Fanfic: A Maldiçao do Tigre AyA | Tema: RBD AyA
Levantei-me devagar, bati a poeira dos braços e encontrei a lanterna. Senti a mão de Poncho agarrar o meu ombro enquanto ele me fazia girar e me examinava.
- Anahi, você está bem? Você se machucou?
- Não. Estou bem. Então, acabamos aqui? A caverna de Kanheri foi divertida e tudo o mais, só que agora eu queria ir para casa.
- Sim - concordou Poncho. - Vamos voltar para o carro. Fique bem perto de mim. Animais que estavam dormindo quando atravessamos a selva estão acordados agora, e caçando. Precisamos ter cuidado.
Ele apertou o meu ombro, metamorfoseou-se novamente em tigre e se dirigiu para o meio das
árvores. Parecia que estávamos no lado mais distante das cavernas, talvez um quilômetro além delas, na base de um morro íngreme. Poncho me guiou, contornando o morro até os degraus de pedra que havíamos subido tantas horas atrás. Na verdade, era melhor andar pela selva à noite, já que eu não podia ver todas as criaturas assustadoras que certamente nos espiavam, mas, depois de uma hora e meia, eu nem me importava se havia animais me observando ou não. Estava morta de cansaço. Mal conseguia manter os olhos abertos e as pernas em movimento. Bocejando pela centésima vez, perguntei outra vez a Poncho:
- Já chegamos?
Ele rosnou em resposta e então parou repentinamente, abaixou a cabeça e espreitou a
escuridão. Com os olhos fixos na selva, Poncho se transformou em homem e sussurrou:
- Estamos sendo caçados. Quando eu disser corra, vá por ali e não olhe para trás... Corra!
Ele apontou para a minha esquerda e se lançou dentro da floresta escura como tigre. Logo ouvi
um rugido impressionante e ameaçador sacudir as árvores. Despertando meu corpo cansado, saí em disparada. Não tinha a menor ideia de para onde estava indo, mas tentei me manter na
direção que ele apontara. Corri pelo meio da selva por cerca de 15 minutos antes de reduzir o
ritmo. Respirando pesadamente, parei e fiquei escutando os sons na escuridão. Ouvi felinos, felinos grandes, lutando. Pareciam estar a mais de um quilômetro dali, mas eram ruidosos. Outros animais estavam em silêncio. Deviam estar ouvindo a briga também. Rosnados e rugidos profundos ecoavam pela selva. Pareciam vir de mais do que dois animais e comecei a me preocupar com Poncho. Andei por outros 15 minutos, os ouvidos atentos, tentando distinguir os sons de Poncho do som dos outros animais. De repente, fez-se um silêncio mortal. Será que ele os afugentou? Será que está bem? Devo voltar e tentar ajudá-lo?
Morcegos voejavam acima de minha cabeça à luz da lua, enquanto eu refazia meus passos
apressadamente. Eu havia percorrido cerca de meio quilômetro no que esperava fosse a direção certa quando ouvi estalos e um farfalhar nos arbustos e vi um par de olhos amarelos me observando da escuridão.
- Poncho? É você?
Uma forma emergiu dos arbustos e se abaixou, me observando. Não era Poncho. Uma pantera negra me encarava, avaliando minha capacidade de luta. Eu não me mexi. Sabia que, se me movesse, ela saltaria imediatamente sobre mim. Empertiguei-me em minha altura máxima e tentei parecer grande demais para ser comida. Analisamos uma à outra por mais um minuto.
