Fanfics Brasil - Encontros A Maldiçao do Tigre AyA

Fanfic: A Maldiçao do Tigre AyA | Tema: RBD AyA


Capítulo: Encontros

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Encontro 1
Eu não podia acreditar que o dia do meu encontro com Artie tinha chegado tão rápido. Fui de carro até o campus, estacionei e fiquei sentada, enrolando. Eu não queria sair com Artie. Nem um pouco. Sua persistência tinha me vencido e eu suspeitava de que não era a primeira vez que ele usava aquela tática.
Resignada a me encontrar com ele naquela noite, me dirigi ao laboratório de idiomas. Artie estava lá, olhando para o relógio, com um pacote marrom debaixo do braço. Caminhei até ele e enfiei as mãos nos bolsos da calça.
— Oi, Anahi. Vamos. Estamos atrasados — disse ele, seguindo bruscamente para o corredor. — Ainda tenho que enviar um pacote pelo correio para uma velha amiga.
Ele não era apenas gordo. Era alto e dava passadas bem maiores que as minhas. Eu precisava quase correr para acompanhá-lo.
Artie atravessou o estacionamento, chegou à calçada e pôs-se a andar na direção da cidade.
— Não seria melhor irmos no seu carro? — perguntei. — O correio fica a quase três quilômetros daqui.
— Ah, não. Não tenho carro. São caros demais.
Ainda bem que vim de tênis, pensei.
Artie andava em silêncio e com passos rígidos. Concluí que provavelmente era tarefa minha fazer a conversa fluir.
— Então... para quem é esse pacote?
— E para a minha ex-namorada da escola. Ela frequenta outra faculdade e eu gosto de manter contato. Ela sai com muita gente, assim como eu — gabou-se Artie. — Você precisa ver minha agenda. Tenho encontros marcados para daqui a anos.
Foi a caminhada mais longa da minha vida. Tentei me imaginar andando na selva indiana, mas estava frio demais. O céu estava escuro e nublado, soprava um vento forte. Não era um clima adequado para uma caminhada. Eu tremia — mesmo de casaco — e passei o tempo ouvindo parcialmente o que Artie falava e admirando as casas decoradas para o Halloween.
Finalmente chegamos ao correio e Artie despachou seu pacote. Estávamos na Main Street e eu vi à nossa volta os vários restaurantes minúsculos localizados ali. Perguntei-me em qual deles jantaríamos. Estava faminta. Tinha me esquecido de almoçar de tão absorta nos estudos. O cheiro de comida chinesa que vinha de um lugar ali perto era de dar água na boca.
Quando Artie saiu à rua, eu estava gelada. Bati as palmas das mãos e esfreguei uma na outra para aquecê-las. Se soubesse que ficaríamos tanto tempo na rua, teria calçado luvas. Artie tinha um par de luvas de couro no bolso, mas ele mesmo as usou.
Meu cérebro, sempre ávido por punição, insistia que ele teria me dado suas luvas. Droga, ele teria tirado a camisa e me dado se achasse que eu poderia precisar dela.
— E agora? Para onde vamos? — perguntei.
Meus olhos dispararam, esperançosos, na direção do restaurante chinês.
— De volta ao campus. Tenho uma surpresa guardada para você.
Tentei colar um sorriso de entusiasmo no rosto.
— Que ótimo.
No longo trajeto de volta ao campus Arde foi falando de si mesmo. Falou sobre sua infância e a família. Descreveu todos os prêmios que ganhou e mencionou que foi presidente de cinco clubes, inclusive o de xadrez. Não fez uma só pergunta sobre mim. Eu ficaria surpresa se ele soubesse meu sobrenome.
Minha mente divagou para uma conversa com um homem muito diferente.
Ouvi sua voz cálida e hipnótica com muita clareza. De repente eu me encontrava debaixo de uma árvore. A árvore sob a qual eu dissera adeus. A árvore sob a qual eu olhara pela última vez seus olhos azul-cobalto. O vento frio e cortante do Oregon desapareceu e eu senti a balsâmica brisa do verão indiano soprar suavemente meus cabelos. A noite cinza e nublada não existia mais e eu olhava as estrelas cintilantes no céu noturno. Ele tocou o meu rosto e falou.
“Anahi, o fato é que... estou apaixonado por você... já faz algum tempo. Não quero que você vá embora. Por favor. Por favor. Por favor. Diga que vai ficar comigo.”
Ele era tão lindo, como um anjo guerreiro enviado do céu. Como pude lhe negar alguma coisa, especialmente quando eu era tudo o que ele queria?
