Fanfics Brasil - A Estrada da Amizade A Maldiçao do Tigre AyA

Fanfic: A Maldiçao do Tigre AyA | Tema: RBD AyA


Capítulo: A Estrada da Amizade

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Encontramos o Sr. Kamal do lado de fora do templo. Quando perguntamos se tinha notado a estátua se movendo, ele respondeu que não. Tampouco sentira o vento. Eu lhe disse que ele deveria ir conosco da próxima vez. Ele sempre assumia a posição de vigia e afirmou que achava que Durga só apareceria para mim e os tigres e que sua presença poderia nos desviar de nossa trajetória.


— Evidentemente, se o senhor fosse conosco, cairia sob o encanto de Durga, como aconteceu com Felipe — provoquei. — E então eu teria que tirar os dois de sua letargia amorosa.


Felipe fez cara feia para mim, enquanto o rosto do Sr. Kamal se iluminou, encantado.


— Então a deusa é bonita?


— É normal — respondi.


Felipe começou a tagarelar.


— Sua beleza supera a de todas as outras mulheres. Os lábios de rubi, os braços macios e os longos cabelos negros bastariam para fazer qualquer homem perder o controle de suas faculdades.


— Ah, por favor! — desdenhei. — Que exagero! Poncho nunca reagiu assim.


Felipe me encarou.


— Talvez Poncho tivesse um motivo para olhar para outro lado.


O Sr. Kamal riu.


— Gostaria muito de conhecê-la, se fosse possível.


— Não custa nada tentar, O pior que pode acontecer é não acontecer nada. Nesse caso, o senhor iria embora e nós tentaríamos de novo.


Quando chegamos ao hotel, mostramos ao Sr. Kamal nossas novas armas. Felipe continuava falando que a deusa isso e a deusa aquilo, girando seu disco na luz para que o ouro cintilante refletisse nas paredes do quarto do hotel. Escutei por algum tempo e ouvi o Sr. Kamal explicar que o disco resentava o sol, que era a fonte de toda vida, e que o círculo simbolizava o ciclo de vida, morte e Ponchoascimento. Então me desliguei, para não ouvir mais constantes elogios de Felipe a Durga e suas feições adoráveis e femininas, o que me dava náuseas.


Encostei-me no batente da porta que ligava os quartos dos dois, revirei os olhos e, durante um intervalo no tributo de Felipe a Durga, ironizei;


— Você vai gritar como Xena quando lançar o disco? Não! Melhor que isso! Vamos comprar uma saia de couro para você.


Os olhos dourados de Felipe se voltaram para mim.


— Espero que suas flechas sejam tão afiadas quanto sua língua, Anahi.


Ele veio na minha direção. Não me movi, bloqueando-lhe a passagem, mas ele simplesmente me segurou e me colocou de lado. Deixando as mãos em meus braços por um instante, ele se inclinou e sussurrou:


— Talvez você esteja com ciúme, bilauta.


Então fechou a porta de ligação entre os quartos, deixando-me sozinha com o Sr Kamal.


Perturbada, joguei-me numa cadeira e resmunguei:


— Eu não estou com ciúme.


O Sr. Kamal me olhou, pensativo.


— Não, não está. Pelo menos não da maneira que ele poderia esperar.


Eu me endireitei na cadeira.


— O que o senhor quer dizer?


— A senhorita o protege.


Resfoleguei.


— De quê? De suas próprias ilusões?


Ele riu.


— Não. É evidente que a senhorita se importa com ele. Quer que ele encontre a felicidade. E, como Poncho não está aqui, todo o seu instinto maternal está focado em Felipe.


— Não acho que o que sinto por Poncho seja maternal.


— Bem, é em parte, pelo menos. Lembra-se do que a tecelã lhe disse sobre os difePonchotes fios?


— Sim. Ela disse que sou a urdidura.


— Exatamente. Os fios de Poncho e Felipe se entrelaçam ao seu redor. Sem sua força, o tecido não ficaria completo.