Então, a pantera saltou. Num momento ela estava agachada, a cauda batendo de um lado
para outro, e no momento seguinte ela acelerava na direção da minha cabeça. As garras afiadas da pantera estavam estendidas e reluziam à luz da lua. Paralisada, fiquei ali, olhando as garras e a bocarra cheia de dentes do felino que se aproximava, rosnando, do meu rosto e do meu pescoço. Gritei, ergui as mãos para proteger a cabeça e esperei que garras e dentes rasgassem minha garganta. Ouvi um rugido, senti uma lufada de ar roçar o meu rosto e então... nada. Abri os olhos e girei, procurando a pantera. O que aconteceu? Como ela pode ter errado o salto? Um lampejo branco e preto rolou entre as árvores. Era Poncho! Ele havia atacado a pantera em pleno ar e a tirara de meu caminho. A pantera grunhiu para Poncho e o rodeou por um momento, mas Poncho rosnou de volta e deu com a pata na cara dela. A pantera, não querendo enfrentar um felino duas vezes maior que ela, rugiu novamente e disparou selva adentro. A espectral silhueta branca e preta de Poncho mancou em meio às árvores até mim. Havia arranhões cobertos de sangue nas suas costas e a pata direita estava machucada, talvez quebrada, fazendo-o mancar. Em um segundo, ele se transformou em homem e caiu aos meus pés, arfando. Segurou a minha mão.
- Você está ferida? - perguntou ele.
Abaixei-me perto dele e abracei seu pescoço com força, aliviada por ambos termos sobrevivido.
- Estou bem. Obrigada por me salvar. Estou tão feliz que você esteja vivo. Consegue andar?
Poncho assentiu, me dirigiu um sorriso débil e retornou à sua forma de tigre branco. Com uma
lambida na pata, ele inspirou profundamente e começou a andar.
- Então vamos. Estou bem atrás de você.
Mais uma hora de caminhada e chegamos ao Jeep. Cansados demais para fazer qualquer outra
coisa, bebemos litros de água cada um, rebatemos o banco traseiro e nos deitamos. Caí
em um sono profundo, com o braço apoiado em Poncho. O sol se ergueu rápido demais e começou a esquentar o carro. Acordei empapada de suor. Meu corpo inteiro estava dolorido e imundo. Poncho também estava exausto e ainda sonolento, mas seus arranhões não pareciam tão ruins. Na verdade, surpreendentemente, estavam quase cicatrizados. Eu sentia minha língua áspera e grossa, e tinha uma dor de cabeça terrível. Gemi ao me sentar.
- Argh, eu me sinto péssima, e nem tive que lutar com panteras. Um chuveiro e uma cama macia são tudo de que preciso. Vamos para casa.
Abrindo a mochila, verifiquei cada uma das câmeras e os desenhos de carvão e os guardei
antes de dar partida no Jeep e me misturar ao trânsito matinal. Quando chegamos, o Sr. Kamal surgiu correndo pela porta e começou a me encher de perguntas. Entreguei-lhe a mochila e caminhei como um zumbi na direção da casa, murmurando:
- Chuveiro. Dormir.
Subi as escadas, tirei as roupas sujas e entrei no boxe. Quase dormi em pé sob a água morna que batia nas minhas costas, massageando minhas dores e lavando o suor e a lama. Obriguei-me a despertar para ensaboar o cabelo e não sei como consegui sair e me secar. Vesti o pijama e caí na cama. Cerca de 12 horas depois acordei diante de uma bandeja coberta e me dei conta de que estava morrendo de fome. O Sr. Kamal havia se superado. Uma pilha de crepes se erguia ao lado de um prato de rodelas de banana, morangos e mirtilos, acompanhados de calda de morango, uma tigela de iogurte e uma caneca de chocolate quente. Ataquei meu lanche da meia-noite. Comi todos os deliciosos crepes e então levei o chocolate para a varanda. Estava frio do lado de fora, então me aconcheguei em uma cadeira confortável, me enrolei na minha colcha e fiquei bebericando o chocolate quente. Uma brisa soprava meus cabelos no rosto e, quando levei a mão para afastá-los, percebi, desolada, que de tão cansada eu esquecera de penteá-los depois do banho. Fui pegar a escova e voltei para minha cadeira aconchegante.
