Fanfics Brasil - O Templo De Durga A Maldiçao do Tigre AyA

Fanfic: A Maldiçao do Tigre AyA | Tema: RBD AyA


Capítulo: O Templo De Durga

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O Sr. Kamal nos instruiu a esperar no carro
enquanto ele verificava se havia visitantes no
templo. Poncho enfiou a cabeça entre os bancos e
começou a dar cabeçadas no meu ombro até eu
me virar.
- É melhor você manter a cabeça abaixada.
Alguém pode vê-lo se não tomar cuidado - falei
com uma risada.
O tigre branco emitiu um ruído.
- Eu sei. Também senti sua falta.
Depois de uns cinco minutos, um jovem casal
saiu do templo, entrou em um carro e partiu, e o
Sr. Kamal retornou.
Saltei e abri a porta para Poncho, que começou a se
esfregar em minhas pernas como um gato
doméstico gigante à espera da comida. Eu ri.
- Poncho! Você vai me derrubar.
Mantive a mão em seu pescoço e ele se
contentou com isso.
O Sr. Kamal deu uma risadinha e disse:
- Vocês dois podem ir dar uma olhada no templo
enquanto eu fico aqui de vigia para o caso de
aparecerem outros visitantes.
O acesso ao templo era ladeado por pedras lisas
cor de terracota. O templo propriamente dito era
da mesma cor, com estrias de um sépia suave,
rosa e bege claro. Árvores e flores haviam sido
plantadas em torno da área do templo e vários
caminhos saíam da entrada principal.
Subimos os degraus baixos de pedra até a
entrada, que era aberta e exibia colunas altas
que sustentavam o caminho de acesso. A soleira
tinha altura suficiente apenas para que uma
pessoa de estatura mediana passasse. De ambos
os lados da abertura havia entalhes incrivelmente
detalhados de deuses e deusas indianos.
Um aviso, escrito em várias línguas, dizia que
devíamos tirar os sapatos.
O chão era coberto de poeira, então tirei também
as meias e as enfiei dentro dos tênis.
Lá dentro, o teto se expandia em um domo alto
onde se viam intricados entalhes com imagens de
flores, elefantes, macacos, o sol e deuses e
deusas brincando. O piso era de pedra e quatro
colunas decorativas ligadas por arcos
ornamentais se erguiam a cada canto. As colunas
ostentavam entalhes de pessoas em vários
estágios da vida e em várias ocupações no ato de
venerar Durga. Uma imagem da deusa podia ser
vista no topo das pilastras.
O templo era literalmente esculpido em uma
colina rochosa. Uma série de degraus levava do
piso principal a três direções. Escolhi o arco da
direita e subi os degraus. A área além dele estava
danificada. Pedras quebradas e esfaceladas
espalhavam-se pelo piso. Pelo estado em que o
espaço se encontrava, eu não conseguia imaginar
com que propósito poderia ter sido usado.
A área seguinte abrigava uma espécie de altar de
pedra. Uma pequena estátua quebrada, agora
não identificável, descansava sobre ele. Tudo era
coberto por um pó sépia espesso, cujas partículas
cintilavam e pairavam no ar. Feixes de luz
desciam de rachaduras no domo e iluminavam o
piso com raios estreitos. Eu não ouvia Poncho, mas
cada movimento meu ecoava pelo templo vazio.
O ar lá fora era abafado, mas ali dentro estava
apenas morno e até fresco em alguns lugares,
como se cada passo me levasse a um clima
diferente. Olhei para o piso e vi minhas pegadas
e as de Poncho e pensei que deveria varrer o chão
antes de irmos embora. Não queríamos que as
pessoas pensassem que havia um tigre rondando
o templo.
Depois de dar uma busca na área e não encontrar
nada importante, entramos no arco da esquerda
e eu arquejei, pasma. Um recesso escavado na
pedra abrigava uma linda estátua de pedra de
Durga. Ela usava um imponente ornamento de