—Hum.


—Srta. Anahi, sabe algo a respeito de leões?


—Muito pouco.


— O leão não caça sozinho. Sem a leoa, ele morreria.


— Não sei se estou entendendo.


— Estou dizendo que, sem a leoa, o leão morre. Felipe precisa da senhorita. Talvez ainda mais do que Poncho.


— Mas eu não posso ser tudo para os dois.


— Não estou pedindo que seja. Só estou dizendo esperança. Algo a que se agarrar.


— Posso ser amiga dele. Até posso caçar para ele. Mas amo Poncho. Não vou desistir dele.


O Sr. Kamal bateu de leve na minha mão.


— Uma pessoa amiga, alguém que se importe com ele, que o ame o deixe desistir de si mesmo, é disso que Felipe precisa.


— Mas não foi isso que o senhor fez por ele durante todos esses anos?


— Ah, sim. Claro. Mas um rapaz precisa de uma moça que acredite nele. Não de um velho rabugento.


Levantei e o abracei.


— Velho e rabugento são duas palavras que eu nunca usaria para descrevê-lo Boa noite.


— Boa noite, Srta. Anahi. Partiremos bem cedo amanhã, portanto descanse bem.


Naquela noite sonhei com os dois irmãos. Eles estavam diante de mim e Lokesh me ordenava que escolhesse qual deles viveria e qual morreria. Poncho sorriu, triste, e acenou com a cabeça na direção de Felipe. O rosto de Felipe se contraiu e ele desviou o olhar de mim, sabendo que eu não o escolheria. Eu ainda ponderava minha escolha quando a ligação do serviço de despertador do hotel me acordou com um susto.


Arrumei minhas coisas e encontrei o Sr. Kamal e Felipe no saguão. Dirigimos em silêncio por cerca de 20 quilômetros até Katmandu, a maior cidade e capital do Nepal. Felipe e eu permanecemos no Jeep enquanto o Sr. Kamal entrou num prédio para pegar os últimos documentos de que precisávamos para a viagem pelo Himalaia.


— Felipe, eu queria pedir desculpas por ter agido como uma idiota ontem. Se você quer se apaixonar por uma deusa, vá em fPonchote.


Ele bufou.


— Não estou me apaixonando por uma deusa, Kells. Não se preocupe comigo.


— Bem, ainda assim. Fui insensível.


Ele deu de ombros.


— As mulheres não gostam de ouvir os homens falarem sobre outras mulheres. Foi rude da minha parte agir daquele jeito. Confesso que só elogiei tanto a beleza dela para irritar você.


Eu me virei no banco.


— O quê? Por que você faria isso?


— Queria que você sentisse ciúme e, quando não sentiu, isso... me aborreceu.


— Ah, Felipe, você sabe que eu ainda...


— Eu sei. Eu sei. Não precisa me lembrar disso. Você ainda ama Poncho.


— Amo. Mas isso não significa que não me importe com você. Sou sua urdidura também, lembra?


Seu rosto se iluminou.


— É verdade.


— Que bom. Não se esqueça disso. Vamos todos ter um final feliz, está bem?


Estendi minha mão para ele, que a segurou entre as dele e sorriu.


— Promete?


Retribui o sorriso.


— Prometo.


— Vou cobrar. Talvez eu devesse registrar isso por escrito. Eu, Anahi, prometo a Felipe que ele terá o final feliz que procura. Devo definir os termos para você agora?


— Ah, não. Prefiro deixar meio vago por enquanto.


— Tudo bem. Enquanto isso vou criar uma lista mental do que constitui um final feliz e depois informo a você.


— Faça isso.


Ele beijou meus dedos com atrevimento, segurando-os com força enquanto eu tentava livrar minha mão.


— Felipe!


Ele riu quando finalmente me soltou e então se transformou em tigre antes que eu pudesse repreendê-lo.


— Covarde — murmurei, virando-me para a fPonchote no banco.


