Fanfic: Romeu&Julieta (New Version)

Tive que voltar pra casa a pé; o pior nem era isso, o pior foi eu ter deixado meu skate de estimação dentro da porcaria do carro. 
Quando entrei em casa fui direto para o meu quarto; eu precisava pensar no que eu iria falar para o meu irmão quando ele voltasse. Me sentei na cama e suspirei.
Escutei um barulho no andar de baixo e passos na escada. 
- O que você estava pensando?- meu irmão disse entrando no quarto.- Você poderia ter morrido!
- E você também.- respondi me levantando.
- Eu já disse pra você ficar fora disso Julieta. Esse é o meu mundo.
- E consequentemente o meu também.- respondi me aproximando.- Você é o meu irmão, a única família que eu tenho Ian. Como você acha que eu me sinto quando vejo você com uma arma na mão?
Ele suspirou e passou as mãos no rosto.
- Olha, eu sei que é difícil pra você. Mais esse é o caminho que eu escolhi e não vou deixar você ir para o mesmo caminho. É por isso que eu quero que você fique longe daquela praça Julieta. Aquele lugar não é seguro.- ele me segurou pelos braços.- Eu só quero proteger você.
- Me proibindo de fazer o que eu mais amo? Isso não é justo Ian.
- Mais é a melhor opção.- ele me soltou.- Não quero que você saia de casa hoje. 
- Mais Ian....
- E não é um pedido, é uma ordem.- ele me olhou.- Aqui é o único lugar que você está realmente segura.
Ele saiu do quarto e me deixou sozinha. Me sentei na cama e abaixei a cabeça.
Aquilo não podia estar acontecendo comigo; não mesmo. Me deitei na cama e suspirei. Por que minha vida tinha que ser tão difícil e complicada?
Tapei o rosto com o travesseiro e gritei.

No dia seguinte eu fiz as mesmas coisas de sempre. Me levantei ás 7:00 horas; me arrumei e sai para a escola. Meu irmão fez o mesmo discurso de sempre quando paramos na frente da escola.
- Hoje você vai ter que ficar sozinha em casa.- ele disse.- Vou ter que sair para resolver umas coisinhas.
- Tá bom.- sai do carro e fechei a porta.
- Toma cuidado.
Revirei os olhos e entrei na escola. Não estava nem um pouco a fim de assistir aula hoje; fui para o pátio e me sentei debaixo de uma árvore grande que tinha lá. Encostei minha cabeça na árvore e fechei os olhos. Eu precisava dar um jeito de pegar meu skate de volta.
Estava quase pegando no sono quando uma mochila caiu em cima da minha perna esquerda; me sobressaltei com o susto.
- Mais o que é isso?
Olhei para o muro e vi que tinha um menino em cima dele; ele jogou os livros no chão e logo depois pulou, caindo de pé na minha frente.
- Quem é você?- perguntei surpresa.
- Ah, oi.- ele disse pegando as coisas dele do chão.- Beleza?- ele estendeu a mão.
- Estaria se você não tivesse me acertado com sua mochila voadora.- disse cruzando os braços.
Ele riu.
- Desculpa ai. Não sabia que teria alguém por aqui á essa hora.
- Por que tá pulando o muro?
- O portão estava fechado quando cheguei.
- Você é novo?
- Mais ou menos.- ele disse meio sem jeito.- Bom, eu acho melhor eu ir andando. Tchau.
Ele colocou as mãos nos bolsos da calça e saiu andando. Fiquei observando-o até ele entrar para dentro do edifício da escola e sumir. Suspirei e peguei minhas coisas; agora eu teria que assistir as aulas. Coloquei a mochila nas costas e fui pra sala de aula.
A professora nem notou quando entrei na sala e me sentei no meu lugar. Deixei minhas coisas em cima da mesa e abaixei a cabeça; fiquei rabiscando na última folha do meu caderno até a aula acabar.
