Fanfics Brasil - Volta as aulas A Maldiçao do Tigre AyA

Fanfic: A Maldiçao do Tigre AyA | Tema: RBD AyA


Capítulo: Volta as aulas

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Na manhã seguinte Poncho ligou para ver se podíamos tomar o café da manhã juntos e assistir a um filme. Eu disse que sim e desliguei o telefone. Meu corpo estava um pouco dolorido da queda, então engoli umas aspirinas e tomei um banho quente.
O cheiro de panquecas queimadas flutuava escada acima. Encontrei Poncho na cozinha Fatias de bacon chiavam no fogão e ele batia ovos numa tigela grande
Meu avental de babados estava amarrado em sua cintura. Era uma visão e tanto.
— Por que não pediu minha ajuda, Poncho? — perguntei, tirando a panqueca queimada da frigideira.
— Eu queria fazer uma surpresa para você.
— Isso com certeza é uma surpresa. — Eu ri e assumi o fogão. — Para que a manteiga de amendoim?
— Para fazer panqueca de banana com manteiga de amendoim, é claro.
Eu ri.
— Ë mesmo? Como foi que você conseguiu criar isso?
— Tentativa e erro.
— Muito bem. Mas você também tem que experimentar panquecas à minha moda, com gotas de chocolate.
— Combinado.
Quando eu tinha uma pilha de panquecas alta o suficiente para satisfazer Poncho, nos sentamos para comer. Ele provou um grande pedaço.
— E então? O que acha?
— Excelente. Mas ficariam ainda melhores com manteiga de amendoim e banana.
Estendi a mão para pegar a calda, revelando um hematoma longo e arroxeado no braço. Poncho notou imediatamente e tocou meu braço com cuidado.
— O que foi isso? O que aconteceu com você?
— O quê? Ah... isso. Tentei evitar que uma senhora fosse atropelada por cm carro que se aproximava e ele bateu em mim. Eu cai.
Poncho se levantou do banco de um pulo e me examinou e cutucou, apalpando meus ossos e movimentando minhas articulações com todo o cuidado.
— Onde dói?
— Poncho! É sério, eu estou bem. São só alguns cortes e arranhões. Ai! Não aperte aí! — Dei um tapa nele. — Pare com isso!
Você não é médico. São só umas contusões bobas. Além do mais, Jason estava lá comigo.
— Ele também foi atingido pelo carro?
— Então não estava lá com você. Da próxima vez que eu encontrar esse cara, ele vai ficar com umas contusões semelhantes para que possa saber o que você sentiu.
— Poncho, pare de fazer ameaças. Isso não importa mais. Eu disse a Jason que não queria mais sair com ele.
Poncho abriu um sorriso de satisfação.
— Ótimo. Mas o garoto ainda precisa aprender umas coisinhas.
— Ah, mas não é você que tem que ensinar a ele. Só por isso vou escolher o filme. E já vou avisando: pretendo pegar o filme mais mulherzinha que encontrar.
Ele grunhiu, resmungou alguma coisa sobre rivais, contusões e garotas e voltou para suas panquecas.
Depois do café da manhã, Poncho me ajudou a arrumar a cozinha, mas o estressadinho ainda não estava livre de sua punição. Coloquei o filme, sentei-me ao lado dele com um sorrisão na cara e esperei que começasse a reclamar. O crescendo do tema de abertura de A noviça rebelde começou e dei uma risadinha, sabendo que ele iria sofrer pelas próximas horas. Só que... Poncho adorou. Ele pôs o braço em meus ombros e ficou brincando com a fita na ponta da minha trança. E assoviou, acompanhando as canções.
Fez uma pausa no meio do filme, foi buscar o bandolim e começou a tirar a musica. O bandolim tinha um som mais exótico que o violão no filme.
— É lindo! — exclamei. — Há quanto tempo você toca?
— Comecei depois que você partiu. Sempre tive bom ouvido para música minha mãe costumava pedir que eu tocasse para ela.
— Mas você pegou “Edelweiss” muito rápido. Já tinha ouvido essa canção?
— Não. Mas eu sempre fui capaz de tocar as notas só de ouvi-las.
Ele começou a tocar “My Favorite Things” e então a música mudou, tornando-se uma melodia triste porém bonita. Fechei os olhos, recostei a cabeça no sofá e senti a música me transportar numa viagem. A canção começou sombria e solitária, mas depois ficou doce e cheia de esperança. Eu tinha a sensação de que meu coração batia no mesmo ritmo da música. As emoções tomaram conta de mim à medida que a canção contava sua história. O final era melancólico e triste. Tive a sensação de que meu coração se partia. E foi aí que ele parou.
