Fanfics Brasil - Fuga A Maldiçao do Tigre AyA

Fanfic: A Maldiçao do Tigre AyA | Tema: RBD AyA


Capítulo: Fuga

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Quando abri os olhos, o rosto de Poncho estava
diante de mim.
- Anahi! Você está bem? Você caiu. Desmaiou? O
que aconteceu?
- Não, eu não desmaiei! Pelo menos, acho que
não.
Ele me segurava nos braços, me apertando junto
ao peito, e eu gostava disso. Não queria gostar,
mas gostava.
- Você me pegou?
- Eu falei que não ia deixar você cair - disse ele,
em tom de sermão.
- Obrigada, super-herói - murmurei, sarcástica. -
Agora me ponha no chão, por favor. Eu posso
ficar de pé.
Poncho me colocou no chão com cuidado e, para
minha grande consternação, minhas pernas ainda
bamboleavam. Ele estendeu a mão para me
firmar e eu gritei:
- Eu disse que posso ficar de pé! Pode me dar um
minuto, por favor?
Eu não sabia por que estava gritando com ele.
Poncho só queria ajudar, mas eu estava assustada.
Coisas estranhas estavam acontecendo comigo,
coisas sobre as quais eu não tinha o menor
controle. Também me sentia constrangida e
excessivamente sensível quando ele me tocava.
Não conseguia pensar direito. Meu cérebro ficava
enevoado, como um espelho em um banheiro
cheio de vapor. Eu precisava me afastar dele o
mais rápido possível.
Sentei-me na borda de pedra do tanque de água
e calcei meus tênis, esperando que a tontura logo
passasse.
Poncho cruzou os braços sobre o peito e estreitou os
olhos, me encarando.
- Anahi, me conte o que aconteceu, por favor.
- Não sei bem. Eu tive uma... visão, acho.
- E o que você viu?
- Eram três pessoas: o Sr. Kamal, um homem
assustador e eu. Nós três usávamos amuletos, e
eles brilhavam, vermelhos.
Ele baixou os braços e seu rosto ficou sério.
- Como era esse homem assustador? - perguntou
baixinho.
- Ele parecia... sei lá, um chefe da máfia ou algo
no gênero. O tipo de sujeito que gosta de estar
no controle e matar. Tinha cabelo escuro e olhos
negros e brilhantes.
- Era indiano?
- Não sei. Talvez.
Fanindra havia se enroscado aos meus pés em
sua posição de joia. Eu a apanhei, deslizei-a
braço acima e então olhei ao redor, desesperada.
- Poncho? Onde está o fruto dourado?
- Aqui.
Ele o apanhou onde havia caído, na base da
árvore.
- Precisamos escondê-lo.
Alcancei a mochila e tirei minha colcha de dentro
dela. Estendi a mão e peguei o fruto com Poncho,
tomando cuidado para que nossas mãos não se
tocassem, e então o enrolei na colcha e guardei
na mochila. Acho que fui um pouco óbvia em meu
desejo de evitar tocá-lo, pois Poncho me olhava de
cara feia quando me voltei para ele.
- O que foi? Agora você não pode nem me tocar?
É bom saber que eu lhe causo tanta repugnância!
Que pena que você não convenceu Felipe a vir,
assim podia me evitar totalmente!
Eu o ignorei e amarrei meus cadarços, fazendo
laços duplos.
Ele gesticulou na direção da cidade e sorriu,
zombeteiro:
- Quando se sentir recuperada o bastante,
rajkumari.
Eu o olhei, feroz, e empurrei seu peito.
- Talvez Felipe tivesse sido menos idiota. E, para
sua informação, Sr. Sarcástico, não estou
gostando muito de você agora.
Ele me encarou com os olhos estreitados.
- Bem-vinda ao clube, Annie. Podemos ir embora?
- Ótimo.
Virei-me de costas para ele, ajustei as alças da
mochila e saí andando sozinha.
Ele ergueu as mãos, exasperado.
- Ótimo!
- ÓTIMO! - gritei de volta, e continuei andando
para a cidade com ele me seguindo em silêncio,
furioso.
Depois que passamos a primeira construção, o
chão começou a estremecer. Paramos e nos
viramos para olhar a árvore dourada. Ela estava
retornando para dentro do solo e as duas
metades do tanque voltavam a se unir. Havia um
estranho brilho vindo de dentro das quatro
estátuas de macacos.
- Hã... Annie? Acho que seria bom sairmos da
cidade o mais rápido possível.
Aceleramos o ritmo e começamos a correr entre
as construções. Ouvi um silvo e um grito, seguido
por vários outros. As estátuas dos macacos
estavam brilhando e ganhando vida. Alguma
coisa se movia acima de nossas cabeças.
Pequenas figuras marrons e pretas saltavam de
casa em casa nos seguindo. A cacofonia dos
gritos atingiu um nível de ruído incrível.
Gritei para Poncho enquanto corria:
- Perfeito! Agora estamos sendo perseguidos por
hordas de macacos! Talvez você queira nomear
as espécies enquanto eles nos atacam, só para
eu poder apreciar as características especiais de
cada macaco enquanto eles me matam!
Ele corria ao meu lado.
- Pelo menos, enquanto os macacos a
atormentam, você não tem tempo de me
atormentar!
Os macacos estavam chegando mais perto. Eu
quase tropecei em um que atravessou em
disparada na minha frente. Poncho saltou sobre um
chafariz com sua força de tigre. Exibido.
- Poncho, estou atrasando você. Dê o fora daqui!
Pegue a mochila e vá.
Ele riu com deboche enquanto corria à minha
frente. Então, virou-se para me olhar enquanto
corria:
- Ah! Bem que você iria gostar de se livrar de
mim!
Ele correu um pouco mais à minha frente e se
transformou em tigre. Então voltou em disparada
a minha direção e saltou sobre o meu corpo em
movimento, avançando para a aglomeração de
macacos a fim de retardá-los.
Gritei para ele, ainda correndo:
- Ei! Cuidado onde pula! Quase arranca a minha
cabeça!
Continuei correndo, exigindo das minhas pernas o