cabeça e tinha os oito braços dispostos em torno
de seu torso como penas de pavão. Segurava
várias armas, uma das quais erguida num gesto
de defesa. Olhei mais de perto e vi que era a
gada, a maça. Enroscado em suas pernas estava
Damon, o tigre de Durga. Suas garras enormes se
projetavam de uma pesada pata, apontada para
a garganta de um javali inimigo.
- Acho que ela também tinha um tigre para
protegê-la, hein, Poncho?
Parei na frente da estátua e Poncho se sentou ao
meu lado. Enquanto a examinávamos, perguntei
a ele:
- O que você acha que o Sr. Kamal espera que
encontremos aqui? Mais respostas? Como
conseguimos a bênção dela?
Andei de um lado para outro diante da estátua
enquanto investigava as paredes, introduzindo o
dedo cautelosamente nas fendas. Estava procurando
alguma coisa incomum, sem muita certeza
do que poderia ser. Depois de meia hora, minhas
mãos estavam manchadas, cheias de teias de
aranha e cobertas por uma poeira terracota. E eu
não chegara a lugar algum. Limpei as mãos na
calça jeans e me sentei pesadamente em um
degrau de pedra.
- Desisto. Não sei o que devíamos estar
procurando.
Poncho se aproximou e descansou a cabeça no meu
joelho. Fiz um carinho em suas costas macias.
- O que vamos fazer agora? Continuamos
procurando ou voltamos para o Jeep?
Olhei para a coluna de sustentação ao meu lado.
Ela mostrava um entalhe de pessoas adorando
Durga - duas mulheres e um homem fazendo
uma oferenda de comida. Pensei que deviam ser
lavradores, pois havia tipos diferentes de campos
e pomares dominando o restante da pilastra.
Rebanhos de animais domésticos e instrumentos
agrícolas também tinham sido incluídos na cena.
O homem carregava um feixe de grãos
pendurado no ombro. Uma das mulheres levava
um cesto de frutas e a outra trazia alguma coisa
pequena na mão.
Eu me levantei para olhar mais de perto.
- Poncho, o que você acha que ela tem na mão?
Dei um pulo. A mão quente do príncipe pegou a
minha e a apertou de leve.
- Você devia me avisar antes de mudar de forma,
sabia? - ralhei.
Ele riu e traçou as linhas do entalhe com o dedo.
- Não tenho certeza. Parece um tipo de sino.
Também cobri o entalhe com o dedo e murmurei:
- E se fizermos uma oferenda como essa a Durga?
- O que quer dizer?
- Por que não lhe oferecer alguma coisa, como
frutas, e então tocar um sino?
Ele deu de ombros.
- Claro. Vale a pena tentar qualquer coisa.
Voltamos para o Jeep e contamos nossa ideia ao
Sr. Kamal. Ele pareceu entusiasmado.
- Excelente idéia, Srta. Anahi! Não sei por que
não pensei nisso.
Ele vasculhou nosso almoço e pegou uma maçã e
uma banana.
- Quanto ao sino, não me ocorreu trazer um, mas
acredito que em muitos desses templos antigos
haja um sino instalado. Os discípulos os tangiam
quando chegavam convidados, quando em
adoração e para convocar para uma refeição.
Talvez encontrem algum por lá.
Novamente no templo, Poncho procurou na área do
altar enquanto eu começava a remexer os
escombros na outra sala.
Uns 15 minutos depois, ouvi:
- Anahi, aqui! Encontrei!
Corri até Poncho, que me mostrou uma parede
estreita na quina da sala que não podia ser vista
da porta do templo. Prateleiras rasas haviam sido
escavadas na pedra como minúsculos recessos.
Na do alto, bem além do meu alcance, mas ainda
no de Poncho, encontrava-se um diminuto sino de
bronze enferrujado, coberto por teias de aranha e
poeira. Ele tinha um pequeno anel na parte
superior para que pudesse ser pendurado em um
gancho.
Poncho o pegou na prateleira e usou a camisa para
limpá-lo. Tirando a fuligem e a poeira, ele o
