Fanfics Brasil - Tigre, Tigre A Maldiçao do Tigre AyA

Fanfic: A Maldiçao do Tigre AyA | Tema: RBD AyA


Capítulo: Tigre, Tigre

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- Anahi! Anahi! Abra os olhos!
Alguém me sacudia. Com força. Tudo o que eu
queria era resvalar de volta ao sono negro e
despreocupado, mas a voz soava desesperada,
insistente.
- Anahi, me escute! Abra os olhos, por favor!
Tentei abrir os olhos, mas doía. A luz do sol
piorava o doloroso latejar na minha cabeça. Que
dor horrível! Minha mente começou a clarear e
reconheci nosso local de acampamento e Poncho,
que estava ajoelhado ao meu lado. Seu cabelo
molhado estava jogado para trás e ele tinha uma
expressão preocupada no lindo rosto.
- Annie, como você se sente? Está bem?
Eu pretendia dar a ele uma resposta sarcástica,
mas, em vez disso, engasguei e comecei a tossir,
expelindo água. Respirei fundo, ouvi um ronco
úmido em meus pulmões e tossi um pouco mais.
- Vire-se de lado. Ajuda a pôr a água para fora.
Deixe-me ajudá-la.
Ele me puxou em sua direção, deitando-me de
lado. Tossi mais um pouco de água. Ele tirou a
camisa molhada e a dobrou. Então delicadamente
me ergueu e a colocou debaixo de minha cabeça,
que doía demais para apreciar seu... peito nu...
bronzeado... esculpido... musculoso.
Acho que devo estar bem, se posso admirar a
visão, pensei. Nossa, eu precisaria estar morta
para não admirá-la.
Estremeci quando a mão de Poncho passou pela
minha cabeça, tirando-me de meus devaneios.
- Você está com um galo feio aqui.
Levei a mão até a protuberância gigante na parte
posterior do meu crânio. Toquei-a com cautela e
recordei a fonte de minha dor de cabeça. Devo
ter perdido a consciência quando a pedra me
atingiu. Poncho salvou minha vida. Outra vez.
Ergui os olhos para ele, que me fitava com uma
expressão desesperada e tremia. Percebi que ele
devia ter assumido a forma humana quando me
arrastou para fora do lago e permanecido ao meu
lado até eu acordar. Só Deus sabe há quanto
tempo estou aqui deitada inconsciente.
- Poncho, você está com dor. Ficou tempo demais
nessa forma hoje.
Ele sacudiu a cabeça, negando, mas eu o vi
trincar os dentes.
Segurei seu braço.
- Eu vou ficar bem. É só um galo na cabeça. Não
se preocupe comigo. Tenho certeza de que o Sr.
Kamal pôs algumas aspirinas na mochila. Vou
tomar uns comprimidos e me deitar para
descansar um pouco.
Ele deslizou o dedo lentamente da minha
têmpora à bochecha e sorriu. Quando retirou a
mão, todo o seu braço se sacudia e tremores
faziam ondular a camada sob a sua pele.
- Annie, eu...
Seu rosto se retesou. Ele jogou a cabeça para o
lado, rosnou de raiva e se metamorfoseou em
tigre. Grunhiu baixinho, então aquietou-se e se
aproximou de mim. Deitou-se ao meu lado e ficou
me observando atentamente com seus olhos
azuis. Acariciei suas costas, em parte para
tranquilizá-lo e em parte porque isso também me
acalmava.
Olhei para o alto, por entre as árvores salpicadas
de sol, e desejei que a dor de cabeça cedesse. Eu
sabia que teria que me mexer em algum
momento, mas não queria fazer isso. O tigre
ronronava baixinho e o som reconfortante acabou
aliviando a dor. Respirando fundo, eu me
levantei, sabendo que ficaria mais confortável se
trocasse de roupa.
Sentei-me devagar, enquanto respirava fundo,
esperando que, se me movimentasse lentamente,
a náusea se dissiparia e o mundo pararia de
rodar. Poncho ergueu a cabeça, atento aos meus
esforços.
- Obrigada por me salvar - sussurrei enquanto
acariciava-lhe o dorso. Dei um beijo no alto da
cabeça peluda. - O que eu faria sem você?
Abrindo o zíper da mochila, encontrei uma
caixinha contendo uma variedade de
medicamentos, inclusive aspirina. Coloquei dois
comprimidos na boca e bebi água. Puxando
minha roupa seca, virei-me para Poncho.
- Vamos combinar uma coisa? Quero trocar de
roupa, por isso agradeceria muito se você fosse
para a selva outra vez por alguns minutos.
Ele rosnou para mim, parecendo um pouco
zangado.
- Estou falando sério.
Ele rosnou um pouco mais alto.
Descansei a palma da mão na testa e me segurei
em uma árvore próxima a fim de firmar minhas
pernas vacilantes.
- Preciso trocar de roupa e você não vai ficar aqui
xeretando.
Ele bufou, pôs-se de pé, sacudiu o corpo e a
cabeça como se dissesse não, e me fitou.
Sustentei seu olhar e apontei para a selva. Ele
