Fanfics Brasil - A Profecia de Durga A Maldiçao do Tigre AyA

Fanfic: A Maldiçao do Tigre AyA | Tema: RBD AyA


Capítulo: A Profecia de Durga

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Levantei-me devagar, bati a poeira dos braços e encontrei a lanterna. Senti a mão de Poncho agarrar o meu ombro enquanto ele me fazia girar e me examinava.
       - Anahi, você está bem? Você se machucou?
       - Não. Estou bem. Então, acabamos aqui? A caverna de Kanheri foi divertida e tudo o mais, só que agora eu queria ir para casa.
       - Sim - concordou Poncho. - Vamos voltar para o carro. Fique bem perto de mim. Animais que estavam dormindo quando atravessamos a selva estão acordados agora, e caçando. Precisamos ter cuidado.
Ele apertou o meu ombro, metamorfoseou-se novamente em tigre e se dirigiu para o meio das
árvores. Parecia que estávamos no lado mais distante das cavernas, talvez um quilômetro além delas, na base de um morro íngreme. Poncho me guiou, contornando o morro até os degraus de pedra que havíamos subido tantas horas atrás. Na verdade, era melhor andar pela selva à noite, já que eu não podia ver todas as criaturas assustadoras que certamente nos espiavam, mas, depois de uma hora e meia, eu nem me importava se havia animais me observando ou não. Estava morta de cansaço. Mal conseguia manter os olhos abertos e as pernas em movimento. Bocejando pela centésima vez, perguntei outra vez a Poncho:
       - Já chegamos?
Ele rosnou em resposta e então parou repentinamente, abaixou a cabeça e espreitou a
escuridão. Com os olhos fixos na selva, Poncho se transformou em homem e sussurrou:
       - Estamos sendo caçados. Quando eu disser corra, vá por ali e não olhe para trás... Corra!
Ele apontou para a minha esquerda e se lançou dentro da floresta escura como tigre. Logo ouvi
um rugido impressionante e ameaçador sacudir as árvores. Despertando meu corpo cansado, saí em disparada. Não tinha a menor ideia de para onde estava indo, mas tentei me manter na
direção que ele apontara. Corri pelo meio da selva por cerca de 15 minutos antes de reduzir o
ritmo. Respirando pesadamente, parei e fiquei escutando os sons na escuridão. Ouvi felinos, felinos grandes, lutando. Pareciam estar a mais de um quilômetro dali, mas eram ruidosos. Outros animais estavam em silêncio. Deviam estar ouvindo a briga também. Rosnados e rugidos profundos ecoavam pela selva. Pareciam vir de mais do que dois animais e comecei a me preocupar com Poncho. Andei por outros 15 minutos, os ouvidos atentos, tentando distinguir os sons de Poncho do som dos outros animais. De repente, fez-se um silêncio mortal. Será que ele os afugentou? Será que está bem? Devo voltar e tentar ajudá-lo?
Morcegos voejavam acima de minha cabeça à luz da lua, enquanto eu refazia meus passos
apressadamente. Eu havia percorrido cerca de meio quilômetro no que esperava fosse a direção certa quando ouvi estalos e um farfalhar nos arbustos e vi um par de olhos amarelos me observando da escuridão.
       - Poncho? É você?
Uma forma emergiu dos arbustos e se abaixou, me observando. Não era Poncho. Uma pantera negra me encarava, avaliando minha capacidade de luta. Eu não me mexi. Sabia que, se me movesse, ela saltaria imediatamente sobre mim. Empertiguei-me em minha altura máxima e tentei parecer grande demais para ser comida. Analisamos uma à outra por mais um minuto.
