Fanfic: Romeu&Julieta (New Version)

A escola estava um inferno no dia seguinte. As pessoas passavam apressadas pelo corredor carregando caixas cheias de coisas; mesas, cadeiras eram carregadas para o ginásio da escola. Estava quase impossível andar pela escola sem trombar com alguém. E tudo isso por causa de um baile de máscaras que vai ter no próximo fim de semana. Uma bobagem que o grêmio da escola inventou para se despedir do primeiro semestre de aulas e dar boas vindas ás férias.
Me sentei no pátio e fiquei observando aquelas pessoas passarem correndo por mim.
- Se eu soubesse que as coisas eram animadas assim por aqui teria voltado a mais tempo.
O garoto novo comentou sentando-se ao meu lado.
- Você não viu nada!
Ele riu e me fitou.
- Você deve ser a única pessoa dessa escola que não está animada com o baile.
- É que eu não gosto muito dessas coisas.- respondi dando de ombros.
- Por que não? Todo mundo gosta de dançar.
- Todo mundo que sabe dançar né.
- Todo mundo sabe dançar.
- Menos eu.- fitei ele.
- Não deve ser pior que eu.
Eu ri.
Ficamos em silêncio observando a bagunça.
- Mais e ai, você vai no baile?- ele perguntou.
- Como membro do grêmio escolar eu sou obrigada á ir.- suspirei.
- Você faz parte do grêmio?- ele perguntou surpreso.
- Por que o espanto?- fitei ele.
- É que você não parece o tipo de pessoa que participa de grêmios.
- Como assim?- fitei ele curiosa.
- Eu quero dizer que você não é como eles.- ele apontou as pessoas que passavam.- Você é bem diferente. De um jeito bom.- ele sorriu.
Sorri sem graça.
- Obrigada. Eu acho.
Ele riu e se levantou.
- Bom, caso você apareça no baile, a gente se vê lá.
- Com certeza. Eu vou ser aquela garota jogada em uma mesa no canto mais afastado do ginásio, com fones de ouvidos.
Ele riu.
- Pelo menos você vai estar lá.- ele sorriu e se afastou.
Fiquei observando ele se afastar com as mãos nos bolsos. Aquele garoto tinha algo de familiar. Eu não sei explicar o que é; só sei que sinto como se já o conhecesse. Suspirei e me levantei. Eu ainda tinha que ajudar na decoração da festa. Sai andando para o ginásio.
Passei o resto do dia pendurando enfeites no ginásio, arrumando as mesas, colocando faixas e flores pelo ginásio. No final do dia mal me aguentava em pé; me sentei em uma das mesas e suspirei.
- Tá fazendo o que ai parada?- a líder do grêmio parou na minha frente.
- Descansando.- respondi.
- Tem muita coisa pra fazer ainda. Pode ir levantando.
- Na verdade ela vai ter que dar uma saída rápida.- alguém disse atrás dela.- Ordens da diretora.
Sorri e me levantei.
- Quem é você?
- Peter Pan.- ele estendeu a mão pra ela.- Vim levar a Sininho ai de volta pra Terra do Nunca.
Ri.
- Muito engraçado.- ela disse com cara feia.
- Obrigado.- ele sorriu.- A gente tem que ir mesmo.- ele disse me olhando.
Andei e parei ao lado dele.
- Te mando um cartão postal.- disse sorrindo.
Enlacei o braço dele e nós saímos andando. Saímos do ginásio e fomos para o portão da frente.
- Você é muito doido.- disse me afastando dele.
- Ela ia fazer você trabalhar que nem escrava. Você deveria estar me agradecendo.
- Obrigada.
- Não há de que.- ele sorriu.
O sinal bateu e as pessoas começaram a sair da escola.
- Bem, tenho que ir agora Peter.- disse sorrindo.- Te vejo na Terra do Nunca.- me virei e comecei a andar.
- Não tá esquecendo de nada?
Me virei e vi que minha mochila estava nas mãos dele. Voltei e peguei.