finalmente deu meia-volta, mas então entrou na
barraca e se deitou sobre a minha colcha. Sua
cabeça estava voltada para dentro da barraca,
enquanto a cauda se contraía de um lado para
outro pela abertura.
Suspirei e estremeci ao virar a cabeça rápido
demais.
- Acho que isso é o máximo que vou conseguir de
você, não é? Tigre teimoso!
Aceitei o meio-termo, mas fiquei de olho em sua
cauda inquieta enquanto trocava de roupa.
Comecei a me sentir um pouco melhor com as
roupas secas. A aspirina também passara a fazer
efeito e a cabeça latejava menos, mas ainda
estava sensível. Concluí que preferia dormir a
comer, então pulei o jantar e optei por um
chocolate quente.
Andando com cuidado pelo acampamento,
acrescentei alguns pedaços de madeira à
fogueira e pus água para ferver. Agachando-me,
mexi no fogo um pouco com um galho comprido
para fazê-lo crepitar novamente e peguei um
pacote de chocolate em pó. Poncho observava cada
movimento meu.
Eu o dispensei.
- Estou bem. De verdade. Pode ir em uma de suas
incursões de reconhecimento ou sei lá o quê.
Poncho simplesmente ficou lá sentado, teimoso,
agitando a cauda de tigre.
- Estou falando sério. - Girei o dedo, fazendo um
círculo. - Vá rodar por aí. Procure seu irmão. Eu só
vou pegar um pouco de lenha e depois vou
dormir.
Ele continuou imóvel e fez um som que se
assemelhava um pouco a um cachorro ganindo.
Ri e fiz um carinho em sua cabeça.
- Sabe, apesar das aparências, costumo me virar
sozinha direitinho.
O tigre resmungou e se sentou ao meu lado.
Recostei-me em seu ombro enquanto misturava
meu chocolate quente.
Antes que o sol se pusesse, peguei mais lenha e
bebi água. Quando rastejei para dentro da
barraca, Poncho me seguiu. Ele estendeu as patas e
eu cuidadosamente pousei a cabeça sobre elas.
Ouvi um profundo suspiro de tigre e ele acomodou
a cabeça perto da minha. Quando acordei
na manhã seguinte, minha cabeça ainda estava
apoiada nas patas macias de Poncho, mas eu havia
me virado, enterrado meu rosto em seu peito e
enlaçado o pescoço dele com meu braço,
aninhando-me como se Poncho fosse um bichinho de
pelúcia gigante.
Eu me afastei, um pouco sem jeito. Quando me
levantei para me espreguiçar, apalpei com
cuidado meu galo e fiquei feliz ao ver que ele
tinha diminuído bastante. Eu me sentia muito
melhor.
Esfomeada, comi algumas barras de cereais e
peguei um pacote de aveia. Aqueci novamente
na fogueira água suficiente para um mingau de
aveia e outro chocolate quente. Depois do café
da manhã, eu disse a Poncho que podia partir em
sua patrulha e que eu iria lavar meu cabelo.
Ele esperou um pouco, observando meus
movimentos até se sentir tranquilizado, e então
se foi, deixando-me por minha própria conta.
Apanhei um frasco pequeno do xampu
biodegradável que o Sr. Kamal colocara na
mochila para mim.
Depois de vestir o maiô e um short e calçar os
tênis, desci até minha pedra do banho de sol.
Fiquei à margem da cachoeira, bem longe do
lugar onde fora atingida pelas pedras, e molhei e
ensaboei com cuidado meu cabelo. Inclinando-me
ligeiramente na direção da água espumante,
deixei-a enxaguar o xampu. A água fria fez bem à
minha cabeça dolorida.
Deslizando para o lado ensolarado da pedra,
sentei-me para escovar os cabelos. Quando
terminei, fechei os olhos e virei o rosto na direção
do sol matinal, deixando-o me aquecer enquanto
meu cabelo secava. Esse lugar era um paraíso,
não havia como negar. Mesmo com um galo na
cabeça e minha aversão a acampamentos, eu
conseguia apreciar a beleza à minha volta.
Não que eu não gostasse da natureza. Quando eu
era criança, adorava ficar ao ar livre com meus
pais. Só que eu gostava de dormir em minha própria
cama depois de me aventurar no meio do
mato.
Poncho voltou no meio do dia e se sentou ao meu
lado enquanto comíamos nosso almoço
desidratado. Aquela era a primeira vez que eu o
via se alimentar como homem, sem contar a
manga. Mais tarde, vasculhei a bolsa em busca
do meu livro de poesia. Perguntei a Poncho se ele
queria que eu lesse para ele.
Ele havia se transformado novamente em tigre e
eu não ouvi nenhum grunhido ou sinal de
protesto felino. Peguei o livro e me sentei com as
costas apoiadas em uma grande pedra. Ele veio
até mim e me surpreendeu transformando-se em
homem. Virou-se de costas e deitou a cabeça no
meu colo antes que eu pudesse dizer alguma