Então, a pantera saltou. Num momento ela estava agachada, a cauda batendo de um lado
para outro, e no momento seguinte ela acelerava na direção da minha cabeça. As garras afiadas da pantera estavam estendidas e reluziam à luz da lua. Paralisada, fiquei ali, olhando as garras e a bocarra cheia de dentes do felino que se aproximava, rosnando, do meu rosto e do meu pescoço. Gritei, ergui as mãos para proteger a cabeça e esperei que garras e dentes rasgassem minha garganta. Ouvi um rugido, senti uma lufada de ar roçar o meu rosto e então... nada. Abri os olhos e girei, procurando a pantera. O que aconteceu? Como ela pode ter errado o salto? Um lampejo branco e preto rolou entre as árvores. Era Poncho! Ele havia atacado a pantera em pleno ar e a tirara de meu caminho. A pantera grunhiu para Poncho e o rodeou por um momento, mas Poncho rosnou de volta e deu com a pata na cara dela. A pantera, não querendo enfrentar um felino duas vezes maior que ela, rugiu novamente e disparou selva adentro. A espectral silhueta branca e preta de Poncho mancou em meio às árvores até mim. Havia arranhões cobertos de sangue nas suas costas e a pata direita estava machucada, talvez quebrada, fazendo-o mancar. Em um segundo, ele se transformou em homem e caiu aos meus pés, arfando. Segurou a minha mão.
        - Você está ferida? - perguntou ele.
Abaixei-me perto dele e abracei seu pescoço com força, aliviada por ambos termos sobrevivido.
       - Estou bem. Obrigada por me salvar. Estou tão feliz que você esteja vivo. Consegue andar?
Poncho assentiu, me dirigiu um sorriso débil e retornou à sua forma de tigre branco. Com uma
lambida na pata, ele inspirou profundamente e começou a andar.
       - Então vamos. Estou bem atrás de você.
Mais uma hora de caminhada e chegamos ao Jeep. Cansados demais para fazer qualquer outra
coisa, bebemos litros de água cada um, rebatemos o banco traseiro e nos deitamos. Caí
em um sono profundo, com o braço apoiado em Poncho. O sol se ergueu rápido demais e começou a esquentar o carro. Acordei empapada de suor. Meu corpo inteiro estava dolorido e imundo. Poncho também estava exausto e ainda sonolento, mas seus arranhões não pareciam tão ruins. Na verdade, surpreendentemente, estavam quase cicatrizados. Eu sentia minha língua áspera e grossa, e tinha uma dor de cabeça terrível. Gemi ao me sentar.
       - Argh, eu me sinto péssima, e nem tive que lutar com panteras. Um chuveiro e uma cama macia são tudo de que preciso. Vamos para casa.
Abrindo a mochila, verifiquei cada uma das câmeras e os desenhos de carvão e os guardei
antes de dar partida no Jeep e me misturar ao trânsito matinal. Quando chegamos, o Sr. Kamal surgiu correndo pela porta e começou a me encher de perguntas. Entreguei-lhe a mochila e caminhei como um zumbi na direção da casa, murmurando:
       - Chuveiro. Dormir.