sacudiu, emitindo um tilintar etéreo. Poncho sorriu e
me ofereceu a mão, voltando comigo à estátua
de Durga.
- Acho que você deve fazer a oferenda, Annie. - Ele
afastou o cabelo dos olhos. - Você é a protegida
de Durga, afinal.
Fiz uma careta.
- Pode ser, mas está se esquecendo de que eu
sou uma estrangeira e você é um príncipe da
Índia. Certamente sabe melhor do que eu o que
está fazendo.
Ele deu de ombros.
- Nunca fui devoto de Durga. Não conheço o
processo.
- O que você venera ou venerava?
- Eu participava dos rituais e das festas religiosas
do meu povo, mas meus pais queriam que Felipe
e eu decidíssemos por nós mesmos em que acreditar.
Eles tinham uma grande tolerância em
relação a diferentes ideologias religiosas, pois
eram de duas culturas diferentes. E você?
- Não voltei à igreja depois da morte dos meus
pais.
Ele apertou minha mão e propôs:
- Acho que nós dois precisamos encontrar um
caminho para a fé. Eu acredito que exista algo
maior, um poder benigno no universo que guia
todas as coisas.
- Como você continua tão otimista quando está
preso a um corpo de tigre há séculos?
Ele limpou a poeira no meu nariz com a ponta do
dedo.
- Meu atual nível de otimismo é uma aquisição
relativamente nova. Venha.
Ele sorriu, beijou minha testa e me puxou para
longe da coluna.
Nós nos aproximamos da estátua e Poncho começou
a limpar o tigre. Parecia um bom ponto de
partida. Desdobrei o guardanapo em que o Sr.
Kamal havia envolvido as frutas e comecei a
livrar a estátua de anos de poeira. Depois de
termos limpado todo o pó e as teias de aranha de
Durga e seu tigre, inclusive dos oito braços,
limpamos a base e o estrado em que se
encontrava. Na base da estátua, Poncho encontrou
uma pedra ligeiramente escavada que parecia
uma tigela. Concluímos que devia ser ali que as
pessoas deixavam suas oferendas.
Coloquei a maçã e a banana na tigela e me
posicionei diante da estátua. Poncho ficou de pé ao
meu lado e segurou minha mão.
- Estou nervosa - gaguejei. - Não sei o que dizer.
- Bom, eu começo e você acrescenta o que achar
natural.
Ele tocou o sininho três vezes. Seu tilintar ecoou
pelo templo cavernoso.
Em voz alta e clara, Poncho disse:
- Durga, viemos pedir sua bênção para nossa
busca. Nossa fé é fraca e simples. Nossa tarefa é
complexa e misteriosa. Por favor, nos ajude a
encontrar a compreensão e a força.
Ele olhou para mim. Engoli em seco, tentei
umedecer meus lábios secos e acrescentei:
- Por favor, ajude esses dois príncipes da Índia.
Devolva-lhes o que lhes foi tirado. Ajude-me a ser
forte e sábia o bastante para fazer o que for
necessário. Ambos merecem a chance de ter uma
vida.
Agarrei a mão de Poncho com firmeza e esperamos.
Outro minuto se passou, e mais outro. Ainda
assim nada aconteceu. Poncho me abraçou
brevemente e disse que precisava voltar à forma
de tigre. Beijei seu rosto e ele começou a mudar.
No momento em que voltou a ser um tigre, a sala
começou a vibrar e as paredes de repente se
sacudiram. Um trovão ensurdecedor soou no
templo, seguido por várias explosões de luz
branca.
Um terremoto! Seremos enterrados vivos!
Pedras pequenas e grandes despencavam do teto
e uma das grandes colunas rachou. Eu caí e Poncho
saltou sobre mim, protegendo meu corpo dos
escombros.
O tremor foi parando e o estrondo cessou. Poncho se
afastou de mim enquanto eu me erguia devagar,
cambaleando. Tornei a olhar para a estátua,
atônita. Uma parte da parede de pedra havia se
quebrado, espatifando-se em centenas de
pedaços.
Na parede onde a pedra estivera agora via-se a
marca de uma mão. Andei até lá e Poncho grunhiu
