Fanfics Brasil - O Estranho A Maldiçao do Tigre AyA

Fanfic: A Maldiçao do Tigre AyA | Tema: RBD AyA


Capítulo: O Estranho

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que bom q vcs estao gostando :D


 


Dois dias depois, encontrei um homem alto e de
aparência distinta, vestido num terno preto
elegante, perto da jaula de Poncho. Seu cabelo
branco e grosso era curto, e a barba e o bigode
eram bem aparados. Seus olhos eram castanho escuros,
quase negros, e ele tinha um nariz
comprido e aquilino e a pele azeitonada. O
homem estava sozinho, falava em tom suave e
definitivamente destoava daquele galpão.
- Oi! Posso ajudá-lo? - perguntei.
O homem se virou e sorriu para mim.
- Olá! Você deve ser a Srta. Anahi. Meu nome é
Rodrigo Kamal. É um prazer conhecê-la.
Ele juntou as mãos diante do corpo e se curvou.
E eu que pensei que o cavalheirismo tivesse
morrido.
- Sim, eu sou a Anahi. Posso fazer algo pelo
senhor?
- Talvez haja algo que você possa fazer por mim. -
Ele sorriu com simpatia e explicou: - Gostaria de
falar com o dono do circo sobre este magnífico
animal.
- Ah, claro. O Sr. Maurizio está nos fundos do
prédio principal, no trailer preto. Quer que eu o
leve até lá?
- Não precisa se incomodar, minha querida. Mas
muito obrigado pela oferta. Irei até lá agora
mesmo.
Virando-se, o Sr. Kamal deixou o galpão,
fechando a porta ao sair.
Depois de dar uma olhada em Poncho para ter
certeza de que ele estava bem, eu falei:
- Que coisa estranha. O que será que ele queria?
Talvez tenha um interesse especial em tigres.
Hesitei por um momento e então enfiei a mão
pelas grades da jaula.
Perplexa com minha própria coragem, fiz um
carinho rápido na pata de Poncho e comecei a
preparar seu café da manhã.
- Não é todo dia que uma pessoa vê um tigre tão
bonito quanto você - brinquei. - Ele
provavelmente só quer parabenizá-lo pelo
espetáculo.
Poncho grunhiu em resposta.
Resolvi comer alguma coisa e segui para o prédio
principal. Lá, deparei com um frenesi incomum.
As pessoas se reuniam e fofocavam em grupos
pequenos e dispersos. Peguei um muffin de
chocolate e uma garrafinha de leite frio e
interpelei Matt.
- O que está acontecendo? - perguntei depois de
dar uma grande mordida no muffin.
- Não sei. Meu pai, o Sr. Maurizio e outro homem
estão numa reunião séria, e recebemos ordens
de suspender nossas atividades diárias. Fomos
instruídos a esperar aqui. Ninguém faz ideia do
que está acontecendo.
- Humm.
Sentei-me, comendo e ouvindo as loucas teorias
e especulações da trupe.
Não tivemos que esperar muito. Alguns minutos
depois, o Sr. Maurizio, o Sr. Davis e o Sr. Kamal,
o estranho que eu conhecera mais cedo,
entraram no prédio.
- Sedetevi, meus amigos. Sentem-se. Sentem-se!
- disse o Sr. Maurizio com um sorriso radiante. -
Este cavalheiro, o Sr. Kamal, fez de mim o mais
feliz dos homens. Ele acabou de fazer uma oferta
pelo nosso amado tigre Alfonso.
Houve um arquejo audível no salão enquanto
várias pessoas se remexiam em suas cadeiras e
murmuravam baixinho entre si.
O Sr. Maurizio prosseguiu:
- Bem, bem... silenzio. Shh, amici miei. Deixemme
terminar! Ele quer levar nosso tigre de volta
para a índia, para o Parque Nacional
Ranthambore, a grande reserva de tigres. O
denaro do Sr. Kamal vai nos manter por dois
anos! O Sr. Davis está daccordo comigo e
acredita que o tigre certamente será mais feliz
naquele lugar.
Olhei para o Sr. Davis, que assentiu, solene.
