Fanfics Brasil - Regresso a Índia A Maldiçao do Tigre AyA

Fanfic: A Maldiçao do Tigre AyA | Tema: RBD AyA


Capítulo: Regresso a Índia

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O ronco grave de um motor me acordou. Minha cabeça latejava e eu sentia a um gosto estranho na boca. Parecia que algo estava muito errado; minha mente ainda estava confusa. Eu queria despertar, mas sabia que, do outro lado, um novo tipo de horror me aguardava, então me permiti afundar um pouco mais de volta à escuridão e me deixei ficar ali, covardemente. Eu precisava de alguma coisa em que me agarrar, uma muleta em que pudesse me amparar a fim de reunir força suficiente para encarar o que eu tinha pela frente.
Estava deitada numa cama. Senti os lençóis macios e estendi a mão, hesitante. Uma cabeça peluda se esfregou em meus dedos. Poncho. Ele estava ali. Ele era a motivação de que eu precisava para me erguer da escuridão e entrar na luz.
Abri os olhos.
— Poncho? Onde estou?
Todo o meu corpo doía.
Um rosto bonito me olhou de cima.
— Anahi? Como está se sentindo?
— Maite? Ah, estamos no avião.
Ela pressionou um pano molhado e frio em minha testa e eu murmurei:
— Escapamos. Estou tão feliz.
Acariciei a cabeça do tigre. Maite olhou brevemente para o tigre ao meu lado e então assentiu.
— Vou buscar um pouco de água para você, Anahi.
Ela saiu e tornei a fechar os olhos, pressionando a mão sobre minha testa latejante.
— Tive tanto medo de você não conseguir — Acho que agora isso não tem importância. A sorte nos ajudou. Nunca mais vamos nos separar. Prefiro ser capturada com você do que sermos separados.
Deslizei os dedos por seu pelo. Maite retornou trazendo água. Ela me ajudou a sentar e eu tomei um grande gole de água. Esfreguei a toalha moIhada sobre os olhos e o rosto.
— Tome... também lhe trouxe aspirina — disse ela.
Engoli os comprimidos, agradecida, e tentei abrir os olhos mais uma vez. Fitei o rosto preocupado de Maite e sorri.
— Obrigada. Já me sinto melhor. Pelo menos, todos conseguimos escapar. Isso é o que importa. Certo?
Olhei para o tigre. Não! Não! Comecei a arquejar, em busca de ar. Meus pulmões se fecharam.
— Felipe? — supliquei com a voz áspera. — Onde ele está? Diga-me que não o deixamos para trás! Poncho? — gritei. — Poncho? Você está aqui? Poncho? Poncho?
O tigre negro apenas me observava com olhos dourados e tristes. Agarrei a mão de Maite.
— Maite, me fale! Ele está aqui?
Ela sacudiu a cabeça, as lágrimas enchendo seus olhos. Minha visão tornou-se turva e percebi que eu também estava chorando.
Apertei sua mão, desesperada.
— Não! Precisamos voltar! Peça que deem meia-volta. Não podemos simplesmente deixá-lo lá! Não podemos!
Maite não reagiu. Virei-me para o tigre.
— Felipe! Isso não está certo! Ele não deixaria você. Eles vão torturá-lo. Vão matá-lo! Precisamos fazer alguma coisa! Não podemos deixar que isso aconteça!
Felipe se transformou em homem e se sentou na beira da cama. Ele fez um gesto com a cabeça para Maite e ela nos deixou a sós.
Ele pegou minha mão e falou baixinho:
— Anahi, não havia escolha. Se tivéssemos ficado para trás, não conseguiríamos escapar.
Sacudi a cabeça, negando.
— Não! Poderíamos ter esperado por ele.
— Não, não poderíamos. Eles me aplicaram tranquilizantes também fui atingido uma vez e mal consegui chegar ao avião, apesar da minha capacidade de recuperação. Acertaram-no pelo menos seis vezes. Fiquei impressionado que ele ainda conseguisse ficar de pé. Poncho lutou bravamente e ganhou tempo para que pudéssemos escapar.
Agarrei-lhe a mão enquanto as lágrimas pingavam do meu queixo.
— Ele está...? — Solucei. — Eles o mataram?
— Acho que não. Eles não tinham outra arma além dos bastões com dispositivos de eletrochoque e dardos tranquilizantes. Aparentemente suas instruções eram para nos capturar vivos.
— Não podemos deixá-los fazer isso, Felipe. Precisamos ajudá-lo.
— Vamos fazer isso, O Sr. Kamal já está trabalhando em sua localização. Mas não vai ser fácil. Há séculos ele vem procurando Lokesh e o homem consegue se esconder muito bem. Só tem uma coisa em nosso favor. Poncho não está com o amuleto, portanto Lokesh talvez esteja disposto a sugerir uma troca: o amuleto por Poncho.
— Ótimo. Daremos a ele o amuleto se pudermos ter Poncho de volta. Vamos nos preocupar com isso quando chegar a hora, Anahi. Neste momento, você precisa descansar. Estaremos na Índia daqui a algumas horas.
— Fiquei desacordada tanto tempo assim?
— Você foi atingida duas vezes e ficou apagada por cerca de 15 horas.
— Eles o seguiram até o avião?
— Tentaram, mas o avião estava pronto para decolar. Jason provavelmente salvou nossas vidas.
Pensei em Poncho cercado por inimigos enquanto nós fugíamos e engasguei com um soluço. Felipe se inclinou e me envolveu num abraço, dando tapinhas em minhas costas.
— Sinto muito, Anahi. Queria que houvesse sido eu, não Poncho. Queria ter tido força para tirar vocês dois de lá.
Minhas lágrimas caíram em sua camisa.
— Não foi culpa sua. Se você não estivesse lá, nós dois teríamos sido capturados.
Eu me empertiguei, fungando, e enxuguei os olhos na manga de minha blusa.
Ele abaixou a cabeça para fitar meus olhos lacrimejantes.
