes de árvores espalhadas pelo chão. Quanta indignidade! A única coisa que eu pedia a Deus é que minhas calças aguentassem. Não queria ser encontrada enterrada num poço de lama com a bun..da exposta.


Só consegui frear minha descida quando virei de lado e me agarrei num cipó. Meu corpo estava arranhado até na ponta das unhas e eu sabia que teria dores generalizadas pelo resto da minha vida, que poderia não ser tão longa assim se não achasse Dulce e retornasse para o abrigo da caverna.


Com dificuldade pus-me de pé e olhei em volta por algum sinal dela. Comecei a chamá-la o mais alto que podia, mas no meio de tanto barulho de vento e folhagem voando, minha voz se perdia. Já começava a ficar rouca e nada da branquela desmilinguida aparecer.


Cheguei à conclusão nada confortável de que estava numa tremenda sinuca. Se eu não voltasse naquele instante, talvez não conseguisse mais. Contudo não encontrava em mim a coragem para simplesmente abandonar aquela mulher, deixando-a para morrer sozinha. Sentia uma dor terrível no peito só de imaginar ir embora sem ela. Nem eu mesma conseguia entender por que razão Dulceta bu..ceta era tão importante para mim para justificar aquela loucura, aquele desespero. Até então ela significara apenas um transtorno e também uma chateação. E, no entanto, lá estava eu caminhando tropegamente pelo meio da mata atrás dela.


Abaixei um pouco mais a cabeça tentando proteger o rosto e fui em frente gritando por ela e prestando atenção em cada detalhe que pudesse me conduzir até onde ela pudesse estar.


É claro que sendo a atrapalhada que sempre fui, pisei em falso num buraco, me desequilibrei e mais uma vez rolei barranco abaixo. E olhe que rolei mesmo, como uma bola de boliche desgovernada. Mais alguns machucados para a coleção. Dizem que as garotas adoram cicatrizes. Eu esperava que sim, porque estava adquirindo um monte delas.


Aterrissei de cara num monte de lama e tive o prazer de encher a boca com ela. Quando consegui finalmente me situar e erguer um pouco o corpo, estava na presença de Dulce, que preocupada tentava me ajudar a levantar. Porém era visível que estava sentindo dores no tornozelo.


--O que está fazendo aqui? – Ela indagou como se fosse uma espécie de milagre de Fátima eu aparecer do nada.


--O que te parece? – respondi mal-humorada – Estou competindo num novo esporte chamado “mergulho na lama”. Até agora estou na liderança.


Ela sorriu. E até que ela tinha um sorriso bonito mesmo. Os cabelos estavam grudentos de barro vermelho e totalmente encharcados, mas os óculos tamanho gigante haviam desaparecido de cena, perdidos em algum lugar. O mundo acabando ao meu redor e eu estupidamente contente em vê-la, mesmo que mais feia do que o normal.


Só acordei do meu devaneio quando uma súbita enxurrada desceu pelo barranco na forma de um jato de lama, quase nos afogando. Puxei Dulce pela mão e tirei-a do meio do rio de lodo que se formara, dificultando nossos passos.


Abracei-a para que ficássemos juntas e assim fosse mais fácil resistir à força do vento.


--Precisamos achar um lugar para nos esconder. – gritei para me fazer ouvir – Não vamos conseguir chegar na caverna onde os outros estão.


Ela concordou com a cabeça e apontou para uma espécie de toca escavada no chão, onde uma árvore fora arrancada pela raiz. Era apenas um buraco de pouca profundidade, mas não tínhamos muitas opções. Mal cabíamos as duas dentro e só mesmo deitadas quase uma em cima da outra. Contudo me senti bem melhor tendo algo para nos proteger da força da ventania.


Enxerguei nela o mesmo alívio e a esperança de que aquele lugar fosse suficiente para resistirmos às intempéries. Não era brincadeira o medo que dava ouvir a fúria da natureza em toda a sua grandiosidade.


--Por que veio? – ela indagou me olhando fixo como se me intimasse a dizer a verdade.


Essa era a pergunta que eu evitava fazer a mim mesma.


--Não sei. – respondi com sinceridade.


Será que se fosse outra pessoa eu teria me esforçado tanto?


É claro que tentaria salvar qualquer um da minha equipe, mas sabia que minha dedicação ultrapassara o bom senso. Eu tinha ido além do que um bom samaritano faria para aplacar sua consciência. Estava disposta a morrer por ela e isto me abalou profundamente. Nunca sentira algo assim por ninguém e fiquei realmente assustada.


--Fico feliz que tenha vindo. – ela sorriu novamente e me vi devolvendo o sorriso como uma completa idiota. Também estava contente por ter seguido meus instintos incompreensíveis de buscá-la incansavelmente a custo de minha própria segurança.