Eu o ouvi rosnar baixinho, mas o ignorei.


Durante os minutos seguintes quebrei a cabeça tentando encontrar um final feliz para Felipe. Àquela altura, meu próprio final feliz não estava garantido. O melhor que pude encontrar foi a realização das quatro tarefas, para que os irmãos não precisassem mais ser tigres. Esperava que, ao concluí-las, os finais felizes viessem por si mesmos.


O Sr. Kamal voltou e disse:


— Recebemos permissão para fazer o percurso da Estrada da Amizade até o Tibete. Isso foi praticamente um milagre.


— Uau! Como o senhor conseguiu?


— Um alto funcionário do governo chinês me deve um favor. Ainda assim, temos que respeitar as paradas turísticas e nos apresentar em todos os postos ao longo do caminho para que eles possam ficar de olho em nós. Partimos imediatamente. Nossa primeira parada é em Neyalam, que fica a cerca de 150 quilômetros daqui. Devemos levar umas cinco horas para chegar à fronteira da China com o Nepal.


— Cinco horas? Espere aí: 150 quilômetros? Isso dá aproximadamente 30 quilômetros por hora. Por que demora tanto?


O Sr. Kamal deu uma risadinha.


— Vai ver.


Ele me entregou o guia de viagem, o mapa e alguns folhetos para que eu pudesse acompanhar e ajudá-lo no percurso. Eu pensava que as montanhas Rochosas fossem imensas, mas, comparar o Himalaia às Rochosas era como comparar as Rochosas aos montes Apalaches, literalmente montanhas a montinhos de terra. Os picos estavam cobertos de neve, embora estivéssemos no início de maio.


Geleiras rochosas elevavam-se diante de nós e o Sr. Kamal me disse que a paisagem se transforma em tundra e depois em gelo permanente e neve um pouco mais acima. As árvores eram pequenas e esparsas. A maior parte do solo era coberta por gramíneas, arbustos anões e musgo. Ele disse que havia algumas florestas de coníferas em outras partes do Himalaia, mas passaríamos principalmente por pradarias.


Quando ele disse “Vai ver’ não estava brincando. Estávamos subindo as montanhas a cerca de 15 quilômetros por hora. A estrada não se encontrava exatamente em boas condições e sacolejávamos e desviávamos de buracos e às vezes de rebanhos de iaques e ovelhas.


Para passar o tempo perguntei ao Sr. Kamal sobre a primeira empresa que ele adquiriu.


— Foi a Companhia de Comércio da Índia Oriental. A empresa foi fundada antes de eu nascer, no início do século XVII, mas se tornou um negócio muito grande em meados do século XVIII.


— Que tipo de coisas o senhor comercializava?


— Ah, uma porção delas. Tecidos.., seda, principalmente... chá, índigo, especiarias, salitre e ópio.


— Sr. Kamal! O senhor era traficante de drogas? — brinquei.


Ele fez uma careta.


— Não na atual definição do termo. Lembre-se de que na época o ópio era considerado um produto medicinal. E no início eu de fato transportava a droga. Eu possuía diversos barcos e organizava grandes caravanas. Quando a China proibiu o comércio do ópio, desencadeando as Guerras do Ópio, parei de transportá-lo e concentrei a maior parte dos negócios no comércio de especiarias.


— Ah, então é por isso que o senhor gosta tanto de moer os condimentos


Ele sorriu.


— Sim, ainda gosto de procurar os produtos de melhor qualidade e usá-los quando cozinho.


— Então o senhor sempre esteve no negócio de cargas.


— Acho que sim. Nunca pensei nisso dessa maneira.


— Tenho duas perguntas. O senhor ainda tem barcos? Sei que conserva um avião daquela empresa, mas ficou também com algum barco? Seria interessante. A segunda pergunta é: o que é salitre?


— O salitre também é conhecido como nitrato de potássio. Era usado para fabricar pólvora e também é, ironicamente, um conservante de alimentos. E, em resposta à sua outra pergunta, os meninos têm um barco, mas não um dos meus barcos de transporte originais.