- Combinamos que faremos os espetáculos desta
semana e então o tigre irá com o Sr. Kamal con
l’aereo, de avião, para a Índia, ao passo que nós
seguiremos para a próxima cidade. Alfonso ficará
conosco esta última semana até o grandioso
finale no sábado! - concluiu o apresentador do
circo, com um tapinha nas costas do Sr. Kamal.
Os dois então se viraram e deixaram o prédio.
Imediatamente, as pessoas começaram a circular
e conversar. Eu as observava irem de um grupo a
outro, como um bando de galinhas na hora da comida,
andando e ciscando migalhas de
informações e boatos. Falavam num tom
animado e davam tapinhas nas costas uns dos
outros, murmurando cumprimentos animados
pelo fato de os próximos dois anos na estrada já
estarem garantidos.
Todos estavam felizes, menos eu. Fiquei lá
sentada, segurando o resto do meu muffin. Ainda
estava boquiaberta e me sentia grudada na
cadeira. Depois de me recompor, chamei Matt.
- Como isso afeta o seu pai?
Ele deu de ombros.
- Papai ainda tem os cães e sempre teve
interesse em trabalhar com cavalos miniaturas.
Agora que o circo tem mais dinheiro, talvez ele
consiga fazer com que o Sr. Maurizio compre uns
dois para que ele possa começar a adestrá-los.
Ele se afastou enquanto eu pensava na pergunta:
como isso me afeta? Eu me sentia... angustiada.
Sabia que, de qualquer modo, o trabalho no circo
terminaria logo, mas afastara isso da mente. Eu
sentiria muita saudade de Poncho. Não me dera
conta disso até aquele momento. Ainda assim,
estava feliz por ele. Suspirei e me recriminei por
me envolver tanto emocionalmente.
Apesar de estar feliz pelo meu tigre, também
estava triste, sabendo que sentiria falta de visitálo
e de conversar com ele. Pelo resto do dia me
mantive ocupada para não pensar no assunto.
Matt e eu trabalhamos a tarde toda e só tive
tempo de ver Poncho novamente depois do jantar.
Fui direto para minha tenda, peguei a colcha, o
diário e um livro, e corri para o galpão. No meu
cantinho favorito, sentei-me com as pernas
esticadas.
- Oi, Poncho. Que boa notícia para você, hein? Vai
voltar para a índia! Espero de verdade que você
seja feliz lá. Talvez encontre uma linda namorada
tigresa.
Ouvi uma espécie de resmungo vinda da jaula e
pensei por um instante.
- Espero que ainda saiba caçar e tudo mais. Bem,
acho que o pessoal da reserva vai ficar de olho
para que você não deixe de se alimentar.
Ouvi um ruído no galpão e me virei. O Sr. Kamal
acabara de entrar. Sentei-me um pouco mais
ereta e me senti constrangida por ser flagrada
conversando com um tigre.
- Lamento interrompê-la - disse o Sr. Kamal. Seus
olhos correram do tigre para mim, ele me
estudou com cuidado e então afirmou: - Você
parece ter... carinho por este tigre. Estou certo?
Respondi, sem reservas:
- Está. Gosto da companhia dele. Então o senhor
percorre circos resgatando tigres? Deve ser um
emprego interessante.
Sorrindo, ele explicou:
- Ah, esse não é o meu trabalho principal. Minha
verdadeira ocupação é administrar um grande
patrimônio. O tigre é um item que desperta o
interesse do meu empregador e foi ele quem fez
a oferta ao Sr. Maurizio.
Ele encontrou um banquinho e se sentou,
equilibrando o corpo alto no banco baixo com
uma naturalidade que eu não teria esperado de
um homem daquela idade.
- O senhor é da Índia?
- Sou, sim - respondeu ele. - Nasci e fui criado lá.
Os principais bens do patrimônio que eu
administro também estão lá.
Peguei um canudo e o enrolei em torno do dedo.
- Por que esse proprietário está tão interessado
em Poncho?
Seus olhos cintilaram quando lançou um olhar
rápido ao tigre e depois perguntou:
- Você conhece a história do grande príncipe
Alfonso?
Sacudi a cabeça.
- Não.