Escovar meu cabelo já era bem difícil depois do banho. Deixá-lo secar sem pentear era um erro
imperdoável. Ele estava cheio de nós e eu não havia feito muito progresso quando a porta no
fim da varanda se abriu e Poncho apareceu. Dei um gritinho, assustada, e me escondi atrás dos cabelos. Perfeito, Annie. Ele ainda estava descalço, mas vestia calça cáqui e uma camisa de botões azul-celeste que combinava perfeitamente com seus olhos. O efeito era magnético e ali estava eu em um pijama de flanela com uma moita gigantesca na cabeça. Poncho se sentou diante de mim e disse:
- Boa noite, Anahi. Dormiu bem?
- Dormi. E você?
Ele exibiu seu sorriso branco deslumbrante e assentiu levemente com a cabeça.
- Você está com algum problema? - perguntou, observando com uma expressão divertida minha tentativa de desembaraçar os cabelos.
- Não. Está tudo sob controle.
Eu queria desviar sua atenção do meu cabelo, então disse:
- Como estão suas costas e seu... braço?
Ele sorriu.
- Estão ótimos. Obrigado por perguntar.
- Poncho, por que você não está usando branco? Até agora não tinha visto você com roupas de outra cor. É porque sua camisa branca rasgou?
- Não - respondeu ele. - Eu só quis usar alguma coisa diferente. Na verdade, quando mudo para a forma de tigre e volto, minhas roupas brancas reaparecem. Se eu mudasse para tigre agora e então voltasse à forma humana, estas roupas seriam substituídas pelas velhas brancas.
- Elas ainda estariam rasgadas e sujas de sangue?
- Não. Quando reapareço, elas estão limpas e inteiras novamente.
- Ah. Sorte sua. Seria bem embaraçoso se você aparecesse nu toda vez que se transformasse.
Tive vontade de morder a língua assim que as palavras saíram e corei de vergonha. Tentei
encobrir minha mancada jogando o cabelo para a frente do rosto e lutando com os nós.
Ele sorriu.
- É. Sorte minha.
Puxei a escova pelo cabelo e me encolhi.
- Isso levanta outra pergunta.
Poncho se pôs de pé e pegou a escova da minha mão.
- O que... o que você está fazendo? - gaguejei.
- Relaxe. Você está muito nervosa.
Ele não fazia idéia. Colocando-se atrás de mim, Poncho pegou uma mecha do meu cabelo e começou a escová-lo delicadamente. A princípio fiquei nervosa, mas suas mãos em meu cabelo eram tão quentes e reconfortantes que logo relaxei na cadeira, fechei os olhos e deixei a cabeça cair para trás. Depois de um minuto de escovação, ele afastou uma mecha do meu pescoço, inclinou-se e sussurrou no meu ouvido:
- O que você queria me perguntar?
Levei um susto.
- Ah... o quê? - murmurei, confusa.
- Você queria me fazer uma pergunta.
- Ah, sim. Era... é... isso é gostoso.
Será que eu disse isso em voz alta? Poncho riu baixinho.
- Isso não é uma pergunta.
É, acho que disse.
- Era alguma coisa sobre eu me transformar em tigre?
- Ah, sim. Agora lembrei. Você pode mudar para uma forma e outra várias vezes por dia, certo? Tem um limite?
- Não. Não tem limite, desde que eu não assuma a forma humana por mais de 24 minutos a cada 24 horas. - Ele passou para outra seção do cabelo. - Mais alguma pergunta?
- Sim... sobre o labirinto. Você estava usando seu faro, mas tudo o que eu sentia era um cheiro horrível de enxofre. O que você estava seguindo?
- Na verdade, eu estava seguindo o aroma da flor de lótus. É a flor favorita de Durga, a mesma que está no Selo. Deduzi que aquele era o caminho certo a seguir.
Poncho terminou com o meu cabelo, pousou a escova na mesa e então começou a massagear
levemente meus ombros. Mais uma vez fiquei tensa, mas as mãos dele eram tão quentes e a
massagem tão gostosa que me recostei na cadeira e comecei lentamente a derreter.