baixinho. Tracei o contorno da mão com o dedo e
olhei para Poncho. Reunindo coragem, ergui minha
mão e a coloquei na marca. Senti que a pedra
ficava quente, da mesma forma que na caverna
de Kanheri. Minha pele fulgurava, como se
alguém segurasse uma lanterna debaixo da minha
mão. Fascinada, fiquei olhando as veias azuis
que apareciam enquanto minha pele se tornava
transparente.
O desenho de hena de Phet ressurgiu e reluziu
vermelho. Faíscas crepitantes saltavam de meus
dedos, que formigavam. Ouvi um tigre grunhir,
mas não era Poncho. Era Damon, o tigre de Durga!
Os olhos do tigre brilharam amarelos. A pedra se
transformou de rocha dura em carne viva e pelo
alaranjado e preto. Ele arreganhou os dentes rosnando
para Poncho, que recuou um passo e rugiu
enquanto seu pelo se eriçava em torno do
pescoço. De repente, o tigre parou, se sentou e
olhou para sua dona.
Tirei minha mão da marca e comecei a me
afastar. Lentamente, fui recuando até me
encontrar atrás de Poncho. Calafrios percorriam
minhas costas e eu tremia de medo. A estátua
rígida começou a respirar e a pedra bege claro se
dissolveu em carne.
A deusa Durga era uma linda mulher indiana,
porém com pele de ouro. Vestida em uma túnica
de seda azul, fez um movimento e eu ouvi o
sussurro do tecido deslizando. Jóias de todos os
tipos adornavam cada braço. Elas cintilavam e
resplandeciam. Reflexos das cores do arco-íris
encheram o templo e incidiam de um ponto a
outro quando ela se movia. Prendi a respiração
enquanto ela piscava, abrindo os olhos, e baixava
os oito braços. Durga cruzou dois pares deles
diante do peito e inclinou a cabeça, observandonos.
Poncho se aproximou e esfregou a lateral do corpo
em mim. Isso me tranquilizou e eu me senti
muito grata por sua presença. Pousei a mão em
suas costas e senti os músculos tensos debaixo
da minha palma. Ele estava pronto para saltar,
para atacar se fosse preciso.
Ficamos os quatro contemplando uns aos outros
em silêncio durante um tempo. Durga parecia
especialmente interessada em minha mão, que
no momento acariciava as costas de Poncho. Por fim,
ela falou.
Um de seus braços dourados se estendeu e
gesticulou em nossa direção.
- Bem-vinda ao meu templo, filha.
Eu queria perguntar por que era sua protegida e
por que ela me chamava de filha. Eu nem sequer
era indiana. Phet dissera a mesma coisa e essa
idéia ainda me desconcertava, mas achei que era
melhor ficar calada.
Ela apontou para a tigela a seus pés e disse:
- Sua oferenda foi aceita.
Baixei os olhos para a tigela. As frutas
tremeluziram, faiscaram e então desapareceram.
Durga deu tapinhas na cabeça de seu tigre por
um instante, parecendo esquecer que estávamos
ali.
Continuei em silêncio.
Ela olhou para mim e sorriu. Sua voz ecoou pela
caverna como um sino tilintando.
- Vejo que você tem seu próprio tigre para ajudála
em tempos de guerra.
Minha voz soou fraca e frágil comparada ao seu
tom potente e melódico:
- Ah... sim. Este é Poncho, mas ele é mais do que
apenas um tigre.
Ela sorriu para mim e eu me vi arrebatada por
seu esplendor.
- Eu sei quem ele é e que você o ama quase tanto
quanto eu amo o meu Damon. Não é?
Ela puxou afetuosamente a orelha de seu tigre
enquanto eu, muda, assentia com a cabeça.
- Vocês vieram buscar minha bênção e minha
bênção eu darei. Cheguem mais perto e a
aceitem.
Ainda amedrontada, aproximei-me ligeiramente,
arrastando os pés. Poncho colocou seu corpo entre
mim e a deusa e manteve a atenção voltada para
o tigre.
Durga ergueu seus oito braços e fez um gesto
para que eu me aproximasse mais um pouco. Dei