Abri os olhos.
— O que foi isso? Nunca ouvi nada assim!
Poncho suspirou e pousou o bandolim com cuidado na mesa.
— Eu a compus depois que você viajou.
— Você fez isso?
— Fiz. O nome é “Anahi’ É sobre você... sobre nós. É a nossa história juntos.
— Mas o final é triste.
Ele passou a mão nos cabelos.
— Foi assim que me senti quando você partiu.
— Ah. Mas nossa história ainda não chegou ao fim, não é?
Cheguei mais perto de Poncho e envolvi seu pescoço com os braços.
Ele me apertou, pressionou o rosto em meu pescoço, sussurrou meu nome e disse:
— Não. Certamente ainda não acabou.
Tirei-lhe o cabelo da testa e disse baixinho:
— É linda, Poncho.
Ele me abraçou bem apertado. Meu coração começou a bater mais rápido. Olhei seus olhos azuis intensos, em seguida os lábios perfeitamente esculpidos e quis que ele me beijasse. Ele aproximou ainda mais a cabeça, mas parou antes que seus lábios tocassem os meus. Estudou minha expressão, ergueu uma sobrancelha e se afastou.
— O que foi? — perguntei.
Ele suspirou e prendeu um cacho de cabelo atrás de minha orelha.
— Eu não vou beijá-la enquanto estivermos nesse processo de escolha. Seus olhos examinavam meu rosto enquanto ele continuava: — Quero que você tenha a cabeça lúcida quando me escolher. Você fica toda vulnerável quando a toco, quanto mais quando a beijo. Eu me recuso a tirar vantagem disso. Uma promessa feita num momento de paixão não é duradoura e eu não quero que você tenha dúvidas ou arrependimentos em relação à sua
— Espere um instante — arquejei, incrédula. — Vamos ver se entendi: você não vai me beijar porque acha que seus beijos me deixam tonta demais para pensar com clareza? Que eu sou incapaz de tomar uma decisão consciente se estiver embriagada de paixão por você?
Ele assentiu com cautela.
— Isso tem a ver com seus estudos antiquados de métodos de corte? Porque muitas dessas sugestões estão desatualizadas...
— Sei disso, Anahi. Eu só não quero pressioná-la
Furiosa, pulei do sofá e comecei a andar em círculos.
— Essa é a coisa mais maluca que já ouvi!
Fui até a cozinha pegar um refrigerante e percebi que não estava apenas surpresa, estava com raiva, e parte da minha raiva vinha do fato de que ele não estava muito longe da verdade. Eu ficava, sim, completamente vulnerável sempre que ele me tocava.
De repente me senti como um peão num dos jogos de tabuleiro de Li. Bem, as regras do jogo valiam para os dois. Decidi retaliar. Se ia haver uma guerra por mim, então por que eu também não podia lutar? As garotas têm um arsenal de armas inteiramente exclusivo, ponderei, enquanto planejava a estratégia de batalha. Daquele ponto em diante, decidi que testaria a resistência dele. Eu faria Poncho me beijar.
Coloquei meu plano imediatamente em ação. Voltamos ao filme e deitei a cabeça em seu ombro, meus lábios a poucos centímetros dos dele, e comecei a escrever pequenos círculos nas costas de sua mão. Minha atitude deixou-o nervoso. Ele ficava se contorcendo e mudando de posição, mas não me nem se afastou.
Depois do filme Poncho anunciou subitamente que nosso encontro tinha chegado ao fim. Gostei disso. O equilíbrio de poder mudou. Corri os dedos por seu bíceps volumoso, então tracei coraçõezinhos em seu antebraço e fiz beicinho.
— Seu tempo como homem é tão curto. Não quer ficar comigo?
Ele tocou meu rosto.
— Mais do que quero respirar.
Não pude evitar. Colei meu corpo ao dele.
Ele me pegou e me sacudiu delicadamente.
— Eu não vou beijar você, Anahi. Não quero que fique confusa em relação ao que deseja. No entanto, se você optar por me beijar, não irei me opor.
Afastando-me dele, rebati.
— Rá! Pode esperar deitado. — Pus as mãos nos quadris e sorri com ironia. — Essa notícia deve ser um choque para um homem que sempre consegue o que quer.
Ele deslizou as mãos pela minha cintura e me puxou para seu peito. Então levou os lábios a centímetros do meu.
— Não... o que eu... mais quero.
Ele hesitou por um instante, esperando que eu fizesse um movimento, mas não fiz. Estava determinada a levá-lo a me beijar primeiro. Assim, sorri e esperei. Estávamos presos numa silenciosa batalha de vontades.
