Fanfic: Um Amor Improvável | Tema: Portiñon (Adaptada)
Era bom namorar com Dulce. Ela era carinhosa, atenciosa e não se importava quando Bernardo acordava no meio da noite e pulava na cama, muitas vezes interrompendo nosso amor. Quer dizer, importar a gente se importava, mas ele às vezes tinha medo e gostava de dormir entre nós duas. As necessidades dele eram mais importante do que o nosso prazer. Era como se fôssemos uma família, mesmo que apenas na minha imaginação.
Logo a mãe de Bernardo voltaria para levá-lo embora e eu tentava a todo custo não me envolver com o garoto. Só que era muito difícil, principalmente quando ele aprontava das suas, espalhando pasta de dente pelo chão do banheiro ou riscando com canetinhas as paredes da sala.
Ele era um capetinha. E ainda olhava pra mim com aquela cara de sapeca, deixando bem claro que fizera de propósito para me provocar. Então eu exclamava em tom teatral “Quem fez toda essa bagunça? Ah se eu te pego!” Aí ele corria e eu seguia atrás até alcançá-lo e dar uma soprada em sua barriga, fazendo-o quase se mijar de tanto rir.
Comíamos pipoca vendo TV, jogávamos baby-poker, que era uma versão mais simples do poker que eu criei, apostando balas e pirulitos. Chutávamos bola no parque em frente ao apartamento e às vezes fazíamos competições de arroto. Ele era muito bom nisso, mas ainda não nasceu quem possa me vencer.
Dulce o ensinou a se vestir sozinho e a recolher os brinquedos após brincar. Também o presenteou com um caderno de desenhos para que ele colorisse o papel e deixasse o mobiliário e as paredes em paz.
Não deu muito certo. O sofá continuou sendo sua tela preferida.
--Cedo ou tarde você vai ter que procurar a mãe dele, amor. Sabe disso, não é?
Eu não respondi nada. Estava fingindo não ouvir para não ter que pensar naquilo.
--Amor. – ela pegou meu rosto e fez com que eu a encarasse – Quanto mais tempo nós ficarmos com ele, mais traumático vai ser quando ele tiver que ir embora.
--E se a Marcinha nunca aparecer?
--Ela existe, Any, e um dia vai dar as caras. Pode ser amanhã, semana que vem ou daqui a um ano. Vai ter uma hora que ela vai aparecer naquela porta e nos tirar o Bernardo. Sei o quanto é difícil para você pensar nisto, mas ele não te pertence.
Após três meses e nada de Marcinha e eu tinha me enchido de esperanças de que ela tivesse achado outro namorado e sumido do mapa em definitivo. Contudo tinha consciência de que seria muito difícil uma mãe simplesmente desaparecer para nunca mais voltar. Ela estava enfrentando alguns problemas, mas assim que conseguisse resolvê-los, voltaria para pegar o garoto, que afinal era dela e não meu.
--Não quero falar sobre isso. – levantei do sofá, peguei um agasalho e saí de casa.
Não era a coisa mais madura a se fazer. E quem ligava para isso? Que se danasse! Na verdade eu acho que essa porcaria de maturidade é algo valorizado em excesso: não faz ninguém feliz.
Fui até o parque e sentei em um dos bancos vendo as crianças brincarem. Eu me tornara uma figurinha conhecida entre os demais pais e eles de pronto me cumprimentaram.
Era triste pensar que o moleque podia não estar mais lá para jogarmos bola e brincar na gangorra.
Quando voltei Dulce estava com Bernardo sentado em seu colo lendo uma história infantil. Ele estava encantado com os desenhos no livrinho e me chamou para ver também.
O que eu podia fazer a não ser obedecer?
Dulce apertou minha mão em sinal de conforto e ficamos os três envoltos na magia dos contos de fada.
No dia seguinte contratei um detetive para encontrar Marcinha. Era preciso terminar com aquele suspense todo e resolver de vez aquela situação indeterminada. Quem sabe ela não quisesse o filho de volta? Então assinaria sei lá que tipo de papéis, me entregando o garoto de vez. Não era uma possibilidade impossível de ocorrer.