“Quero lhe dar uma coisa. É uma tornozeleira. São muito populares aqui e escolhi esta para que nunca mais tenhamos que procurar um sino.”
Meu tornozelo formigou quando me lembrei de seus dedos roçando-o.
“Annie, por favor. Preciso de você.”
Como eu pude deixá-lo?
Minha mente voltou bruscamente ao presente e lutei para conter as intensas emoções que vinham à tona quando eu me permitia pensar nele. Enquanto Artie discorria deforma monótona sobre como vencera o campeonato de debates, eu me repreendia por permitir que meus pensamentos me levassem a um lugar tão perigoso. A verdade era que, mesmo que eu estivesse tendo dúvidas sobre minha decisão de partir, ele não havia telefonado. Isso provava que eu tinha tomado a decisão certa, não provava? Se ele me amasse unto quanto dizia, teria tentado entrar em contato comigo. Teria me procurado. Teria vindo ao meu encontro. Ele precisava de espaço. Eu estava certa de deixá-lo. Talvez agora eu pudesse começar a me curar e esquecê-lo.
Obriguei-me a voltar a atenção para Artie e me esforcei de verdade para ouvir sua conversa. Não havia a menor possibilidade de Artie ser o cara certo para mim — nem para qualquer garota, aliás —, mas isso não significava que eu estivesse sem opções. Eu ainda tinha um encontro com Jason no dia seguinte e outro com Li na próxima semana.
Quando Artie e eu chegamos de volta ao campus, meu estômago roncava alto que podia ser ouvido a três quarteirões de
distância. Eu esperava ansiosamente que fôssemos logo comer na lanchonete da universidade.
Ele me levou para o centro de mídia da Biblioteca Hamersly, pediu dois fones de ouvido e entregou um papel à mulher que nos atendia. Então empurrou duas cadeiras de madeira diante de um minúsculo aparelho de TV preto e branco que estava num canto.
— Não é uma ótima ideia? Podemos assistir a um filme e eu não preciso gastar nem um centavo! — Ele sorriu enquanto meu queixo caía. — Muito inteligente, você não acha?
Apertei os lábios.
— Ah, é, muito inteligente.
Calei-me rapidamente depois disso, engolindo um comentário sarcástico. Será que ele achava que as garotas gostavam de ser tratadas dessa forma? Não que um encontro tivesse que envolver coisas caras ou que fosse mesmo necessário gastar dinheiro. O que me aborrecia era que Artie era presunçoso em relação a tudo e não achava que suas acompanhantes fossem importantes o bastante para escutá-las. Eu estava indignada e com fome. Quando o filme começou, ele deslizou o fone cinzento gigantesco sobre os ouvidos e apontou para o meu.
Limpei a poeira do dispositivo com a blusa, pluguei o fio e coloquei com força os fones em cima dos ouvidos, irritadíssima por ficar ali sentada por mais duas horas. Os créditos iniciais de A lenda dos beijos perdidos disparavam na tela e eu enviava mensagens mentais para que Gene Kelly dançasse mais rápido.
Passada uma hora de filme, Artie fez um movimento. Ele ainda olhava diretamente para a tela minúscula quando colocou o pesado braço nas costas da minha cadeira.
Olhei-o pelo canto do olho. Ele tinha um sorriso afetado no rosto. Imaginei que estivesse mentalmente ticando uma lista de tarefas em sua agenda.
• Seduzir a garota falando de outros namoradas
• Impressioná-lo com o número de prêmios que você recebeu
• Não gastar dinheiro no encontro
• Fazer a garota assistir o um filme cafona no centro de mio
• Fazer comentários sobre a própria parcimônia
• Pôr o braço no ombro da garota na marca exata da metade do filme
Inclinei-me para a frente e fiquei numa posição desconfortável, na ponta da cadeira, durante toda a segunda metade do filme. Com a desculpa de que precisava ir ao banheiro, fiquei de pé. Ele fez o mesmo e foi até a mulher no balcão. Quando passava por eles, eu o ouvi pedindo que ela parasse o filme e o rebobinasse um pouquinho para que lembrássemos onde havíamos parado.
Sensacional! Isso soma mais cinco minutos a essa experiência maravilhosa! Eu me apressei, temendo que ele pudesse cismar de reiniciar o filme. Pensei na possibilidade de sair do prédio correndo feito louca, mas de onde estávamos sentados ele podia ver a porta do banheiro e isso seria uma grosseria. Eu estava determinada a sofrer ainda durante a última parte do filme e depois voar para casa.
