Fanfic: Romeu&Julieta (New Version)

- Anda logo Julieta. Assim a gente vai se atrasar.
O idiota do meu irmão gritava no andar de baixo.
- Já to indo.- gritei de volta.
Acabei de arrumar o cabelo e desci as escadas correndo.
- Pensei que tinha morrido afogada na banheira.- ele disse abrindo a porta.- Anda que a gente já tá atrasados.
- Se diz: nós já estamos atrasados Ian.- corrigi ele.
- Virou professora de gramática agora é?- ele passou e fechou a porta.
Revirei os olhos e entrei no carro.
- Eu não pedi pra você me levar pra escola. Eu posso muito bem ir de ônibus como toda garota normal.
- Você não é uma garota normal.- ele disse dando partida no carro.- Você é minha irmã. Não pode ficar andando por ai sozinha.
Suspirei e encostei a cabeça na janela.
Ele ligou o som quase no último volume e saiu da garagem. Não falamos nada o caminho todo, era sempre assim, a gente nunca tinha assunto um com o outro.
Ele estacionou em frente a escola alguns minutos depois.
- Não esquece...
- ...de verificar o armário antes de abrir.- completei a frase.- Como se eles fossem colocar uma bomba lá dentro.- revirei os olhos e desci do carro.
Entrei na escola e fui para o meu armário. Eu sabia que ele ainda estava lá fora esperando pra ver se não tinha nada de errado. Peguei meus livros e fui pra sala de aula. E assim começou mais um dia chato e monótono da minha vida.
As aulas são ainda mais chatas quando você tem coisas mais importantes pra fazer te esperando em casa. Suspirei e virei mais uma página do livro enorme de Biologia. A professora estava dizendo alguma coisa sobre reprodução de alguma planta esquisita; nem dei ouvidos ao que ela estava falando; folhei o livro até encontrar uma página sobre reprodução humana. Os bonecos representados no livro estavam todos riscados; desenhos obscenos cobriam quase toda a página. No cantinho da página tinha uma assinatura: R Titã! e um símbolo estranho na frente. 
Titãs; a gangue mais assustadora de Londres. Talvez não seja mais que a gangue do meu irmão: Gladiators. Virei a página tediosamente. A professora disse alguma coisa sobre prestar mais atenção quando ela falava; mais nem liguei. Fitei o céu pela janela da sala e suspirei. Queria estar lá fora andando no meu skate ou grafitando algum muro; não ali presa numa aula chata sobre reprodução animal.
O sinal finalmente bateu; me levantei e joguei o livro em cima da mesa da professora.
- Julieta.- ela me chamou.- Quero falar com você.
Revirei os olhos e voltei.
- Que foi?
- Suas notas Julieta.
- O que tem elas?
- Estão horríveis. Todas vermelhas.
- E dai? Eu adoro vermelho; é minha cor preferida.
- Sem gracinhas Julieta. Isso é muito sério.
- Só me dá logo o boletim.- revirei os olhos.
- Tudo bem.- ela me entregou o boletim.
Peguei o boletim e sai da sala de aula. Detestava aqueles sermões que os professores me davam toda vez que tirava notas vermelhas. Como seu um punhado de palavras fossem mudar alguma coisa. Seria mais produtivo se eles nos dessem notas azuis no lugar dos sermões chatos.
Sai da escola e fui direto para o meu lugar preferido em todo o mundo: a pista de skate.
                                                                    ...
- MIKEEE!- pulei nas costas dele e dei um beijo no seu pescoço.- Que saudades!
- Ei!
Desci e abracei ele.
- Quanto tempo!- ele disse sorrindo.
- Pensei que não fosse voltar mais.- olhei pra ele.
- Pois é.- ele passou as mãos no cabelo.- Minha mãe meio que me obrigou a voltar.
Ri.
- Ainda recebendo ordens da sua mãe? Pensei que você fosse independente.
- Sabe como são as coisas né?- ele sentou em um banco.
- Ela também voltou?
- Não. Ela disse que nunca mais coloca os pés aqui.
Ficamos em silêncio por um tempo; observando os meninos nas rampas de skate. O irmão dele, Duke, tinha sido morto ano passado em uma das brigas de gangues que aconteciam frequentemente no nosso bairro. Foi um tremendo choque pra ele e a família dele.
- E como você tá?- perguntei olhando pra ele.
- Tentando levar a vida.- ele deu de ombros.
Segurei a mão dele e apertei de leve.
- Sabe que pode contar comigo né?
Ele sorriu e me abraçou.
- Obrigado.
- To devendo umas. Lembra?
Ele riu e me soltou.
- E ai. Você veio aqui pra conversar ou curtir?
Sorri e peguei meu skate dentro da minha mochila.
- Ainda consegue me acompanhar?
Ele riu e se levantou.
- Tá brincando? Eu ainda sou muito melhor que você.
Ri.
- É isso que vamos ver.
Coloquei meu skate no chão e fui pra pista. Ele veio logo atrás de mim. 