— Eu lhe prometo, Anahi, que vou fazer tudo que estiver a meu alcance para salvá-lo. Ele ainda está vivo. Posso sentir isso. Vamos encontrar uma vida e derrotar Lokesh.
Queria ter tanta certeza quanto Felipe de que poderíamos salvar Poncho. Assentindo com a cabeça, apertei sua mão e sussurrei que eu ficaria bem. Ele perguntou se eu queria comer alguma coisa e, embora sentisse nós retorcendo meu estômago, respondi que sim. Ele pareceu aliviado ao se levantar para chamar Maite.
Perguntei-me se ele estaria certo. Será que Poncho ainda está vivo? Desde o primeiro dia em que o vira no circo, formou-se uma estranha conexão entre nós. Hesitante e frágil a princípio, foi se tornando cada vez mais forte. Quando voltei para o Oregon, o elo se esticou e me puxava corno uma tira de elástico.
Ele me arrastava e tentava me levar de volta para ele. E, nos últimos meses, à medida que nos tornávamos mais próximos, a conexão se solidificou e se estreitou, formando uma liga de aço. Éramos parte um do outro. Eu sentia sua ausência, mas o elo ainda existia. Ainda era forte. Ele estava vivo. Eu sabia. Meu coração ainda estava ligado ao seu. Isso me deu esperanças. Decidi que o encontraria a qualquer custo.
Maite me chamou para comer alguma coisa. Ela serviu o jantar com um copo de água com limão, que beberiquei lentamente enquanto pensava no que poderia fazer para salvar Poncho. Felipe havia voltado à sua forma de tigre e descansava a meus pés. Seus olhos dourados me observavam com tristeza e eu me inclinei para acariciar-lhe a cabeça, assegurando-lhe de que ficaria bem.
Quando aterrissamos eu ainda não tinha a menor ideia de como encon traria Poncho, mas sabia que nunca mais me deixaria apanhar tão despreparada. Da próxima vez que algo assim acontecesse, eu lutaria. Agora que sabia que tinha esse... esse poder de raio dentro de mim, eu iria praticá-lo. Também pediria a Felipe que continuasse a me treinar nas artes marciais, quem sabe até usando armas. Talvez o Sr. Kamal me ensinasse também quando Felipe estivesse em sua forma de tigre. Eu nunca mais deixaria que alguém que eu amasse fosse capturado. Não enquanto eu ainda estivesse viva.
O Sr. Kamal nos recebeu no aeroporto particular.
— Srta. Anahi, senti saudade — disse ele, me envolvendo num abraço.
— Também senti saudade do senhor.
Meus olhos queimavam com as lágrimas não derramadas, mas eu me re recusava a deixá-las cair.
— Venha. Vamos para casa. Temos muito para conversar.
Quando chegamos em casa, Felipe levou minha bolsa para o andar de cima e me deixou sozinha com o Sr. Kamal na sala do pavão.
Os livros se acumulavam em pilhas altas na bela mesa de mogno; o tar normalmente organizado e limpo estava coberto por papéis. Peguei alg para examinar as anotações feitas na letra elegante do Sr. Kamal.
— O senhor conseguiu desvendar a segunda profecia?
— Estou perto. Na verdade, é graças à senhorita que estou assim tão perto.
Um ponto de referência que me confundiu inicialmente veio a ser a cordilheira do Himalaia. Todo esse tempo eu vinha procurando uma montanha, sem perceber que era uma cadeia de montanhas que eu precisava encontrar. Graças ao seu relatório sobre o Himalaia e seus padrões climáticos, pude abrir minha mente a essa possibilidade, o que me levou a novas descobertas.
— Fico feliz por ter ajudado. — Pousei os papéis na mesa e perguntei baixinho: — O que vamos fazer? Como vamos encontrar Poncho?
— Vamos encontrá-lo, Srta. Anahi. Não se preocupe. Existe até a chance de te conseguir escapar sozinho e nos telefonar.
Um pensamento cruzou a minha mente.
— Ele vai conseguir se transformar em homem se for capturado?
— Não sei. Antes, não conseguia, mas agora a senhorita quebrou parte da maldição. Isso pode fazer alguma diferença.
Endireitei os ombros.
— Sr. Kamal, quero que me treine. Quero que me instrua no uso das armas e nas artes marciais. O senhor ensinou aos dois e quero que seja meu instrutor também.
Ele me olhou pensativo por um minuto.
— Está certo, Srta. Anahi. Será preciso disciplina e muitas, muitas horas de prática para que se torne capacitada. Não espere conseguir fazer o mesmo que Poncho e Felipe. Eles foram treinados a vida toda e o tigre que há neles os torna mais fortes.
— Tudo bem. Estou preparada para isso. Pretendo pedir a Felipe que continue trabalhando comigo. Posso aprender mais depressa se praticar com vocês dois.
Ele assentiu.
— Talvez seja o melhor. A senhorita irá aprender novas habilidades e isso também vai ajudá-la a se manter ocupada. Eu ainda preciso dedicar grande parte da minha atenção às pesquisas, mas vou reservar algum tempo para reiná-la todos os dias. Também posso preparar séries para que pratique sozinha e sugerir algumas coisas que pode aprender com Felipe.
— Obrigada. Gostaria de ajudar com suas pesquisas também. Posso fazer anotações. E ter um novo par de olhos ao seu dispor sempre é bom.
— Podemos começar hoje.
Assenti. Ele fez um gesto na direção das poltronas de couro e nos sentamos.
— Agora me fale sobre esse novo poder que parece ter. Felipe me explicou, quero ouvir o que aconteceu a partir do seu ponto de vista.