Subi as escadas, tirei as roupas sujas e entrei no boxe. Quase dormi em pé sob a água morna que batia nas minhas costas, massageando minhas dores e lavando o suor e a lama. Obriguei-me a despertar para ensaboar o cabelo e não sei como consegui sair e me secar. Vesti o pijama e caí na cama. Cerca de 12 horas depois acordei diante de uma bandeja coberta e me dei conta de que estava morrendo de fome. O Sr. Kamal havia se superado. Uma pilha de crepes se erguia ao lado de um prato de rodelas de banana, morangos e mirtilos, acompanhados de calda de morango, uma tigela de iogurte e uma caneca de chocolate quente. Ataquei meu lanche da meia-noite. Comi todos os deliciosos crepes e então levei o chocolate para a varanda. Estava frio do lado de fora, então me aconcheguei em uma cadeira confortável, me enrolei na minha colcha e fiquei bebericando o chocolate quente. Uma brisa soprava meus cabelos no rosto e, quando levei a mão para afastá-los, percebi, desolada, que de tão cansada eu esquecera de penteá-los depois do banho. Fui pegar a escova e voltei para minha cadeira aconchegante.
Escovar meu cabelo já era bem difícil depois do banho. Deixá-lo secar sem pentear era um erro
imperdoável. Ele estava cheio de nós e eu não havia feito muito progresso quando a porta no
fim da varanda se abriu e Poncho apareceu. Dei um gritinho, assustada, e me escondi atrás dos cabelos. Perfeito, Annie. Ele ainda estava descalço, mas vestia calça cáqui e uma camisa de botões azul-celeste que combinava perfeitamente com seus olhos. O efeito era magnético e ali estava eu em um pijama de flanela com uma moita gigantesca na cabeça. Poncho se sentou diante de mim e disse:
       - Boa noite, Anahi. Dormiu bem?
       - Dormi. E você?
Ele exibiu seu sorriso branco deslumbrante e assentiu levemente com a cabeça.
       - Você está com algum problema? - perguntou, observando com uma expressão divertida minha tentativa de desembaraçar os cabelos.
       - Não. Está tudo sob controle.
Eu queria desviar sua atenção do meu cabelo, então disse:
       - Como estão suas costas e seu... braço?
Ele sorriu.
       - Estão ótimos. Obrigado por perguntar.
       - Poncho, por que você não está usando branco? Até agora não tinha visto você com roupas de outra cor. É porque sua camisa branca rasgou?
       - Não - respondeu ele. - Eu só quis usar alguma coisa diferente. Na verdade, quando mudo para a forma de tigre e volto, minhas roupas brancas reaparecem. Se eu mudasse para tigre agora e então voltasse à forma humana, estas roupas seriam substituídas pelas velhas brancas.
       - Elas ainda estariam rasgadas e sujas de sangue?
       - Não. Quando reapareço, elas estão limpas e inteiras novamente.
       - Ah. Sorte sua. Seria bem embaraçoso se você aparecesse nu toda vez que se transformasse.
Tive vontade de morder a língua assim que as palavras saíram e corei de vergonha. Tentei
encobrir minha mancada jogando o cabelo para a frente do rosto e lutando com os nós.
Ele sorriu.
       - É. Sorte minha.
Puxei a escova pelo cabelo e me encolhi.
       - Isso levanta outra pergunta.
Poncho se pôs de pé e pegou a escova da minha mão.
       - O que... o que você está fazendo? - gaguejei.
       - Relaxe. Você está muito nervosa.
Ele não fazia idéia. Colocando-se atrás de mim, Poncho pegou uma mecha do meu cabelo e começou a escová-lo delicadamente. A princípio fiquei nervosa, mas suas mãos em meu cabelo eram tão quentes e reconfortantes que logo relaxei na cadeira, fechei os olhos e deixei a cabeça cair para trás. Depois de um minuto de escovação, ele afastou uma mecha do meu pescoço, inclinou-se e sussurrou no meu ouvido:
       - O que você queria me perguntar?
Levei um susto.
       - Ah... o quê? - murmurei, confusa.