Em estado de extrema tranquilidade, minha voz soou arrastada e indistinta:
- Aroma de lótus? Como você podia sentir esse odor com todos os cheiros fortes de lá?
Ele tocou meu nariz com a ponta do dedo.
- Faro de tigre. Posso sentir o cheiro de muitas coisas que as pessoas não percebem. - Ele
apertou meus ombros uma última vez e disse: - Pronto, Anahi. Vá se vestir. Temos trabalho a
fazer.
Poncho deu a volta até a frente da cadeira e me ofereceu sua mão. Pus a minha na dele e senti
centelhas elétricas formigarem e percorrerem o meu braço. Ele sorriu e me beijou os dedos.
Atarantada, perguntei:
- Você sentiu isso também?
O príncipe indiano piscou o olho para mim.
- Certamente.
Alguma coisa na forma como ele disse "certamente" fez com que eu me perguntasse se
estávamos falando da mesma coisa. Depois de me vestir, desci para a sala do pavão e
encontrei o Sr. Kamal debruçado sobre uma mesa grande onde havia vários livros
empilhados. Poncho, o tigre, encontrava-se acomodado ao lado dele em um divã.
Arrastei outra cadeira até a mesa e empurrei para um lado uma grande
pilha de livros, para que eu pudesse ver em que o Sr. Kamal estava trabalhando.
Ele esfregou os olhos cansados e vermelhos.
- Está trabalhando nisto desde que chegamos em casa, Sr. Kamal?
- Sim. É fascinante! Já traduzi o que estava escrito na impressão que você fez com o carvão e agora estou trabalhando nas fotos que tirou do monólito.
Ele me entregou suas anotações.
- Poxa, o senhor trabalhou um bocado! - comentei, admirada. - O que acha que "quatro
oferendas" e "cinco sacrifícios" significam?
- Não tenho certeza - replicou o Sr. Kamal -, mas
acho que pode significar que sua busca ainda não
acabou. Deve haver mais tarefas que você e Poncho
precisam realizar antes que o feitiço seja
quebrado. Por exemplo, acabei de traduzir um
dos lados do monólito e ele indica que vocês têm
que ir a outro lugar buscar um objeto, uma
oferenda, que vocês darão a Durga. Terão que
encontrar quatro oferendas. Meu palpite é que
haja uma oferenda diferente mencionada em
cada lado do monólito. Receio que estejam
apenas no primeiro degrau dessa jornada.
- Entendi. Então o que diz esse primeiro lado?
O Sr. Kamal empurrou um pedaço de papel na
minha direção.
- Sr. Kamal, o que é o reino de Hanuman?
- Estou pesquisando isso - respondeu. - Hanuman
é o deus macaco. Dizem que seu reino é
Kishkindha, ou o Reino dos Macacos. Existe uma
grande polêmica quanto à localização de
Kishkindha, mas, de acordo com o pensamento
corrente, o mais provável é que as ruínas de
Hampi estejam sobre a antiga Kishkindha, ou
perto dela.
Dentre a pilha na mesa, puxei um livro que tinha
mapas detalhados, encontrei Hampi no índice e
folheei as páginas. Hampi se localizava na
metade inferior da índia, na região sudoeste.
- Isso significa que temos que ir para Kishkindha,
enfrentar um deus macaco e encontrar um tipo
de galho?
- Acredito que o que vocês vão procurar seja, na
verdade, o fruto proibido - respondeu o Sr.
Kamal.
- Como Adão e Eva? É desse fruto proibido que o
senhor está falando?
- Não. O fruto é uma recompensa mitológica
bastante comum, que simboliza a vida. As
pessoas precisam comer e dependemos dos
frutos da terra para nosso sustento. Diferentes
culturas celebram os frutos ou a colheita de
formas variadas.
O Sr. Kamal sorriu e voltou para suas traduções.