coisa. Então suspirou profundamente e fechou os
olhos.
Eu ri e disse:
- Acho que isso significa sim, não é? Mantendo os
olhos fechados, ele murmurou:
- Sim, por favor.
Folheei o livro para escolher um poema.
- Ah, este parece apropriado. Acho que você vai
gostar. É um dos meus favoritos e também foi
escrito por Shakespeare.
Comecei a ler, segurando o livro com uma das
mãos enquanto com a outra acariciava
distraidamente o cabelo de Poncho.
Soneto XVIII
Se te comparo a um dia de verão,
És por certo mais belo e mais ameno.
O vento espalha as folhas pelo chão
E o tempo do verão é bem pequeno.
Às vezes brilha o Sol em demasia,
Outras vezes desmaia com frieza;
O que é belo declina num só dia,
Na eterna mutação da natureza.
Mas em ti o verão será eterno,
E a beleza que tens não perderás;
Nem chegarás da morte ao triste inverno:
Nestas linhas com o tempo crescerás.
E enquanto nesta terra houver um ser,
Meus versos vivos te farão viver.
- Isso foi... excelente. - Sua voz era suave. - Gosto
desse Shakespeare.
- Eu também.
Eu estava folheando o livro à procura de outro
poema quando Poncho disse:
- Anahi, talvez eu pudesse partilhar um poema
do meu país... com você. Surpresa, deixei de lado
meu livro.
- Eu adoraria ouvir poesia indiana.
Ele abriu os olhos e fitou as árvores acima de nós.
Pegando minha mão, entrelaçou meus dedos nos
dele e nossas mãos descansaram em seu peito.
Uma brisa leve soprava, fazendo as folhas
dançarem ao sol, tecendo um desenho de
sombras e luz em seu lindo rosto.
- Este é um poema antigo da índia. Faz parte de
uma epopeia que é contada desde que me
entendo por gente. Chama-se "Sakuntala" e o
autor é Kalidasa.
Teu coração, de fato, eu não conheço: o meu,
porém, oh!
Cruel, o amor aquece de dia e de noite; e todas
as minhas virtudes estão em ti centradas.
Tu, ó esguia donzela, o amor apenas aquece;
mas a mim ele queima; como a estrela do dia
apenas sufoca a fragrância da flor noturna, mas
extingue o próprio orbe da lua.
Este meu coração, oh, tu que és de todas as
coisas a que lhe é mais cara, não terá nenhum
propósito que não seja tu.
- Poncho, é lindo!
Seus olhos se voltaram para mim. Ele sorriu e
ergueu a mão para tocar o meu rosto. Meu pulso
se acelerou e meu rosto queimou ao seu toque.
De repente tive plena consciência de que meus
dedos ainda estavam entrelaçados nos cabelos
dele e de que minha mão se encontrava pousada
em seu peito. Rapidamente os recolhi, apoiandoos
no colo. Ele se sentou, apoiando-se em uma só
mão, o que trouxe aquele rosto lindo para muito
perto do meu. Seus dedos deslizaram até o meu
queixo e ele inclinou meu rosto de modo que os
meus olhos encontrassem o azul intenso dos
seus.
- Anahi?
- Sim? - sussurrei.
- Eu queria sua permissão... para beijá-la.
Opa. Alerta vermelho! A sensação confortável
que eu desfrutava havia apenas alguns minutos
com o meu tigre tinha desaparecido. Eu me senti
extremamente nervosa e aflita. Minha
perspectiva girou 180 graus. É claro que eu tinha
consciência de que um coração de homem batia
dentro do corpo de tigre, mas, de alguma forma,
eu havia empurrado esse conhecimento para o
fundo da mente.
O fato de que ele era um príncipe explodiu em
minha mente. Eu o fitei, atônita. Ele era, para ser
sincera, muita areia para o meu caminhãozinho.
Eu jamais considerara a possibilidade de um
relacionamento com ele.
Sua pergunta me forçou a reconhecer que meu
tigre de estimação, com quem eu me sentia
totalmente à vontade, era, na verdade, um
modelo de masculinidade. Meu coração
martelava no peito. Vários pensamentos cruzavam
minha mente ao mesmo tempo, mas o
predominante era: eu gostaria muito de ser
beijada por Poncho.
Outros pensamentos se insinuavam nos limites
da minha consciência, como: é muito cedo, nós
mal nos conhecemos, talvez ele só esteja se
sentindo sozinho. Mas deixei que fossem levados
para longe. Ignorando a cautela, decidi que
queria, sim, que ele me beijasse.
Poncho chegou um milímetro mais perto de mim.
Fechei os olhos, respirei fundo e então... esperei.
Quando abri os olhos, ele ainda me fitava; estava
mesmo esperando minha permissão. Não havia
nada no mundo que eu quisesse mais naquele
momento do que ser beijada por aquele homem
lindo. Mas eu arruinei tudo. Por alguma razão, me
fixei na palavra permissão.
- O que... é... o que você quer dizer com querer