- Valeu. Só não esqueço a cabeça porque é grudada no pescoço.
Ele riu.
- Posso te oferecer uma carona?
- Não precisa. Meu irmão já deve estar lá fora.
- Isso foi uma desculpa muito esfarrapada.
- É sério. Ele tem mania de super proteção.
Ele suspirou.
- Ok. Então eu te vejo no baile?
- Ainda tem uma semana até lá. Vamos nos ver muitas vezes ainda.
Ele sorriu.
- É mesmo.- ele se aproximou.- Até amanhã então Sininho.
Ri.
- Até.- me virei e sai da escola.

Meu irmão estava me esperando dentro do carro do outro lado da rua.
- Quem era aquele garoto?- ele perguntou quando entrei no carro.
- Só um cara da escola.- respondi.
- Como ele se chama?
- Para Ian. É só um cara da minha escola. Relaxa.- suspirei e me encostei no banco.
Ele deu partida e saiu. Chegamos em casa; ele foi para o escritória tratar de `negócios` com uns caras e eu subi para o meu quarto.
Peguei o telefone e liguei para o Mike. Tocou até cair na caixa de mensagens.
- Mike sou eu Julieta; to muito preocupa contigo, Por favor me liga assim que ouvir esse recado. Beijo.- deixei a mensagem e desliguei.
Deixei o telefone em cima da cama e suspirei. Estava muito preocupada; ele tinha sumido sem deixar pistas nem recados. Me levantei e fui tomar um banho.

Escutei um barulho no andar debaixo; sai do quarto e parei no topo da escada. Eram vozes, bem altas, vindas do escritório. Meu irmão estava gritando com alguém, e esse alguém estava revidando. Me sentei no primeiro degrau da escada e fiquei ouvindo. As vozes estavam abafadas; mais eu sabia que eles estavam brigando porque o tom de voz era grave.
Alguns instantes depois a porta do escritório se abriu e meu irmão saiu carregando um cara pelo braço. O cara xingou ele de um monte de coisas; meu irmão deu um soco na cara dele e o jogou para fora.
Os amigos dele foram atrás do cara.
Quando me viu na escada ele parou e me fitou.
- O que tá fazendo ai?
- Nada.- dei de ombros.- O que houve?
- Nada demais. Esquece isso.- ele saiu para a cozinha.
- Tá bom.- disse pra mim mesma.
Me levantei e voltei para o meu quarto. Assim que entrei o telefone tocou. Peguei ele e atendi.
- Alô?
- Ju?
- Mike?- me sentei na cama.- Que número é esse?
- É de um amigo. Desculpa ter sumido; estava com uns probleminhas. Tá tudo bem?
- Eu que pergunto. O que houve com você?
- Nada. Eu to ótima.
Escutei uns barulhos estranhos no fundo da ligação.
- O que foi isso?
- Nada.- ele disse meio nervoso.- É só...a televisão.
- Onde você está Mike?
- Na casa de um amigo.
Alguém gritou ele; um carro foi ligado.
- Desculpa, tenho que ir.
- O que está acontecendo Mike? Fala comigo.
- Desculpa. Tchau.- ele desligou.
Fiquei com o telefone na mão um bom tempo. Não acredito que ele tinha desligado na minha cara. Ele estava tão estranho; nervoso. Coloquei o telefone no lugar e suspirei. Eu tinha que descobrir o que estava acontecendo com ele; e rápido.
Mais antes eu tinha que dar um jeito de arrumar um vestido para o baile. Me levantei e abri meu armário.
Passei a meia hora seguinte tentando encontrar um vestido que prestasse. Meu irmão sumiu com os amigos dele sem nem me dizer pra onde iria. 
Depois de escolher meticulosamente meu vestido e o resto dos acessórios, os deixei separados em um canto do armário e fui pra cozinha arrumar alguma coisa pra comer. 
A campainha tocou assim que me sentei no sofá. Fui atender.
- Mike?- disse surpresa.