Bem, eu precisava proteger Poncho e estava tão furiosa que acho que até vi uma névoa vermelha à minha volta. Ele fora atingido com os dardos e cambaleava, enfraquecido. Eu sabia que ele não resistiria muito mais. Coloquei-me na frente dele para enfrentar os agressores. Estava desesperada, pois eram muitos vindo para cima de nós. Uma espécie de fogo começou a queimar em mim.
— Qual era a sensação?
— Parecia... um jorro de força no centro do meu corpo, semelhante à chama piloto de um aquecedor de água que se acende de repente. Meu estômago se contraiu, como se para empurrar o calor para o meu peito. Meu coração ardia e parecia que o sangue estava fervendo em minhas veias. Tive a sensação de algo borbulhante percorrendo meu braço. Quando chegou à mão, os símbolos que Phet pintou em hena reapareceram e começaram a brilhar, vermelhos. Ouvi um ruído de coisas se quebrando, estalos e estouros e então essa
força se avolumou e transbordou de mim. Um raio disparou de minha mão, ergueu um homem no ar e o arremessou contra uma árvore.
— E esse poder funcionou várias vezes?
— Funcionou. Consegui abater diversos homens de ser atingida com o tranquilizante. Então o poder foi diminuindo.
— Os raios mataram os homens ou apenas os atordoaram?
— Espero que os tenham apenas atordoado. Não ficamos por lá tempo suficiente para descobrir. Meu primeiro alvo, o homem que se chocou contra a árvore, ficou bastante machucado, imagino. Eu estava desesperada.
— Estou curioso para saber se é capaz de reproduzir o fenômeno quando não está em perigo. Talvez possamos praticar. Também seria interessante ver se a senhorita pode ampliar o alcance para incluir mais de uma pessoa de uma vez e ver por quanto tempo consegue manter a descarga.
— Também quero aprender a controlar a intensidade. Prefiro não matar as pessoas — acrescentei.
— É claro.
— De onde o senhor acha que isso veio?
— Tenho uma... teoria. Uma das antigas histórias da Índia conta que, quando os deuses Brahma, Vishnu e Shiva enfrentaram o rei demônio. Mahishasur, não conseguiram derrotá-lo. Então juntaram suas energias, que assumiram a forma de luz, e a deusa Durga emergiu dessa luz. Ela nasceu para lutar contra ele.
— Então Durga é feita de luz. O senhor acha que é por isso que tenho esse poder?
— Sim. Existem também várias referências a um colar que ela usa e que
Faísca como relâmpagos. Talvez essa corrente de poder resida na senhorita.
— Isso é... Eu nem sei como me sinto em relação a isso.
— Imagino que deva ser desconcertante.
Fiz uma breve pausa e então confessei:
— Sr. Kamal, eu... estou preocupada com Poncho. Não acho que eu seja capaz de partir numa nova busca sem ele.
— Vocês dois se tornaram mais próximos então? — especulou o Sr. Kamal.
— Sim. Ele... eu... nós... Bem, acho que posso resumir dizendo que o amo.
Ele sorriu.
— Sabe que ele a ama também, não sabe? Ele não pensava em outra coisa durante os meses em que ficaram separados.
— Ele sofreu?
— Desesperadamente. Felipe e eu não tivemos um só momento de paz até ele viajar.
— Sr. Kamal, posso lhe fazer uma pergunta?
— É claro.
— Uma garota indiana se interessou por Poncho e queria que seus pais arranjassem um compromisso entre eles. Poncho me disse que namorar alguém que não seja da mesma cultura é considerado impróprio.
— Ah. O que ele lhe disse está correto. Mesmo nos tempos modernos, esse costume ainda é seguido. Isso a incomoda?
— Um pouco. Não quero que o povo de Poncho o renegue.
— Ele demonstrou preocupação quanto a isso?
— Não. Não pareceu dar importância. Disse que já tinha feito sua escolha.
O Sr. Kamal passou a mão pela barba curta.
— Srta. Anahi, Poncho dificilmente precisa da aprovação de alguém. Se ele escolher ficar com a senhorita, ninguém irá fazer objeção.
— Talvez não na frente dele, mas pode haver... implicações culturais que ainda não lhe ocorreram.
— Poncho está bastante ciente de todas as implicações culturais. Lembre-se de que ele foi um príncipe muitíssimo bem treinado nos protocolos políticos.
— Mas e se o fato de ficar comigo tornar sua vida mais difícil?
Ele me repreendeu levemente.
— Srta. Anahi, posso lhe garantir que ficar com a senhorita é a única coisa na longa vida de Poncho a lhe trazer alento. A vida dele era cheia de dificuldades e eu me arriscaria a dizer que obter a aprovação de outras pessoas caiu muito em sua lista de prioridades.
— Ele me falou que os pais vinham de culturas diferentes. Por que eles tiveram permissão para se casar e ficar juntos?
— Humm, esta é uma história interessante. Para contá-la direito, eu teria que lhe falar sobre o avô de Poncho e Felipe.
— Eu adoraria saber mais sobre a família dele.
Ele se recostou na poltrona de couro e juntou as mãos sob o queixo, formando um triângulo.
— O nome do avô de Poncho era Tarak. Ele era um grande chefe militar que, nos seus últimos anos, quis viver em paz. Cansara-se das rivalidades entre os remos. Embora seu império fosse o maior e seus
exércitos, os mais notáveis, ele enviou uma mensagem para vários outros chefes militares que governavam territórios menores, convidando-os para uma reunião de cúpula. Ofereceu a cada um deles uma parte de suas terras se assinassem um pacto de não agressão e reduzissem seus exércitos. Eles concordaram, pois o contrato traria a cada um deles grande riqueza e muitas propriedades, O país exultou quando o rei chamou seus exércitos de volta para casa e preparou uma grande festa de celebração. Aquele dia foi feriado em todo o país.