alguns passos. Poncho ficou cara a cara com Damon.
Ambos se farejaram ruidosamente enquanto
franziam o focinho, demonstrando que a posição
não lhes agradava.
A deusa os ignorou, sorrindo para mim, e
anunciou:
- O prêmio que vocês procuram está escondido no
reino de Hanuman. Meu sinal irá lhes indicar o
portão. O domínio de Hanuman tem muitos
perigos. Você e seu tigre devem permanecer
juntos para atravessá-lo em segurança. Se vocês
se separarem, enfrentarão grande perigo.
Seus braços começaram a se mover e eu dei um
curto passo para trás. Ela prendeu uma concha
no cinto e então começou a girar as armas nas
mãos. Passando-as de braço em braço,
inspecionou cada uma delas atentamente.
Quando chegou àquela que queria, parou. Olhou
com amor para a arma e correu uma das mãos
livres por sua lateral.
Era a gada. Ela a segurou diante de si e indicou
que eu devia pegá-la. Estendi o braço, envolvi o
cabo com a mão e a ergui, trazendo-a em minha
direção. Parecia feita de ouro, mas,
estranhamente, não era pesada. Na verdade, eu
conseguia segurá-la facilmente com uma só mão.
Corri a mão pela arma. Era mais ou menos do
comprimento do meu braço. O punho era
retorcido e entalhado em uma espiral dourada. O
cabo era uma barra de ouro lisa e fina, de 5
centímetros de largura, que terminava em uma
esfera pesada com uns 6 centímetros de
diâmetro. Minúsculas jóias de cristal pontilhavam
toda a superfície da esfera. Fiquei perplexa ao me
dar conta de que provavelmente eram
diamantes.
Agradeci a Durga, que me sorria com
benevolência. Ela ergueu um braço e apontou
para a coluna, então assentiu, encorajando-me.
- Quer que eu vá até a coluna? - perguntei,
apontando também.
Ela indicou a gada em minha mão e então tornou
a olhar para a coluna.
Arquejei.
- Ah, quer que eu a teste?
A deusa assentiu e começou a acariciar a cabeça
de seu tigre.
Voltei-me para a coluna e ergui a gada como um
bastão de beisebol. Respirei fundo, fechei os
olhos e brandi a arma. Esperei que ela atingisse a
pedra, repercutisse e fizesse vibrar meus braços
dolorosamente. Errei. Ou pelo menos foi o que
pensei.
Tudo aconteceu em câmera lenta. Um estrondo
sacudiu o templo e um fragmento de pedra
atravessou o ar como um míssil. Ele atingiu a
coluna com um eco e se estilhaçou, explodindo
em um milhão de pedaços. Fiquei olhando a
poeira arenosa cair sobre a pilha de destroços. A
coluna exibia agora um imenso sulco.
Minha boca estava escancarada de espanto.
Voltei-me para a deusa, que me dirigia um
sorriso, orgulhosa.
- Acho que vou ter que tomar muito cuidado com
esta coisa.
Durga assentiu e explicou:
- Use a gada quando necessário para se proteger,
mas espero que ela seja manejada
principalmente pelo guerreiro ao seu lado.
Fiquei imaginando como um tigre poderia usar
uma gada e então pousei a arma com cuidado no
chão de pedra. Quando ergui os olhos, Durga
havia estendido outro braço delicado adornado
com uma serpente dourada tão viva quanto a
própria deusa. A língua da serpente se projetava
sem parar e ela sibilava, enroscada no bíceps da
deusa.
- Esta, porém, é para você - anunciou Durga, e eu
observei com horror a serpente dourada
lentamente se desenroscar de seu braço e
atravessar o estrado. Então parou, ergueu a
cabeça, elevando do chão metade do corpo, e
projetou a língua, experimentando o ar à sua
volta. Os olhos pareciam minúsculas esmeraldas.
Quando dilatou as laterais do pescoço no
revelador capelo, eu tremi, percebendo que se
tratava de uma naja. Os traços normais da naja
ainda estavam lá, mas, em vez de escamas
marrons e pretas, as manchas do capelo eram