Finalmente, finalmente, o filme terminou e eu me levantei de um salto, como se o alarme de incêndio tivesse acabado de ser acionado.
— Muito bem, Artie. Foi legal. Meu carro está estacionado aqui fora, então até segunda. Obrigada pelo filme.
Infelizmente ele não entendeu a deixa e fez questão de me acompanhar até o carro. Abri a porta e mais que depressa me enfiei atrás dela.
Ele pôs a mão na porta do carro e inclinou o corpo volumoso na minha direção. Sua gravata-borboleta estava a poucos centímetros do meu nariz. Ele forjou um sorriso artificial e desajeitado.
— Bem, eu me diverti muito e quero sair de novo com você na próxima — disse ele. — Que tal na sexta?
Melhor cortar isto logo pela raiz.
— Não posso. Já tenho outro encontro marcado.
Artie insistiu, sem se intimidar.
— Ele nem sequer piscou. — E sábado?
Vasculhei meu cérebro freneticamente em busca de uma saída.
— Hã... Eu não trouxe minha agenda, então não sei o que já tenho marcado.
Ele assentiu, como se isso fizesse todo sentido.
— Olhe, estou com uma dor de cabeça terrível, Artie. Vejo você no laborario semana que vem, está bem?
— Claro. Ligo para você mais tarde.
Entrei rapidamente no carro e fechei a porta. Sorrindo, pois sabia que nca tinha lhe dado o número do meu telefone, atravessei as ruas silencio‘ de Monmouth e subi a colina até a tranquilidade de minha casa.
ENCONTRO 2
No encontro seguinte eu estava mais bem preparada para o clima. Usava minha blusa de moletom vermelho da Western Oregon e também levara um casaco mais grosso, uma echarpe de caxemira vermelha e luvas que encontrara numa gaveta. Normalmente eu teria evitado qualquer coisa que ele tivesse comprado para mim, mas não tinha tempo para comprar luvas novas esmo que tivesse, estaria usando o dinheiro dele de qualquer forma.
Encontrei Jason no estacionamento do estádio e imediatamente comecei a catalogar suas qualidades. Ele era bonito, um pouquinho mais magro e mais baixo que a média, mas não se vestia mal e era inteligente. Encostado em seu velho Corolla, ergueu as sobrancelhas, surpreso, quando me viu saltar do Porshe.
— Uau, Anahi! Que carrão!
— Obrigada.
— Vamos?
— Vamos. Me mostre o caminho.
Então nos misturamos à multidão que seguia para o campo de futebol. A maioria usava camisas vermelhas ou da Western Oregon, mas havia também as cores branco e azul-marinho do adversário, a Western Washington University, espalhadas aqui e ali. Dois chapéus vikings se destacavam no meio da multidão. Jason me levou até uma caminhonete cercada por casais fazendo um churrasco na caçamba. Uma pequena grelha estava cheia de salsichas e hambúrgueres fumegantes.
— Ei, pessoal! Quero apresentar Anahi a vocês. Nos conhecemos na aula de antropologia.
Vários rostos esticaram-se atrás dos vizinhos, tentando me ver. Acenei timidamente para eles.
— Oi.
Ouvi alguns “Oi, tudo bem?” e “Muito prazer’ e então eles voltaram a suas conversas, esquecendo que estávamos ali.
Jason encheu um prato para mim e então abriu um cooler.
— Quer uma cerveja, Anahi?
Sacudi a cabeça.
— Refrigerante, por favor. Diet, se tiver.
Ele me entregou um bem gelado, pegou uma cerveja para si mesmo e apontou para duas cadeiras dobráveis vazias.
Assim que se sentou, ele enfiou metade do cachorro-quente na boca, mastigando ruidosamente. Era quase tão ruim quanto ver um tigre comer — nas um pouco menos sangrento.
Argh. O que há de errado comigo? Será que estou intencionalmente procurando coisas que me aborreçam? Eu preciso mesmo relaxar ou Jennifer terá razão: vou desperdiçar minha vida. Desviei os olhos e comecei a beliscar minha comida.
— Então você não é de beber, não é, Anahi?
— É, acho que não. Para começar, não tenho idade suficiente. E o álcool perdeu toda a graça para mim quando meus pais foram mortos há alguns anos por um motorista embriagado.
— Ah. Foi mal.
Ele fez uma careta e tirou a cerveja do meu campo de visão, escondendo-a embaixo da cadeira.
Droga. O que estou fazendo? Imediatamente me desculpei.
— Está tudo bem, Jason. Lamento ter sido tão deprimente. Prometo que vou ser muito mais animada no jogo.