De uma forma ou de outra, Bernardo merecia mais do que viver naquela incerteza sobre seu futuro. Bastava ele crescer um pouco para dar início a uma chuva de perguntas que eu não saberia responder, dúvidas que eu não poderia sanar.
*****
Enquanto isto eu e Dulce tocávamos o nosso namoro na maior lua-de-mel. Era muito engraçado pensar que a mulher menos atraente que surgiu na minha vida tinha sido a escolhida do meu coração. A suprema das ironias. Mas não perdia mais meu tempo pensando no significado daquilo no plano maior das coisas, apenas curtia o momento maravilhoso que eu vivia.
É claro que depois de um tempo cuidando do Bernardo, precisávamos de uma noite só nossa e por isso implorei para Maite ficar com ele. Na verdade nem precisei tanto implorar. Ela topou na hora, pois também tinha sido vítima do charme irresistível daquele garotinho de quatro anos. Pelo menos eu achava que aquela era a idade dele porque nem isso Marcinha tinha dito para mim antes de deixa-lo comigo.
Saímos para um jantar romântico, depois fomos dançar e na volta transamos até o desespero. Finalmente tínhamos a cama só para nós e sem a ameaça de sermos interrompidos no meio do crime. Também dava para gemer a plenos pulmões e deixar que a cabeceira da cama ficasse batendo na parede sem medo de acordar um certo alguém no quarto ao lado.
Foi uma noite alucinante e memorável, mas logo cedo o meu celular tocou e o número era totalmente desconhecido.
Estava acostumada a isto, pois muitas pessoas me ligavam o tempo todo para falar de trabalho. Podia ser apenas um cliente em potencial, por isto respondi despreocupadamente.
--Alô.
--Anahi?!
Sentei na cama ao reconhecer a voz da Marcinha.
--Anahi! – dessa vez ela me chamou impaciente.
--Onde diabos você está, mulher?
--Você contratou um detetive para me encontrar?
--Foi. Faz um tempão que você sumiu, Marcinha. Estava preocupada.
--Diga para ele parar de fuçar, por favor. Senão vai acabar chamando a atenção dos outros e complicar a minha vida.
--E o Bernardo? O que faço com ele?
--Cuide dele para mim. Não deixe que nada aconteça com ele.
--Estou cuidando, mas queria saber se você quer ele de volta ou pode ficar pra mim.
--Anahi, ele não é um brinquedo para eu te dar de presente.
--Eu sei, mas preciso saber se ele pode ficar comigo pra sempre. Sabe como? Eu gosto do moleque de verdade e a gente se dá super bem.
Ela ficou em silêncio.
Autor(a): angelr
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 60
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flavianaperroni Postado em 07/12/2014 - 05:01:54
Eita como é PERFEITAS suas webs amei essa assim como amo as outras uehuehuehe
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justin_rbd Postado em 02/12/2014 - 12:44:15
OIE , mais um fic sua que leio e cada vez me surpreendo mais , voce é uma otima escritora ,PARABÉNS ,amei essa fic ,foi incrivel do começo ao fim !!
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vverg Postado em 06/01/2014 - 20:42:48
Dona angelr vc surpreende heim... Adorando suas fics heim... Ow pessoa talentosa sow... rsrsrsrs =)
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vverg Postado em 06/01/2014 - 20:41:32
Gente me diverti com esta Anahi, de todas as fics já li sobre o tema... Essa é a mais engraçada, principalmente na ilha...kkkkkkk Nesta ela é quem conquista.. não a Dulce..rsrsrs Adorei...mto bom... =)
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angelr Postado em 30/11/2013 - 00:10:46
portinons2vondy - Sim perfeita
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portinons2vondy Postado em 29/11/2013 - 23:56:50
pena que acabou angelr a web era muito boa mesmo :(
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angelr Postado em 29/11/2013 - 22:01:55
maralopes - Pois é pena que acabou hahaha mas to postando uma nova
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maralopes Postado em 29/11/2013 - 16:25:46
que pena tava amando ler a web mas bola pra frente bjaum angelr
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angelr Postado em 28/11/2013 - 21:16:13
rayssamiiraanda - Sim amanha acaba infelizmente :(
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rayssamiiraanda Postado em 28/11/2013 - 17:11:16
pooooooooooooxa :( queria mais dessa fic .. amanhã vai terminar :'(