       - Você queria me fazer uma pergunta.
       - Ah, sim. Era... é... isso é gostoso.
Será que eu disse isso em voz alta? Poncho riu baixinho.
       - Isso não é uma pergunta.
É, acho que disse.
       - Era alguma coisa sobre eu me transformar em tigre?
       - Ah, sim. Agora lembrei. Você pode mudar para uma forma e outra várias vezes por dia, certo? Tem um limite?
       - Não. Não tem limite, desde que eu não assuma a forma humana por mais de 24 minutos a cada 24 horas. - Ele passou para outra seção do cabelo. - Mais alguma pergunta?
       - Sim... sobre o labirinto. Você estava usando seu faro, mas tudo o que eu sentia era um cheiro horrível de enxofre. O que você estava seguindo?
       - Na verdade, eu estava seguindo o aroma da flor de lótus. É a flor favorita de Durga, a mesma que está no Selo. Deduzi que aquele era o caminho certo a seguir.
Poncho terminou com o meu cabelo, pousou a escova na mesa e então começou a massagear
levemente meus ombros. Mais uma vez fiquei tensa, mas as mãos dele eram tão quentes e a
massagem tão gostosa que me recostei na cadeira e comecei lentamente a derreter.
Em estado de extrema tranquilidade, minha voz soou arrastada e indistinta:
       - Aroma de lótus? Como você podia sentir esse odor com todos os cheiros fortes de lá?
Ele tocou meu nariz com a ponta do dedo.
       - Faro de tigre. Posso sentir o cheiro de muitas coisas que as pessoas não percebem. - Ele
apertou meus ombros uma última vez e disse: - Pronto, Anahi. Vá se vestir. Temos trabalho a
fazer.
Poncho deu a volta até a frente da cadeira e me ofereceu sua mão. Pus a minha na dele e senti
centelhas elétricas formigarem e percorrerem o meu braço. Ele sorriu e me beijou os dedos.
Atarantada, perguntei:
       - Você sentiu isso também?
O príncipe indiano piscou o olho para mim.
       - Certamente.
Alguma coisa na forma como ele disse "certamente" fez com que eu me perguntasse se
estávamos falando da mesma coisa. Depois de me vestir, desci para a sala do pavão e
encontrei o Sr. Kamal debruçado sobre uma mesa grande onde havia vários livros
empilhados. Poncho, o tigre, encontrava-se acomodado ao lado dele em um divã.
Arrastei outra cadeira até a mesa e empurrei para um lado uma grande
pilha de livros, para que eu pudesse ver em que o Sr. Kamal estava trabalhando.
Ele esfregou os olhos cansados e vermelhos.
       - Está trabalhando nisto desde que chegamos em casa, Sr. Kamal?
       - Sim. É fascinante! Já traduzi o que estava escrito na impressão que você fez com o carvão e agora estou trabalhando nas fotos que tirou do monólito.
Ele me entregou suas anotações.
       - Poxa, o senhor trabalhou um bocado! - comentei, admirada. - O que acha que "quatro
oferendas" e "cinco sacrifícios" significam?
       - Não tenho certeza - replicou o Sr. Kamal -, mas
acho que pode significar que sua busca ainda não
acabou. Deve haver mais tarefas que você e Poncho
precisam realizar antes que o feitiço seja
quebrado. Por exemplo, acabei de traduzir um
dos lados do monólito e ele indica que vocês têm
que ir a outro lugar buscar um objeto, uma
oferenda, que vocês darão a Durga. Terão que
encontrar quatro oferendas. Meu palpite é que
haja uma oferenda diferente mencionada em
cada lado do monólito. Receio que estejam
apenas no primeiro degrau dessa jornada.