máximo que podiam dar. Ouvia ruídos terríveis às
minhas costas. A maior parte dos macacos atacava.
Poncho mordia, golpeava com as garras e
rugia. Olhei para trás por sobre o ombro. Macacos
marrons, cinza e pretos cobriam seu corpo e se
agarravam ao seu pelo. Uns 10 macacos ainda
me perseguiam, inclusive o imenso ba- buíno do
tanque de água.
Dobrei uma esquina e finalmente vi a ponte
levadiça. Um macaco saltou e se agarrou à minha
perna, me atrasando. Tentei me livrar dele
enquanto corria.
Batendo nele inutilmente, gritei:
- Ma-ca-co im-be-cil... caia fora!
Em resposta, ele mordeu meu joelho.
- Aiii!
Sacudi a perna com mais força enquanto corria e
batia o pé no chão para tornar o passeio o mais
desagradável possível para o pequeno carona.
Nesse momento, a metade superior do corpo de
Fanindra se animou. Ela sibilou e cuspiu no
macaco, que gritou e imediatamente soltou
minha perna.
- Obrigada, Fanindra.
Afaguei-lhe a cabeça enquanto ela se acomodava
outra vez em meu braço.
Alcancei o portão, cruzei a ponte e parei do outro
lado. Poncho vinha saltando em minha direção,
tentando se livrar dos macacos em suas costas.
Vários deles vieram enfurecidos para cima de
mim. Eu os chutei violentamente, tirei rápido a
mochila dos ombros e peguei a gada.
Comecei a brandi-la como um bastão de beisebol.
Acertei um macaco com um ruído nauseante, e
ele gemeu e fugiu em disparada de volta para a
cidade. O problema era que eu só conseguia
acertar um deles em média na terceira tentativa.
Um saltou nas minhas costas e começou a puxar
meus cabelos. Outro se agarrou à minha perna.
Continuei a brandir a gada para a frente e para
trás, e por fim consegui me livrar de quase todos.
Poncho atravessou a ponte levadiça com cerca de 15
macacos agarrados ao seu pelo. Ele saltava,
pulava de encontro às árvores, batendo o corpo
nos troncos, primeiro de um lado, depois do
outro. Então, com um salto, esfregou o corpo em
um galho e arrancou os macacos restantes.
As árvores de agulhas ganharam vida, disparando
ramos com folhas para enredar os malignos
símios pelas pernas e caudas, e então os
puxaram aos gritos para os galhos. Eles eram
leves demais para lutar e logo desapareciam nas
copas.
Enquanto isso, eu brandia a gada contra o
babuíno cinza, mas ele corria à minha volta para
evitar os golpes. Era rápido demais para mim e
guinchava sem parar. Agitava os braços
compridos e me acertava a cada oportunidade.
Era forte o bastante para que seus golpes
doessem. Eu tinha a sensação de que estava
sendo amaciada, como um pedaço de carne. Um
macaquinho minúsculo se sentou no meu ombro
e puxou minhas tranças com tanta força que
conseguiu me arrancar lágrimas.
Livre dos macacos, Poncho correu ao meu encontro
na forma humana, soltou os dedos do
macaquinho das minhas tranças, arrancou-o do
meu ombro e o atirou pelos portões da cidade. O
macaquinho bateu com força no chão, rolou e
então se levantou, silvou para nós e
desapareceu. Poncho pegou a gada da minha mão e
a ergueu contra o babuíno, que deve ter
adivinhado que a mira de Poncho era melhor do que
a minha, pois soltou um berro e também correu
de volta para a cidade.
Desabei sentada no chão, arfando. A cidade de
repente ficou sinistramente quieta. Não se ouvia
nem um único silvo ou grito de macaco.
Poncho se virou para me olhar.
- Você está bem?
Agitei a mão na direção dele, dispensando sua
preocupação. Ele se abaixou, tocou o meu rosto,
olhou-me de cima a baixo e então sorriu, irônico.
- O pequenininho era um sagui-leãozinho. Só para
o caso de você querer saber.
- Obrigada, Enciclopédia Ambulante dos Macacos
- rebati, ofegante.
Ele riu, pegou garrafas de água para nós dois e
me entregou uma barra de cereais.
- Você não vai comer uma? - perguntei.
Ele pôs a mão no peito e zombou.
- Eu? Comer uma barra de cereais quando a selva
está aí cheia de macacos apetitosos? Não,
obrigado. Não estou com fome.
Mordisquei minha barra em silêncio e verifiquei o
Fruto Dourado para ter certeza de que não se
machucara. Ainda estava lá, embrulhado em
segurança em minha colcha.
Depois de uma rápida refeição e um pouco de
descanso, começamos a jornada de volta pelo
caminho de cascalho entre as árvores e o riacho.
Poncho batia nas árvores com força extra ao
passarmos. Comecei a me sentir culpada pela
maneira como o vinha tratando. Eu observava
seus ombros rígidos enquanto ele andava,
furioso, na minha frente.
Eu sentia falta de sua amizade. Sem falar das
outras coisas.
Estava prestes a lhe pedir desculpas quando
percebi que os kappa estavam tirando a cabeça
da água e nos observando.
- Olhe, Poncho. Temos companhia.
Olhar para eles só pareceu lhes dar novo ímpeto
para agir. Ergueram ainda mais a cabeça e
acompanharam nosso progresso com olhos muito
pretos. Eu não conseguia deixar de olhar para
eles. Eram horríveis! Exalavam um cheiro de
pântano fétido e, quando piscavam, as pálpebras
deslizavam de lado, como as de um crocodilo.
Sua carne era pálida, quase diáfana, e suas veias
negras pulsantes podiam ser vistas sob a pele
pegajosa. Apressei o passo. Poncho colocou-se entre
mim e o riacho, erguendo a gada como um aviso.
- Tente se curvar para eles - sugeri.
Ambos começamos a baixar a cabeça e nos
curvar enquanto andávamos, mas eles nos