minha permissão? - perguntei, nervosa.
Ele me olhou com curiosidade, o que me deixou
ainda mais em pânico. Eu não só nunca beijara
um garoto antes como nunca encontrara um que
eu quisesse beijar até conhecer Poncho. Assim, em
vez de beijá-lo, fiquei aturdida e comecei a
apresentar razões para não fazê-lo.
- Garotas precisam ser arrebatadas - balbuciei - e
pedir permissão é tão... tão... antiquado. Não é
espontâneo. Não combina com paixão. Se você
tem que pedir, então a resposta é... não.
Que idiota!, pensei comigo. Acabei de dizer a
este lindo e gentil príncipe de olhos azuis que ele
é antiquado.
Poncho me olhou durante um longo momento, longo
o suficiente para que eu visse a dor em seus
olhos, antes de varrer de seu rosto qualquer
expressão. Levantou-se rapidamente, fez uma
mesura formal e declarou baixinho:
- Não vou lhe pedir de novo, Anahi. Peço
desculpas pelo meu atrevimento.
Então se transformou em tigre e desapareceu na
selva, deixando-me sozinha para me recriminar
por minha estupidez.
- Poncho, espere! - gritei.
Mas era tarde demais. Ele se fora.
Não posso acreditar que o insultei dessa forma!
Ele vai me odiar! Como pude fazer isso com ele?
Eu sabia que só tinha dito aquelas coisas porque
estava nervosa, mas isso não era desculpa. O
que ele quis dizer com "Não vou lhe pedir de
novo"? Eu quero que ele me peça de novo.
Repassei mil vezes na mente as minhas palavras
e pensei em todas as coisas que poderia ter dito
e que me trariam um resultado melhor. Coisas
como "Pensei que você nunca pediria" ou "Eu
estava prestes a lhe fazer a mesma pergunta".
Eu poderia simplesmente tê-lo agarrado e beijado
primeiro. Até mesmo um simples "Sim" teria
funcionado. Mas não, eu tinha que ficar
dissertando sobre permissão.
Poncho me deixou sozinha o resto do dia, o que me
deu bastante tempo para me martirizar.
No fim da tarde, eu estava sentada na minha
pedra ensolarada com o diário aberto, caneta na
mão, admirando a paisagem, absolutamente
infeliz, quando ouvi um barulho na selva perto do
nosso acampamento.
Arquejei de susto quando um grande felino negro
emergiu do meio das árvores. Ele circulou a
barraca e parou para farejar minha colcha. Então
foi até a fogueira e se sentou ao lado dela, sem o
menor medo. Depois de alguns minutos, saltou
para o meio das árvores, só para reaparecer na
clareira vindo pelo outro lado. Fiquei parada,
imóvel, torcendo para que ele não tivesse me
visto.
Era muito maior que a pantera que me atacara
perto da caverna de Kenhari. A medida que se
aproximava de onde eu estava sentada, pude
distinguir listras pretas retintas em um manto de
pelo escuro. Olhos brilhantes e dourados
esquadrinhavam o acampamento. Eu nunca
ouvira falar de um tigre negro, mas aquele
certamente era um tigre! Ele não devia ter me
visto, pois, após circular o acampamento e farejar
o ar algumas vezes, desapareceu novamente na
selva.
Ainda assim, por segurança, fiquei sentada na
pedra por muito tempo para ter certeza de que
ele tinha ido embora de vez.
Comecei a me sentir dolorida por ficar na mesma
posição e, como não tinha ouvido mais nenhum
ruído, concluí que já era seguro sair dali. No
mesmo instante, um rapaz surgiu do meio da
selva. Ele se aproximou de mim, atrevido, olhoume
de cima a baixo e disse:
- Ora, ora, ora. Quantas surpresas.
Vestia camisa e calça pretas. Era muito bonito e
mais moreno que Poncho. Sua pele era da cor de
bronze antigo e os cabelos muito pretos, mais
compridos que os de Poncho, só que igualmente
penteados para trás, afastados do rosto, e
levemente ondulados.
Seus olhos eram dourados com pontos cor de
cobre. Tentei identificar aquela cor. Nunca tinha
visto nada igual. Eram como ouro de pirata - a cor
de dobrões de ouro. Na verdade, pirata era uma
boa palavra para descrevê-lo. Parecia o tipo de
homem que pode ser encontrado decorando a
capa de um romance histórico, no papel de um
moreno sedutor. Enquanto ele sorria para mim,
seus olhos se enrugavam ligeiramente nos
cantos.
Eu soube na hora para quem estava olhando: o
irmão de Poncho. Ambos eram muito bonitos e
exibiam a mesma postura majestosa. Tinham a
mesma altura, mas, enquanto Poncho era magro e
musculoso, o irmão era mais forte, com braços
mais poderosos. Pensei que ele devia ter puxado
mais ao pai, ao passo que Poncho, com seus traços
asiáticos mais proeminentes - os olhos azuis um