— O que aconteceu depois?
— Cerca de um mês depois, um dos governantes que assinou o pacto incitou os outros, dizendo-lhes que aquela era a hora de atacar e que, juntos, eles poderiam governar toda a Índia. Seu plano era primeiro tomar as terras ancestrais de Tarak e, a partir dali, conquistar facilmente os outros remos menores
— Nossa! Que traição — comentei.
— De fato. Eles quebraram o juramento a Tarak e travaram uma batalha feroz, sitiando a cidade dele. Muitos soldados do rei haviam se aposentado e tinham recebido um pedaço de terra em troca de seus anos de serviço. Com o exército reduzido pela metade, não podiam derrotar as tropas unidas dos outros chefes militares. Felizmente Tarak conseguiu enviar mensageiros para buscar ajuda.
— Aonde eles foram buscar ajuda?
— Na China.
— Na China?
— Mais especificamente no Tibete. As fronteiras da Índia com a China naquela época não eram tão definidas como hoje e as trocas entre os dois países eram comuns. Tarak tinha um bom relacionamento com o Dalai-Lama da época.
— Espere aí. Ele pediu ajuda ao Dalai-Lama? Pensei que o Dalai-Lama fosse um líder religioso.
— Sim, o Dalai-Lama era e é um líder religioso, mas a religião e as forças militares tinham laços estreitos no Tibete, principalmente depois de ganhar atenção da família Khan. Séculos atrás, Gêngis Khan invadiu a região, mas ficou satisfeito com o tributo que o Tibete lhe pagou, então o deixou em paz. Após a morte de Khan, porém, seu neto, Ogedei Khan, cobiçou aquelas riquezas e voltou para tomar posse do país.
Naquele momento Maite entrou na biblioteca, trazendo-nos água com limão. Ele agradeceu e Continuou:
— Trezentos anos depois da invasão, Altan Khan Construiu um mosteiro e convidou monges budistas para ensinar o povo. A ideologia budista se disseminou e, no início do século XVII, praticamente todos os mongóis haviam se tornado budistas. Um homem chamado Batu Khan, outro descendente de Gêngis Khan, que estava no comando dos exércitos mongóis, foi enviado lo Dalai-Lama para ajudar o avô de Poncho quando ele pediu ajuda.
Beberiquei minha água com limão.
— E o que aconteceu? Eles venceram?
— Venceram. Os exércitos mongóis unidos aos do rei Tarak puderam derrotar os aproveitadores. Tarak e Batu Khan tinham a mesma idade. Ficaram amigos. Tarak, em gratidão, ofereceu-lhe joias e ouro para levar para o Tibete e Batu Khan ofereceu sua jovem filha para casar-se com o filho de Tarak quando chegasse a hora. O pai de Poncho, Rajaram, devia ter uns 10 anos na época e a mãe tinha acabado de nascer.
— Então a mãe de Poncho era descendente de Gêngis Khan?
— Não pesquisei a genealogia, mas supõe-se que haja algum parentesco.
Recostei-me na cadeira, admirada.
— Qual era o nome da mãe dele?
— Deschen.
— Como ela era fisicamente?
— Era muito parecida com Poncho. Tinha os mesmos olhos azuis, cabelos cumpridos e pretos. Era muito bonita. Quando chegou a hora de celebrar o casamento, o próprio Batu Kahn levou a filha ao encontro de Tarak e ficou para supervisionar a cerimônia. Rajaram não teve permissão de ver a noiva antes do casamento.
— Eles tiveram um casamento indiano ou budista?
— Creio que foi uma combinação dos dois. Em um casamento indiano típico há uma cerimônia de compromisso, uma festa com presentes de joias ou roupas e então uma cerimônia em que o noivo dá à noiva uma mangalsultra, ou colar de casamento, que ela usa pelo resto da vida, O processo todo dura cerca de uma semana. Em comparação, um casamento budista é uma celebração pessoal, não religiosa. Poucas pessoas são convidadas. Velas e incensos são queimados e oferecem-se flores em um templo. Não há monges, sacerdotes ou votos de casamento. Imagino que Rajaram e Deschen provavelmente tenham seguido os costumes de um casamento indiano e talvez também tenham feito oferendas a Buda.
— Quanto tempo levou para que percebessem que se amavam?
— Essa é uma pergunta que não sou capaz de responder, embora possa lhe dizer que seu amor e seu respeito mútuos eram verdadeiramente únicos. Quando os conheci, estavam muito apaixonados e o rei Rajaram com frequência consultava a mulher sobre questões importantes do Estado, o que era muitíssimo incomum na época. Eles criaram os filhos para terem a mente aberta e serem receptivos a outras culturas e ideias. Eram pessoas boas e governantes muito sábios. Sinto saudade dos dois. Poncho lhe falou sobre eles?
— Ele me contou que o senhor cuidou deles até a morte.
— É verdade. — Os olhos do Sr. Kamal ficaram úmidos e ele fixou o olhar em algo que eu não podia ver. — Amparei Deschen quando o rei Rajaram deixou este mundo e, mais tarde, segurei sua mão quando ela fechou os olhos para sempre. — Ele pigarreou. — Foi quando ela me confiou o cuidado de seus bens mais preciosos, os filhos.
— E o senhor vem fazendo mais por eles do que qualquer mãe poderia pedir. O senhor é um homem verdadeiramente maravilhoso. Um pai para eles. Poncho me disse que nunca poderia retribuir tudo que o senhor fez por ele.
O Sr. Kamal mudou de posição, constrangido.