Quando sai da escola vi meu irmão parado do outro lado da rua. Ele estava com dois ``amigos`` dele; ambos armados. Revirei os olhos e andei na direção deles.
- Pra que tudo isso?- disse apontando as armas.
- É pra sua proteção.- ele respondeu.
Suspirei.
- Vamos embora logo.
Entrei no carro e encostei minha cabeça na janela. Ele entrou e deu a partida; os amigos dele iriam atrás em outro carro.
- Não é atoa que não tenho amigos.- comentei.- As pessoas tem medo de chegar perto de mim e acabar com uma bala na cabeça.
- Eu já disse que isso tudo é necessário. É proteção.
Fechei os olhos e suspirei.
- O papai dizia a mesma coisa.
Ele ficou em silêncio. 
Estacionamos em frente a nossa casa; ele pediu pra eu sair do carro e entrar.
- Tenho umas coisas para resolver. Volto só á noite.
Desci do carro e fechei a porta.
- Não quero você fora de casa hoje.- ele disse do carro.
Revirei os olhos e entrei em casa. Joguei minhas coisas em cima do sofá e olhei em volta.
A casa estava completamente vazia. Suspirei e me sentei no sofá. Eu odiava quando tinha que ficar sozinha em casa; ela ficava tão silenciosa. Muito diferente da casa que eu cresci. 
Me levantei e subi para o meu quarto. Liguei para o Mike; estava devendo algumas explicações pra ele.
-Pensei que você tivesse morrido.- ele disse quando atendeu.
- Desculpa. É que aconteceram muitas coisas; não deu pra ligar mais cedo.
- Você tá bem?- ele perguntou preocupado.
- To sim.- me deitei na cama.- Só um pouco triste e nervosa.
Ele riu.
- Por que?
- Acredita que roubaram o carro do meu irmão?
Escutei a risada dele do outro lado da linha.
- E eu estava dentro.- ele parou de rir.
- Machucaram você?
- Não. Mais levaram meu skate.- disse triste.
- Que pena. Mais pelo menos você tá viva. Quem foi?
- Não faço ideia. Mais era alguém dos Titãs.
Ele ficou em silêncio por um tempo.
- Ju eu preciso te contar uma coisa.- ele disse sério.
- O que é?
- Não posso falar por telefone. Você pode me encontrar na praça daqui uns 20 minutos?
- Se eu conseguir fugir dos cães de guarda do meu irmão.
Ele riu.
- Te vejo lá então. Por favor, aparece. Preciso muito te contar isso.
- Tá bom. Tchau.
- Tchau.
Desliguei o telefone. O que será que ele queria me contar? Eu nunca tinha visto ele tão sério assim. Me levantei e fui até a janela. Tinha um cara vestido de preto e com uma arma na mão na frente de casa. Suspirei e voltei para a cama. Eu tinha que arrumar um jeito de fugir daqueles idiotas. Mais como?
Conseguir fugir dos cães de guarda do meu irmão não seria nada fácil; mais eu nunca tinha visto o Mike daquele jeito. Esperei até que um deles se distraiu mexendo no celular e consegui pular a janela do meu quarto; caminhei entre as plantas do jardim agachada e cheguei no muro de trás. Olhei pra cima e suspirei. Não seria fácil, e seria muito doloroso caso eu caísse lá de cima.
Me segurei no galho de uma árvore que estava perto e escalei o muro; ralei um pouco o joelho. Me sentei com as pernas penduradas do lado de fora da casa; respirei fundo e pulei. Cai de quatro na calçada.
Me levantei e limpei as mãos; olhei para os lados, não tinha ninguém daquele lado. Suspirei aliviada e comecei a me afastar da casa Vesti meu capuz pra ninguém ver que era eu.

Demorei uns 10 minutos para chegar na praça; me sentei debaixo de uma árvore e esperei o Mike aparecer.
- Julieta!- ouvi alguém sussurrar atrás de mim.
