Fanfic: Um Amor Improvável | Tema: Portiñon (Adaptada)
Terminei de fazer uma sessão de fotos bem básica, somente para passar meu tempo enquanto não começava a nova temporada de caça aos melhores fotógrafos do país para as novas campanhas.
Sorri para as garotas e galantemente as ajudei a descer do tablado, com direito a beijinhos e alguns olhares de cobiça. Aquela era a hora em que sempre uma delas inventava uma desculpa para ficar pra trás e jogar em mim seu charminho. E na verdade não precisava de tanto emprenho: eu nasci facinha, facinha.
Contudo um som de pigarro chamou minha atenção e era Dulce, parada na porta do estúdio com os braços cruzados, fulminando a minha candidata à refeição do dia. O olhar dela fez com que a garota se retirasse assustada e ficamos nós duas sozinhas naquela sala pouco iluminada, repleta de sombras indefinidas criadas pelas luzes indiretas.
Continuei guardando meu material na bolsa sem dizer uma só palavra. Se ela queria dizer algo, era bom que começasse logo, pois em alguns minutos eu sairia dali e não iria mais lhe dar atenção.
--Anahi, sei que está confusa com tudo o que aconteceu e provavelmente pensa que sou uma fã enlouquecida querendo algum tipo de souvenir para colocar no altar erguido em sua homenagem.
Fiquei quieta porque era exatamente este o meu pensamento.
--Mas não é nada disso. – ela negou enfaticamente -- A primeira vez que a vi foi num coquetel de lançamento da nova linha de perfumes de um grande anunciante da revista do meu pai. Uma amiga me disse que você era uma fotógrafa nova no mercado, mas que tinha um grande potencial e estava expondo seu trabalho numa galeria de pouco renome, mas responsável por grandes descobertas de talento. Isso não me atraiu de forma alguma: estava cercada por “novos talentos” tentando galgar as escadas do sucesso. A maioria às minhas custas.
--Acho melhor a gente sentar porque a história parece que vai ser longa. – apontei para duas poltronas confortáveis.
Depois de acomodadas uma de frente para a outra, Dulce continuou com sua narrativa.
Eu simplesmente cruzei as pernas, balançando os pés impacientemente. Um dos spots que não havia sido desligado derramava sua luz delicadamente sobre nós, criando um efeito surreal que eu adoraria fotografar, mas achei muito estranho levantar naquele instante para pegar minha câmera.
Dulce continuou falando.
--Mesmo não estando exatamente empolgada com esta sua exposição, acabei indo lá no dia seguinte, levada por alguns amigos intelectuais que adoravam tudo o que fosse exótico ou inovador. Fiquei impressionada com a sua visão do sorriso feminino. Sua sensibilidade diante de cada rosto desconhecido que encontrara nas ruas, nos clubes, nos mercados populares... Quanto tempo e dedicação para descobrir o sentimento certo para ser eternizado por suas lentes! Fiquei apaixonada por seu trabalho bem antes que por você.
--Isso muito me envaidece, mas por que está aqui, Dulce? O que espera de mim? Aquelas fotos foram o resultado de uma visão inocente que não possuo mais. A pessoa que fez aquele trabalho já não existe. E se é ela que deseja, então sinto muito, pois está perseguindo um fantasma.
Ela me deu aquele mesmo olhar misterioso do qual eu me lembrava. O da primeira vez que a vi, sem que eu soubesse quem era.
--Como pode ser se eu enxergo essa pessoa em cada foto sua que sai em revistas ou em outdoors? Está lá, à vista de todos, desde que saibam exatamente o que procurar.
Balancei a cabeça com um sorriso irônico.
--Por favor, Dulce. Acho muito bonito que tenha essa impressão minha, por mais equivocada que seja. Mas isto não explica o papelão que você aprontou. Podíamos ter morrido por um capricho seu.
--Nunca poderia imaginar que um furacão surgiria do nada para nos ameaçar. Não pode me culpar por isto.
--Posso sim. Eu deveria estar aqui, nesta cidade, trabalhando tranquilamente. Mas ao invés disso, estava escorregando pela lama, me enfiando em tocas e torcendo para que uma porcaria de ilha não explodisse, me levando junto. Eu só queria saber que diabos você tinha na cabeça para inventar essa palhaçada toda.
--Acho que tem o direito de saber.
--Pode apostar que tenho.
