Fanfic: Um Amor Improvável | Tema: Portiñon (Adaptada)
Mas juro que nunca foi a poder de chantagem. É que modestamente falando, sei muito bem o caminho até os lençóis de uma dama. Coisa de genética entendem? Nasci com olhos azuis incrivelmente atraentes para o mulherio em geral. Era uma combinação explosiva: olhos felinos com pele loira. E nem tinha sido eu a inventar essa história de “olhos felinos”. Não sou tão egocêntrica assim. Foi uma ex que utilizou esta expressão. É lógico que no final do namoro ela me comparou com animais de outras espécies bem menos elogiosas.
--Sua cascavel peçonhenta! Verme nojenta!
Ainda podia me lembrar dos gritos dela no restaurante onde almoçávamos, enquanto ela despejava uma apetitosa salada grega sobre minha cabeça.
E eu que tinha escolhido aquele local para terminar nosso relacionamento justamente por esperar que em um lugar público ela não aprontasse um grande escândalo, como usualmente costumava fazer.
No final, sendo uma perfeita diva, ela foi embora de nariz empinado, carregando orgulhosamente seu desprezo. Quanto a mim, fiquei ali sentada esperando a conta, tentando agir com naturalidade enquanto recolhia as folhas de alface que se espalharam pelo meu corpo. As azeitonas preferi deixar para depois.
Mas voltando ao que estava dizendo, se não bastasse minha boa aparência, também tenho bastante charme. É sério! Não estou me supervalorizando. Só estou repetindo o que ouvi diversas vezes. E até poderia achar que era pura puxação de saco de quem quer levar alguma vantagem transando comigo. Mas depois da centésima vez, comecei a considerar a hipótese como verdadeira.
Centésima vez foi meio exagerado, né? Não sou tão galinha assim. Tenho sentimentos profundos e ideais superiores. É que na maioria das vezes os deixo em casa, trancados no fundo do armário. É mais seguro no meio social em que vivo.
--Aquele ali é o Goldberg. – discretamente indiquei para minha prima – Ele é dono da F&C, responsável pela revista Jovem Mulher, dedicada a garotas cheias de espinhas que querem se sentir adultas antes do tempo. Mas apesar de extremamente idiota e fútil, a revista vende pra caramba e sair num exemplar dela garante prestígio.
Ela sorriu.
--Pelo menos não vai ter um monte de rapazes tarados levando minha foto para o banheiro pra fazer você sabe o que.
--Ei, são esses rapazes frustrados com sua própria vida sexual que garantem o sucesso das revistas masculinas. E posar para uma delas dá uma grana boa.
--Muito obrigada, mas não. Preciso do dinheiro, mas pretendo manter minha dignidade intacta.
Parei para olhar em seus olhos.
--Maite, vou logo avisando que neste ramo ou você quer dinheiro ou quer dignidade. As duas coisas juntas é meio difícil.
Ela me encarou sem piscar. Era de uma realeza que sempre me surpreendia. E só tinha meros vinte e um anos.
--Vou provar que está errada, Anahi. Então vai recuperar sua fé nas mulheres e talvez ache alguém em quem confie o suficiente para amar.
Eu fiquei com um meio sorriso bobo no rosto, porque só naquele instante percebi que ela estava falando normalmente.
--O que você fez com o seu sotaque?
--Guardei na gaveta até voltar para casa.
Minha prima era realmente sensacional. Um baita mulherão por diversos motivos. O maior era sua personalidade firme, segura, determinada. Tive certeza naquele instante que ela brilharia no mundo da moda como um astro, ofuscando todas as outras modelos.
--Vamos desfilar mais um pouco e ir embora para manter o mistério.
--Você está no comando.
Não sei por que, mas não acreditei nela.
*****
Como esperado, o book de Maite foi um sucesso. Eu tinha mesmo caprichado e a modelo tinha algo especial que é indescritível. A diferença entre uma grande modelo e uma coadjuvante é algo difícil de explicar. Um modo de olhar que intriga, um sorriso misterioso que fascina e provoca nossa imaginação. Coisas subjetivas que poderiam ser evidentes para uns e insignificantes para outros.
Mas a verdadeira deusa é uma unanimidade. Todos batem os olhos e chegam à mesma conclusão: ela é absolutamente perfeita.
Assim aconteceu com minha prima. Apesar de ter mais idade do que normalmente uma novata teria, em semanas invadiu os estúdios fotográficos como uma enxurrada. Todos ansiavam por experimentar suas lentes naquele rosto encantador, naquele corpo tentador. E eu fiquei realizada em ter contribuído para seu sucesso. Mesmo sabendo que o mérito era todo, mais uma vez, da genética de nossa família. Não posso fazer nada se somos todos agradáveis aos olhos.
--Falou com o Josué sobre os contratos? – indaguei para Maite enquanto dividíamos uma pizza, sentadas no tapete em frente à TV.
--Ele aceitou me representar.
--Ótimo. Este cara é um dos poucos em quem confio. O resto passaria a própria avó pra trás por qualquer merreca.
--Gostei dele também. Mas por via das dúvidas, prefiro ler bem as letras miúdas antes de assinar qualquer coisa.
--Bela e inteligente. Você derrete o meu coração. Se não fosse minha prima...
--Já estaria na sua cama, eu bem sei.
--Por isto que digo pra você: jamais confie em gente como eu, Maite.
--Não se venda tão barato. Anahi. Pelo menos não para mim que te conheço muito bem.