Por fim, ele se afastou.
— Você é tentadora demais, Anahi. O encontro terminou.
De repente nada no mundo era tão importante para mim quanto vencer essa guerrinha com Poncho. Inclinando-me para ele, pisquei inocentemente e, com a voz mais sedutora, perguntei.
— Tem certeza absoluta de que precisa ir?
Senti os músculos de seu braço se retesarem e a pulsação disparar. Ele segurou meu rosto com uma das mãos. Querendo levá-lo ao limite, coloquei a mão sobre a dele e depositei um beijo cálido em sua palma. Acariciando sua palma com os lábios, eu o ouvi prender a respiração. Eu não fazia a menor ideia de que ele reagia dessa forma a mim. Isso vai ser mais fácil do que pensei.
Apertei seu braço levemente e me encaminhei para a escada, sentindo seus olhos em mim. Assumindo minha melhor personificação de Scarlett O’Hara, virei-me uma última vez e disse:
— Bem... Tigre, se mudar de ideia, sabe onde me encontrar. Deslizei os dedos pelo corrimão e continuei a subir os degraus.
Infelizmente ele não me seguiu. Eu imaginara Poncho fazendo o papel de Rhett Butler e, incapaz de se conter, me tomando nos braços e me carregando escada acima numa dramática demonstração de paixão. No entanto, Poncho me lançou um olhar divertido e saiu, fechando a porta silenciosamente.
Droga! Ele tem mais autocontrole do que imaginei.
Não importava. Era apenas um pequeno contratempo. Passei o resto do dia tramando... Como se pega um tigre muito velho e muito alerta de surpresa? Use as fraquezas dele: comida, artimanhas femininas, poesia e superproteção. O pobrezinho não tem a menor chance.
Na manhã seguinte abri o lado do armário antes proibido, peguei um cardigã azul-marinho e uma saia estampada, um cinto fino e botas marrons de cano alto. Fiz escova no cabelo e caprichei na maquiagem, especialmente no gloss cor de pêssego nos lábios.
Em seguida, preparei um sanduíche gigante para Poncho — e coloquei um bilhetinho de amor em cima dele. Os dois podem jogar o jogo da poesia, pensei, convencida.
A alma que pode falar através dos olhos também pode
beijar com o olhar.
Gustavo Adolfo Becquer
Quando ele veio me buscar para a faculdade, me olhou de cima a baixo e disse:
— Você está linda, Annie, mas não vai funcionar. Já entendi qual é a sua.
Ele me ajudou a vestir o casaco e eu respondi inocentemente:
— Não sei do que você está falando. O que é que não vai funcionar?
— Você está tentando me fazer beijá-la.
Ergui o rosto para ele, sorrindo, e disse, acanhada:
— Uma garota não deve entregar todos os seus segredos, não é?
Ele se inclinou para mim, pressionou os lábios contra meu ouvido e sussurrou numa voz aveludada:
— Muito bem, Annie. Guarde seus segredos. Mas estou de olho em você, O que quer que esteja tentando fazer não vai funcionar. Eu ainda tenho algumas cartas na manga também.
Poncho me deixou sozinha a tarde toda. Enfiei outro bilhete em sua mochila
Enquanto ele saía do carro para a aula de wushu.
As almas se encontram nos lábios dos enamorados.
Percy Bysshe Shelley
Estava sentada no chão me alongando quando o vi puxar o bilhete da bolsa. Ele o leu algumas vezes e então ergueu os olhos e interceptou meu olhar. Dirigi a ele um sorriso inocente e acenei alegremente para Jennifer, que cruzava a sala.
De volta a casa, dentro da garagem, Poncho abriu a porta do carro para mim.
Mas, em vez de me ajudar a saltar, ele se inclinou e grunhiu suavemente.
Seus lábios roçaram a pele sensível sob minha orelha. Sua voz era sedutora, perigosa.
— Vou logo avisando, Anahi. Sou um homem extremamente paciente. Fui treinado à exaustão a esperar o inimigo. Minha vida como tigre me ensinou que a persistência e a diligência sempre valem a pena. Considere-se advertida, priyatama. Eu estou numa caçada. Já farejei seu cheiro e nada vai me deter.
Ele se afastou e estendeu a mão para me ajudar a saltar. Eu a ignorei e me dirigi à porta com as costas rígidas e as pernas trêmulas. Ouvi uma risadinha na brisa enquanto ele desaparecia do seu lado da casa.
Poncho estava me deixando maluca. Eu me sentia tentada a arrombar a porta e me atirar em cima dele, mas me recusava a ceder. Eu iria provocá-lo dessa vez. Faria com que ele pedisse demência.