--Pois então cale a boca e ouça.
Fechei a cara. Ninguém me manda calar a boca. Olhei para ela com ar de desafio, amarrando um enorme beiço. Ela não se intimidou nem um pouco com minha pirraça e continuou falando sem me dar pelota.
--Voltei àquela exposição por mais duas vezes e via você de longe, sempre rodeada de belas mulheres. Depois quando sua carreira começou a decolar, de vez em quando nos encontrávamos em eventos. E novamente lá estavam as mulheres te cercando o tempo todo. Você era como o sol e elas eram os planetas orbitando à sua volta.
--Nunca foi tanto assim. – protestei humildemente.
Aquilo fazia parecer que eu era uma espécie de diva e isso estava longe de ser verdade. Tinha minhas aventuras, mas também tinha consciência de que eu não era tudo aquilo. Chegava perto, é claro. Na verdade eu era quase irresistível. Mas sempre tinha uma ou outra garota que achava que podia escapar do meu olhar fatal. Poucas. Bem poucas. Quase nenhuma, se querem saber.
Ok, não sou tão iludida assim. A maior parte de minha imagem tinha sido fabricada para preencher o vácuo de uma personalidade entediante e pouco interessante.
Huumm... Dessa vez exagerei na minha desvalorização, né? Fui de zero a 100 em 3 segundos.
Sou praticamente uma Ferrari!
Mas o que realmente sou, é algo no meio disto. Gostosa, mas nem tanto para merecer uma louca varrida me seguindo o tempo todo. Ou pelo menos era o que eu pensava até então.
--Eu sei que metade era para o show, Any. Não sou tão ingênua a ponto de acreditar cegamente nessa sua fachada de rainha da mulheres.
--Então sabe que estou longe de ser o que você idealizou.
--Muito pelo contrário. Cada vez me convenço que eu estava com a razão desde o princípio. A única coisa que me impedia de me aproximar para tentar a sorte com você era saber o quanto vivia envolta pela beleza e totalmente desatenta a qualquer coisa que fugisse a essa concepção de perfeição estética. Para você uma mulher tinha sempre que ser linda. As demais qualidades não eram visíveis em seu mundo. Tive medo que só visse em mim esse aspecto e ignorasse tudo o mais que gostaria de lhe oferecer.
Autor(a): angelr
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--Ótimo, então se apaixonou por uma fútil que só pensa em colecionar mulheres bonitas. O que achou? Que podia me mudar? --Não. A pessoa por quem me apaixonei possui enorme talento e sagacidade emocional, mas se esconde por trás da futilidade e do convencimento para ser respeitada pelos demais à sua volta. --E você cheg ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 60
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flavianaperroni Postado em 07/12/2014 - 05:01:54
Eita como é PERFEITAS suas webs amei essa assim como amo as outras uehuehuehe
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justin_rbd Postado em 02/12/2014 - 12:44:15
OIE , mais um fic sua que leio e cada vez me surpreendo mais , voce é uma otima escritora ,PARABÉNS ,amei essa fic ,foi incrivel do começo ao fim !!
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vverg Postado em 06/01/2014 - 20:42:48
Dona angelr vc surpreende heim... Adorando suas fics heim... Ow pessoa talentosa sow... rsrsrsrs =)
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vverg Postado em 06/01/2014 - 20:41:32
Gente me diverti com esta Anahi, de todas as fics já li sobre o tema... Essa é a mais engraçada, principalmente na ilha...kkkkkkk Nesta ela é quem conquista.. não a Dulce..rsrsrs Adorei...mto bom... =)
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angelr Postado em 30/11/2013 - 00:10:46
portinons2vondy - Sim perfeita
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portinons2vondy Postado em 29/11/2013 - 23:56:50
pena que acabou angelr a web era muito boa mesmo :(
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angelr Postado em 29/11/2013 - 22:01:55
maralopes - Pois é pena que acabou hahaha mas to postando uma nova
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maralopes Postado em 29/11/2013 - 16:25:46
que pena tava amando ler a web mas bola pra frente bjaum angelr
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angelr Postado em 28/11/2013 - 21:16:13
rayssamiiraanda - Sim amanha acaba infelizmente :(
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rayssamiiraanda Postado em 28/11/2013 - 17:11:16
pooooooooooooxa :( queria mais dessa fic .. amanhã vai terminar :'(