Como era bom sentir aquela liberdade; o vento batendo no meu rosto, a sensação de estar voando. Ali eu me sentia livre de verdade. Ali eu podia ser eu mesma e fazer o que quisesse. Aquele era o meu mundo.

Estávamos em uma competição muito divertida quando o barulho de um tiro cortou o ar. Todos pararam e olharam na mesma direção. Mike parou ao meu lado.
- O que foi isso?
- Não sei.- disse olhando em volta.
Outro tiro, dessa vez mais perto. Todos pegaram seus skates e bicicletas e saíram correndo. Fiquei parada no mesmo lugar.
- O que tá acontecendo?- disse baixinho.
Mike segurou minha mãe e me puxou.
- Vem comigo!
Saímos correndo e nos escondemos atrás de uma das rampas mais distantes da pista. Me agachei e fiquei observando.
Alguns minutos de silêncio. Escutei passos, muitos passos, vindo em direção á praça. Meu coração estava disparado. Apertei a mão do Mike na minha.
- Calma.- ele sussurrou.
Alguns minutos ouvi a voz do meu irmão.
- O que vocês estão fazendo aqui?- a voz era ameaçadora.
- Eu faço a mesma pergunta.- outra voz disse.
- Esse território é nosso. Vocês estão invadindo.
Uma risada debochada cortou o ar.
- Seu? Francamente. Acho que você está tendo problemas de memória Ian. Esse território é dos Titans á muito tempo.
O som de uma arma sendo destravada.
- Quer resolver isso agora?- a voz do meu irmão veio alta e ameaçadora.
Mais armas sendo destravadas.
- Por mim tudo bem!
Meu coração disparou; minhas mãos estavam suando.
- Vamos sair daqui Ju.- Mike disse baixinho.
- Não.- olhei pra ele.- É meu irmão. Não posso deixar ele sozinho. Vai você. Mais tarde eu te ligo.
- Ju...
- Vai Mike.
Depois de muita insistência ele saiu dali. Me voltei para o meio da pista. Respirei fundo e sai de trás da rampa.
- IAN.- gritei.- PARE JÀ COM ISSO.
Todos olharam pra mim.
- Sai daqui Julieta. Isso é coisa de homem.
- Homem?- fiquei entre os dois grupos.- Você chama isso de ser homem?- apontei as armas.- Isso é ser criança Ian.
Ele fez sinal para um dos seus `amigos`. O cara veio até mim e me puxou pelo braço com força.
- Mais tarde a gente conversa.
- Não.- me soltei do cara.- Você vai embora comigo Ian. Agora!
Ele se virou pra mim furioso.
- Eu já mandei você ir embora Julieta. Agora.
Sustentei o olhar dele de cara fechada.
- Não.
Ele se aproximou de mim.
- Você está me desafiando?
Não respondi. Olhei pra ele.
- Eu disse pra você ir embora. AGORA.- ele gritou.
- NÂO.- gritei de volta.
Ele desceu a mão no meu rosto. O tapa foi tão forte que eu cai no chão.
Fitei ele surpresa. Ele nunca tinha me batido antes.
- Vai pra casa.- ele disse respirando fundo.
Me levantei e fiquei de frente pra ele.
- Você vem comigo.
- Por favor Julieta. Eu não quero perder a cabeça com você.
Ele fez sinal para um de seus amigos; senti alguém me puxar pelo braço. Fui arrastada até um carro preto que estava logo ali perto.
- É melhor você fazer o que ele tá pedindo.
Suspirei e revirei os olhos. Me sentei no banco de trás do carro e cruzei os braços. Estava preocupada com meu irmão.
Alguns minutos se passaram sem acontecer nada; já estava prestes a sair do carro quando alguém entrou e sentou no banco da frente.
- Cadê meu irmão?- perguntei.
A pessoa não respondeu; deu partida no carro e saiu acelerando e cantando pneu.
Me segurei no banco quando o carro virou a esquina em alta velocidade.
- EI!- gritei.- Vai devagar ai imbecil.
O carro virou em outra esquina, cada vez mais rápido.
- Para a merda desse carro.- gritei.
O cara que estava no volante me olhou pelo espelho retrovisor; ele fez uma careta de virou em um beco escuro e sem saída; parou o carro e se virou para me fitar.
- Quem é você?- ele perguntou.
- Eu é que pergunto. Quem é você?
- Não interessa. Sai do carro.
- Nem pensar!- cruzei os braços.- Esse carro é do meu irmão. Quem deve sair é você.
Ele revirou os olhos e saiu do carro. Abriu a porta de trás e me puxou de lá de dentro.
- Me solta.- gritei.
Ele me jogou contra o muro.
- Fica ai.
Se virou e voltou para o carro.
- Acho melhor você não contar pra ninguém o que aconteceu. Para o seu próprio bem.
- Quem é você?- perguntei fitando ele.
Ele não respondeu. Quando ele colocou o braço para fora da janela eu vi a tatoo que ele tinha no pulso. Ele era um Titã. E estava roubando o carro do meu irmão.
Ele pisou no acelerador e saiu cantando pneu.