— Sem problema. Nem pense mais nisso.
Ele voltou a engolir a comida e a rir com os amigos.
O problema foi que eu continuei a pensar naquelas coisas. Sabia que a morte dos meus pais não era algo que eu normalmente mencionaria num maneiro encontro, mas... Eu sabia que ele teria reagido de forma bem diferente Talvez porque fosse mais velho, mais de 300 anos mais velho. Ou porque não fosse americano. Talvez porque também tivesse perdido os pais. Ou porque fosse simplesmente... perfeito.
Tentei pôr fim a esses pensamentos, mas não pude evitá-los. Voltei ao dia em que acordei de um pesadelo envolvendo a morte dos meus pais e ele estava me consolar. Eu ainda podia sentir sua mão enxugando minhas lágrimas enquanto ele me botava no colo.
“Shh, Anahi Eu estou aqui. Não vou deixá-la, priya. Quietinha agora. Mein aapka raksha karunga. Não vou deixar nada acontecer com você, priyatama.” Ele havia acariciado meus cabelos e sussurrado palavras tranquilizadoras até eu sentir o sonho desaparecer.
Desde então eu tivera tempo de procurar o significado das palavras que não havia entendido na Índia. Estou com você. Vou cuidar de você. Minha amada. Minha querida. Se ele estivesse aqui comigo, teria me puxado para abraço ou para o seu colo e teria compartilhado da minha tristeza. Teria afagado as minhas costas e compreendido meus sentimentos.
Eu me sacudi. Não, não teria. Podia ter feito isso antes, mas agora ele havia mudado. Ele já era e o que teria frito ou como teria reagido não tem mais importância. Acabou.
Jason estava enchendo outro prato e eu tentei parecer interessada e me envolver na conversa Meia hora depois todos nos levantamos e nos dirigimos campo de futebol.
Era bom ficar ao ar livre no clima fresco do outono, mas os bancos estavam frios e meu nariz, congelado. O frio não parecia incomodar Jason e os amigos. Eles ficavam em pé e torciam muito. Tentei fazer o mesmo, mas não sabia que estava aplaudindo: o jogo
estava muito distante para que eu sequer enxergasse a bola. Eu nunca me interessara muito por futebol americano. Preferia de longe filmes e livros.
Olhei para o painel do placar. O primeiro tempo estava se esgotando. Dois minutos. Um minuto. Vinte segundos. Ufa! O timer soou e as duas equipes deixaram o campo correndo. O desfile de boas-vindas teve início e vários carros antigos percorreram o perímetro externo do campo. Garotas bonitas vestidas com chiffon e seda empoleiravam-se no encosto dos bancos traseiros, acenando para a multidão.
Jason se juntou aos outros caras que davam assovios estridentes, expressando admiração. O aroma de sândalo subiu pela arquibancada e uma voz aveludada sussurrou em meu ouvido: “Você é mais bonita do que qualquer uma daquelas mulheres.”
Virei bruscamente a cabeça, mas ele não estava atrás de mim. Jason ainda se encontrava de pé, gritando junto aos amigos. Deixei-me cair no banco. Ótimo. Agora estou tendo alucinações. Pressionei os nós dos dedos contra a cabeça na esperança de que a pressão o empurrasse de volta aos recônditos da minha mente.
Quando o segundo tempo do jogo começou, parei de tentar fingir entusiasmo. Esse era o segundo encontro que me transformava em picolé. Meu corpo foi lentamente se congelando no banco e comecei a bater o queixo. Depois do jogo, Jason me acompanhou até o carro e pôs o braço desajeitadamente em meu ombro, massageando-o para tentar me aquecer, mas ele fez muita força e deixou meu ombro dolorido. Eu nem me dei ao trabalho de perguntar quem havia ganhado.
— Adorei conhecer você melhor esta noite, Anahi.
Será que ele tinha mesmo me conhecido melhor?
— É, também achei legal.
— Então posso ligar para você outro dia?
Ponderei por um instante. Jason não era um cara ruim; era apenas um cara. Primeiros encontros costumavam mesmo ser constrangedores, então decidi lhe dar outra chance.
— Claro. Você sabe onde me encontrar.
Dirigi-lhe um sorriso morno.
— Certo. Vejo você na aula segunda-feira. Tchau.
—Tchau.
Ele voltou para seu grupo de amigos barulhentos e eu me perguntei se tínhamos alguma coisa em comum.
ENCONTRO 3
Antes de que eu me desse conta, chegou o Halloween — e, com ele, o encontro com Li.