— Isso não vem ao caso. Ele não precisa retribuir o que lhe dei de boa vontade.
— E é exatamente isso que torna o senhor tão especial.
O Sr. Kamal sorriu e se pôs de pé para tornar a encher meu copo, provavelmente a fim de desviar a atenção de si mesmo. Mudei de assunto.
— Os pais de Poncho e Felipe chegaram a saber que eles foram transformados em tigres?
— Como a senhorita sabe, eu era o conselheiro militar do rei. Como tal, era encarregado dos exércitos. Quando Poncho e Felipe foram amaldiçoados, eles tentaram entrar furtivamente no palácio à noite como tigres. Mas não havia como eles entrarem para ver os pais porque Rajaram e Deschen eram muito tigres raros guardados, e Poncho e Felipe teriam sido mortos no ato. Nem mesmo tigres raros como eles poderiam entrar no terreno do palácio. Em vez disso, eram até mim. Minha casa ficava perto do palácio, de modo que eu pudesse ser convocado a qualquer hora.
— O que o senhor fez quando os viu?
— Eles arranharam minha porta. Pode imaginar minha surpresa quando abri a porta e deparei com um tigre negro e um branco sentados, me fitando. A princípio, saquei a espada. O instinto militar é forte, porém eles não reagiram. Ergui a espada acima da cabeça para golpear, porém os dois ficaram lá calmamente sentados, observando, esperando. Por alguns momentos pensei a estivesse sonhando. Vários minutos se passaram. Abri mais a porta e recuei, mantendo a espada em punho. Eles entraram em minha casa e sentaram-se no tapete.
A história era fascinante e eu prestava atenção a todos os detalhes. Ele continuei:
— Ficamos nos olhando por horas. Quando fui chamado para comparecer a treinamento, dei uma desculpa, dizendo ao criado que não estava me sentindo bem. Permaneci sentado na cadeira o dia todo, observando os tigres. Eles pareciam estar à espera de alguma coisa. Quando a noite chegou, preparei uma refeição e ofereci carne aos animais. Ambos comeram e se deitaram para dormir. Fiquei acordado a noite toda, vigiando-os. Eu havia condicionado meu corpo a suportar vários dias sem dormir, assim me mantive vigilante, embora eles dormissem inofensivos como gatinhos.
Bebi um gole da água com limão.
— O que aconteceu então?
— Pouco antes do amanhecer, algo mudou. O tigre branco se mexeu e se transformou no príncipe Dhiren; o negro seguiu-lhe o exemplo e tornou- Felipe. Poncho explicou rapidamente o que havia acontecido com eles e na hora solicitei uma audiência com os pais deles. Expliquei que era imperativo que Rajaram e Deschen me acompanhassem até minha casa, sem os guardas. Foi preciso muito esforço para convencer sua guarda privada e somente a absoluta confiança do rei em mim o levou a atender meu pedido.
O Sr. Kamal fez uma pausa para retomar o fôlego. Mas logo prosseguiu.
— Eu os levei até minha casa. Abri a porta e Deschen soltou um grito quando viu os tigres. Rajaram postou-se diante da mulher para protege-la. Estava muito aborrecido comigo. Implorei para que entrassem e lhes disse que os tigres não fariam nenhum mal a eles.
— Posso imaginar o susto.
— Depois de finalmente convencê-los a fechar a porta, os dois irmãos ergueram-se na forma humana diante dos pais. Restava-lhes muito pouco tempo, então eles se transformaram em tigres e me permitiram contar sua história. Nós cinco permanecemos o dia todo em deliberação em minha casa. Mensageiros vieram dizer que um vasto exército liderado por Lokesh estava se aproximando, já havia destruído vários vilarejos e se encontrava a caminho do palácio.
— O que vocês decidiram fazer?
— Rajaram queria destruir Lokesh, mas Deschen o conteve, lembrando que Lokesh talvez fosse o único meio de salvar os garotos. Deram-me uma incumbência especial: partir dali com os tigres. Deschen não suportava a ideia de se separar dos filhos, então foram tomadas providências para que ela seguisse comigo sob o pretexto de que iria visitar sua terra natal. Na realidade, fugimos para uma pequena casa de veraneio perto da cachoeira onde você conheceu Felipe. Apesar dos esforços de Rajaram, ele não conseguiu capturar Lokesh. Os exércitos foram rechaçados por algum tempo, porém Lokesh parecia ganhar força enquanto Rajaram a perdia. Alguns anos se passaram. Sem a mulher e os filhos, Rajaram já não tinha vontade de ser rei. Deschen também havia perdido o ânimo. Parecia não haver esperanças para seus filhos, e seu amado marido estava distante, cuidando do império.
Que história triste, eu pensava, sem querer interrompê-lo.
— Mandei uma carta para Rajaram, relatando que Deschen estava sofrendo. Com relutância, ele deixou o trono e entregou os negócios do reino a um grupo de consultores militares. Ele tinha contado ao povo a falsa história da morte de Poncho e Felipe e explicara que a mulher fora para a China em busca de consolo. Disse que precisava se ausentar por um tempo para trazê-la de volta. Mas nunca retornou. Foi ao nosso encontro na selva, levando um pouco de sua riqueza e os objetos mais preciosos, para que os garotos pudessem conservar sua herança.
— Foi quando Deschen morreu — perguntei.