— Que tipo de barco?


— Um pequeno iate.


— Ah, eu deveria ter adivinhado.


Paramos perto da fronteira entre China e Nepal, numa cidade chamada Zhangmu, onde tivemos que preencher formulários novamente. Então, após um dia inteiro dirigindo e percorPonchodo apenas um total de 155 quilômetros, chegamos a Neyalam e nos hospedamos numa pequena pousada para pernoitar.


No dia seguinte subimos ainda mais. Um dos folhetos dizia que, ao fim do dia, estaríamos acima dos 4 mil metros. Nessa parte da viagem, vimos seis das mais importantes montanhas do Himalaia, incluindo o monte Everest, e paramos para admirar a visão magnífica do monte Xixapangma.


No terceiro dia comecei a me sentir um pouco enjoada e o Sr. Kamal disse que podia ser efeito da altitude. Ele explicou que isso era comum quando se viajava acima dos 3.500 metros.


— Deve passar. A maioria das pessoas melhora em algumas horas, mas para outras pode demorar vários dias até o organismo se acostumar com a alta altitude.


Suspirei e inclinei meu assento para trás, a fim de descansar a cabeça, pois me sentia tonta, O restante do dia passou num borrão. Fiquei decepcionada por não poder apreciar o cenário. Seguimos até Xigatse, onde o Sr. Kamal e Felipe visitaram o mosteiro de Tashilumpo enquanto eu permanecia no pequeno hotel em que nos hospedamos.


Quando eles voltaram trazendo meu jantar, virei para o outro lado e fiz sinal para que fossem embora. O Sr. Kamal foi, mas Felipe ficou.


— Não gosto de vê-la doente, Kells. O que posso fazer?


— Acho que nada.


Ele me deixou sozinha por um minuto, mas logo voltou, pressionando um pano úmido em minha testa.


— Olhe, trouxe um pouco de água com limão. O Sr. Kamal disse que ajuda a hidratar


Felipe me obrigou a beber o copo inteiro e depois me serviu outro da garrafa de água que eles haviam comprado. Só me deixou parar depois do terceiro copo.


— Como está sentindo agora?


— Melhor, obrigada. Mas minha cabeça ainda está latejando. Tem aspirina? Felipe encontrou um pequeno frasco. Engoli dois comprimidos, sentei-me e coloquei os cotovelos sobre os joelhos, massageando as têmporas com os dedos.


Ele me observou em silêncio por um instante e depois disse:


— Deixe-me ajudar


Felipe me empurrou um pouco para a fPonchote a fim de se posicionar atrás de mim. Pôs as mãos quentes nas laterais da minha cabeça e começou a massagear minhas têmporas. Depois de alguns minutos, passou para o couro cabeludo e para a nuca, eliminando com a massagem a rigidez resultante de três dias sentada imóvel num carro.


Quando ele chegou aos ombros, perguntei:


— Onde você e Poncho apPonchoderam a fazer massagem? Os dois são muito bons nisso.


Ele se deteve por um momento e depois lentamente recomeçou, enquanto falava.


— Eu não sabia que Poncho tinha feito massagem em você. Nossa mãe nos ensinou. Ela recebeu treinamento especializado.


— Ah. Bem, é maravilhoso. Suas mãos são tão quentes... Minha dor de cabeça quase desapareceu.


— Ótimo. Deite-se e relaxe. Vou massagear agora os braços e os pés.


— Não precisa. Estou melhor agora.


— Relaxe. Feche os olhos e deixe sua mente vagar. Nossa mãe nos ensinou a massagem pode levar embora as dores do corpo e do espírito.


Ele começou a trabalhar no braço esquerdo e passou um bom tempo na mão.


— Felipe, como foi ser um tigre por todos esses anos?