Havia alguma coisa nele que fazia com que eu me sentisse muito à vontade. Ele era mais divertido que Jason e, a contragosto, admiti que era muito possível que eu me sentisse mais relaxada na presença de Li porque ele me lembrava um pouco o homem que eu estava tentando esquecer.
Relutante, puxei a porta do closet que jurei nunca abrir e encontrei uma blusa de mangas compridas laranja-escuro, enfeitada com botões de madeira e uma faixa na cintura. Para combinar, calça jeans escura com lycra. Ambas me serviram perfeitamente, como se tivessem sido feitas sob medida. Um par de botas escuras encontrava-se no fundo do armário e, após calçá-las, dei uma voltinha na frente do espelho. A roupa fazia com que eu parecesse alta, chique e... estilosa, o que não era o meu normal.
Deixei o cabelo solto, os cachos cascateando pelas costas, para mudar um pouco. Passei um brilho alaranjado nos lábios e segui para o estúdio, tomando o cuidado de dirigir mais devagar do que de hábito para evitar alguma criança desatenta correndo atrás de doces.
Li estava em seu carro ouvindo música e balançando a cabeça para cima e para baixo. Assim que me avistou, imediatamente desligou o rádio e saltou carro.
Ele sorriu.
— Uau, Anahi! Você está linda!
Eu ria fácil com ele.
— Obrigada, Li. É muita gentileza sua. Se estiver pronto, posso seguir você até a casa de sua avó.
Voltei para o meu carro, mas Li passou correndo por mim e abriu a porta.
— Puxa, quase que eu não consigo! — Ele sorriu para mim outra vez. — Meu avô me ensinou a sempre abrir a porta para as damas.
— Nossa, você é um perfeito cavalheiro.
Ele inclinou a cabeça ligeiramente, riu e então voltou para seu carro. Dirigiu devagar também, verificando com frequência no retrovisor se eu o acompanhava nos cruzamentos. Seguimos até um bairro mais antigo, muito agradável.
— Meus avós moram nesta casa — explicou Li quando entramos. — As noites de jogos são sempre aqui porque a mesa é maior. Além disso, minha avó cozinha muito bem.
Li pegou minha mão e me conduziu para uma cozinha muito bonita com cheiro mais gostoso que qualquer restaurante chinês em que eu já estivera. Uma mulher pequenina de cabelos brancos espiava
dentro de uma panela de arroz. Quando ergueu a cabeça, as lentes dos óculos estavam embaçadas.
— Anahi, esta é Vó Zhi. Vó Zhi, huó Anahi.
Ela sorriu, assentiu com a cabeça e segurou meus dedos nos dela.
— Olá. Muito prazer.
Retribuí o sorriso.
— Prazer em conhecê-la também.
Li enfiou o dedo numa panela borbulhante e sua avó pegou uma colher de madeira e bateu com ela levemente em sua mão. Então o repreendeu em mandarim.
Ele riu enquanto ela estalava a língua afetuosamente.
— Até mais tarde, vó.
Eu a flagrei sorrindo orgulhosa para ele quando deixávamos a cozinha.
Segui Li até a sala de jantar. Toda a mobília havia sido afastada para o lado a fim de abrir espaço para a grande mesa. Em torno dela encontrava-se um grupo de garotos asiáticos que discutiam acaloradamente a colocação das peças no tabuleiro do jogo. Li me levou até o grupo.
— Ei, pessoal. Esta é Anahi. Ela vai jogar com a gente esta noite.
Um garoto ergueu as sobrancelhas.
— Muito bem, Li!
— Agora dá para entender por que ele demorou tanto.
— Está com sorte. Wen trouxe o kit de expansão.
Houve vários outros murmúrios e cadeiras foram arrastadas. Pensei ter ouvido um Comentário abafado sobre trazer uma garota para o grupo, mas não sabia dizer quem teria falado. Depois de alguns instantes, todos se acomodaram para começar o jogo.
Li sentou-se ao meu lado e me explicou as regras do jogo. De início eu nunca sabia se era uma decisão sábia trocar trigo por tijolo ou minério por ovelhas, então podia pedir ajuda a ele. Depois de algumas rodadas, comecei a me sentir confiante o bastante para jogar por conta própria. Troquei duas de minhas aldeias por cidades e todos os garotos deram um gemido.
Perto do fim do jogo, estava óbvio que o desfecho seria uma disputa entre mim e um garoto chamado Shen. Ele se gabou, de leve, sobre como estava perto da vitória e que eu não tinha chance. Entreguei uma ovelha, um minério e um trigo e comprei uma carta de desenvolvimento. Era um bônus, o último do jogo.