Peguei alguns livros sobre a cultura e a história
da Índia, segui para uma poltrona confortável e
sentei-me com uma almofada para ler. Poncho saltou
do banco e enroscou-se aos meus pés, ou melhor,
em cima dos meus pés, mantendo-os aquecidos,
enquanto o Sr. Kamal continuava a pesquisar em
sua mesa.
Tive a sensação de estar de volta à biblioteca dos
meus pais. Parecia natural me sentar ali,
relaxada, na companhia daqueles dois, embora
eles estivessem sob o efeito de elementos não
naturais. Estendi a mão para coçar Poncho atrás da
orelha. Ele ronronou, contente, mas não abriu os
olhos. Então dirigi um sorriso ao Sr. Kamal,
embora ele não o tivesse visto. Eu me sentia feliz
e completa, como se pertencesse àquele lugar.
Deixando de lado minhas reflexões, encontrei um
capítulo sobre Hanuman e comecei a ler.
"Ele é um deus hindu, a personificação da
devoção e da grande força física. Serviu ao seu
senhor Rama indo para Lanka encontrar a esposa
de Rama, Sita."
Puxa... quantos nomes.
"Lá descobriu que ela havia sido capturada pelo
rei de Lanka, chamado Ravana. Houve uma
grande batalha entre Rama e Ravana, e, durante
esse período, o irmão de Rama adoeceu.
Hanuman foi até a cordilheira do Himalaia
procurar uma erva para ajudar a curar o irmão de
Rama, mas não conseguiu identificar a erva e,
então, trouxe de volta toda a montanha."
Eu me pergunto como exatamente ele moveu a
montanha. Espero que não tenhamos que fazer
isso.
"Hanuman tornou-se imortal e invencível. Ele é
meio humano e meio macaco, além de ser mais
rápido e mais poderoso que todos os outros
símios. Filho de um deus do vento, Hanuman
ainda hoje é venerado por muitos hindus, que
todos os anos cantam seus hinos e celebram seu
nascimento."
- Homem-macaco forte, capaz de mover
montanhas, cantor. Entendi - murmurei,
sonolenta.
A noite avançava e eu me sentia cansada, apesar
de meu longo repouso mais cedo. Pus o livro de
lado e, com Poncho ainda enroscado nos meus pés,
cochilei um pouco.
Deixei o Sr. Kamal sozinho na maior parte do dia
seguinte, encorajando-o a dormir um pouco. Ele
ficara acordado a noite toda, então procurei me
movimentar pela casa em silêncio.
No fim da tarde, ele me visitou na varanda. Sorria
quando nos sentamos.
- Srta. Anahi, como está passando? Esses fardos
devem estar sendo muito pesados para a
senhorita, principalmente agora que sabemos
que vocês têm outras jornadas pela frente.
- Estou bem, de verdade. O que é um pouco de
suco de besouro entre amigos?
Ele sorriu, mas logo sua expressão tornou a ficar
séria.
- Se sentir que está sendo exigida demais... eu...
eu não quero colocá-la em perigo. A senhorita se
tornou muito importante para mim.
- Está tudo bem, Sr. Kamal. Não se preocupe. Foi
para isso que eu nasci, não foi? Além disso, Poncho
precisa da minha ajuda. Se eu não o ajudar, ele
vai ficar condenado ao corpo de um tigre para
sempre.
O Sr. Kamal deu tapinhas na minha mão.
- A senhorita é muito brava e corajosa. Uma
jovem admirável, como não vejo há muito, muito
tempo. Espero que Poncho perceba a sorte que tem.
Corei e olhei para a piscina.
- Pelo que deduzi até agora - prosseguiu ele -,
precisamos ir agora para Hampi. A distância até
lá é grande demais para vocês dois irem
sozinhos. Vou acompanhá-los nessa jornada.
Partiremos amanhã cedo. Quero que você
descanse o máximo possível hoje. Ainda temos
algumas horas de luz do dia. Você deve relaxar.