 


 




       - Entendi. Então o que diz esse primeiro lado?
O Sr. Kamal empurrou um pedaço de papel na
minha direção.


 



 


 



       - Sr. Kamal, o que é o reino de Hanuman?
       - Estou pesquisando isso - respondeu. - Hanuman
é o deus macaco. Dizem que seu reino é
Kishkindha, ou o Reino dos Macacos. Existe uma
grande polêmica quanto à localização de
Kishkindha, mas, de acordo com o pensamento
corrente, o mais provável é que as ruínas de
Hampi estejam sobre a antiga Kishkindha, ou
perto dela.
Dentre a pilha na mesa, puxei um livro que tinha
mapas detalhados, encontrei Hampi no índice e
folheei as páginas. Hampi se localizava na
metade inferior da índia, na região sudoeste.
       - Isso significa que temos que ir para Kishkindha,
enfrentar um deus macaco e encontrar um tipo
de galho?
       - Acredito que o que vocês vão procurar seja, na
verdade, o fruto proibido - respondeu o Sr.
Kamal.
       - Como Adão e Eva? É desse fruto proibido que o
senhor está falando?
       - Não. O fruto é uma recompensa mitológica
bastante comum, que simboliza a vida. As
pessoas precisam comer e dependemos dos
frutos da terra para nosso sustento. Diferentes
culturas celebram os frutos ou a colheita de
formas variadas.
O Sr. Kamal sorriu e voltou para suas traduções.
Peguei alguns livros sobre a cultura e a história
da Índia, segui para uma poltrona confortável e
sentei-me com uma almofada para ler. Poncho saltou
do banco e enroscou-se aos meus pés, ou melhor,
em cima dos meus pés, mantendo-os aquecidos,
enquanto o Sr. Kamal continuava a pesquisar em
sua mesa.
Tive a sensação de estar de volta à biblioteca dos
meus pais. Parecia natural me sentar ali,
relaxada, na companhia daqueles dois, embora
eles estivessem sob o efeito de elementos não
naturais. Estendi a mão para coçar Poncho atrás da
orelha. Ele ronronou, contente, mas não abriu os
olhos. Então dirigi um sorriso ao Sr. Kamal,
embora ele não o tivesse visto. Eu me sentia feliz
e completa, como se pertencesse àquele lugar.
Deixando de lado minhas reflexões, encontrei um
capítulo sobre Hanuman e comecei a ler.
"Ele é um deus hindu, a personificação da
devoção e da grande força física. Serviu ao seu
senhor Rama indo para Lanka encontrar a esposa
de Rama, Sita."
Puxa... quantos nomes.
"Lá descobriu que ela havia sido capturada pelo
rei de Lanka, chamado Ravana. Houve uma
grande batalha entre Rama e Ravana, e, durante
esse período, o irmão de Rama adoeceu.
Hanuman foi até a cordilheira do Himalaia
procurar uma erva para ajudar a curar o irmão de
Rama, mas não conseguiu identificar a erva e,
então, trouxe de volta toda a montanha."
Eu me pergunto como exatamente ele moveu a
montanha. Espero que não tenhamos que fazer
isso.
"Hanuman tornou-se imortal e invencível. Ele é
meio humano e meio macaco, além de ser mais
rápido e mais poderoso que todos os outros
símios. Filho de um deus do vento, Hanuman
ainda hoje é venerado por muitos hindus, que
todos os anos cantam seus hinos e celebram seu
nascimento."
       - Homem-macaco forte, capaz de mover
montanhas, cantor. Entendi - murmurei,
sonolenta.
A noite avançava e eu me sentia cansada, apesar
de meu longo repouso mais cedo. Pus o livro de
lado e, com Poncho ainda enroscado nos meus pés,
cochilei um pouco.
Deixei o Sr. Kamal sozinho na maior parte do dia
seguinte, encorajando-o a dormir um pouco. Ele
ficara acordado a noite toda, então procurei me
movimentar pela casa em silêncio.
No fim da tarde, ele me visitou na varanda. Sorria
quando nos sentamos.
       - Srta. Anahi, como está passando? Esses fardos
devem estar sendo muito pesados para a
senhorita, principalmente agora que sabemos
que vocês têm outras jornadas pela frente.
       - Estou bem, de verdade. O que é um pouco de
suco de besouro entre amigos?
Ele sorriu, mas logo sua expressão tornou a ficar
séria.
       - Se sentir que está sendo exigida demais... eu...
eu não quero colocá-la em perigo. A senhorita se
tornou muito importante para mim.
       - Está tudo bem, Sr. Kamal. Não se preocupe. Foi
para isso que eu nasci, não foi? Além disso, Poncho
precisa da minha ajuda. Se eu não o ajudar, ele
vai ficar condenado ao corpo de um tigre para
sempre.
O Sr. Kamal deu tapinhas na minha mão.
       - A senhorita é muito brava e corajosa. Uma
jovem admirável, como não vejo há muito, muito
tempo. Espero que Poncho perceba a sorte que tem.
Corei e olhei para a piscina.
       - Pelo que deduzi até agora - prosseguiu ele -,
precisamos ir agora para Hampi. A distância até
lá é grande demais para vocês dois irem