ignoraram e ergueram-se ainda mais na água.
Agora estavam de pé e se moviam adiante, lenta
e mecanicamente, como se tivessem acabado de
acordar de um sono profundo. A água chegava à
altura de seu peito, mas eles estavam se
aproximando. Eu me virei e fiz uma profunda
reverência, mas ainda assim não funcionou.
- Continue, Anahi. Vá mais rápido!
Começamos a correr. Eu sabia que não
aguentaria manter aquele ritmo por muito tempo,
mesmo com Poncho carregando a mochila. Mais
kappa surgiram da água, vários metros à nossa
frente. Eles tinham braços compridos e mãos
membranosas. Um deles sorriu para mim e eu vi
dentes pontudos e afiados. Um tremor percorreu
as minhas costas e eu corri um pouco mais
rápido.
Agora eu podia ver as pernas das criaturas. Fiquei
surpresa que tivessem pernas como as humanas.
Por suas costas desciam cristas semelhantes a
uma espinha de peixe. Suas pernas musculosas e
poderosas estavam cobertas de restos de plantas
aquáticas, e suas longas caudas se enroscavam
como a de um macaco, mas terminavam em uma
nadadeira caudal transparente. Os kappa se
balançavam para a frente e para trás,
ameaçadores, puxando os pés da imundície com
um ruidoso som de sucção enquanto abriam
caminho para a margem do rio.
Tinham o cuidado de manter a cabeça
equilibrada, o que fazia com que seus corpos
parecessem desarticulados. A cabeça ficava em
um lugar enquanto o torso se balançava e
oscilava, à semelhança de um zumbi. Eles tinham
uns 30 centímetros a menos que eu e se moviam
rapidamente, ganhando velocidade enquanto
avançavam, desajeitados, com os pés
membranosos. Era sinistro ver seus corpos
acelerarem enquanto as cabeças permaneciam
quase imóveis.
- Mais rápido, Anahi. Corra mais!
- Não consigo ir mais rápido, Poncho!
Uma horda de vampiros kappa brancos nos
perseguia, diminuindo a distância rapidamente.
- Não pare, Anahi - gritou Poncho. - Vou tentar
atrasá-los!
Continuei correndo por uma boa distância, então
voltei-me para ver como Poncho estava se saindo.
Ele havia parado de tentar se curvar para eles,
que se detinham para avaliar sua atitude, mas,
ao contrário da história da mãe de Poncho, não se
curvavam de volta. Guelras nas laterais do
pescoço se abriam e fechavam, e eles abriram a
boca, exibindo os dentes. Gotas negras e
viscosas escorriam de suas bocas quando um
gorgolejo se transformava em grito penetrante.
Então dispararam na direção de Poncho, atacando
sua presa.
Poncho lançou a gada com força contra o mais
próximo, enterrando-a fundo no peito da criatura.
O monstro lançou um líquido escuro e imundo
pela boca e caiu na margem do riacho. Os outros
nem sequer notaram o companheiro caído. Eles
apenas se lançaram sobre Poncho, que, depois de
acertar vários outros, deu meia-volta e correu em
minha direção, acenando.
- Continue correndo, Anahi! Não pare!
Conseguimos nos manter à frente deles, mas eu
estava esgotada. Paramos por um breve instante
para recuperar o fôlego.
- Eles vão nos pegar - falei, arfando e tentando
sorver o ar. - Não posso continuar correndo.
Minhas pernas estão perdendo as forças.
Poncho também arfava.
- Eu sei. Mas temos que continuar tentando. -
Tomando um grande gole de água, ele me
entregou a garrafa com o restante e agarrou a
minha mão, me levando para as árvores. - Venha.
Siga-me. Tenho uma idéia.
- Poncho, as árvores de agulhas são terríveis. Se
voltarmos lá, vamos ter duas coisas tentando nos
matar, e não apenas uma.
- Confie em mim, Annie. Venha comigo.
Quando entramos no meio das árvores de
agulhas, os galhos imediatamente começaram a
reagir a nós. Poncho me puxava com ele enquanto
corríamos. Para falar a verdade, não achei que
pudesse prosseguir, mas de alguma forma
consegui. Eu podia sentir os espinhos fustigando
minhas costas.
Depois de vários minutos correndo, Poncho parou,
me pediu que ficasse imóvel e atacou as árvores
à minha volta com a gada.
Então se inclinou, ofegante.
- Sente-se. Descanse um pouco. Vou tentar fazer
os kappa me seguirem para as árvores. Espero
que funcione com eles como funcionou com os
macacos.
Poncho se transformou em tigre, deixou-me com a
gada e a mochila e depois disparou para os
galhos ondulantes. Fiquei de ouvidos atentos e
escutei as árvores se movendo, tentando prendêlo
ao passar. Então tudo ficou mortalmente
silencioso. O único som era o da minha
respiração irregular. Sentei-me no chão coberto
de musgo o mais distante possível das árvores e
esperei.
Mesmo aguçando os ouvidos, eu nada ouvia, nem
mesmo pássaros. Por fim, me deitei e descansei a
cabeça na mochila. Meu corpo e meus músculos
doloridos latejavam, e os arranhões nas costas
ardiam. Devo ter cochilado, porque um barulho
me despertou com um susto. Ouvi um ruído
estranho de algo se arrastando perto da minha
cabeça. Uma forma branco-acinzentada saltou do
meio das árvores em minha direção e, antes que
eu pudesse me levantar, agarrou meus braços e
me puxou para a posição sentada. Então se
inclinou sobre mim e babou uma saliva preta em
meu rosto.
Eu me debatia, batendo em seu peito, mas a
criatura era mais poderosa do que eu. Seu torso
era coberto por cortes que vertiam gotas escuras;
as árvores haviam arrancado pedaços de sua
carne. Olhos bizarros piscaram várias vezes à
medida que ela me puxava para mais perto,