— Ganhei!
Os garotos resmungaram, disseram que foi sorte de principiante e fizeram um estardalhaço, ameaçando recontar todos os meus pontos só para ter certeza de que minha conta estava certa. Fiquei surpresa ao saber que haviam se passado horas. Meu estômago roncou.
Li se levantou e se espreguiçou.
— Hora de comer.
A avó dele havia montado um delicioso bufê para nós. Os garotos fizeram a montanha em seus pratos com arroz frito, bolinhos de legumes e de carne, tempura de legumes e verduras e miniaturas de rolinhos primavera de camarão. Li pegou refrigerante para nós dois e nos acomodamos na sala de estar.
Ele prendeu seus bolinhos de carne de porco habilmente com os hashis e disse:
— Então me fale sobre você, Anahi. Alguma coisa além do wushu. O que você fez nas férias?
— Ah, isso. Eu, hã... trabalhei na índia como estagiária.
— Uau! Isso é incrível! O que você fazia?
— Na maior parte do tempo catalogava e registrava ruínas, obras de arte e as históricas. E você? O que fez nas férias?
Voltei a pergunta para ele, ansiosa para desviar o foco da conversa.
— Basicamente trabalhei para o meu avô no estúdio. Estou tentando economizar para a faculdade de medicina. Eu me formei em biologia na cidade de Portland.
Fiz os cálculos rapidamente, e as contas não pareciam fechar.
— Quantos anos você tem, Li?
Ele sorriu.
— Vinte e dois. Adiantei muitas disciplinas e também fiz cursos de verão. Na verdade todos os jogadores aqui são universitários. Meii está estudando química, Shen, engenharia da computação, Wen acabou de se formar e está fazendo mestrado em análise estatística e eu quero fazer medicina.
— Vocês realmente... sabem o que querem.
— E você? Está estudando o quê, Anahi?
— Estudos internacionais e história da arte. Nesse momento estou focando a Índia — respondi, jogando outro bolinho na boca. — Mas talvez eu devesse mudar para wushu para me livrar de todas essas calorias.
Li riu e pegou meu prato. Voltamos para a sala de jogos e eu parei para olhar a foto de Li e do avô, Chuck. Cada um segurava três troféus.
— Caramba. O estúdio ganhou todos esses?
Li espiou a foto e enrubesceu.
— Não, são todos meus. Participei de um torneio de artes marciais.
Ergui as sobrancelhas, surpresa.
— Eu não sabia que você era assim tão bom. Isso é um feito e tanto.
— Tenho certeza de que meus avós vão lhe falar sobre isso — disse Li, me levando de volta à cozinha. — Não tem nada que eles gostem mais de fazer do que falar dos méritos de seus descendentes. Certo, Vó Zhi?
Li deu-lhe um beijo no rosto e ela agitou as mãos para enxotá-lo de sua lava-louças.
Os rapazes haviam definido um novo jogo que era muito mais fácil de aprender. Eu perdi, mas foi muito divertido. Quando o jogo chegou ao fim, já passava da meia-noite. Li me acompanhou até o carro na noite fria e estrelada.
— Valeu por ter vindo, Anahi. Eu me diverti muito com você. Acha que ia gostar de repetir a dose? A gente se reúne a cada 15 dias.
— Claro. Parece divertido. E já que eu ganhei no primeiro jogo você vai pegar mais leve comigo na aula de wushu? — provoquei.
— Nada disso. Quando você ganha, eu pego ainda mais pesado.
Eu ri.
— Então me lembre de perder da próxima vez. E o que acontece quando você ganha?
Ele sorriu.
— Hum... vou pensar.
Ele recuou e ficou parado sob a luz da entrada da casa, observando enquanto eu me afastava.
Fui para a cama me arrastando de cansaço, pensando que, com o passar do tempo, eu poderia aprender a gostar de Li. Ele era divertido e gente boa. Eu não sentia nada por ele que não fosse amizade, mas talvez isso pudesse mudar no futuro. A vida normal estava começando a parecer... normal outra vez. Virei-me de lado, me enrolei na colcha da minha avó e acidentalmente derrubei meu tigre branco da cama.
Por alguns instantes considerei a possibilidade de deixá-lo no chão ou colocá-lo no armário. Fiquei deitada imóvel, olhando o teto, tentando reunir forças para fazer isso. Minha decisão durou apenas cinco minutos e eu me repreendi por minha fraqueza. Estiquei-me na cama, peguei o tigre de pelúcia e o aconcheguei junto ao peito, me desculpando pelo simples fato de ter tido tal pensamento.