- O nome do seu tigre, Alfonso, na minha língua
significa "forte". - Ele inclinou a cabeça e me
olhou, pensativo. - Um príncipe muito famoso
tinha o mesmo nome e sua história é bastante
interessante.
Sorri.
- O senhor está fugindo da minha pergunta. Mas
eu adoro uma boa história. O senhor se lembra
dela?
Seus olhos se fixaram em um ponto a distância e
ele sorriu.
- Acho que sim.
Sua voz mudou. Perdendo a cadência enérgica,
as palavras do Sr. Kamal assumiram um tom
suave e musical:
- Há muito tempo havia na índia um poderoso rei
que tinha dois filhos, um dos quais se chamava
Alfonso. Os dois irmãos tiveram a melhor educação
e o melhor treinamento militar. A mãe deles
lhes ensinou a amar a terra e as pessoas que
nela viviam. Com frequência ela levava os
meninos para brincar com crianças carentes
porque queria que eles soubessem do que o seu
povo precisava. Com esse contato também
aprenderam a ter humildade e a serem gratos
pelos privilégios que possuíam. Seu pai, o rei,
ensinou-lhes a governar o reino. Alfonso cresceu e
se tornou um bravo e destemido líder militar,
assim como um administrador sensato.
Eu mal piscava, de tão interessada naquele
relato. Ele continuou:
- O irmão também era muito corajoso, forte e
inteligente. Ele amava Alfonso, mas às vezes
sentia no coração uma pontada de ciúme, pois,
apesar de bem-sucedido em todo o seu
treinamento, ele sabia que Alfonso estava
destinado a ser o próximo rei. Era natural que se
sentisse assim. Alfonso tinha uma notável aptidão
para impressionar facilmente as pessoas com sua
perspicácia, sua inteligência e sua personalidade.
Uma rara combinação de charme e modéstia
fazia dele um político eminente. Uma pessoa de
contradições, era um grande guerreiro assim
como um renomado poeta. Todo o povo amava a
família real e tinha a expectativa de muitos anos
felizes e de paz sob o reinado de Alfonso.
Fascinada pela história, perguntei:
- O que aconteceu com os irmãos? Eles lutaram
entre si pelo trono?
Remexendo-se ligeiramente no banquinho, ele
prosseguiu:
- O rei Herrera, pai de Alfonso, arranjou o
casamento entre Alfonso e a filha do governante
de um reino vizinho. Os dois reinos tinham vivido
em paz por muitos séculos, mas nos últimos anos
pequenos conflitos vinham irrompendo nas
fronteiras com frequência cada vez maior. Alfonso
ficou satisfeito com a aliança não só porque a
garota, cujo nome era Clara, era muito bonita,
mas também porque era sábio o bastante para
saber que a união traria paz à sua terra. Eles
estavam formalmente noivos quando Alfonso se
ausentou para inspecionar tropas em outra parte
do reino. Durante sua ausência, seu irmão
começou a passar muito tempo na companhia de
Clara e logo os dois se apaixonaram.
O tigre resfolegou ruidosamente e bateu a cauda
no piso de madeira do vagão algumas vezes.
Olhei-o, preocupada, mas ele parecia bem.
- Shh, Poncho - eu o repreendi. - Deixe que ele
termine de contar a história.
O tigre pousou a cabeça nas patas e ficou nos
observando.
O Sr. Kamal retomou a narrativa:
- Ele traiu Alfonso para ter a mulher que amava.
Fez um pacto com um homem poderoso e
perverso que capturou Alfonso quando ele voltava
para casa. Como prisioneiro político, Alfonso foi
amarrado a um camelo e arrastado pela cidade
do inimigo, onde as pessoas atiravam nele
pedras, paus, lixo e cocô de camelo. Ele foi
torturado, teve os olhos arrancados, o cabelo
raspado e, por fim, seu corpo foi esquartejado e
os pedaços foram atirados num rio.
Arquejei.
- Que horror!
Impressionada com a história, eu estava
explodindo de tantas perguntas, mas me contive,
esperando que ele terminasse. O Sr. Kamal fixou
o olhar em meu rosto e prosseguiu, sério:
- Quando seu povo soube o que tinha acontecido,
uma grande tristeza se espalhou pelo reino.