mostrava os dentes e enterrava-os em meu
pescoço.
Ela grunhia e sugava meu pescoço, e eu chutava
com força, tentando escapar. Eu gritava e me
debatia, mas minha energia rapidamente se
esgotou. Após um momento, eu já não podia
senti-la. Era quase como se aquilo estivesse
acontecendo com outra pessoa. Ainda ouvia o
monstro, mas uma estranha letargia tomou conta
de mim. Minha visão se enevoou e minha mente
vagueou até eu sentir uma paz onírica.
De repente, ouvi um estrondo, seguido por um
rugido feroz. Então vi um anjo guerreiro se erguer
acima de mim. Era magnífico! Senti um leve
puxão no pescoço e em seguida um peso foi
retirado do meu corpo. Ouvi o ruído de algo
batendo na água e o homem bonito se ajoelhou
ao meu lado. Embora ele parecesse falar comigo
com urgência, eu não conseguia entender suas
palavras. Tentei responder, mas minha língua não
me obedecia.
Delicadamente, ele afastou o cabelo do meu
rosto e tocou meu pescoço com dedos frios. Seus
olhos maravilhosos se encheram de lágrimas e
uma gota cintilante de diamante caiu em meus
lábios. Senti a lágrima salgada e fechei os olhos.
Quando os abri, ele sorriu. O calor daquele sorriso
me envolveu e agasalhou em um manto de
ternura tranquilizante. O guerreiro me pegou com
cuidado no colo e eu dormi.
Quando recuperei a consciência, estava escuro e
eu me encontrava deitada diante de uma
fogueira colorida de verde e laranja. Poncho estava
sentado ao lado, os olhos fixos nela, parecendo
arrasado, exausto e desamparado. Deve ter
percebido que eu me mexia, pois veio
imediatamente até mim e ergueu minha cabeça
com delicadeza para me dar água. Minha
garganta de repente queimou, como se eu
tivesse engolido a fogueira. O calor foi
penetrando meu corpo até explodir em meu
âmago. Eu estava pegando fogo de dentro para
fora e gemi com a dor terrível.
Poncho pousou minha cabeça com delicadeza e
pegou minha mão para acariciar meus dedos.
- Eu sinto muito. Nunca deveria ter deixado você
sozinha. Isso deveria ter acontecido comigo, não
com você. Você não merece isso.
Ele fez um carinho em meu rosto.
- Não sei como consertar isso. Não sei o que fazer.
Não sei nem quanto sangue você perdeu ou se a
mordida é letal. - Ele beijou meus dedos e sussurrou.
- Não posso perdê-la, Anahi.
O fogo em meu sangue me dominou até a dor
nublar minha visão. Comecei a me contorcer. A
dor estava além de qualquer coisa que eu tivesse
sentido antes. Poncho banhou meu rosto com uma
toalha molhada fresca, mas nada conseguia
desviar minha atenção do fogo que queimava em
minhas veias. Era excruciante! Depois de um
momento, percebi que o meu corpo não era o
único se contorcendo.
Fanindra se libertou do meu braço e enrodilhouse
perto do joelho de Poncho. Eu não a culpava por
querer se afastar de mim. Então ela ergueu a cabeça
e dilatou o capuz. A boca escancarou-se e
ela deu o bote! Fanindra me picou no pescoço,
enterrando as presas bem fundo no tecido
lacerado.
Ela injetou seu veneno em mim, recuou e então
me picou novamente, e mais outra vez, e outra.
Eu gemi e toquei meu pescoço, e quando tirei a
mão vi pus escorrendo. Um líquido dourado que
havia escorrido das perfurações das presas
também manchava a minha mão. Vi uma gota de
ouro escorrer do meu dedo até alcançar o pus na
minha palma. As substâncias fumegaram com um
silvo. O veneno de Fanindra atravessava o meu
corpo, parecendo gelo ao correr pelos membros e
entrar no coração.
Eu estava morrendo, sabia. Não culpava
Fanindra. Ela era uma cobra, afinal, e
provavelmente não queria que eu continuasse
sofrendo.
Poncho levou a garrafa aos meus lábios outra vez e
eu engoli a água, grata. Fanindra havia se
tornado inanimada e permanecia enroscada ao
lado dele. Poncho limpou meu pescoço ferido
gentilmente, lavando todo o sangue negro que
havia escorrido da ferida.
Pelo menos, a dor passara. O que quer que
Fanindra tivesse feito, havia me anestesiado.
Senti sono e sabia que precisava dizer adeus. Eu
queria contar a verdade a Poncho. Queria dizer que
ele era o melhor amigo que eu já tivera. Que eu
lamentava a forma como o havia tratado. Queria
confessar a ele... que o amava. Mas não
conseguia falar. Minha garganta estava fechada,
provavelmente por causa do veneno da cobra.
Tudo o que eu podia fazer era olhar para ele,
ajoelhado e debruçado sobre mim.
Está tudo bem. Olhar o seu rosto maravilhoso
uma última vez basta para mim. Vou morrer feliz.
Eu me sentia tão cansada. Minhas pálpebras
estavam pesadas demais para que eu as
mantivesse abertas. Fechei os olhos e esperei
que a morte viesse. Poncho abriu espaço e se sentou
ao meu lado. Sustentando minha cabeça em seus
braços, ele me puxou para seu colo. Sorri.
Melhor ainda. Não posso mais abrir os olhos para
vê-lo, mas posso sentir seu contato. Meu anjo
guerreiro pode me carregar no colo até o céu.
Ele me apertou ainda mais junto ao seu corpo e
sussurrou em meu ouvido algo que eu não
consegui entender. E a escuridão tomou conta de
mim.
A luz atingiu minhas pálpebras, obrigando-me a
abri-las dolorosamente. A garganta ainda
queimava e minha língua parecia grossa e
felpuda.
- Isso é muito doloroso para ser o céu. Devo estar
no inferno.
Uma voz irritantemente feliz me corrigiu:
- Não. Você não está no inferno, Anahi.
Quando tentei me mover, meus músculos