Me levantei e virei naquela direção.
Alguém me puxou para as sombras da árvore.
- Que susto Mike.- disse olhando pra ele.
- Desculpa.- ele olhou para os lados.- Você tá sozinha?
- To. Pra que tanto mistério hein?
- Ninguém pode saber que você veio até aqui Ju.- ele me fitou.- É muito importante.
- Você está me assustando Mike. O que está acontecendo?
Ele suspirou e passou a mão no rosto.
- Eu preciso te contar uma coisa. Uma coisa que eu fiz.
- E o que é?
Quando ele ia falar escutamos um barulho de motor perto da praça. Ele se calou e olhou em volta assustado.
- Eu preciso ir.
- O que?
- Desculpa. Mais tarde a gente se fala.- ele me deu um beijo no rosto e saiu apressado.
Fiquei olhando ele sair sem entender nada. Eu tinha me arriscado á toa? Bufei e sai da praça.
Não acredito que ele fez isso. Me deixar curiosa? 
Chutei uma pedra e suspirei. Agora eu teria que entrar em casa sem ninguém me ver. Olhei para o meu joelho machucado.
- Ô vida!
Continuei andando pela calçada distraída. 
Um carro preto parou no meio fio e abaixou o vidro. Ouvi alguém assobiar, mais nem me liguei que era comigo. Continuei andando.
- Ei garota.
Me virei e parei.
- Você mesmo. Vem cá.
O cara era muito estranho e suspeito. Hesitei um pouco.
- Vem logo garota.
- Você deve estar me confundindo com alguém. Desculpa.- me virei e continuei andando.
O carro me seguiu.
- É melhor você fazer o que eu quero garota.
Me virei pra mandar aquele cara pro inferno, mais parei com as palavras na ponta da língua. Ele estava apontando uma arma na minha direção.
Ótimo. Agora eu ia morrer bem ali, em uma rua suja e com a pior roupa de baixo que existe na face da terra.
- Você acha que me assusta com essa arma?- cruzei os braços e fitei o cara.- Eu cresci no meio delas.
Ele riu e guardou a arma de volta no carro.
- Muito bem. Então eu acho melhor você estrar no carro por livre e espontânea vontade.
A porta do carro foi aberta.
- E por que eu faria isso?
- Porque eu posso fazer muitas coisas ruins com você. Sem precisar de uma arma.- ele sorriu.
Suspirei e me aproximei do carro. Só podia ser alguma brincadeira de mal gosto.
Quando estava quase entrando no carro, uma moto virou a esquina em altíssima velocidade. Ela veio se aproximando do carro. Me afastei do carro correndo e me encostei no muro; vi o cara da moto tirar uma arma de dentro da jaqueta e atirar contra o carro. Isso tudo aconteceu tão rápido que eu fiquei zonza.
O carro arrancou, ainda com a porta aberta. Um cara saiu da janela do carro e atirou contra o cara da moto.
Em poucos segundos o carro já tinha virado a esquina. Fiquei encostada no muro, o coração na boca e as pernas bambas.
- Você está bem?
Me virei e vi que era o cara da moto que estava falando comigo; ele ainda estava com o capacete.
- To sim.- disse respirando fundo.- Quem é você?
- Ninguém interessante.- ele respondeu voltando pra moto.- Acho melhor você ir pra casa. Não é muito apropriado ficar andando sozinha pela cidade.- ele deu partida na moto e saiu apressado.
Respirei fundo e tentei controlar os meus batimentos cardíacos. Depois de alguns minutos voltei a andar pela calçada; quando dei dois passos vi alguma coisa brilhando no chão. Me agachei e vi que era um cordão; peguei e fitei o pingente.
- R.- disse baixinho.
Era um daqueles colares iguais os do exército que o soldados usavam como identificação. Girei o pingente nos dedos tentando encontrar mais alguma coisa; em vão. Só estava gravado uma única letra em alto relevo: R.