Ele ficou em silêncio durante um bom tempo. Abri um dos olhos e o fitei. Ele tinha os olhos fixos no espaço entre meu polegar e o indicador. Seus olhos dourados piscaram e ele olhou para o meu rosto.


— Pare de espiar, Kells. Estou pensando.


Obediente, tornei a fechar os olhos e esperei pacientemente por sua resposta.


— É como se o tigre e o homem estivessem sempre lutando um contra o outro. Depois que meus pais morreram, Poncho foi capturado e o Sr. Kamal partiu à sua procura. Não havia motivo nenhum para ser humano. Deixei o tigre assumir o controle. Foi quase como se eu o estivesse observando à distância. Sentia-me completamente alienado do meu ambiente. O animal dominava e eu não me importava.


Ele passou para os pés. No início senti cócegas, mas depois soltei um profundo suspiro enquanto ele massageava meus dedos.


— Você deve ter se sentido tão solitário...


— Eu corria, caçava.., e fazia tudo por instinto. Até hoje fico surpreso por não ter perdido completamente minha natureza humana.


— Uma vez Poncho me disse que estar longe de mim, estar sozinho, fazia com que se sentisse mais como um animal que como um homem.


— É verdade. O tigre é forte e acho extremamente difícil manter um equilíbrio, especialmente quando se é tigre a maior parte do dia.


— Hoje é difePonchote?


— É.


— Como?


— Estou recuperando minha natureza humana aos poucos. Ser tigre é fácil; ser homem é que é difícil. Preciso interagir com pessoas, apPonchoder sobre o mundo e encontrar um modo de lidar com o passado.


— De certo modo, Poncho teve mais sorte que você, embora você fosse livre.


Ele inclinou a cabeça e passou para meu outro pé.


— Por que você acha isso?


— Porque ele estava sempre com pessoas. Ele nunca se sentiu só como você. Quero dizer, ele foi aprisionado, foi ferido, teve que trabalhar no circo, mas ainda era uma parte da vida humana. Ainda teve a oportunidade de apPonchoder, embora de maneira limitada.


Ele riu com ironia.


— Você se esquece, Anahi, de que eu poderia ter posto fim à minha solidão a qualquer momento e escolhi não fazê-lo. Ele era prisioneiro, mas eu estava preso numa armadilha que eu mesmo preparei.


— Não entendo como pôde fazer isso consigo mesmo. Você tem tanto a oferecer ao mundo.


Ele suspirou.


— Eu mereci ser punido.


— Você não mereceu ser punido. Precisa parar de pensar assim. Quero que diga a si mesmo que é um homem bom e que merece ser feliz.


Ele sorriu.


— Tudo bem. Sou um homem bom e mereço ser feliz. Satisfeita?


— Por enquanto.


— Se isso a deixa feliz, vou tentar mudar minha postura.


— Muito obrigada.


— De nada.


Ele passou para o meu outro braço e começou a massagear a palma da mão.


— E o que mudou para você? Conseguir de volta seis horas como homem fez difePonchoça suficiente para você desejar viver de novo?


— Não.


— Não?


— O que mudou minha perspectiva foi conhecer uma linda garota junto de uma cachoeira que disse que sabia quem eu era e o que eu era.


— Ah.


— Foi ela quem me resgatou da minha pele de tigre e me trouxe de volta á superfície. E, não importa o que aconteça... quero que ela saiba que serei eternamente grato por isso.


Ele levantou minha mão e beijou a palma. Sorriu de modo encantador e colocou meu braço de volta na cama.


Olhei em seus olhos dourados e sinceros e abri a boca para explicar novamente que eu amava Poncho. Sua expressão mudou. Ele assumiu um ar de determinação e disse:


Shh. Não fale. Sem palavras de protesto esta noite. Eu lhe prometo, Anahi, que vou fazer tudo que puder para reunir vocês dois e tentar ser feliz por você, mas isso não significa que será fácil deixar de lado meus sentimentos.


— Tudo bem.


— Boa noite, Kells.