doloridos e contraídos protestaram.
- Eu me sinto como se tivesse perdido uma luta
de boxe.
- Você fez muito mais do que isso.
Ele se agachou ao meu lado e me ajudou a sentar
com cuidado. Examinou meu rosto, meu pescoço,
meus braços e então se sentou atrás de mim
para que eu apoiasse as costas nele e levou uma
garrafa de água aos meus lábios.
- Beba - ordenou.
Poncho segurou a garrafa para mim e a inclinou
lentamente para trás, mas eu não conseguia
engolir rápido o bastante e um pouco da água
escorreu de minha boca até o queixo, e dali para
o peito.
- Obrigada. Agora eu tenho uma camiseta
molhada.
Senti seu sorriso em minha nuca.
- Talvez tenha sido essa a minha intenção.
Bufei e levei a mão ao rosto. Apertei a bochecha
e o braço. A pele formigava e parecia dormente
ao mesmo tempo.
- Parece que injetaram uma dose maciça de
anestésico no meu corpo e que estou começando
a recuperar as sensações. Pode me dar a garrafa?
Acho que agora consigo segurá-la sozinha.
Poncho soltou a garrafa de água e deslizou os braços
pela minha cintura, me puxando para trás e me
apoiando totalmente em seu peito. Seu rosto
roçou o meu e ele murmurou baixinho:
- Como está se sentindo?
- Viva, eu acho, embora algumas aspirinas
pudessem me ajudar.
Ele riu e pegou minha mochila.
- Aqui - disse ele, entregando-me dois
comprimidos. - Estamos na entrada das cavernas.
Ainda temos que atravessá-las e passar pelas
árvores, e então subir de volta a Hampi.
- Quanto tempo fiquei apagada? - perguntei,
grogue.
- Dois dias.
- Dois dias! O que aconteceu? A última coisa de
que me lembro é de Fanindra me picando e eu
morrendo.
- Você não morreu. Foi mordida por um kappa.
Estava acabando com você quando cheguei. Ele
deve tê-la seguido até lá. Ainda bem que a maior
parte daquelas criaturas detestáveis foi liquidada
pelas árvores.
- O que me encontrou estava arranhado e
ensanguentado, mas não parecia se importar
com isso.
- E, a maioria dos que me seguiram estava
dilacerada pelas árvores. Nada parecia detê-los
em sua perseguição.
- Nenhum deles o seguiu até aqui?
- Deixaram de me perseguir quando cheguei
perto da caverna. Devem ter medo dela.
- É compreensível. Você... me carregou o caminho
todo? Como golpeou as árvores e me segurou ao
mesmo tempo?
Ele suspirou.
- Eu a pendurei no ombro e bati nas árvores até
sairmos do meio delas. Então guardei a gada,
pendurei a mochila nas costas e andei até aqui
com você no colo.
Bebi um grande gole de água e ouvi Poncho deixar
escapar um profundo suspiro.
- Já passei por muitas situações difíceis em minha
vida - disse ele baixinho. - Já estive em batalhas
sangrentas. Vi amigos serem mortos ao meu
lado. Testemunhei coisas terríveis sendo feitas
com homens e com animais, mas nunca tive
medo.
Ele fez uma pausa, retomou o fôlego e
prosseguiu:
- Já me senti perturbado. E também inquieto e
tenso. Já estive em perigo mortal, mas nunca
experimentei esse medo que faz suar frio, o tipo
que corrói um homem vivo, que o lança de
joelhos e o faz implorar. Na verdade, sempre
senti orgulho de estar acima disso. Pensava que
tinha sofrido e visto tanto que nada mais poderia
me assustar. Que nada poderia me fazer chegar a
esse ponto.
Ele roçou um breve beijo em meu pescoço.
- Eu estava errado. Quando a encontrei e vi
aquela... aquela coisa tentando matá-la, fiquei
enfurecido. Eu a destruí sem hesitar.
- Os kappa eram aterrorizantes.
- Eu não tive medo dos kappa. Tive medo... de
perder você. Senti um pavor corrosivo,
angustiante e infinito. Era insuportável. A parte
mais torturante foi perceber que eu não queria
mais viver se você se fosse e saber que não havia
nada que eu pudesse fazer. Eu estaria preso para
sempre nesta existência miserável sem você.
Ouvi cada palavra que ele dizia. Elas me
perfuravam e eu sabia que teria me sentido da
mesma forma se nossas posições fossem
trocadas. Mas eu disse a mim mesma que essa
declaração sofrida era apenas um reflexo da
tensão e da pressão por que passáramos. A
pequenina planta do amor em meu coração
tentava se agarrar a cada frágil pensamento,
absorvendo suas palavras como doces gotas de
orvalho matinal. Mas castiguei meu coração e
atirei as ternas expressões de carinho para longe,
determinada a não me deixar afetar por elas.
- Está tudo bem. Eu estou aqui. Não precisa ter
medo. Ainda estou aqui para ajudá-lo a quebrar a
maldição - declarei, tentando manter a voz
calma.
Ele apertou minha cintura e sussurrou:
- Quebrar a maldição não me importava mais. Eu
pensei que você estivesse morrendo.
Engoli em seco e tentei soar despreocupada:
- Bem, não morri. Está vendo? Sobrevivi para
mais um dia de brigas com você. E agora? Não
acharia bom que eu tivesse mesmo ido?
Seus braços se retesaram e ele me repreendeu:
- Nunca mais diga isso, Annie.
Após um segundo de hesitação, falei:
- Bem, obrigada. Obrigada por me salvar.
Ele me agarrou e eu me permiti por um minuto,
apenas um minuto, me recostar nele e aproveitar
aquela sensação.
Afinal, eu quase tinha morrido. Merecia algum
tipo de recompensa por sobreviver, não merecia?
Passado o meu minuto, dei um passo à frente, me
desvencilhando. Ele me soltou, relutante, e eu me
virei, ficando de frente para ele, com um sorriso
nervoso. Testei minhas pernas, que pareceram
fortes o bastante para que eu caminhasse.