Por que não dá um mergulho na piscina?
Depois que o Sr. Kamal saiu, pensei no que ele
dissera. Nadar seria relaxante.
Vesti um maiô, passei filtro solar e mergulhei na
água fresca.
Nadei dando várias voltas na piscina e então
fiquei boiando de costas, olhando as palmeiras
que se erguiam acima de mim. O sol já estava na
altura das árvores, mas o ar ainda era quente e
agradável. Ouvi um ruído na lateral da piscina e
vi Poncho deitado na borda me observando nadar.
Mergulhei, nadei até onde ele estava e então
botei a cabeça para fora da água.
- Ei, Poncho.
Joguei água nele e ri. O tigre branco resmungou,
bufando.
- Não quer brincar? Certo, como quiser.
Nadei mais um pouco e finalmente decidi que era
melhor entrar, pois meus dedos estavam
murchos feito ameixas secas. Enrolando meu
corpo e meu cabelo numa toalha, segui em
direção à escada para tomar um banho. Saí do
banheiro e encontrei Poncho deitado no tapete.
Havia uma rosa azul- prateada sobre o meu
travesseiro.
- Isto é para mim?
Poncho emitiu um ruído de tigre que parecia querer
dizer sim.
Levando a flor ao nariz, aspirei profundamente a
doce fragrância e me deitei de bruços para olhar
o tigre ao lado da minha cama.
- Obrigada, Poncho. É linda!
Dei-lhe um beijo no alto da cabeça peluda, cocei
atrás de suas orelhas e ri quando ele inclinou a
cabeça para que eu coçasse mais.
- Quer que eu leia um pouco mais de Romeu e
Julieta para você?
Ele ergueu uma pata e a colocou na minha perna.
- Acho que isso significa sim. Muito bem, vamos
ver. Onde estávamos? Ah, Ato II, Cena III. Entram
Frei Lourenço e Romeu em seguida.
Tínhamos acabado a cena em que Romeu mata
Teobaldo quando Poncho me interrompeu.
- Romeu era um tolo - disse ele, repentinamente
na forma humana. - Seu grande erro foi não
anunciar o casamento. Ele devia ter contado para
as duas famílias. Manter o casamento em
segredo é o que vai destruir Romeu. Segredos
assim podem ser a ruína de qualquer homem.
Quase sempre são mais destrutivos do que a
espada.
Poncho então ficou quieto, perdido em pensamentos.
- Devo continuar? - perguntei.
Ele despertou da momentânea melancolia e
sorriu.
- Por favor.
Mudei de posição, recostando-me na cabeceira, e
puxei uma almofada para o meu colo. Ele voltou
à forma de tigre e saltou para o pé da cama.
Estirou-se de lado sobre o imenso colchão.
Recomecei a ler. Todas as vezes que eu lia
alguma coisa de que Poncho não gostava, ele
abanava a cauda, aborrecido.
- Pare com essa cauda, Poncho! Está fazendo
cócegas nos meus pés!
Essa declaração só o estimulou a repetir ainda
mais o gesto. Quando cheguei ao fim da peça,
fechei o livro e olhei para Poncho, querendo ver se
ainda estava acordado. Estava, e havia voltado à
forma humana. Ainda se encontrava deitado de
lado no pé da cama, com a cabeça apoiada no
braço.
- O que achou? - perguntei. - Ficou surpreso com
o desfecho?
Poncho pensou antes de responder.
- Sim e não. Romeu tomou algumas decisões
ruins ao longo de toda a história. Estava mais
preocupado consigo mesmo do que com a
mulher. Ele não a merecia.
- O final o desagradou tanto assim? A maioria das
pessoas se concentra no romance que há na
peça, na tragédia de nunca poderem ficar juntos.
Lamento que não tenha gostado.
O rosto pensativo de Poncho se alegrou.
- Ao contrário, gostei bastante. Não tenho
ninguém com quem conversar sobre peças de
teatro ou poesia faz... bem, desde que meus pais
morreram. Para falar a verdade, eu costumava
escrever poesia.