pouco amendoados e a pele dourada -,
certamente puxara à mãe.
Estranhamente, eu não sentia medo, embora
reconhecesse um sinal de perigo. Era quase como
se sua parte tigre houvesse sobrepujado o
homem.
- Antes que diga qualquer coisa, saiba que eu sei
quem você é - declarei. - E sei o que você é.
Ele avançou e rapidamente cobriu a distância que
nos separava. Então segurou o meu queixo,
erguendo meu rosto para seu cuidadoso exame.
- E quem ou o que você acha que sou, meu
encanto?
Sua voz era grave, suave e sedosa. O sotaque era
mais acentuado que o de Poncho e ele hesitava,
como se não usasse a voz havia muito tempo.
- Você é o irmão de Poncho, aquele que o traiu e
roubou sua noiva.
Seus olhos se estreitaram e eu senti uma
pontada de medo. Ele estalou a língua.
- Tsc, tsc, tsc. Ora, ora. O que aconteceu com os
seus modos? Ainda nem fomos devidamente
apresentados e você já está fazendo graves
acusações contra mim. Meu nome é Felipe, o
infeliz irmão caçula desse de quem você fala.
Ele ergueu um cacho do meu cabelo e o esfregou
entre os dedos antes de inclinar a cabeça.
- Sou obrigado a dar crédito a Poncho. Ele sempre
consegue se cercar de belas mulheres.
Eu estava prestes a me afastar dele quando ouvi
um bramido vindo das árvores e vi Poncho entrar
ruidosamente no acampamento e saltar,
rosnando para o ar. Seu irmão me fez ficar de
lado e então saltou também, metamorfoseandose
no tigre negro que eu vira antes.
Poncho estava além da fúria. Rugia tão alto que eu
sentia as vibrações percorrerem o meu corpo. Os
dois tigres colidiram no ar com um estampido
explosivo e desabaram com força no chão. Eles
rolaram na grama, enfiando as garras nas costas
um do outro e mordendo sempre que tinham
chance.
Corri e me pus o mais longe possível deles. Parei
perto da cachoeira, atrás de uns arbustos. Gritei
para que parassem, mas eles faziam tanto
barulho que abafavam a minha voz. Os dois
grandes felinos rolaram, afastando-se, e se
encararam. Ficaram abaixados junto ao solo, as
caudas agitadas, prontos para atacar. Então
começaram a circundar a fogueira, mantendo-a
entre eles.
No momento, rosnavam ameaçadoramente,
aferrados em um combate de olhares. Decidi que
essa era a melhor hora para intervir, quando as
garras estavam no chão e não no ar. Aproximeime
lentamente dos dois tigres, mantendo-me
mais perto de Poncho.
Reunindo coragem, supliquei:
- Por favor, parem com isso. Vocês são irmãos.
Não importa o que aconteceu no passado.
Precisam conversar. Foi você quem quis procurálo
- lembrei a Poncho. - Agora é sua chance de
conversar, de lhe dizer o que precisa dizer.
Olhei para Felipe.
- E quanto a você, Poncho está cativo há muitos anos
e estamos trabalhando numa forma de ajudar
vocês dois. Devia ouvi-lo.
Poncho se transformou em homem.
- Você está certa, Anahi - disse asperamente. -
Eu vim, de fato, conversar, mas vejo que ainda
não posso confiar nele. Não existe o menor...
vestígio de consideração. Eu nunca deveria ter
vindo aqui.
- Mas, Poncho...
Poncho se movimentou à minha frente e cuspiu,
furioso, no tigre negro.
- Vaslyata karanã! Badamãsa! Estou cercando
você há dois dias! Você não tinha o direito de vir
aqui sabendo que eu não estava! E, se tiver amor
à vida, nunca mais vai tocar em Anahi!
O irmão de Poncho também voltou à forma humana,
deu de ombros e disse calmamente:
- Eu queria ver o que você estava protegendo tão
ferozmente. Tem razão. Estou seguindo você há
dois dias, chegando perto o bastante para ver o
que está aprontando, mas me mantendo longe o
suficiente para poder me aproximar de você em
meus termos. Quanto a ficar aqui para ouvi-lo,
não há nada que você tenha a dizer que possa
me interessar, Murkha.
Felipe esfregou o maxilar e sorriu enquanto
traçava com o dedo os longos arranhões
deixados por sua luta com Poncho. Virou-se para
mim com um movimento rápido e, com uma
olhadela para o irmão, acrescentou:
- A menos que queira falar sobre ela. Estou
sempre interessado em suas mulheres.
Poncho me afastou e respondeu com um rugido de
ultraje. Transformando-se em pleno ar, ele tornou
a atacar o irmão. Os dois rolaram pelo
acampamento mordendo-se e arranhando-se,
batendo em árvores e caindo sobre pedras
pontiagudas. Poncho atacou o irmão com a pata,
mas acabou atingindo uma árvore, deixando
marcas profundas e dentadas no tronco grosso.