Logo descobri que a batalha de vontades entre mim e Poncho havia empurrado Li para o canto mais afastado de minha mente. Sempre que estava com Li, meus pensamentos voavam para longe, ocupados em planejar maneiras de seduzir Poncho. Era tão óbvio que Li percebeu.
— Câmbio. Planeta Terra chamando Anahi. Você vai notar minha presença agora? — perguntou Li, tenso, uma noite, durante um de seus filmes de artes marciais favoritos.
— Como assim?
— Anahi, você está totalmente ausente nessa última semana. Sua cabeça anda longe.
— Bem... é que voltei à faculdade agora e os trabalhos me distraem.
— Não são os trabalhos, Anahi. É ele.
Senti remorso imediatamente. Li não havia feito nada de errado e o mínimo que eu podia fazer era lhe dar atenção.
— Desculpe, Li. Eu não tinha percebido que estava ignorando você. Tem toda razão. Agora estou aqui com você, 100 por cento. Me fale de novo por que esse filme é um clássico na categoria.
Li observou meu rosto por um momento e então começou a falar sobre Punhos de serpente, com Jackie Chan. Eu estava interessada de verdade e ele pareceu aliviado com isso.
O restante da noite correu tranquilamente, mas eu sentia culpa em relação a Li. Não estava lhe dando a atenção que ele merecia. O pior era que eu queria que Poncho estivesse assistindo ao filme conosco.
Quando cheguei em casa aquela noite, já tarde, colei um bilhete no lado de Poncho da porta de comunicação.
Certa vez ele sugou
Com um longo beijo, toda a minha alma através
Dos meus lábios, como a luz do sol bebe o orvalho.
Alfred Lord Jennyson
Poncho não havia me beijado em três semanas e eu achava que estava fraquejando mais do que ele. Eu tinha tentado de tudo e ainda
não conseguira nem um selinho em meus lábios aflitos. Não tinha obtido nenhum resultado em semanas de esforço. Eu agora era dona de uma coleção completa de batons e brilhos labiais e já havia experimentado cada um deles, sem nenhum efeito.
Na aula de wushu, ele tirou outro bilhete da bolsa, leu e ergueu uma sobrancelha em minha direção. Esse era o mais ousado que eu lhe dera e intencionalmente eu o deixara para o fim. Era minha última tentativa.
Dá-me um beijo e depois mais vinte.
Em seguida soma mais cem a essas vinte.
E mil a esses cem assim continua a me beijar.
Até esses mil a um milhão chegar.
Triplica esse milhão, e estando terminado.
Voltemos a nos beijar como havíamos começado.
Robert Herrick
Poncho não disse nada, mas me olhou de forma intensa e ardente. Com audácia , Sustentei seu olhar e senti uma centelha se acender entre nós, formando um elo e abrindo um buraco no meu corpo, embora estivéssemos em lados opostos da sala. Eu não conseguia tirar os olhos dele e ele aparentemente estava sofrendo do mesmo mal.
De repente Li anunciou que iríamos treinar movimentos para derrubar o oponente, o que ele havia evitado desde a primeira sessão com Poncho. Dessa
Li e Poncho iriam demonstrar os movimentos para os Outros. Li instruiu e todos nos sentássemos junto à parede. Com relutância, Poncho rompeu o contato visual comigo e se posicionou de frente para seu adversário.
Os dois homens andavam em círculos. Li fez o primeiro movimento, um soco circular, para se exibir e se aproximar, mas Poncho o bloqueou elegantemente. Li mudou o peso do corpo para uma perna, deu uma rasteira por trás dos joelhos e então desferiu um soco contra o peito de Poncho. Este se deslocou para a direita, fazendo com que a rasteira de Li errasse o alvo, espalmada para bloquear o soco. Em seguida, Li realizou uma elaborada manobra, plantou a mão no chão e atacou com uma clássica tesoura. Poncho agarrou o pé de Li e girou, derrubando-o com força de barriga para baixo. Li rolou no chão, afastando-se com raiva, e devolveu uma série de socos. Poncho o bloqueou no alto, embaixo e até por trás, neutralizando com eficácia os ataques de Li.
Li percebeu que não progredia, então simulou um soco para agarrar o braço de Poncho e o puxou com força a fim de desferir-lhe um chute contra o rosto, mas Poncho o fez perder o equilíbrio e Li caiu novamente no tatame. Ele se levantou com um salto, tornou a ficar de frente para Poncho e eles voltaram a se mover em círculos.