— Não. Na verdade, Deschen e Rajaram viveram vários anos mais. Reunidos, viviam felizes, aproveitando cada minuto que tinham com os garotos. Logo tornou-se óbvio que Poncho e Felipe não estavam envelhecendo. Eu passei a cuidar da família. Era o intermediário entre eles e o mundo lá fora. Os garotos caçavam e nos levavam comida e Deschen cultivava verduras e legumes. Com frequência eu me aventurava até a cidade para comprar mercadorias e ficar a par das notícias.
— É bom saber que eles tiveram esse período de felicidade.
— E sim. Mas, depois de vários anos, o pai de Poncho adoeceu com o que hoje suspeito ter sido uma doença renal. Sabíamos que Lokesh ainda estava do contra o exército, mas que o povo Mujulaain continuava resistindo. Grandes lendas estavam sendo contadas sobre a família real. Eles se transformaram em mito. A história que lhe contei quando a conheci no circo é a história como é contada hoje.
Ele bebeu um gole da água e limpou a garganta.
— Poncho, por fim, me pediu que usasse seu amuleto. Na época, não imaginávamos que efeitos teria sobre mim. Sabíamos apenas que era poderoso e importante. Ele temia que, se um caçador o apanhasse, o amuleto estaria ido para sempre. Talvez fosse uma premonição, pois logo depois ele foi capturado — Ele parou para ver minha reação.
Meus olhos estavam arregalados — Felipe o rastreou e descobri que ele havia sido vendido para um colecionador em outra parte do país. Retornei abatido. A captura de Poncho foi um golpe final para seu pai e ele morreu naquela mesma semana. Deschen entrou em profundo desespero e parou de comer. Apesar dos esforços de Felipe e dos meus, ela também morreu, menos de um mês após o marido.
— Quanta desgraça.
— Felipe ficou inconsolável com a morte da mãe e passou a permanecer mais tempo na floresta. Alguns meses mais tarde, eu lhe disse que já era hora de começar a procurar Poncho. Ele me pediu que ficasse com o dinheiro e joias. Que levasse o que fosse preciso para encontrá-lo. Levei uma parte, deixando os bens mais preciosos da família para que Felipe tomasse conta. E iniciei minha busca.
— Pobre Felipe, sozinho no mundo.
— Como sabe, não consegui resgatar Poncho. Estudei tudo o que havia ao meu alcance a respeito de mitos e histórias sobre tigres e amuletos. Ao longo dos anos, investi o dinheiro deles, que se multiplicou. Comecei com o comércio de condimentos e então prossegui, comprando e vendendo empresas até os garotos ficarem ricos. Durante aqueles anos, casei-me e constituí família. Depois que deixei meus entes queridos, segui Poncho de localidade em localidade e passei muitas horas fazendo pesquisas. Durante décadas procurei Lokesh e uma forma de quebrar a maldição. Lokesh, após o fracasso de sua conquista do Império Mujulaain, desapareceu misteriosamente e nunca reapareceu, embora eu suspeitasse de que, como eu, ele ainda estivesse vivo. Isso nos leva à senhorita e ao restante da história, que já conhece.
— Então, se Poncho e Felipe viveram na floresta com os pais, como podem não ter feito as pazes?
— Eles se toleravam por causa dos pais, mas evitavam assumir a forma humana ao mesmo tempo. Na verdade, eu nunca mais os
tinha visto como homens juntos até você surgir. Foi um tremendo avanço conseguir que Felipe voltasse e fizesse parte da família outra vez.
— Bem, Poncho não torna as coisas muito fáceis para ele. É estranho. Tenho a impressão de que eles se respeitam e até se amam, mas não conseguem deixar as velhas feridas sararem.
— Graças à senhorita, já percorremos um longo caminho na direção da cura de todos nós. Rajaram teria ficado encantado ao conhecê-la e Deschen teria chorado aos seus pés por devolver a vida a seus filhos. Não duvide nem por um só instante que esteja à altura desta família ou de Poncho.
Meu coração destroçado bateu com um som oco no peito. Doía pensar nele, mas meus punhos cerraram em determinação.
— Então, por onde começamos? Pesquisa ou esgrima?
— Está pronta para iniciar o treinamento físico?
— Estou.
— Muito bem. Guarde suas coisas e me encontre na academia de ginástica, lá embaixo, daqui a meia hora.
— Farei isso. Ah, Sr. Kamal? É bom estar em casa.
Ele sorriu para mim, piscou e então seguiu para o seu quarto.
Subi a escada e descobri que todas as coisas preciosas que eu havia enviado pelo correio encontravam-se ali, sãs e salvas. Minha caixa de fitas estava no banheiro. Meus livros e diários tinham sido colocados numa prateleira, lado de fotos recém-emolduradas de minha família e um vaso de lírios-tigre. A colcha de minha avó descansava ao pé da cama e meu tigre branco de pelúcia aninhava-se entre um monte de almofadas cor de ameixa.
Abri o zíper da bolsa e retirei Fanindra, desculpando-me por deixá-la fora da batalha na floresta. Estaríamos mais bem preparados
da próxima vez. Coloquei-a na prateleira nova, sobre uma almofada redonda forrada de seda.
Vesti rapidamente minhas roupas do wushu e desci os degraus, indo ao encontro do Sr. Kamal. Felipe ouviu meus passos apressados e desceu atrás de mim. Ele se acomodou num canto da sala, sobre o tatame, pousou a canas patas e ficou observando, sonolento.
O Sr. Kamal já estava lá. Uma seção da parede estava aberta, exibindo sua coleção de espadas. Ele se aproximou com dois bastões de madeira.