O tigre negro partiu em disparada mata adentro,
com Poncho em seu encalço. Os rugidos de fúria
deles ecoaram pelas árvores, assustando um
bando de aves, que decolou grasnando. A briga
prosseguiu com os dois indo de uma parte da
selva para outra. Eu podia ver por onde seguiam,
de pé em minha pedra, observando as árvores
sacudirem na selva e acompanhando a procissão
de aves irritadas, afugentadas de seus poleiros.
Poncho finalmente retornou ao acampamento com o
irmão quase que o cavalgando, cravando as
garras em suas costas e mordendo-lhe o pescoço.
Poncho ergueu-se nas patas traseiras e se livrou do
irmão. Então saltou sobre uma pedra grande
debruçada sobre o lago e virou-se, encarando-o.
Recuperando-se, o tigre negro saltou sobre Poncho,
que pulou para bloqueá-lo. O movimento acabou
derrubando ambos no lago.
Fiquei na margem assistindo à luta. Um tigre
emergia violentamente da água e atacava o
outro, empurrando-o para baixo. As garras
laceravam caras, costas e a pele sensível das
barrigas enquanto os dois grandes felinos se
agrediam. Nenhum dos dois parecia dominar o
outro.
Quando eu achava que eles não iriam mais parar,
o combate pareceu abrandar. Felipe arrastou o
corpo exausto para fora da água, afastou-se alguns
passos e desabou na grama. Arfando
pesadamente, ele descansou por um minuto
antes de começar a lamber as patas.
Poncho então saiu da água. Ele se colocou entre mim
e o irmão e vergou-se aos meus pés. Arranhões
profundos cobriam-lhe o corpo e o sangue vertia
de cortes que se destacavam contra o pelo
branco. Um talho medonho ia de sua fronte ao
queixo, atravessando o olho direito e o focinho.
Um grande furo causado por uma mordida em
seu pescoço sangrava lentamente.
Desviei-me dele e corri para pegar a mochila,
vasculhando-a até encontrar o kit de primeiros
socorros, abri-lo e tirar um pequeno frasco de
álcool medicinal e um grande rolo de gaze. Minha
aversão a sangue e ferimentos foi deixada de
lado quando o instinto protetor tomou conta de
mim. Eu sentia mais medo por eles do que deles
e sabia que os dois precisavam de ajuda. De
alguma forma, encontrei coragem.
Dirigindo-me primeiro a Poncho, lavei com água o
cascalho e a terra dos ferimentos e então
despejei álcool medicinal na gaze e pressionei
sobre a ferida mais feia. Ele não parecia
mortalmente ferido, desde que eu conseguisse
deter o sangramento, mas havia vários cortes
profundos. Na lateral de seu corpo a pele estava
tão dilacerada que parecia ter passado por um
moedor de carne.
Ele gemeu baixinho quando fui de suas costas
para o pescoço e limpei o furo ali aberto. Peguei
uma atadura grande no kit, passei álcool nela,
pressionei-a sobre o flanco machucado de seu
corpo e apertei para deter o sangramento. Poncho
rugiu de leve com a dor. Deixei a atadura no
lugar. Por fim, limpei sua cara, murmurando
palavras tranquilizadoras enquanto trabalhava na
testa e no focinho, tomando o cuidado de evitar o
olho. Não parecia mais tão ruim. Talvez eu
tivesse imaginado que era pior do que na
realidade.
Fiz o melhor que pude, mas estava preocupada
com uma possível infecção, principalmente no
flanco e no olho de Poncho. Uma lágrima rolou pelo
meu rosto quando eu pressionava a gaze em sua
testa.
Ele lambia meu pulso enquanto eu trabalhava. Fiz
um carinho em sua cara e sussurrei:
- Poncho, isso é horrível. Queria que nada disso
tivesse acontecido. Sinto muito. Deve doer
demais. - Uma lágrima caiu em seu focinho. - Vou
cuidar do seu irmão agora.
Enxuguei os olhos e peguei outro rolo de gaze.
Segui o mesmo processo com o tigre negro. O
talho mais feio e aberto ia do pescoço até o peito,
por isso fiquei bastante tempo nessa área. Uma
mordida profunda em suas costas estava cheia
de terra. A princípio, sangrava profusamente, o
que devia ser bom, pois o sangue ajudava a
limpar o ferimento. Apliquei pressão por alguns
minutos, até o sangramento diminuir o suficiente
para que eu pudesse limpar o lanho. Suas costas
estremeceram e ele grunhiu quando passei álcool
no local.
Mantive a gaze sobre a ferida e mais lágrimas
pingaram do meu queixo.
- Este aqui precisa de pontos. - Funguei. Então,
dirigindo-me aos dois tigres, ralhei: - Vocês dois
provavelmente vão ter infecção e suas caudas
vão cair.
Felipe emitiu um resmungo que mais parecia
uma risada, o que me fez enrijecer e sentir um