--Com está seu tornozelo? – indaguei para romper um pouco aquele clima estranho que se criara entre nós.


--Um pouco dolorido da torção, mas não está quebrado. Fui tirar uma pedra do sapato e me desequilibrei com o vento, escorregando sem controle. Depois não conseguia mais me levantar e todo mundo foi embora sem perceber que eu despencara.


Seus olhos se encheram de lágrimas e eu não suportava quando alguém chorava. Sempre terminava chorando também e aquilo era uma tremenda chatice. Por isso me apressei em consolá-la para que parasse.


--Agora não está mais sozinha. – trouxe-a para mais perto até que sua cabeça descansasse em meu ombro.


Ela aceitou o carinho e virou-se um pouco mais até ficar com quase o corpo inteiro em cima de mim, preferindo apoiar a cabeça em meu peito. Como não sabia exatamente qual a etiqueta para um momento como aquele, abracei-a e fiquei alisando seus cabelos enlameados. Tive que dar o braço a torcer que aquele contato era bom e reconfortador. Se nós íamos morrer, pelo menos seria em total paz de espírito.


Deitadas daquele jeito, ignorando o caos que nos rodeava, começamos a conversar sobre coisas banais, tentando desviar nossa atenção do dilúvio.


--Por que deixou de fazer exposições de suas fotografias? – ela repentinamente me perguntou. De onde havia surgido aquilo, não tinha a menor idéia.


--Como sabe que já expus?


--Eu estive numa delas e fiquei impressionada com sua visão e sua técnica. Era sobre os sorrisos femininos.


Dei uma risadinha marota.


--Era a melhor desculpa para passar o dia todo com algumas das mulheres mais lindas que já conheci.


--Mentira. Havia todo tipo de mulheres, muitas delas idosas e banguelas. Você captou cada tipo de sorriso com uma sensibilidade que me comoveu.


Fiquei surpresa com o elogio.


--Então já me conhecia antes dessa viagem?


Ela vacilou por um momento como se não quisesse responder.


--Eu a vi de relance enquanto assinava os books.


Tentei a todo custo me lembrar da presença de Dulce naquele dia, mas tinha sido há muito tempo e havia muita gente espalhada pela pequena galeria.


--Não me lembro de tê-la visto.


--Não me surpreende. Sei muito bem que não sou o tipo de mulher que você perderia tempo olhando uma segunda vez.


Fiquei pensando no que ela queria dizer com aquilo.



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Autor(a): angelr

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Eu nunca ficara muito tempo com alguém para que pudesse definir claramente o que eu buscava numa mulher. Tinha algumas fantasias idiotas sobre o meu par perfeito, mas nada que eu pudesse verdadeiramente levar a sério. Talvez Dulce tivesse razão no que dissera de mim e o meu tipo fosse uma garota que quisesse realmente ficar no dia seguinte, ao inv&eacut ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 60



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  • flavianaperroni Postado em 07/12/2014 - 05:01:54

    Eita como é PERFEITAS suas webs amei essa assim como amo as outras uehuehuehe

  • justin_rbd Postado em 02/12/2014 - 12:44:15

    OIE , mais um fic sua que leio e cada vez me surpreendo mais , voce é uma otima escritora ,PARABÉNS ,amei essa fic ,foi incrivel do começo ao fim !!

  • vverg Postado em 06/01/2014 - 20:42:48

    Dona angelr vc surpreende heim... Adorando suas fics heim... Ow pessoa talentosa sow... rsrsrsrs =)

  • vverg Postado em 06/01/2014 - 20:41:32

    Gente me diverti com esta Anahi, de todas as fics já li sobre o tema... Essa é a mais engraçada, principalmente na ilha...kkkkkkk Nesta ela é quem conquista.. não a Dulce..rsrsrs Adorei...mto bom... =)

  • angelr Postado em 30/11/2013 - 00:10:46

    portinons2vondy - Sim perfeita

  • portinons2vondy Postado em 29/11/2013 - 23:56:50

    pena que acabou angelr a web era muito boa mesmo :(

  • angelr Postado em 29/11/2013 - 22:01:55

    maralopes - Pois é pena que acabou hahaha mas to postando uma nova

  • maralopes Postado em 29/11/2013 - 16:25:46

    que pena tava amando ler a web mas bola pra frente bjaum angelr

  • angelr Postado em 28/11/2013 - 21:16:13

    rayssamiiraanda - Sim amanha acaba infelizmente :(

  • rayssamiiraanda Postado em 28/11/2013 - 17:11:16

    pooooooooooooxa :( queria mais dessa fic .. amanhã vai terminar :'(


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