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Autor(a): ju10linha

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

Prévia do próximo capítulo

Passado o Halloween, concentrei minha atenção em estudar para as provas e evitar Artie. Ele conseguira o número do meu celular de alguma forma me ligava exatamente às cinco horas todas as tardes. Às vezes me esperava depois da aula, O cara não se mancava.Também dediquei algum tempo a esclarecer meus sentimentos por Jason. Sa&i ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 98



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  • franmarmentini♥ Postado em 10/09/2015 - 15:59:39

    OLÁAAAAAAAAAAAAAA AMORE ESTOU POSTANDO UMA FIC* TE ESPERO LÁ BJUS http://fanfics.com.br/fanfic/49177/em-nome-do-amor-anahi-e-alfonso

  • Elis Herrera ❤ Postado em 23/04/2015 - 16:57:14

    Postaaaaaaaa =(

  • franmarmentini♥♥ Postado em 02/04/2015 - 17:30:00

    AMORESSSSSSSSS IREI VIAJAR E JÁ TO COM VÁRIAS FICS EM ATRASO MINHA VIDA TA UMA LOUCURA MAS NUNCA NUNCA VOU DEIXAR DE LER...VOU IR VISITAR A CIDADE ONDE MINHA MÃE ESTÁ INTERRADA QUE FICA PERTO DE PITANGA PARANÁ E É NO SITIO ENTÃO PROVAVELMENTE EU NÃO TENHA COMO LER PQ TENHO MUITOS TIOS LÁ E QUERO VER SE CONSIGO VISITAR TODOS...VOLTO NA TERÇA FEIRA E PROMETO TENTAR COLOCAR EM DIA TODAS AS FICS O QUANTO ANTES BJUSSSSSSSSSSSSSSSS A TODAS AMO VCS!!!!!!!!! FUI....

  • franmarmentini Postado em 29/01/2015 - 08:39:07

    thatyponny o que vai acontecer??? quero aya juntosssssssssssssss :/ agora vc me deixou apriensiva..;.

  • franmarmentini Postado em 29/01/2015 - 08:37:34

    quero felipe bem longeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee eeeeeeeeeeeeeee da any,,,,e não vejo a hora dela encontrar o poncho logo :)

  • elis_maria Postado em 23/01/2015 - 12:43:03

    Posta mais...

  • thatyponny Postado em 08/01/2015 - 14:14:54

    VOCÊ NÃO SABE QUANTO EU ESPEREI, ESPEREI TANTO QUE JÁ LI TODOS OS LIVROS, MAS LER EM PONNY É UM AMOR O RUIM É QUE EU SEI O QUE VAI ACONTECER.

  • franmarmentini Postado em 04/01/2015 - 16:50:57

    Ebaaaaaaaaaaa

  • franmarmentini Postado em 08/12/2014 - 11:48:24

    cade vc?? :(

  • elis_herrera Postado em 20/10/2014 - 20:39:49

    Olá, continua... gostei de sua fic.


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