bege, âmbar e creme, espiraladas em um fundo
dourado. A pele da barriga era de um branco
leitoso e a língua, da cor do marfim.
A cobra se insinuou para mais perto de mim. Poncho
recuou alguns passos quando ela deslizou entre
suas patas.
Eu estava apavorada, com a boca seca. Ergui os
olhos para a deusa, que tinha um sorriso sereno
no rosto enquanto observava seu bichinho de
estimação se aproximar de mim.
A cobra foi até o meu tênis, disparou a língua
mais uma vez e enrolou a cabeça na minha
perna. Ela circulou minha panturrilha e enroscou
o corpo diversas vezes. Eu podia sentir seus
músculos apertando minha perna com firmeza
enquanto seu corpo se ondulava e ela subia
devagar. Minhas pernas e meus braços tremiam,
e eu oscilava como uma flor sob chuva forte. Ouvi
a mim mesma choramingar. Poncho emitiu um ruído
entre um grunhido e um ganido, aparentemente
sem saber o que fazer para me ajudar. A serpente
alcançou o alto da minha coxa. Meus
cotovelos estavam imobilizados e meus braços
tremiam quando os abri um pouco, afastando-os
do corpo. A serpente apertou minha coxa com a
parte inferior de seu corpo e estendeu a cabeça
na direção da minha mão.
Observei fascinada e horrorizada ela alcançar
meu pulso e rapidamente saltar para o braço.
Enroscando-se, continuou seu lento progresso
braço acima. As escamas eram frias e lisas. A
serpente me prendia, como um torno poderoso. A
medida que apertava meu braço e subia, o fluxo
do meu sangue era interrompido e então
recomeçava, como se eu houvesse colocado um
torniquete naquele membro.
Quando a maior parte de seu corpo estava presa
em torno da porção superior do meu braço, a
cobra estendeu a cabeça até meu ombro e roçoua
em meu pescoço. Sua língua se projetou e
experimentou o suor salgado que ali brotava,
fazendo meu lábio inferior tremer. Gotas de suor
escorriam pelo meu rosto enquanto eu respirava
pesadamente. Eu podia sentir-lhe a cabeça
passeando em meu pescoço, roçando em meu
queixo, e então, lá estava ela, com o pescoço
dilatado, fitando meu rosto com seus olhos de
jóias. No instante em que pensei que eu fosse
desmaiar, ela voltou para o braço, enroscou-se
mais duas vezes e então imobilizou-se, com a
cabeça voltada para Durga.
Cautelosamente, baixei os olhos para olhá-la e
fiquei estupefata ao ver que ela havia se
transformado em uma jóia. Parecia um daqueles
braceletes de cobra que os antigos egípcios
usavam. Seus olhos de esmeralda observavam o
espaço à frente sem piscar.
Hesitante, estendi meu outro braço para tocá-la.
Ainda podia sentir as escamas lisas, mas seu
toque era metálico, não de matéria viva.
Estremeci e virei-me para a deusa.
Como a gada, a serpente era relativamente leve.
Agora que eu tinha coragem suficiente para olhála
mais de perto, pude perceber que a cobra
havia encolhido. A grande serpente diminuíra de
tamanho até se tornar um pequeno bracelete
enroscado.
- Ela se chama Fanindra, a Rainha das Serpentes -
informou a deusa. - É um guia e irá ajudar vocês
a encontrar o que procuram. Ela pode conduzi-los
por vias seguras e irá iluminar seu caminho
através da escuridão. Não tenha medo, pois ela
não lhe deseja nenhum mal.
A deusa estendeu a mão para acariciar a cabeça
imóvel da cobra e recomendou:
- Ela é sensível às emoções das pessoas e anseia
por ser amada pelo que é. Tem um propósito,
assim como todos os seus filhos, e devemos
aprender a aceitar que todas as criaturas, por
mais assustadoras que possam ser, são de
origem divina.
Inclinei a cabeça e declarei:
- Tentarei superar o meu medo e lhe dar o