- Posso entrar?
- Claro.- deixei ele passar.
Ele parou no meio da sala e se virou para me fitar.
- Você tá sozinha?
- To. Meu irmão saiu. Por que?
- É que ninguém pode saber que eu vim aqui.
- Lá vem você com esse mistério.- revirei os olhos.- Afinal de contas o que tá acontecendo?
Ele suspirou e sentou no sofá; abaixou a cabeça e permaneceu em silêncio por um tempo. Me sentei no sofá do lado e esperei ele falar.
- Eu não tive escolha.- ele disse por fim.- Foi a única maneira que eu encontrei pra vingar a morte do meu irmão.
- Do que você tá falando?- perguntei confusa.- O que foi que você fez Mike?
Ele me fitou, os olhos tristes.
- Eu sinto muito Ju. Sinto mesmo.
- Você já está me assustando. Sente muito pelo que?
Ele suspirou e passou a mão no rosto.
- Eu tive que me juntar á eles. Eu precisava dessa vingança.
- Se juntar a quem?
- Titãs.- ele respondeu sem me olhar.
Fiquei em choque.
- Você não fez isso. 
- Fiz.- ele me olhou.- Foi a única saída que eu encontrei.
- Como você pode fazer isso Mike?- me levantei.- Depois de tudo que aconteceu com você; com seu irmão. Como você pode se juntar áquelas pessoas?
- Eu sei que foi errado. Mais eu precisava fazer isso Julieta.
- Não, você não precisava.- suspirei.- Você é diferente deles Mike. Você não é um bandido assassino.
- Eles mataram meu irmão.- ele me fitou.- Meu irmão também não era bandido Julieta.- ele se levantou.- Eu precisava me vingar. E eu vou me vingar de cada um deles.
- Se juntando á eles? Não consigo entender você.
- Não precisa entender. Eu só te contei porque eu sei que você iria descobrir mais cedo ou mais tarde.
- Você tinha uma escolha Mike. Uma escolha que eu daria tudo pra ter também. Você podia ser normal; não precisava se envolver nessa sujeira.
- Eu sinto muito. Mais agora é tarde demais.
- Nunca é tarde de mais.
Ele me olhou em silêncio. Eu podia ver a tristeza nos olhos dele.
- Me perdoa.
Abracei ele forte.
- Só me promete uma coisa.
Ele me olhou.
- O que?
- Que não vai ser como eles. Você é melhor do que isso Mike.
- Não se preocupe. Eu vou me vingar deles sem sujar minhas mãos.- ele sorriu de lado.
Suspirei e o abracei de novo. Meu melhor amigo tinha virado um gangster. O que seria de mim agora sem ele do meu lado? Abracei ele mais forte.
- Já que você é um deles agora.- fitei ele.- Será que você poderia pegar meu skate de volta?
Ele riu.
- Não esquenta. Ele já tá comigo.
Sorri.
- Espero que você saiba o que está fazendo.
- Eu sempre sei.
O celular dele tocou.
- Desculpa. Tenho que ir.
- Se cuida ok?
Ele sorriu e me deu um beijo no rosto. Abri a porta e ele foi embora em um carro preto.
A semana passou bem rápido; quando percebi já era sexta. Um dia para o baile de máscaras. Eu estava terminando de arrumar a decoração do ginásio.
- Mais para a esquerda querida.
Revirei os olhos e mudei a cadeira da rainha do baile de lugar de novo.
- Ai está perfeito.
Suspirei e desci do palco que tinha sido montado no fundo do ginásio.
- Mais alguma coisa?- perguntei impaciente.
- Não. Pode ir fazer seja lá o que você tenha pra fazer.
- De nada.- disse saindo do ginásio.
A escola estava um brinco de tão limpa. Nem parecia a mesma escola do começo do ano. As pichações foram apagadas das paredes e os banheiros limpos com produtos de limpeza.
Sai pelo portão de trás e andei pela calçada. 