— Você quer mesmo continuar com isso? — perguntou Poncho. — Já provou que é um bom lutador.
— Não estou tentando provar nada. — Ele sorriu. — Só queria impedir que você continuasse devorando minha garota com os olhos.
Ele disparou um soco duplo contra o peito de Poncho, que simplesmente agarrou-lhe os pulsos e os girou para fora. Li uivou e se afastou, para voltar em seguida com um chute frontal no rosto de Poncho.
Dessa vez Poncho agarrou-lhe o calcanhar.
— Ela ainda não decidiu de quem ela é. — Ele ergueu os braços e empurrou Li, virando-o de cabeça para baixo. — Mas, se fosse para apostar, não consideraria suas chances muito boas.
Arquejei, ofendida e constrangida. Poncho voltou-se para me olhar. Vendo-o distraído, Li agarrou-lhe os braços por trás e forçou-os para cima, um movimento que imobilizaria a maioria das pessoas. Sem sequer pestanejar, Poncho subiu uma parede com Li ainda segurando seus braços e girou no ar.
Quando caiu, virou os pulsos, revertendo suas posições. Os cotovelos de Li agora se projetavam no ar enquanto Poncho os forçava ligeiramente para baixo. Quando Li arfou de dor, Poncho o soltou. Li rodou e tentou dar uma rasteira em Poncho outra vez, mas Poncho saltou sobre suas pernas, girou e imobilizou Li com facilidade.
Jennifer me olhou, nervosa, e segurou minha mão. Li estava descontrolado. Ele limpou a boca e rebateu:
— Deixe que eu me preocupe com as minhas chances.
Então ele rodou e chutou, atingindo o peito de Poncho. O impacto lançou anhos alguns passos para trás. Li provocou:
— Pelo menos eu não desisti dela nem deixei que partisse.
Os movimentos agora eram rápidos demais para que eu pudesse distingui-los. Eu via socos, bloqueios de braço e de perna, giros com recuo, chutes laterais e passos elaborados.
A certa altura, Poncho correu para Li e deu uma complicada cambalhota no ar, em posição encolhida, girou duas vezes e saltou por cima de Li. Quando estava descendo, pousou as mãos nas costas de Li e usou seu impulso para jogá-lo de cara no tapete. A turma começou a bater palmas e dar vivas.
Poncho pressionou a mão nas costas de Li, mantendo-o imóvel, e grunhiu baixinho:
— Não. Mas é o que vai fazer. Ela é minha.
Poncho deixou que ele se levantasse e depois disso, Li se transformou num touro enfurecido, partindo com tudo para cima de Poncho. O suor escorria de seu rosto e sua respiração estava pesada. Ele atacou com ainda mais violência do que antes e Poncho intensificou seu ritmo um pouco também. Li finalmente estava conseguindo acertar uns golpes. Eu me sentia mortificada por eles lutarem por mim. Em público. Ao mesmo tempo, não conseguia tirar os olhos dos dois.
Li era uma força a ser reconhecida. Era altamente habilidoso. No entanto, ainda havia um mundo de diferença entre ele e Poncho. Era quase como se estivessem se movendo em duas velocidades diferentes.
Fiquei observando Poncho lutar. Na verdade, teria sido impossível desviar os olhos. Cada movimento era uma pintura. Eu me vi hipnotizada pelo controle calculado e pelo poder que exibia. Era simplesmente magnífico. Um lutador digno do tigre que era na maior parte do tempo.
Eu estava furiosa com sua audácia de me declarar sua propriedade na frente de todos. No entanto, ao mesmo tempo, eu me sentia emocionada por vê-Io me desejar tão ferozmente. Ele era de fato um anjo guerreiro. Meu anjo guerreiro, pensei, possessiva.
Após cerca de 15 minutos de luta acirrada sem chegar a lugar algum, Li, ofegando intensamente, dispensou a turma. Tentei falar com ele, mas ele fez um gesto com a mão, me dispensando e pegou uma toalha para cobrir a cabeça.
Li não ligou nem me chamou para sair na semana que se seguiu. Depois da aula de wushu na sexta, ele pediu para falar comigo e disse a Poncho que me levaria para casa. Poncho assentiu e foi embora em silêncio. Eles vinham se tratando de maneira estranhamente civilizada desde a luta.
Li se sentou e deu um tapinha no tatame, indicando que eu me sentasse ao lado dele.
— Anahi, preciso perguntar uma coisa a você e quero que responda com sinceridade.
— Claro.
— Por que você deixou Poncho?
Eu me remexi, desconfortável.