respeito que ela merece.
- Isso é tudo o que peço - disse a deusa, sorrindo.
Quando Durga recolhia os braços e começava a
voltar à posição original, ela baixou os olhos para
mim e para Poncho.
- Posso lhes dar um conselho antes de partirem?
- É claro que sim, Deusa - falei.
- Lembrem-se de se manterem juntos. Se forem
separados, não confiem em seus olhos. Usem o
coração. Ele lhes dirá o que é real e o que não é.
Quando obtiverem o fruto, escondam-no bem,
pois existem outros que desejam pegá-lo e usá-lo
para o mal e com propósitos egoístas.
- Mas não devemos lhe trazer o fruto de volta
como oferenda?
A mão que acariciava o tigre se imobilizou em
seu pelo e a carne endureceu até se tornar
áspera e cinza.
- Vocês já fizeram sua oferenda. O fruto tem outro
propósito, do qual tomarão conhecimento no
devido tempo.
- E quanto aos outros presentes, às outras
oferendas?
Eu estava desesperada por saber mais e era
óbvio que meu tempo estava se esgotando.
- Podem me fazer as outras oferendas em meus
outros templos, mas os presentes vocês devem
guardar até...
Seus lábios vermelhos detiveram-se no meio da
frase e seus olhos se turvaram e se tornaram
globos sem visão mais uma vez. Durga e também
suas jóias de ouro e roupas brilhantes
desbotaram até se tornarem outra vez uma
escultura.
Estendi a mão e toquei a cabeça de Damon, e
então limpei a poeira das mãos na calça jeans
depois de roçar a mão em uma orelha arenosa.
Poncho se aproximou de mim e eu corri os dedos por
suas costas peludas, absorta em pensamentos. O
som de seixos caindo me tirou de meus
devaneios.
Dei um abraço no pescoço de Poncho, apanhei
cuidadosamente a gada e caminhamos até a
entrada do templo. Ele ficou parado ali alguns
minutos enquanto eu pegava um galho de árvore
e apagava suas pegadas.
Quando atravessávamos o caminho de terra de
volta ao Jeep, fiquei surpresa ao ver que o sol
havia percorrido um longo caminho no céu.
Tínhamos passado um bom tempo no santuário,
mais tempo do que eu havia pensado. O Sr.
Kamal cochilava no veículo estacionado à
sombra, com as janelas abertas. Ele se sentou
rapidamente e esfregou os olhos quando nos
aproximamos.
- O senhor sentiu o terremoto? - perguntei.
- Terremoto? Não. Aqui fora está silencioso como
uma igreja. - Ele riu de sua própria piada. - O que
aconteceu lá dentro?
O Sr. Kamal desviou os olhos do meu rosto para
os meus novos presentes e arquejou, surpreso.
- Srta. Anahi! Posso?
Entreguei-lhe a gada. Ele estendeu as duas mãos,
hesitante, e a pegou de mim. Pareceu ter um
pouco de dificuldade com o peso, o que me fez
pensar se, em sua idade avançada, não era mais
fraco do que parecia. Interesse erudito e puro
prazer se refletiam em seu rosto.
- É linda! - exclamou.
Assenti.
- Devia vê-la em ação. - Pousei minha mão em
seu braço. - O senhor estava certo.
Decididamente recebemos a bênção de Durga. -
Apontei para a serpente enroscada em meu
braço. - Diga oi para Fanindra.
Ele estendeu um dedo para tocar a cabeça da
cobra. Eu me encolhi, torcendo para que ela não
se reanimasse, mas Fanindra permaneceu
imóvel. Ele parecia hipnotizado pelos objetos.
Puxei-lhe o braço.
- Venha, Sr. Kamal, vamos embora. Vou lhe
contar tudo no carro. Além do mais, estou
morrendo de fome.
O Sr. Kamal riu, radiante. Envolvendo
cuidadosamente a gada em um cobertor, ele a
guardou na traseira do carro. Então foi até o lado
do carona e abriu a porta para mim e para Poncho.
Entramos, afivelei meu cinto e partimos na
direção de Hampi. Durga havia se manifestado e
nós tínhamos um fruto dourado para buscar.
Estávamos prontos.