— Estes são chamados shinais e são utilizados na prática do kendo, que ma forma japonesa de esgrima. Use-os para praticar antes de passar às armas de aço. Segure-o com ambas as mãos. Estenda o braço como se fosse apertar a mão de alguém, então envolva a arma com os três dedos de baixo e deixe o polegar e o indicador livres.
Tentei seguir suas instruções e, antes que eu me desse conta, o Sr. Kamal a passava para o passo seguinte.
— Para avançar, pise com o calcanhar. Para recuar, pise com a ponta do pé. Dessa forma estará sempre pronta e não distribuirá o peso de forma errada.
— Assim?
— Isso. Muito bom, Srta. Anahi. Agora, o ataque. Quando alguém atacá-la, jogue esta perna para trás, tire o corpo do caminho e erga a espada para se defender, assim. Se alguém vier pelo outro lado, recue desta forma.
Era complicado. Meus braços já estavam doendo e era difícil lembrar os movimentos dos pés.
— Mais tarde passaremos a espadas mais pesadas para fortalecer seus braços e ombros — continuou ele —, mas por ora são nos seus pés que quero me concentrar
O Sr. Kamal me fez treinar o movimento dos pés por uma hora, o tempo me orientando. Eu começava a me mover seguindo um ritmo e cruzava a academia para frente e para trás, simulando ataques, avanços, recuos e movimentos de desvio. Enquanto eu praticava, o Sr. Kamal observava, corrigindo e- movimentos de vez em quando e citando instruções de esgrima, como:
“Saque a espada antes de travar combate com o oponente. Leva muito tempo para fazer isso no meio da luta. E certifique-se de que seus pés estejam sempre firmes e equilibrados”
“Não se estique demais! Mantenha os cotovelos dobrados e próximos ao corpo.”
“Lute para vencer. Procure as fraquezas do adversário e explore cada uma Não tenha medo de usar Outras técnicas, se elas ajudarem, como o poder de raio, por exemplo”
“É melhor sair do caminho que bloquear alguém. O bloqueio mina sua sair do caminho consome menos energia”
“Saiba o comprimento de sua espada e calcule o da arma do oponente Então, mantenha uma distância na qual ele não possa facilmente alcançá-la.”
“Embora seja bom praticar com espadas grandes e pesadas, as mais leves podem causar o mesmo dano. As grandes cansam você mais rápido numa luta “
Quando chegamos ao fim, eu estava suada e dolorida. Eu mantivera o shinai erguido todo o tempo em que praticara o movimento dos pés. E, embora ele fosse leve, meus ombros estavam queimando.
O Sr. Kamal me encorajou a repetir o trabalho com os pés por uma hora diariamente e disse que no dia seguinte me ensinaria mais.
Felipe se transformou em homem depois que eu havia descansado o suficiente. Então praticou chutes e golpes de wushu
comigo por mais duas hora Quando subi a escada até meu quarto, estava exausta. O jantar tinha sido deixado ali sob uma redoma, mas resolvi tomar uma chuveirada primeiro.
De banho tomado e pronta para ir para cama, ergui a tampa e encontrei frango e legumes grelhados. Havia também um bilhete do Sr. Kamal me convidando para ajudar com a pesquisa na biblioteca na manhã seguinte. Terminei o jantar e andei até o quarto de Poncho.
Estava tão diferente da primeira vez em que eu entrara ali... Um tapete espesso cobria o chão. Sobre a cômoda havia livros, inclusive alguns dos exemplares de primeira edição do Dr. Seuss que ele mencionara. Uma edição de Romeu e Julieta em híndi estava gasta e com orelhas nas pontas. Em um canto via-se um sofisticado CD player com vários CDs e, na escrivaninha. um notebook e material de escrita.
Encontrei seu presente de dia dos namorados, o exemplar de O conde de Monte Cristo, e o enfiei debaixo do braço. Ele devia tê-lo mandado no pacote com meus objetos especiais. Saber que ele o considerava importante me fez sorrir. Uma de minhas fitas de cabelo estava amarrada num pergaminho enrolado. Desfiz o laço e encontrei vários poemas escritos por Poncho numa língua que eu não sabia ler. Tornando a enrolar as páginas e refazendo o laça decidi tentar traduzi-los.
Abri o armário. Na última vez que eu estivera ali ele se encontrava vazio, mas agora estava cheio de roupas de grife. A maioria nunca fora usada. Encontrei um agasalho azul semelhante ao que ele usara na praia. Tinha o seu cheiro — cachoeiras e sândalo. Joguei-o sobre o braço.
Quando voltei ao meu quarto, coloquei o pergaminho em minha mesa e subi na cama. Eu tinha acabado de me acomodar debaixo do cobertor com o tigre branco de pelúcia e o agasalho quando ouvi uma batida na porta.
— Posso entrar, Anahi? Sou eu, Felipe.
— Claro.
Felipe enfiou a cabeça pela porta.
— Eu só queria dizer boa-noite.
— Tudo bem. Boa noite.
Vendo meu tigre branco, ele se aproximou para inspecioná-lo. Dirigiu-me um sorriso torto e deu um piparote no nariz do tigre.
— Ei! Deixe o bicho em paz.
— Eu me pergunto o que ele achou disso.
— Se quer mesmo saber, ficou lisonjeado.
Ele sorriu por um momento e então ficou sério.
— Vamos encontrá-lo, Annie. Eu prometo.
Assenti.
— Bem, boa noite, bilauta.
Apoiei-me no cotovelo.
— O que significa isso, Felipe? Você nunca me disse.
— Significa “gatinha” Achei que, se somos os gatos, você tem que ser a gatinha.
— Ah. Mas não diga mais isso perto de Poncho. Ele fica com raiva.
Ele sorriu.
— Por que você acha que eu digo? Até amanhã.
Ele apagou a luz e fechou a porta.
Naquela noite, sonhei com Poncho.