Guardei o colar no bolso e voltei pra casa o mais rápido possível.

Tive que pular o muro de novo; o que me deu muito trabalho já que não tinha nenhuma árvore do lado de fora da casa. Corri e entrei no meu quarto pela janela. Me sentei na cama e suspirei.
Tirei o colar do bolso e olhei pra ele de novo.
- De quem será esse colar?- disse a mim mesma.- R.
Deixei o colar em cima do criado-mudo e fui tomar um banho. Quase morri de dor quando a água caiu em cima do ralado do meu joelho; fiz um curativo improvisado e desci.
A casa estava silenciosa; percebi que os caras que estavam de guarda tinham sumido. Respirei aliviada e me sentei no sofá.
- Então, quer dizer que você gosta de burlar regras!- meu irmão apareceu na sala.
Olhei pra ele surpresa.
- O que você está fazendo aqui?
- Não mude de assunto Julieta. Eu sei que você saiu de casa hoje.
- Não sei do que você está falando.
- Não insulte minha inteligência.- ele disse se aproximando de mim.- Você infringiu uma regra minha. Isso não é nada legal.
- Você queria que eu ficasse trancada o dia todo em casa?
- Era para o seu próprio bem. Você poderia ter morrido sabia?
Revirei os olhos e bufei.
- Estamos tendo um sério problema Julieta. Os Titãs estão atacando a gente com mais frequência. Eles podem fazer algum mal a você.
- Mais não fizeram.- respondi.- Eu to bem. Viva. Você precisa parar com essa obsessão Ian. Eu não sou nenhuma mocinha indefesa.
Ele suspirou.
- Eu sei. Mais eu prometi pra mamãe que cuidaria de você. Mais fica difícil fazer isso com você fugindo e me desobedecendo o tempo todo.
Não respondi. Ele sentou do meu lado.
- Eu amo você Ju.- segurou minha mão.- Você é a única família que eu tenho. 
- Eu sei que você me ama.- fitei ele.- Mais você não pode me proteger de tudo o tempo todo Ian. Eu tenho que viver minha vida.
- Eu prometo que vou pegar leve de agora em diante.
Sorri e abracei ele.
- Preciso resolver algumas coisas. Promete que vai ficar segura?
- Tá bom. Eu prometo.- sorri.
Ele sorriu e se levantou. Depois que ele saiu da sala eu me levantei e fui para a cozinha comer alguma coisa.
Estava deitada na minha cama observando o colar quando ouvi um barulho no andar de baixo. Me levantei e cheguei no topo da escada. A casa estava escura e silenciosa.
- Ian?- chamei.
Não ouve resposta. Desci dois degraus.
- Ian é você?- chamei de novo.
O barulho estava vindo da cozinha. Desci a escada, peguei o atiçador de lareira e fui andando bem devagar até a cozinha. Apertei o atiçador nas mãos e acendi a luz.
- Mais que merda!- disse abaixando o atiçador.- Não me ouviu chamar?
- Foi mal. Estava com fones.
Era um dos amigos do meu irmão. Ele tirou os fones e fechou a geladeira.
- O que tá fazendo aqui?- perguntei.- Cadê meu irmão?
- Ele está fazendo umas coisinhas na rua.- ele respondeu sentando-se no balcão.
Suspirei.
- Vê se limpa essa bagunça depois.
Sai da cozinha e deixei o atiçador no mesmo lugar. Subi as escadas e voltei para o meu quarto.
Quando abri a porta, vi um vulto pulando a janela. Fiquei parada na porta. Esperei alguns segundos e fui até a janela; vi o vulto pulando o muro e sumir na rua. Me virei e olhei em volta.
Fui até a cama e percebi que o colar tinha sumido.
Olhei pra janela e depois para a cama de novo.
- Eu não acredito nisso.- disse rindo.
Fui até a janela e fitei a rua.
- Quem é você R?- disse baixinho.