- Também sinto falta de ter alguém com quem
conversar - admiti baixinho.
O lindo rosto de Poncho se iluminou com um sorriso
caloroso e eu de repente fiquei preocupada com
um fiapo na manga da minha blusa. Ele saltou da
cama, pegou minha mão e fez uma mesura
profunda.
- Talvez, da próxima vez, eu leia um poema meu
para você.
Ele virou minha mão e depositou um beijo suave
e demorado na palma. Seus olhos cintilaram,
travessos.
- Deixo-a com um "beijo. Boa noite, Anahi.
Poncho fechou a porta silenciosamente atrás de si e
eu puxei as cobertas até o queixo. A palma de
minha mão ainda formigava no local onde ele a
beijara. Tornei a cheirar minha rosa, sorri e a
enfiei no arranjo sobre a cômoda.
Ajeitando-me sob as cobertas, suspirei,
sonhadora, e adormeci.
Autor(a): ju10linha
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Na manhã seguinte, ao me levantar, encontreiuma mochila parcialmente cheia ao lado daminha porta, com um bilhete do Sr. Kamal. Eledizia que eu devia pegar roupas suficientes paratrês ou quatro dias e incluir meu maiô.O maiô, pendurado para secar durante a noite,estava seco. Joguei-o na bolsa, incluí uma toalhapor segurança, empilhei o r ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 98
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franmarmentini♥ Postado em 10/09/2015 - 15:59:39
OLÁAAAAAAAAAAAAAA AMORE ESTOU POSTANDO UMA FIC* TE ESPERO LÁ BJUS http://fanfics.com.br/fanfic/49177/em-nome-do-amor-anahi-e-alfonso
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Elis Herrera ❤ Postado em 23/04/2015 - 16:57:14
Postaaaaaaaa =(
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franmarmentini♥♥ Postado em 02/04/2015 - 17:30:00
AMORESSSSSSSSS IREI VIAJAR E JÁ TO COM VÁRIAS FICS EM ATRASO MINHA VIDA TA UMA LOUCURA MAS NUNCA NUNCA VOU DEIXAR DE LER...VOU IR VISITAR A CIDADE ONDE MINHA MÃE ESTÁ INTERRADA QUE FICA PERTO DE PITANGA PARANÁ E É NO SITIO ENTÃO PROVAVELMENTE EU NÃO TENHA COMO LER PQ TENHO MUITOS TIOS LÁ E QUERO VER SE CONSIGO VISITAR TODOS...VOLTO NA TERÇA FEIRA E PROMETO TENTAR COLOCAR EM DIA TODAS AS FICS O QUANTO ANTES BJUSSSSSSSSSSSSSSSS A TODAS AMO VCS!!!!!!!!! FUI....
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franmarmentini Postado em 29/01/2015 - 08:39:07
thatyponny o que vai acontecer??? quero aya juntosssssssssssssss :/ agora vc me deixou apriensiva..;.
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franmarmentini Postado em 29/01/2015 - 08:37:34
quero felipe bem longeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee eeeeeeeeeeeeeee da any,,,,e não vejo a hora dela encontrar o poncho logo :)
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elis_maria Postado em 23/01/2015 - 12:43:03
Posta mais...
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thatyponny Postado em 08/01/2015 - 14:14:54
VOCÊ NÃO SABE QUANTO EU ESPEREI, ESPEREI TANTO QUE JÁ LI TODOS OS LIVROS, MAS LER EM PONNY É UM AMOR O RUIM É QUE EU SEI O QUE VAI ACONTECER.
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franmarmentini Postado em 04/01/2015 - 16:50:57
Ebaaaaaaaaaaa
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franmarmentini Postado em 08/12/2014 - 11:48:24
cade vc?? :(
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elis_herrera Postado em 20/10/2014 - 20:39:49
Olá, continua... gostei de sua fic.