— Eu o deixei porque... não éramos feitos um para o outro.
— Como assim?
Fiquei em silêncio por um momento e então respondi:
— São várias razões. A principal é que... é difícil explicar. Em primeiro lugar, ele é lindo, eu não sou. Ele também é muito rico. Na verdade, ele vem da realeza. É de uma cultura e de uma origem diferentes e não namorou
— Mas, Anahi, nós dois também somos de culturas e origens diferentes, e isso não a incomoda. A família dele não gosta de você?
— Não é isso. Os pais dele já morreram. O irmão gosta de mim. — Retorci as mãos no colo. — Acho que tudo se resume ao fato de eu pensar que ele vai acordar e descobrir que não sou uma princesa. Acredito que vai ficar decepcionado se me escolher. É só uma questão de tempo antes de perceber isso e me trocar por outra, por alguém melhor
Li voltou-se para mim, incrédulo.
— Então você está me dizendo que o deixou porque achava que ele era bom demais para você?
— Basicamente, sim. Ele teria ficado preso a mim e vivido infeliz.
— Ele age como se estivesse infeliz perto de você?
— Não.
— Anahi, por mais que me doa dizer isso — começou Li, em tom reflexivo, Poncho me parece uma pessoa muito cautelosa e ponderada. Durante nossa luta, usei cada habilidade e truque sujo à minha disposição e ele mal me acertava de volta. Poncho estava em clara vantagem. A técnica dele está além de qualquer coisa que eu já tenha visto. É como se ele tivesse aprendido com todos os mestres antigos.
E provavelmente aprendeu.
— Mesmo assim, durante a luta, ele recebia os golpes de forma que eu não me machucasse. Isso mostra não só uma habilidade incrível, como uma antecipação impressionante.
Dei de ombros.
— Eu já sabia que ele lutava bem.
— Não, você não está me entendendo. Para alcançar uma habilidade assim, a lutar dessa forma, é preciso disciplina. Ele poderia ter me esmagado, não fez isso. — Li riu com ironia. — Na metade do tempo, ele não estava me olhando! Estava observando você, preocupado com sua reação. Não estava nem prestando atenção no cara seriamente empenhado em matá-lo.
— O que você está tentando me dizer, Li?
— Estou tentando dizer que o cara está desesperadamente apaixonado por você, isso é óbvio para mim e para todo mundo. Se você o ama, precisa dizer isso a ele. Seus temores de ser abandonada não combinam com a personalidade dele. Como eu disse, ele é o tipo de homem que toma uma decisão e se mantém firme. Não tem nada nele que me faça pensar que não seja sincero.
— Mas.
Li tomou minhas mãos nas dele e me encarou.
— Anahi. Ele só tem olhos para você.
Baixei o olhar para nossas mãos.
— E quanto a não ser boa o bastante para ele, é justamente o contrário. Ele é que não é bom o suficiente para você.
— Você está dizendo isso por dizer.
— Não. Não, não estou. Você é incrível, doce e linda e ele é um homem de sorte por ter você.
— Li, por que está fazendo isso?
— Porque... eu gosto do cara, para ser sincero. Eu o respeito. E porque dá ver que o que você sente por ele é muito mais forte do que o que sente por mim. Você é mais feliz com ele.
— Sou feliz com você também.
— Sim, mas não é a mesma coisa. Volte para ele, Anahi. Está óbvio que você o ama. Diga isso a ele. Dê-lhe uma chance. — Ele riu baixinho. — Mas não se esqueça de dizer que fui superior ao abrir caminho. — Ele se inclinou e me envolveu num abraço apertado. — Vou sentir saudade, Anahi.
Foi como se alguma coisa em mim desse um dique e minha perspectiva de repente mudasse. Estava na hora de dispensar Li. Não era justo continuar a submetê-lo a essa situação. Meu coração nunca seria dele; bem no fundo,fazia algum tempo que eu sabia disso. Eu vinha usando-o como uma muleta emocional. Meu relacionamento com ele havia se tornado uma desculpa para que eu pudesse adiar o momento de encarar Poncho. Ficando ou não com Poncho, eu sabia que esse tinha que ser o fim para mim e Li.
Emocionada, retribuí o abraço.
— Vou sentir saudade também. Você foi muito legal comigo. Nunca vou me esquecer disso. Agradeça aos rapazes por me ensinarem a jogar.
— Claro. Vamos. — Ele se pôs de pé e me ajudou a levantar, me dando um beijo na bochecha. Vou levá-la para casa. E, Anahi... diga a Poncho que, se um dia ele a deixar, eu vou atrás dele.