pouco de raiva.
- Espero que vocês dois fiquem contentes em
saber que limpar feridas me apavora. Odeio
sangue. Além do mais, para seu governo, eu
decido quem vai ou não me tocar. Não sou um
novelo de lã que possa ser disputado por dois
gatos. Tampouco sou a pessoa por quem no
fundo estão brigando. O que aconteceu entre
vocês dois acabou há muito tempo e espero de
coração que aprendam a perdoar um ao outro.
Olhos dourados se fixaram nos meus e eu
expliquei:
- Poncho e eu estamos aqui para tentar quebrar a
maldição. O Sr. Kamal está nos ajudando e
temos uma boa ideia de por onde começar.
Vamos levar quatro oferendas para Durga e, em
troca, vocês dois poderão voltar a ser homens.
Agora que você sabe por que estamos aqui,
podemos voltar ao Sr. Kamal e partir. Acho que
os dois precisam ir a um hospital.
Poncho resmungou e começou a lamber as patas. O
tigre negro rolou de lado para me mostrar um
extenso arranhão que ia do pescoço até a
barriga. Limpei esse também. Quando terminei,
guardei o frasco de álcool na mochila. Enxuguei
os olhos na manga da blusa e dei um pulo
quando me virei e dei de cara com o irmão de
Poncho atrás de mim, na forma humana.
Poncho se levantou, alerta, e o observou com
cuidado, desconfiado de cada movimento de
Felipe. A cauda de Poncho se agitava de um lado
para outro e um grunhido profundo saiu de seu
peito.
Felipe baixou os olhos para Poncho, que havia se
aproximado ainda mais, e então olhou de volta
para mim. Felipe estendeu a mão e, quando a
apertei, ele levou a minha aos lábios e a beijou.
Então fez uma mesura profunda, cheio de pose.
- Posso perguntar o seu nome?
- Meu nome é Anahi. Anahi Portilla.
- Bem, Anahi, prezo todos os esforços que você
fez por nós. Peço desculpas se a assustei mais
cedo. Estou - ele sorriu - fora de forma quando se
trata de conversar com moças. Quanto a essas
oferendas que vocês vão fazer a Durga, faria a
gentileza de me falar mais sobre elas?
Poncho grunhiu, infeliz.
Assenti.
- Felipe. É esse o seu nome?
- Meu nome completo é Sohan Felipe Rajaram,
mas pode me chamar de Felipe se quiser. - Ele
me dirigiu um sorriso branco deslumbrante, ainda
mais brilhante pelo contraste com a pele escura.
Então me ofereceu o braço. - Pode se sentar e
conversar comigo, Anahi?
Havia algo de muito charmoso em Felipe. Fiquei
surpresa ao perceber que imediatamente confiei
nele. Tinha um dom semelhante ao do irmão.
Como Poncho, possuía a capacidade de deixar uma
pessoa à vontade. Talvez fosse o treinamento
diplomático que ambos receberam. Talvez fosse a
criação que tiveram da mãe. O que quer que
fosse me fez reagir com simpatia. Sorri para ele.
- Adoraria.
Ele prendeu meu braço sob o dele e caminhou
comigo até a fogueira. Poncho tornou a rosnar e
Felipe dirigiu-lhe um sorriso pretensioso. Percebi
que ele se contraiu ao se sentar, então lhe ofereci
uma aspirina.
- Não devíamos levar vocês dois a um médico?
Acho que você pode precisar de pontos e Poncho...
- Obrigado, mas não é necessário. Não precisa se
preocupar com nossos pequenos incômodos.
- Eu não chamaria esses ferimentos de pequenos
incômodos, Felipe.
- A maldição nos ajuda a sarar rapidamente. Você
vai ver. Vamos nos recuperar em pouco tempo
por nossa própria conta. Ainda assim, foi bom ter
uma jovem tão adorável cuidando de meus
ferimentos.
Poncho parou diante de nós e parecia um tigre
infartando.
- Poncho, seja civilizado - repreendi-o.
Felipe abriu um largo sorriso e esperou que eu
me acomodasse. Então chegou mais perto e
descansou o braço no tronco atrás dos meus
ombros. Poncho enfiou-se entre nós, empurrando
rudemente o irmão para o lado com a cabeça
peluda e criando um espaço maior, onde ficou.
Sentou-se no chão e descansou a cabeça no meu
colo.
Felipe franziu a testa, mas eu comecei a falar,
relatando as coisas pelas quais Poncho e eu
tínhamos passado. Contei-lhe do encontro com
Poncho no circo e como ele me enganou para me
trazer à Índia. Falei sobre Phet, a caverna de
Kanheri e a descoberta da profecia, e disse que
estávamos a caminho de Hampi.
Absorta na história, eu acariciava a cabeça de
Poncho. Ele fechou os olhos e ronronou, e então
adormeceu. Falei durante quase uma hora, mal
percebendo as sobrancelhas erguidas e a
expressão pensativa de Felipe ao nos observar
juntos. Não notei sequer quando ele se
transformou novamente em tigre.