sozinhos. Vou acompanhá-los nessa jornada.
Partiremos amanhã cedo. Quero que você
descanse o máximo possível hoje. Ainda temos
algumas horas de luz do dia. Você deve relaxar.
Por que não dá um mergulho na piscina?
Depois que o Sr. Kamal saiu, pensei no que ele
dissera. Nadar seria relaxante.
Vesti um maiô, passei filtro solar e mergulhei na
água fresca.
Nadei dando várias voltas na piscina e então
fiquei boiando de costas, olhando as palmeiras
que se erguiam acima de mim. O sol já estava na
altura das árvores, mas o ar ainda era quente e
agradável. Ouvi um ruído na lateral da piscina e
vi Poncho deitado na borda me observando nadar.
Mergulhei, nadei até onde ele estava e então
botei a cabeça para fora da água.
       - Ei, Poncho.
Joguei água nele e ri. O tigre branco resmungou,
bufando.
       - Não quer brincar? Certo, como quiser.
Nadei mais um pouco e finalmente decidi que era
melhor entrar, pois meus dedos estavam
murchos feito ameixas secas. Enrolando meu
corpo e meu cabelo numa toalha, segui em
direção à escada para tomar um banho. Saí do
banheiro e encontrei Poncho deitado no tapete.
Havia uma rosa azul- prateada sobre o meu
travesseiro.
      - Isto é para mim?
Poncho emitiu um ruído de tigre que parecia querer
dizer sim.
Levando a flor ao nariz, aspirei profundamente a
doce fragrância e me deitei de bruços para olhar
o tigre ao lado da minha cama.
       - Obrigada, Poncho. É linda!
Dei-lhe um beijo no alto da cabeça peluda, cocei
atrás de suas orelhas e ri quando ele inclinou a
cabeça para que eu coçasse mais. 
       - Quer que eu leia um pouco mais de Romeu e
Julieta para você?
Ele ergueu uma pata e a colocou na minha perna.
       - Acho que isso significa sim. Muito bem, vamos
ver. Onde estávamos? Ah, Ato II, Cena III. Entram
Frei Lourenço e Romeu em seguida.
Tínhamos acabado a cena em que Romeu mata
Teobaldo quando Poncho me interrompeu.
       - Romeu era um tolo - disse ele, repentinamente
na forma humana. - Seu grande erro foi não
anunciar o casamento. Ele devia ter contado para
as duas famílias. Manter o casamento em
segredo é o que vai destruir Romeu. Segredos
assim podem ser a ruína de qualquer homem.
Quase sempre são mais destrutivos do que a
espada.
Poncho então ficou quieto, perdido em pensamentos.
       - Devo continuar? - perguntei.
Ele despertou da momentânea melancolia e
sorriu.
       - Por favor.
Mudei de posição, recostando-me na cabeceira, e
puxei uma almofada para o meu colo. Ele voltou
à forma de tigre e saltou para o pé da cama.
Estirou-se de lado sobre o imenso colchão.
Recomecei a ler. Todas as vezes que eu lia
alguma coisa de que Poncho não gostava, ele
abanava a cauda, aborrecido.
       - Pare com essa cauda, Poncho! Está fazendo
cócegas nos meus pés!
Essa declaração só o estimulou a repetir ainda
mais o gesto. Quando cheguei ao fim da peça,
fechei o livro e olhei para Poncho, querendo ver se
ainda estava acordado. Estava, e havia voltado à
forma humana. Ainda se encontrava deitado de
lado no pé da cama, com a cabeça apoiada no
braço.
       - O que achou? - perguntei. - Ficou surpreso com
o desfecho?
Poncho pensou antes de responder.
       - Sim e não. Romeu tomou algumas decisões
ruins ao longo de toda a história. Estava mais
preocupado consigo mesmo do que com a
mulher. Ele não a merecia.
       - O final o desagradou tanto assim? A maioria das
pessoas se concentra no romance que há na
peça, na tragédia de nunca poderem ficar juntos.
Lamento que não tenha gostado.
O rosto pensativo de Poncho se alegrou.
        - Ao contrário, gostei bastante. Não tenho
ninguém com quem conversar sobre peças de
teatro ou poesia faz... bem, desde que meus pais
morreram. Para falar a verdade, eu costumava
escrever poesia.
       - Também sinto falta de ter alguém com quem
conversar - admiti baixinho.
O lindo rosto de Poncho se iluminou com um sorriso
caloroso e eu de repente fiquei preocupada com
um fiapo na manga da minha blusa. Ele saltou da
cama, pegou minha mão e fez uma mesura
profunda.
       - Talvez, da próxima vez, eu leia um poema meu
para você.
Ele virou minha mão e depositou um beijo suave
e demorado na palma. Seus olhos cintilaram,
travessos.
       - Deixo-a com um "beijo. Boa noite, Anahi.
Poncho fechou a porta silenciosamente atrás de si e
eu puxei as cobertas até o queixo. A palma de
minha mão ainda formigava no local onde ele a
beijara. Tornei a cheirar minha rosa, sorri e a
enfiei no arranjo sobre a cômoda.
Ajeitando-me sob as cobertas, suspirei,
sonhadora, e adormeci.