Quando pensei que estava morrendo, eu quis
dizer a Poncho que o amava, mas, agora que sabia
que sobrevivera, essa era a última coisa que eu
queria fazer. A firme determinação de mantê-lo a
distância voltou, mas a tentação de me permitir
descansar em seus braços era tão forte, tão
poderosamente forte, que me virei de costas para
ele, endireitei os ombros e peguei a mochila.
- Vamos, Tigre. Sinto-me forte como um cavalo -
menti.
- Acho que você devia pegar leve e descansar um
pouco mais, Annie.
- Não. Estou dormindo já faz dois dias. Estou
pronta para caminhar dezenas de quilômetros.
- Pelo menos coma alguma coisa primeiro.
- Pegue uma barra de cereais para mim que eu
como no caminho.
- Mas, Annie...
Meus olhos cruzaram brevemente com o azul
cobalto dos seus e eu disse:
- Preciso sair daqui.
Então me virei e comecei a recolher nossas
coisas. Ele ficou ali sentado, imóvel, observandome
com atenção, seu olhar me queimando pelas
costas. Eu estava desesperada para sair dali.
Quanto mais tempo ficávamos juntos, mais
vacilava minha determinação. Eu estava quase a
ponto de lhe pedir que ficasse ali comigo para
sempre, vivendo em meio às árvores de agulhas
e aos kappa. Se eu não tivesse seu lado tigre de
volta logo, me perderia para sempre para o
homem.
Por fim, ele disse devagar, quase com tristeza:
- Claro. Como quiser, Anahi.
Depois se levantou, espreguiçou-se e apagou o
fogo.
Fui até onde Fanindra estava, espiralada no
formato de bracelete, e fiquei olhando para ela.
- Ela salvou sua vida, sabia? Aquelas picadas
curaram você - explicou Poncho.
Ergui a mão e toquei meu pescoço onde o kappa
havia mordido. A pele estava lisa, sem qualquer
arranhão ou cicatriz. Agachei-me.
- Acho que você me salvou de novo, Fanindra.
Obrigada.
Apanhei-a e a coloquei no braço, peguei a
mochila, dei alguns passos e me virei.
- Você vem, Super-Homem?
- Bem atrás de você.
Entramos na caverna negra. Poncho estendeu-me a
mão. Eu a ignorei e comecei a caminhar pelo
túnel. Ele me deteve e tornou a estender a mão,
olhando para ela incisivamente. Suspirei e
segurei dois dedos dele nos meus. Sorri,
envergonhada, mais uma vez óbvia demais em
minha tentativa de evitar o contato físico. Ele
grunhiu, contrariado, pegou meu cotovelo e
puxou meu corpo para junto dele, passando o
braço pelos meus ombros.
Atravessamos os túneis rapidamente. Os outros
Ponchos e Anahis gemiam e acenavam ainda mais
agressivamente do que antes. Fechei os olhos e
deixei que Poncho me conduzisse. Arquejava quando
as figuras se aproximavam e tentavam nos tocar
com suas mãos fantasmagóricas.
- Eles só podem se corporificar se prestarmos
atenção neles - sussurrou Poncho.
Andamos o mais rápido possível. Formas
malignas e outras familiares exigiam nossa
atenção. O Sr. Kamal, Felipe, meus pais, minha
família adotiva, até o Sr. Maurizio, todos
gritavam, imploravam, exigiam e nos coagiam.
Chegamos ao outro lado do túnel bem mais
depressa que da primeira vez. Poncho ainda
manteve minha mão no calor da sua depois que
saímos, e eu tentei delicada e discretamente
libertá-la. Ele olhou para mim e depois para
nossas mãos entrelaçadas. Então sorriu com
malícia. Comecei a puxar com mais força, mas
ele a apertou ainda mais. Por fim, tive quase que
arrancar a mão para que ele a soltasse.
Chega de sutileza.
Ele me dirigiu um sorriso pretensioso enquanto
eu o olhava, furiosa.
Não demorou muito para que nos víssemos de
novo na floresta de árvores de agulhas e Poncho
seguiu corajosamente para elas. Dando golpes
com a gada, ele avançava devagar, criando um
caminho pelo qual eu podia seguir em segurança.
Os galhos o fustigavam com violência e
transformaram sua camisa em farrapos. Ele a
atirou para um lado e eu me vi fitando, fascinada,
primeiro os músculos ondulantes de seus braços
e costas, depois os cortes em sua pele à medida
que se curavam diante dos meus olhos. Logo ele
estava
encharcado de suor e... e eu não pude mais olhar.
Mantive os olhos voltados para os meus pés e o
segui em silêncio.
Ele caminhava na direção das árvores. Usando a
gada, margeamos a floresta espinhenta sem
maiores incidentes.
Logo subíamos as pedras que levavam à caverna,
retornando à estátua de Ugra Narasimha, em
Hampi. Quando alcançamos o longo túnel, por
diversas vezes Poncho começou a dizer alguma
coisa, mas se deteve. Fiquei curiosa, mas não o
bastante para começar uma conversa.
Peguei a lanterna e me afastei de Poncho o máximo
que a caverna permitia, acabando colada na
parede oposta. Ele me olhou, mas me permitiu
manter a distância. Por fim, o túnel se estreitou e
tivemos que andar lado a lado outra vez. Todas
as vezes que eu olhava de relance para Poncho, via
que ele estava me observando.
Quando chegamos ao fim do túnel e vimos os
degraus de pedra que levavam à superfície, Poncho
se deteve.
- Anahi, tenho um último pedido a você antes de
subirmos.
- E o que seria? Quer falar sobre os sentidos dos
tigres ou talvez sobre tipos de macaco?
- Não. Quero que você me dê um beijo.
- O quê? - perguntei rispidamente. - Um beijo?
Para quê? Você não acha que já me beijou o
suficiente nesta viagem?
- Satisfaça um capricho meu, Annie. Este é o fim
da linha para mim. Estamos deixando o lugar
onde posso ser humano o tempo todo e tenho