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Autor(a): ju10linha

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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Prévia do próximo capítulo

No trajeto de volta para a cidade, o Sr. Kamalouviu com toda a atenção cada detalhe de nossaexperiência no templo de Durga e me metralhoucom dezenas de perguntas. Pediu detalhes queeu nem sequer tinha considerado importantes.Por exemplo, ele quis saber que imagens asoutras três colunas do templo mostravam e eunem me lembrava de ter olhado para elas. ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 98



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  • franmarmentini♥ Postado em 10/09/2015 - 15:59:39

    OLÁAAAAAAAAAAAAAA AMORE ESTOU POSTANDO UMA FIC* TE ESPERO LÁ BJUS http://fanfics.com.br/fanfic/49177/em-nome-do-amor-anahi-e-alfonso

  • Elis Herrera ❤ Postado em 23/04/2015 - 16:57:14

    Postaaaaaaaa =(

  • franmarmentini♥♥ Postado em 02/04/2015 - 17:30:00

    AMORESSSSSSSSS IREI VIAJAR E JÁ TO COM VÁRIAS FICS EM ATRASO MINHA VIDA TA UMA LOUCURA MAS NUNCA NUNCA VOU DEIXAR DE LER...VOU IR VISITAR A CIDADE ONDE MINHA MÃE ESTÁ INTERRADA QUE FICA PERTO DE PITANGA PARANÁ E É NO SITIO ENTÃO PROVAVELMENTE EU NÃO TENHA COMO LER PQ TENHO MUITOS TIOS LÁ E QUERO VER SE CONSIGO VISITAR TODOS...VOLTO NA TERÇA FEIRA E PROMETO TENTAR COLOCAR EM DIA TODAS AS FICS O QUANTO ANTES BJUSSSSSSSSSSSSSSSS A TODAS AMO VCS!!!!!!!!! FUI....

  • franmarmentini Postado em 29/01/2015 - 08:39:07

    thatyponny o que vai acontecer??? quero aya juntosssssssssssssss :/ agora vc me deixou apriensiva..;.

  • franmarmentini Postado em 29/01/2015 - 08:37:34

    quero felipe bem longeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee eeeeeeeeeeeeeee da any,,,,e não vejo a hora dela encontrar o poncho logo :)

  • elis_maria Postado em 23/01/2015 - 12:43:03

    Posta mais...

  • thatyponny Postado em 08/01/2015 - 14:14:54

    VOCÊ NÃO SABE QUANTO EU ESPEREI, ESPEREI TANTO QUE JÁ LI TODOS OS LIVROS, MAS LER EM PONNY É UM AMOR O RUIM É QUE EU SEI O QUE VAI ACONTECER.

  • franmarmentini Postado em 04/01/2015 - 16:50:57

    Ebaaaaaaaaaaa

  • franmarmentini Postado em 08/12/2014 - 11:48:24

    cade vc?? :(

  • elis_herrera Postado em 20/10/2014 - 20:39:49

    Olá, continua... gostei de sua fic.


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