Ele me deu um beijo na testa, apagou a luz, saiu e fechou silenciosamente porta de ligação entre os quartos.


No dia seguinte eu me sentia melhor, contente por ter me recuperado do enjoo. Paramos em Gyantse, que ficava a apenas duas horas de distância, mas, como estava no trajeto turístico, esperava-se que os turistas passassem o dia lã, então tivemos que fazê-lo também. O Sr. Kamal disse que já estivera ali antes, que aquela costumava ser uma cidade importante na rota de comércio de especiarias. Paramos para ver o stupa Kumbum, onde funcionava uma escola de budismo tibetano, e no almoço saboreamos pratos da culinária de Sichuan num restaurante local. A cidade era bonita e foi gostoso sair do carro e caminhar um pouco.


Passamos aquela noite em outro hotel, mas Felipe permaneceu a maior parte do tempo como tigre, enquanto o Sr. Kamal tentava me ensinar a jogar xadrez. Eu não conseguia absorver as regras do jogo. Depois que ele me derrotou pela terceira vez num piscar de olhos, eu disse:


— Desculpe, acho que não sou boa em planejar minhas jogadas pensando adiante. Um dia desses vou ensiná-lo a jogar Colonizadores de Catan.


Sorrindo, pensei em Li, em seus amigos e em Vó Zhi. Perguntei-me se Li teria tentado entrar em contato comigo. O Sr. Kamal desligara todos os nossos telefones e havia comprado celulares com números novos assim que chegamos à Índia. Disse que era mais seguro não contatar ninguém no Oregon.


A cada duas semanas, aproximadamente, eu escrevia para meus pais adotivos e lhes dizia que estávamos num lugar onde não havia sinal de telefone celular. O Sr. Kamal enviava as cartas de locais distantes, de modo que não havia como identificar de onde vinham. Nunca lhes dei um endereço para resposta, dizendo-lhes que estávamos sempre em trânsito.


Eles usavam uma caixa postal para responder às minhas cartas e Maite pegava a correspondência e lia para mim ao telefone. O Sr. Kamal dizia o que seria adequado eu incluir nas cartas. Também tinha algumas pessoas vigiando discretamente minha família adotiva. Eles haviam retornado das férias no Havaí, bronzeados e com lindas lembranças, e encontraram a casa intacta. Felizmente, parecia que Lokesh não os achara.


No quinto dia de viagem na Estrada da Amizade, paramos para ver o lago Yamdrok. Seu apelido era lago turquesa, por razões óbvias. Ele cintilava como uma jota brilhante contra o pano de fundo das montanhas de picos cobertos de neve que o alimentavam.


O Sr. Kamal contou que o local era considerado sagrado pelo povo tibetano, que frequentemente fazia peregrinações ao lago. Eles acreditavam que aquele era o lar de divindades protetoras que cuidavam do lago e asseguravam que ele não secasse. Se secasse, significaria o fim do Tibete.


Felipe e eu esperamos enquanto o Sr. Kamal conversava animadamente com alguns pescadores locais que pareciam estar tentando lhe vender o produto do trabalho do dia.


Quando voltamos para o carro, perguntei:


— Sr. Kamal, quantas línguas exatamente o senhor fala?


— Hum... Não tenho certeza. Conheço as principais necessárias para o comércio com a Europa: espanhol, francês, português, inglês e alemão. Posso me comunicar bem na maior parte dos idiomas da Ásia. Sou um pouco fraco nas línguas da Rússia e nas escandinavas, não sei nada das línguas africanas e só conheço cerca de metade dos idiomas falados na Índia.


— Metade? — perguntei, confusa. — Quantas línguas existem na Índia?


— Literalmente centenas, modernas e clássicas. Embora apenas cerca de 30 sejam oficialmente reconhecidas pelo governo indiano.


Eu o olhava, espantada.


— Claro que só tenho um conhecimento superficial da maioria delas. Muitas são dialetos locais que apPonchodi ao longo dos anos. O idioma mais falado é o híndi.