Eu ri, desolada.
— Desculpe por ter feito você passar por isso, Li.
Ele deu de ombros.
— Por você, valeu a pena. Acho que, se eu a houvesse pressionado quando ele apareceu, você o teria escolhido de qualquer forma. Pelo menos assim aproveitei sua companhia por mais um tempo.
— Não foi justo com você.
— Não dizem que no amor e na guerra vale tudo? Isso foi um pouco de amor misturado a um pouco de guerra. Eu não teria perdido por nada.
Tomei sua mão nas minhas e a apertei.
— Um dia você vai fazer uma mulher muito feliz, Li. E espero que esse dia chegue logo.
— Bem, se por acaso você tiver uma irmã gêmea por aí, vou querer conhecê-la.
Eu ri, mas estava com vontade de chorar.
Li me levou até em casa. Fomos ambos em silêncio. Eu refletia sobre o que ele tinha falado. Estava certo. Poncho era uma pessoa cautelosa e ponderada. Ele tivera séculos para pensar no que queria. Por alguma razão, ele me queria. No fundo eu sabia que me amava e que nunca me abandonaria. Também sabia que, se eu tivesse escolhido outro, Poncho estaria sempre por perto para cuidar de mim se eu precisasse dele.
Meus sentimentos por ele nunca estiveram em questão. Li tinha razão. Eu devia dizer isso a Poncho. Dizer que tinha tomado minha decisão.
Eu vinha tentando seduzir o homem havia várias semanas e agora que eu ia finalmente ter o que queria, estava nervosa. Minha determinação vacilava. De repente me senti vulnerável, frágil. Meus pensamentos eram incoerentes. O que eu deveria dizer?
Quando o carro parou, Li me encorajou mais uma vez.
— Diga a ele, Anahi.
Ele me abraçou rapidamente e se foi.
Fiquei parada diante da porta de Poncho durante vários minutos, pensando que iria dizer.
A porta se abriu e Poncho saiu, parando ao meu lado. Seus pés estavam descalços e ele ainda usava a camiseta e a calça branca do wushu. Ele me dirigiu um olhar cheio de ansiedade e suspirou, infeliz.
— Me dizer o quê, Annie?
Num tom formal, perguntei:
— Você ouviu, né?
— Ouvi.
Seu rosto estava tenso, cauteloso. De repente percebi que ele achava que eu ia escolher Li.
Ele correu a mão pelos cabelos.
— O que você quer me dizer?
— Quero lhe contar que já fiz minha escolha.
— Foi o que imaginei.
Dei um passo à frente e passei os braços por seu pescoço, mas ele permaneceu rígido. Fiquei na ponta dos pés para me aproximar de seu rosto. Ele suspirou, me abraçou e me suspendeu. Aconchegou meu corpo de encontro ao seu peito sólido como pedra, enquanto meus pés pairavam vários centímetros acima do chão. Falei suavemente em seu ouvido:
— Eu escolho você.
Ele se imobilizou... então afastou a cabeça para olhar meu rosto.
— Então... Li.
— Está fora da jogada.
Ele me lançou um sorriso radiante que iluminou a noite escura.
— Então nós..
— Podemos ficar juntos.
Puxei sua cabeça para mim e o beijei suavemente. Surpreso, ele se separou de mim para estudar meu rosto e então me apertou ainda mais e me beijou de volta. Seu beijo não era suave nem doce. Era ávido, quente, ardente.
Existem muitos tipos de beijos. Há o beijo apaixonado de adeus — como o que Rhett deu em Scarlett ao partir para a guerra. O beijo de “não posso ficar você, mas quero ficar” — como o de Super-Homem e Lois Lane. Tem o primeiro beijo — delicado e hesitante, cálido e vulnerável. E tem também o de posse — que era como Poncho me beijava naquele momento.
Ia além da paixão, além do desejo. Seu beijo era cheio de ânsia, necessidade e amor, como todos os outros beijos. Mas também era cheio de promessas e juras, algumas doces e ternas, outras perigosas e
excitantes. Poncho estava tomando posse de mim. Reivindicando o que era seu.
Ele me agarrou audacioso como um tigre que captura sua presa. Não havia como escapar. E eu não queria escapar. Eu teria morrido feliz em suas garras. Eu era dele e ele se certificou de que eu soubesse disso. Meu coração explodia com a floração de mil lindos lírios-tigres. E eu soube, com uma certeza maior do que qualquer coisa que já havia sentido, que nosso lugar era um ao lado do outro.
Ele finalmente ergueu a cabeça e murmurou de encontro aos meus lábios:
— Até que enfim.