Ficava meia perdida sem meu skate. Eu não sabia pra onde ir ou o que fazer com meu tempo livre. Resolvi ir pra casa arrumar as coisas para o baile á noite.
Peguei meu vestido deixei ele em cima da cama; meu irmão já tinha avisado que teria gente de olho em mim na festa. Claro que eu protestei; mais ele simplesmente me ignorou e saiu de casa.
Sentei na cama e suspirei. Minha mãe que sempre quis me ver vestida como uma princesa. Olhei pra o vestido e sorri.
Ela ficaria toda boba se me visse naquele vestido de festa. Olhei no relógio; ainda estava cedo. Mais mesmo assim eu fui tomar um banho.
Fiquei mais de uma hora dentro da banheira.
Depois de me vestir e me olhar no espelho umas mil vezes; resolvi que estava bem apresentável. Peguei minha máscara e sai de casa. Um dos amigos do meu irmão me levou até a porta da escola.
- Qualquer coisa é só você me avisar.- ele disse quando sai do carro.
Revirei os olhos e entrei no ginásio.
Não tinha muitas pessoas lá; mais o suficiente pra fazer eu ter falta de ar. Fui para uma mesa em um canto e me sentei.
As músicas passaram de lentas para mais animadas; o ginásio estava ficando ainda mais lotado. 
Em poucos minutos os alunos já estavam espalhados pelo ginásio dançando com copos de ponche nas mãos.
Passei os olhos pelo lugar e parei na entrada.
Tinha um garoto parado na porta do ginásio; ele estava usando uma máscara preta e estava vestindo terno da mesma cor. Parecia um pouco tímido. Os olhos dele passavam pelas mesas sem se demorarem muito nelas.
Até que os olhos dele cruzaram com os meus. Vi um sorriso se formar no canto de seus lábios e ele entrou no ginásio. Ele estava vindo na minha direção. Desviei os olhos e fitei o enfeite de mesa.
- Boa noite.- ele disse parando ao meu lado.
- Boa noite.- respondi sorrindo minimamente.
A música passou de animada para lenta de novo.
- Me daria a honra dessa dança?
Fitei ele surpresa.
- Eu?
Ele sorriu.
- Sim, você.- ele estendeu a mão.
- Eu não sei dançar.
- Desculpa esfarrapada.- ele disse segurando minha mão.
Sorri e me levantei.
- Tudo bem. Mais não diga que eu não avisei.
Ele sorriu e me guiou até a pista de dança. Uma das mãos dele foi para a minha cintura e a outra segurou minha mão. Começamos a dançar lentamente. Os olhos dele não paravam de fitar os meus. Eu conhecia aquele garoto de algum lugar.
- Você estuda aqui?- perguntei.- Nunca te vi na escola.
Ele sorriu mais não respondeu. Encostei a cabeça no ombro dele. Senti alguma coisa gelada no peito dele; levantei a cabeça e vi que era um pingente.
Parei de dançar na hora que vi aquilo.
- O que foi?- ele perguntou me fitando confuso.
- R.- disse tocando no pingente dele.
Ele olhou para o colar.
- É a inicial do meu nome.- ele disse me olhando.- Qual o problema?
Fitei ele sem saber o que dizer. Ele era o R. O cara da moto e o mesmo cara que tinha invadido meu quarto á noite. Me afastei dele e o fitei.
- É você!
- Sou eu o que?
Eu abri a boca para responder, mais um barulho na entrada do ginásio fez eu me calar e olhar naquela direção. Todo mundo parou de dançar e ficaram parados na pista.
Tinha um grupo parado na entrada do ginásio. Todos estavam de preto e nenhum usava máscaras.
- Droga!- escutei ele dizer.- Tenho que ir.
Ele saiu apressado passando no meio das pessoas. Eu não podia deixar ele ir sem uma explicação. Afinal, ele tinha invadido meu quarto. Fui atrás dele.
- Espera ai!
Ele foi para o estacionamento e eu fui atrás. Ele não ia escapar de mim, de novo.