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Autor(a): ju10linha

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Na manhã seguinte, ao me levantar, encontreiuma mochila parcialmente cheia ao lado daminha porta, com um bilhete do Sr. Kamal. Eledizia que eu devia pegar roupas suficientes paratrês ou quatro dias e incluir meu maiô.O maiô, pendurado para secar durante a noite,estava seco. Joguei-o na bolsa, incluí uma toalhapor segurança, empilhei o r ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 98



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • franmarmentini♥ Postado em 10/09/2015 - 15:59:39

    OLÁAAAAAAAAAAAAAA AMORE ESTOU POSTANDO UMA FIC* TE ESPERO LÁ BJUS http://fanfics.com.br/fanfic/49177/em-nome-do-amor-anahi-e-alfonso

  • Elis Herrera ❤ Postado em 23/04/2015 - 16:57:14

    Postaaaaaaaa =(

  • franmarmentini♥♥ Postado em 02/04/2015 - 17:30:00

    AMORESSSSSSSSS IREI VIAJAR E JÁ TO COM VÁRIAS FICS EM ATRASO MINHA VIDA TA UMA LOUCURA MAS NUNCA NUNCA VOU DEIXAR DE LER...VOU IR VISITAR A CIDADE ONDE MINHA MÃE ESTÁ INTERRADA QUE FICA PERTO DE PITANGA PARANÁ E É NO SITIO ENTÃO PROVAVELMENTE EU NÃO TENHA COMO LER PQ TENHO MUITOS TIOS LÁ E QUERO VER SE CONSIGO VISITAR TODOS...VOLTO NA TERÇA FEIRA E PROMETO TENTAR COLOCAR EM DIA TODAS AS FICS O QUANTO ANTES BJUSSSSSSSSSSSSSSSS A TODAS AMO VCS!!!!!!!!! FUI....

  • franmarmentini Postado em 29/01/2015 - 08:39:07

    thatyponny o que vai acontecer??? quero aya juntosssssssssssssss :/ agora vc me deixou apriensiva..;.

  • franmarmentini Postado em 29/01/2015 - 08:37:34

    quero felipe bem longeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee eeeeeeeeeeeeeee da any,,,,e não vejo a hora dela encontrar o poncho logo :)

  • elis_maria Postado em 23/01/2015 - 12:43:03

    Posta mais...

  • thatyponny Postado em 08/01/2015 - 14:14:54

    VOCÊ NÃO SABE QUANTO EU ESPEREI, ESPEREI TANTO QUE JÁ LI TODOS OS LIVROS, MAS LER EM PONNY É UM AMOR O RUIM É QUE EU SEI O QUE VAI ACONTECER.

  • franmarmentini Postado em 04/01/2015 - 16:50:57

    Ebaaaaaaaaaaa

  • franmarmentini Postado em 08/12/2014 - 11:48:24

    cade vc?? :(

  • elis_herrera Postado em 20/10/2014 - 20:39:49

    Olá, continua... gostei de sua fic.


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