apenas uma vida de tigre à minha espera.
Portanto, sim, eu quero beijar você mais uma vez.
Hesitei.
- Se alcançarmos o propósito desta viagem, você
poderá sair por aí beijando todas as garotas que
quiser. Então, para que se dar ao trabalho comigo
agora?
Ele passou a mão pelos cabelos, frustrado.
- Porque sim! Não quero sair por aí beijando todas
as garotas! Quero beijar você!
- Está bem! Se é para você se calar! - Eu me
inclinei e dei um beijinho na sua bochecha. -
Pronto!
- Não. Isso não basta. Na boca, minha prema.
Eu me inclinei e dei-lhe um selinho.
- Podemos ir agora?
Subi os dois primeiros degraus, mas ele segurou
o meu cotovelo e me fez girar, virando-me de tal
modo que tombei para a frente, caindo em seus
braços. Ele me segurou com firmeza pela cintura.
Seu sorriso pretensioso de repente se
transformou em uma expressão sóbria.
- Um beijo. De verdade. Um do qual eu possa me
lembrar.
Eu estava prestes a dizer algo sarcástico,
provavelmente sobre ele não ter permissão,
quando ele imobilizou minha boca com a sua.
Estava determinada a permanecer rígida e
indiferente, mas ele se mostrou muito paciente.
Foi mordiscando os cantos da minha boca,
depositando beijos vagarosos e suaves em meus
lábios impassíveis. Era tão difícil não
corresponder a ele.
Lutei com bravura, mas às vezes o corpo trai a
mente. De forma lenta e metódica, ele venceu
minha resistência. E, sentindo que estava
ganhando, começou a me seduzir com mais
habilidade ainda. Apertou-me de encontro ao seu
corpo e deslizou a mão até o meu pescoço,
passando a massageá-lo, instigando minha pele
com a ponta dos dedos.
Senti a pequenina planta do amor se esticar,
crescer e desdobrar suas folhas dentro de mim.
Nesse momento, me rendi e me decidi. Depois eu
poderia podá-la. E racionalizei que, quando ele
partisse o meu coração, pelo menos teria sido
beijada à perfeição.
Pelo menos vou ter algo de bom para recordar
em minha vida de solteirona rodeada de gatos.
Ou de cães. Acho que já atingi minha cota de
gatos. Gemi baixinho. É. Cães com certeza.
Então me abri para o beijo e correspondi com
entusiasmo. Reunindo todas as minhas emoções
secretas e os meus sentimentos de ternura,
enrosquei meus braços em seu pescoço e deslizei
as mãos para seus cabelos. Puxei o corpo dele
ainda mais para perto do meu e o abracei com
todo o ardor e o afeto que eu não me permitia
expressar verbalmente.
Ele fez uma pausa, desconcertado por um breve
instante, e então ajustou sua abordagem,
chegando a um frenesi apaixonado. Eu
surpreendi a mim mesma respondendo à altura
de seu vigor. Corri as mãos por seus braços e
ombros poderosos e em seguida pelo peito. Meus
sentidos estavam tumultuados. Eu me sentia
arrebatada. Ávida. Agarrei-me à sua camisa.
Nada era perto o bastante para mim. Seu cheiro
era delicioso.
O esperado era que, depois de vários dias sendo
perseguido por criaturas estranhas e
atravessando a pé um reino misterioso, ele
cheirasse mal. Na verdade, eu queria que ele
cheirasse mal. Afinal, como esperar que uma garota
esteja fresca como uma flor após perambular
pela selva e ser caçada por macacos? É
impossível.
Eu queria desesperadamente que ele tivesse
algum defeito. Alguma fraqueza. Alguma...
imperfeição. Mas o cheiro de Poncho era incrível -
cachoeiras, um dia suave de verão e sândalo,
tudo embrulhado em um homem lindo e sensual.
Como uma garota poderia se defender de uma
investida perfeita executada por alguém
perfeito? Eu desisti e deixei que ele assumisse o
controle dos meus sentidos. Meu sangue
queimava, meu coração retumbava, a
necessidade que eu tinha dele se intensificou e
eu perdi a noção do tempo em seus braços. A
única coisa de que tinha consciência era Poncho.
Seus lábios. Seu corpo. Sua alma. Eu queria tudo
dele.
Por fim, ele pôs as mãos nos meus ombros e
delicadamente nos separou. Fiquei surpresa que
Poncho tivesse a força de vontade de parar, porque
eu não estava nem perto de ser capaz disso. Abri
os olhos, atordoada. Estávamos ambos
ofegantes.
- Isso foi... esclarecedor - arquejou ele. - Obrigado,
Anahi.
Eu pisquei. A paixão que havia embotado minha
mente se dissipou em um instante e me
concentrei em um único sentimento: irritação.
- Obrigado? Obrigado? - Subi os degraus, furiosa,
batendo os pés, e então me voltei para olhá-lo,
de cima. - Não! Obrigada a você, Poncho! - Minhas
mãos cortavam o ar. - Agora que você conseguiu
o que queria, me deixe em paz!
Subi correndo para pôr alguma distância entre
nós.
Esclarecedor? Do que ele estava falando? Estava
me testando? Dando uma nota para minha
habilidade de beijar? Que audácia!
Eu estava feliz por sentir raiva. Assim, podia
empurrar todas as outras emoções para o fundo
da mente e me concentrar na fúria, na
indignação.
Ele subiu os degraus de dois em dois.
- Isso não é tudo o que eu quero, Anahi.
- Eu não ligo mais para o que você quer!
Ele me lançou um olhar sagaz e convencido.
Então emergiu da abertura e, quando pousou o
pé na terra, transformou-se instantaneamente
em tigre.
Eu ri, debochada.
- Rá! - Tropecei em uma pedra, mas logo
recuperei o equilíbrio. - Muito apropriado! - gritei,
zangada, e cambaleei cegamente pela passagem
sombria.
Depois de calcular para onde ir, saí andando,
ainda irada.
- Venha, Fanindra. Vamos procurar o Sr. Kamal.