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Autor(a): ju10linha

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

Prévia do próximo capítulo

Era o mesmo sonho horrível que eu tivera antes. Estava escuro e eu procurava alguma coisa desesperadamente. Entrei num quarto e encontrei Poncho amarrado num altar com um homem de túnica ametista debruçado sobre ele. Era Lokesh. Ele ergueu a faca e a cravou no coração de Poncho. Saltei sobre Lokesh e tentei tirar-lhe a faca, mas era tarde d ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 98



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  • franmarmentini♥ Postado em 10/09/2015 - 15:59:39

    OLÁAAAAAAAAAAAAAA AMORE ESTOU POSTANDO UMA FIC* TE ESPERO LÁ BJUS http://fanfics.com.br/fanfic/49177/em-nome-do-amor-anahi-e-alfonso

  • Elis Herrera ❤ Postado em 23/04/2015 - 16:57:14

    Postaaaaaaaa =(

  • franmarmentini♥♥ Postado em 02/04/2015 - 17:30:00

    AMORESSSSSSSSS IREI VIAJAR E JÁ TO COM VÁRIAS FICS EM ATRASO MINHA VIDA TA UMA LOUCURA MAS NUNCA NUNCA VOU DEIXAR DE LER...VOU IR VISITAR A CIDADE ONDE MINHA MÃE ESTÁ INTERRADA QUE FICA PERTO DE PITANGA PARANÁ E É NO SITIO ENTÃO PROVAVELMENTE EU NÃO TENHA COMO LER PQ TENHO MUITOS TIOS LÁ E QUERO VER SE CONSIGO VISITAR TODOS...VOLTO NA TERÇA FEIRA E PROMETO TENTAR COLOCAR EM DIA TODAS AS FICS O QUANTO ANTES BJUSSSSSSSSSSSSSSSS A TODAS AMO VCS!!!!!!!!! FUI....

  • franmarmentini Postado em 29/01/2015 - 08:39:07

    thatyponny o que vai acontecer??? quero aya juntosssssssssssssss :/ agora vc me deixou apriensiva..;.

  • franmarmentini Postado em 29/01/2015 - 08:37:34

    quero felipe bem longeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee eeeeeeeeeeeeeee da any,,,,e não vejo a hora dela encontrar o poncho logo :)

  • elis_maria Postado em 23/01/2015 - 12:43:03

    Posta mais...

  • thatyponny Postado em 08/01/2015 - 14:14:54

    VOCÊ NÃO SABE QUANTO EU ESPEREI, ESPEREI TANTO QUE JÁ LI TODOS OS LIVROS, MAS LER EM PONNY É UM AMOR O RUIM É QUE EU SEI O QUE VAI ACONTECER.

  • franmarmentini Postado em 04/01/2015 - 16:50:57

    Ebaaaaaaaaaaa

  • franmarmentini Postado em 08/12/2014 - 11:48:24

    cade vc?? :(

  • elis_herrera Postado em 20/10/2014 - 20:39:49

    Olá, continua... gostei de sua fic.


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