Atravessamos mais dois desfiladeiros e finalmente começamos a descida em direção ao planalto tibetano. O Sr. Kamal falava para manter minha mente ocupada durante a descida pela montanha, pois eu estava me sentindo um pouco enjoada.


— O planalto tibetano é chamado às vezes de Teto do Mundo, por causa de sua imensa altitude. Tem, em média, 4.500 metros. É o terceiro local menos povoado no mundo, sendo o primeiro a Antártica e o norte da Groenlândia, o segundo. Abriga diversos lagos grandes de água salobra.


Suspirei e fechei os olhos, mas não ajudou.


Tentei me concentrar em outra coisa e perguntei:


— Sr. Kamal, o que é água salobra?


— A salinidade em massas de água vai de doce a salgada, passando por salobra. Um lago salobro como, por exemplo, o mar Cáspio, fica num ponto entre água salgada e água doce. Em geral, a água salobra é encontrada em estuários onde um mar de água salgada encontra um rio ou uma corPonchote de água doce.


Felipe rosnou baixinho e o Sr. Kamal a aula.


— Veja, Srta. Anahi. Estamos quase lá.


Ele estava certo e, após alguns minutos numa estrada normal, plana, apenas um pouco esburacada, me senti muito melhor. Viajamos por mais umas duas horas até a cidade de Lhasa.



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Autor(a): ju10linha

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 98



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  • franmarmentini♥ Postado em 10/09/2015 - 15:59:39

    OLÁAAAAAAAAAAAAAA AMORE ESTOU POSTANDO UMA FIC* TE ESPERO LÁ BJUS http://fanfics.com.br/fanfic/49177/em-nome-do-amor-anahi-e-alfonso

  • Elis Herrera ❤ Postado em 23/04/2015 - 16:57:14

    Postaaaaaaaa =(

  • franmarmentini♥♥ Postado em 02/04/2015 - 17:30:00

    AMORESSSSSSSSS IREI VIAJAR E JÁ TO COM VÁRIAS FICS EM ATRASO MINHA VIDA TA UMA LOUCURA MAS NUNCA NUNCA VOU DEIXAR DE LER...VOU IR VISITAR A CIDADE ONDE MINHA MÃE ESTÁ INTERRADA QUE FICA PERTO DE PITANGA PARANÁ E É NO SITIO ENTÃO PROVAVELMENTE EU NÃO TENHA COMO LER PQ TENHO MUITOS TIOS LÁ E QUERO VER SE CONSIGO VISITAR TODOS...VOLTO NA TERÇA FEIRA E PROMETO TENTAR COLOCAR EM DIA TODAS AS FICS O QUANTO ANTES BJUSSSSSSSSSSSSSSSS A TODAS AMO VCS!!!!!!!!! FUI....

  • franmarmentini Postado em 29/01/2015 - 08:39:07

    thatyponny o que vai acontecer??? quero aya juntosssssssssssssss :/ agora vc me deixou apriensiva..;.

  • franmarmentini Postado em 29/01/2015 - 08:37:34

    quero felipe bem longeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee eeeeeeeeeeeeeee da any,,,,e não vejo a hora dela encontrar o poncho logo :)

  • elis_maria Postado em 23/01/2015 - 12:43:03

    Posta mais...

  • thatyponny Postado em 08/01/2015 - 14:14:54

    VOCÊ NÃO SABE QUANTO EU ESPEREI, ESPEREI TANTO QUE JÁ LI TODOS OS LIVROS, MAS LER EM PONNY É UM AMOR O RUIM É QUE EU SEI O QUE VAI ACONTECER.

  • franmarmentini Postado em 04/01/2015 - 16:50:57

    Ebaaaaaaaaaaa

  • franmarmentini Postado em 08/12/2014 - 11:48:24

    cade vc?? :(

  • elis_herrera Postado em 20/10/2014 - 20:39:49

    Olá, continua... gostei de sua fic.


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