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Autor(a): ju10linha

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O dia amanhecia. Passei intempestivamentepelos edifícios de Hampi e deixei que o ímpeto deminha fúria me levasse de volta a meio caminhodo acampamento do Sr. Kamal.Poncho seguia atrás de mim, em algum lugar,silencioso. Eu não podia ouvido, mas sabia queestava lá. Eu tinha consciência de sua presença.Tinha uma conex&atild ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 98



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  • franmarmentini♥ Postado em 10/09/2015 - 15:59:39

    OLÁAAAAAAAAAAAAAA AMORE ESTOU POSTANDO UMA FIC* TE ESPERO LÁ BJUS http://fanfics.com.br/fanfic/49177/em-nome-do-amor-anahi-e-alfonso

  • Elis Herrera ❤ Postado em 23/04/2015 - 16:57:14

    Postaaaaaaaa =(

  • franmarmentini♥♥ Postado em 02/04/2015 - 17:30:00

    AMORESSSSSSSSS IREI VIAJAR E JÁ TO COM VÁRIAS FICS EM ATRASO MINHA VIDA TA UMA LOUCURA MAS NUNCA NUNCA VOU DEIXAR DE LER...VOU IR VISITAR A CIDADE ONDE MINHA MÃE ESTÁ INTERRADA QUE FICA PERTO DE PITANGA PARANÁ E É NO SITIO ENTÃO PROVAVELMENTE EU NÃO TENHA COMO LER PQ TENHO MUITOS TIOS LÁ E QUERO VER SE CONSIGO VISITAR TODOS...VOLTO NA TERÇA FEIRA E PROMETO TENTAR COLOCAR EM DIA TODAS AS FICS O QUANTO ANTES BJUSSSSSSSSSSSSSSSS A TODAS AMO VCS!!!!!!!!! FUI....

  • franmarmentini Postado em 29/01/2015 - 08:39:07

    thatyponny o que vai acontecer??? quero aya juntosssssssssssssss :/ agora vc me deixou apriensiva..;.

  • franmarmentini Postado em 29/01/2015 - 08:37:34

    quero felipe bem longeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee eeeeeeeeeeeeeee da any,,,,e não vejo a hora dela encontrar o poncho logo :)

  • elis_maria Postado em 23/01/2015 - 12:43:03

    Posta mais...

  • thatyponny Postado em 08/01/2015 - 14:14:54

    VOCÊ NÃO SABE QUANTO EU ESPEREI, ESPEREI TANTO QUE JÁ LI TODOS OS LIVROS, MAS LER EM PONNY É UM AMOR O RUIM É QUE EU SEI O QUE VAI ACONTECER.

  • franmarmentini Postado em 04/01/2015 - 16:50:57

    Ebaaaaaaaaaaa

  • franmarmentini Postado em 08/12/2014 - 11:48:24

    cade vc?? :(

  • elis_herrera Postado em 20/10/2014 - 20:39:49

    Olá, continua... gostei de sua fic.


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