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Autor(a): ju10linha

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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O magnífico tigre negro me fitava, com os olhosamarelos brilhando, totalmente atentos,enquanto eu concluía meu relato dos aspectosmais importantes da caverna de Kanheri.Já era tarde da noite. A selva, tão barulhentadurante o dia, estava agora silenciosa, excetopelo crepitar da madeira no fogo. Eu brincavacom as orelhas macias de Poncho. Seus olhos ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 98



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  • franmarmentini♥ Postado em 10/09/2015 - 15:59:39

    OLÁAAAAAAAAAAAAAA AMORE ESTOU POSTANDO UMA FIC* TE ESPERO LÁ BJUS http://fanfics.com.br/fanfic/49177/em-nome-do-amor-anahi-e-alfonso

  • Elis Herrera ❤ Postado em 23/04/2015 - 16:57:14

    Postaaaaaaaa =(

  • franmarmentini♥♥ Postado em 02/04/2015 - 17:30:00

    AMORESSSSSSSSS IREI VIAJAR E JÁ TO COM VÁRIAS FICS EM ATRASO MINHA VIDA TA UMA LOUCURA MAS NUNCA NUNCA VOU DEIXAR DE LER...VOU IR VISITAR A CIDADE ONDE MINHA MÃE ESTÁ INTERRADA QUE FICA PERTO DE PITANGA PARANÁ E É NO SITIO ENTÃO PROVAVELMENTE EU NÃO TENHA COMO LER PQ TENHO MUITOS TIOS LÁ E QUERO VER SE CONSIGO VISITAR TODOS...VOLTO NA TERÇA FEIRA E PROMETO TENTAR COLOCAR EM DIA TODAS AS FICS O QUANTO ANTES BJUSSSSSSSSSSSSSSSS A TODAS AMO VCS!!!!!!!!! FUI....

  • franmarmentini Postado em 29/01/2015 - 08:39:07

    thatyponny o que vai acontecer??? quero aya juntosssssssssssssss :/ agora vc me deixou apriensiva..;.

  • franmarmentini Postado em 29/01/2015 - 08:37:34

    quero felipe bem longeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee eeeeeeeeeeeeeee da any,,,,e não vejo a hora dela encontrar o poncho logo :)

  • elis_maria Postado em 23/01/2015 - 12:43:03

    Posta mais...

  • thatyponny Postado em 08/01/2015 - 14:14:54

    VOCÊ NÃO SABE QUANTO EU ESPEREI, ESPEREI TANTO QUE JÁ LI TODOS OS LIVROS, MAS LER EM PONNY É UM AMOR O RUIM É QUE EU SEI O QUE VAI ACONTECER.

  • franmarmentini Postado em 04/01/2015 - 16:50:57

    Ebaaaaaaaaaaa

  • franmarmentini Postado em 08/12/2014 - 11:48:24

    cade vc?? :(

  • elis_herrera Postado em 20/10/2014 - 20:39:49

    Olá, continua... gostei de sua fic.


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