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Autor(a): ju10linha

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

Prévia do próximo capítulo

Poncho tornou a me beijar e deslizou um braço sob meus joelhos. Ele conseguiu me levar para dentro de casa e fechar a porta com o pé sem desgrudar os lábios dos meus. Eu finalmente tinha meu momento Rhett Butler. Ele se acomodou na poltrona, me aconchegou em seu colo, agarrou minha colcha e me envolveu com ela.E me beijou por toda parte — cabe ...


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  • franmarmentini♥ Postado em 10/09/2015 - 15:59:39

    OLÁAAAAAAAAAAAAAA AMORE ESTOU POSTANDO UMA FIC* TE ESPERO LÁ BJUS http://fanfics.com.br/fanfic/49177/em-nome-do-amor-anahi-e-alfonso

  • Elis Herrera ❤ Postado em 23/04/2015 - 16:57:14

    Postaaaaaaaa =(

  • franmarmentini♥♥ Postado em 02/04/2015 - 17:30:00

    AMORESSSSSSSSS IREI VIAJAR E JÁ TO COM VÁRIAS FICS EM ATRASO MINHA VIDA TA UMA LOUCURA MAS NUNCA NUNCA VOU DEIXAR DE LER...VOU IR VISITAR A CIDADE ONDE MINHA MÃE ESTÁ INTERRADA QUE FICA PERTO DE PITANGA PARANÁ E É NO SITIO ENTÃO PROVAVELMENTE EU NÃO TENHA COMO LER PQ TENHO MUITOS TIOS LÁ E QUERO VER SE CONSIGO VISITAR TODOS...VOLTO NA TERÇA FEIRA E PROMETO TENTAR COLOCAR EM DIA TODAS AS FICS O QUANTO ANTES BJUSSSSSSSSSSSSSSSS A TODAS AMO VCS!!!!!!!!! FUI....

  • franmarmentini Postado em 29/01/2015 - 08:39:07

    thatyponny o que vai acontecer??? quero aya juntosssssssssssssss :/ agora vc me deixou apriensiva..;.

  • franmarmentini Postado em 29/01/2015 - 08:37:34

    quero felipe bem longeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee eeeeeeeeeeeeeee da any,,,,e não vejo a hora dela encontrar o poncho logo :)

  • elis_maria Postado em 23/01/2015 - 12:43:03

    Posta mais...

  • thatyponny Postado em 08/01/2015 - 14:14:54

    VOCÊ NÃO SABE QUANTO EU ESPEREI, ESPEREI TANTO QUE JÁ LI TODOS OS LIVROS, MAS LER EM PONNY É UM AMOR O RUIM É QUE EU SEI O QUE VAI ACONTECER.

  • franmarmentini Postado em 04/01/2015 - 16:50:57

    Ebaaaaaaaaaaa

  • franmarmentini Postado em 08/12/2014 - 11:48:24

    cade vc?? :(

  • elis_herrera Postado em 20/10/2014 - 20:39:49

    Olá, continua... gostei de sua fic.


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