Eu dei uma risadinha. Um dia ela me conhecera. Mas agora nem eu mesma sabia mais quem eu era.
*****
No fim de uma tarde cansativa saí do elevador para finalmente entrar em casa, mas parado no corredor em frente à minha porta estava o maior mala que já havia conhecido. E também o chefe da equipe de marketing da agência Vision, uma forte concorrente da KGB.
O Guto não era má pessoa, apenas um tremendo chato. Daqueles que quando grudam dá vontade de mergulhar numa banheira de ácido para ver se ele derrete e te solta.
Tinha quase dois metros de altura e talvez o mesmo de diâmetro. O único cara que conheço capaz de andar pelo Rio de Janeiro inteiro recoberto de cordões de ouro sem ser assaltado. Um Zé Mané que você quer ter a seu lado quando sai de uma balada de madrugada.
--Anahi, graças a Deus você chegou.
Aquilo parecia o prenúncio de um desastre. Mas o que ele poderia querer comigo no caso do mundo estar se acabando?
Abri a porta do apartamento e entrei. Ele, é claro, entrou junto mesmo sem convite.
--Qual o problema? – indaguei jogando minha bolsa de trabalho sobre o sofá. A câmera custara uma fortuna, mas nunca fui muito cuidadosa com os objetos. Era só olhar em volta e ter certeza de que eu era uma tremenda desleixada.
--O Kurt quer você na campanha da moda-verão dele. Os caras ficaram sabendo da sua sacada genial na KGB e agora só aceitam fechar conosco se for com você.
--A campanha tá pronta?
--Praticamente, mas ele deu carta branca para que modifique o que achar melhor. É uma chance única de mostrar o seu trabalho, Any.
Dei risada da tentativa ridícula do Guto de me convencer que o trabalho era melhor do que qualquer outro que já fizera.
--Se toque, cara. Não preciso de uma campanha de última hora para mostrar meu valor. Da próxima vez me chama quando for começar a planejar.
--Mas você fez para a KGB.
--Aquilo foi para humilhar o Almeida. Só para satisfação pessoal.
--E o que eu falo para o Kurt?
--Que estou disponível para discutir a meia-estação. Mas tem que ser rápido antes que eu feche com outro.
--Ele vai ficar furioso e nunca mais te chamar.
--Ótimo, não vou com a cara dele mesmo. Agora, se me der licença, tenho fotos de uma modelo com espinha no nariz para retocar.
Fiz sinal para que saísse.
Então fiquei sozinha no meu pequeno ap.
As pessoa se perguntavam o tempo todo a razão deu nunca ter me mudado do moquifo onde morava no princípio da minha carreira. E eu dava sempre a mesma resposta: se eu fosse para um lugar maior, a bagunça aumentaria na mesma proporção. Além do mais, não fazia muito sentido morar sozinha num lugar enorme. Seria uma tremenda ostentação e ao mesmo tempo deprimente. Aos trinta anos jamais conseguira um relacionamento sequer que significasse alguma coisa a mais do que uma boa foda.
Se pelo menos eu encontrasse uma deusa maravilhosa, repleta de sensualidade, dona de um senso de humor aguçado, e suficiente instinto maternal para me paparicar todo o tempo! Aí sim.
Para mim a mulher perfeita seria algo como um cruzamento de Megan Fox com Ingrid Guimarães e um pequeno toque de Dona Priscila, minha professora de matemática, por quem secretamente nutrira uma baita paixão na adolescência.
Difícil, né? Tenho consciência disso. Mas não é impossível. O problema é saber se esta criatura sensacional, irresistível e absurdamente sexy ficaria a fim de mim.
Para isto não tinha resposta, mas bem que eu podia sonhar com minha mulher ideal. E era isto que eu fazia todos os dias, enquanto me divertia com as imperfeitas.
Autor(a): angelr
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 60
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flavianaperroni Postado em 07/12/2014 - 05:01:54
Eita como é PERFEITAS suas webs amei essa assim como amo as outras uehuehuehe
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justin_rbd Postado em 02/12/2014 - 12:44:15
OIE , mais um fic sua que leio e cada vez me surpreendo mais , voce é uma otima escritora ,PARABÉNS ,amei essa fic ,foi incrivel do começo ao fim !!
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vverg Postado em 06/01/2014 - 20:42:48
Dona angelr vc surpreende heim... Adorando suas fics heim... Ow pessoa talentosa sow... rsrsrsrs =)
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vverg Postado em 06/01/2014 - 20:41:32
Gente me diverti com esta Anahi, de todas as fics já li sobre o tema... Essa é a mais engraçada, principalmente na ilha...kkkkkkk Nesta ela é quem conquista.. não a Dulce..rsrsrs Adorei...mto bom... =)
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angelr Postado em 30/11/2013 - 00:10:46
portinons2vondy - Sim perfeita
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portinons2vondy Postado em 29/11/2013 - 23:56:50
pena que acabou angelr a web era muito boa mesmo :(
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angelr Postado em 29/11/2013 - 22:01:55
maralopes - Pois é pena que acabou hahaha mas to postando uma nova
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maralopes Postado em 29/11/2013 - 16:25:46
que pena tava amando ler a web mas bola pra frente bjaum angelr
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angelr Postado em 28/11/2013 - 21:16:13
rayssamiiraanda - Sim amanha acaba infelizmente :(
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rayssamiiraanda Postado em 28/11/2013 - 17:11:16
pooooooooooooxa :( queria mais dessa fic .. amanhã vai terminar :'(