Alguns dizem que o povo de Alfonso foi até o rio e
resgatou pedaços do seu corpo para lhe dar um
funeral adequado. Outros dizem que seu corpo
nunca foi encontrado.
- Nossa!
- Ao saberem da morte do filho adorado, o rei e a
mulher, arrasados pelo sofrimento, entraram em
profundo desespero. Não demorou muito para
que ambos partissem desta vida. O irmão de
Alfonso fugiu, arruinado pela vergonha. Clara
se matou. O Império Mujulaain foi lançado nas
sombras escuras da desordem e do abandono.
Com a voz de autoridade da família real
silenciada, os militares tomaram o poder. Por fim,
o homem perverso que havia matado Alfonso
usurpou o trono, mas somente depois de 50 anos
de uma guerra terrível.
Quando ele terminou a história, fez-se um
profundo silêncio. A cauda de Poncho bateu na jaula,
o que me arrancou de meus devaneios.
- Uau! - exclamei. - E ele a amava?
- De quem você está falando?
- Alfonso amava Clara?
- Eu... não sei. Muitos casamentos eram
arranjados naquele tempo e o amor muitas vezes
não entrava em questão.
- Uma sequência de acontecimentos muito triste -
comentei. - Uma grande história, embora um
tanto sangrenta. Uma tragédia indiana. Me lembra
Shakespeare. Ele teria escrito uma excelente
peça baseada nessa história. Então, o Poncho
recebeu esse nome em homenagem ao príncipe
indiano?
O Sr. Kamal ergueu a sobrancelha e sorriu.
- Parece que sim.
Olhei para o tigre e sorri.
- Está vendo, Poncho, você é um herói! É um dos
mocinhos! - Poncho levantou as orelhas e piscou, me
observando. - Obrigada por partilhar essa história
comigo. Com certeza vou escrever sobre ela no
meu diário. Mas nada disso explica o interesse do
seu empregador pelos tigres.
Ele pigarreou enquanto me lançava um olhar
oblíquo, ganhando tempo. Para alguém tão
eloquente, ele se atrapalhou com as palavras
seguintes.
- Meu empregador tem uma ligação especial com
este tigre branco - disse ele. - Sabe, ele acha que
é o culpado pelo aprisionamento do tigre... Não,
essa é uma palavra muito dura... pela captura do
tigre. Meu empregador se deixou atrair para uma
situação que levou à apreensão e à venda do
animal. Ele vem seguindo o paradeiro do tigre
pelos últimos anos e agora finalmente pode
consertar as coisas.
- Muito interessante. Poncho foi capturado por culpa
dele? É muita generosidade ele continuar
preocupado dessa forma com o bem-estar de um
animal. Por favor, agradeça a esse homem pelo
que está fazendo por Poncho.
Ele curvou a cabeça em minha direção e então,
hesitante, fixou um olhar sombrio em mim e
propôs:
- Srta. Anahi, espero que eu não esteja me
antecipando muito, mas preciso de alguém para
acompanhar o tigre em sua viagem para a índia.
Não poderei atender a suas necessidades diárias
nem seguir com ele por todo o trajeto. Já
perguntei ao Sr. Davis se ele poderia
acompanhar Alfonso, mas ele precisa ficar aqui
com o circo. - Ele se inclinou para a frente no
banco, gesticulando com as mãos. - Gostaria de
oferecer a você essa tarefa. Estaria interessada?
Fiquei olhando para suas mãos por um momento,
pensando que um homem como ele deveria ter
dedos longos, macios e unhas feitas, mas seus
dedos eram grossos, com calos, como os de
alguém acostumado ao trabalho duro.
- O tigre já está acostumado à senhorita e posso
lhe pagar um bom valor. O Sr. Davis sugeriu seu
nome para a tarefa e mencionou que seu
emprego temporário aqui está quase chegando
ao fim. Se aceitar o trabalho, posso lhe assegurar
que meu empregador ficará muito grato por ter
alguém capaz de cuidar do tigre melhor do que
eu. A viagem inteira deve levar cerca de uma
semana, mas fui instruído a pagar por todo o seu
verão. Entendo que isso a afastaria de sua casa e
retardaria sua procura por outro trabalho, por
essa razão será devidamente recompensada.
- O que eu teria que fazer? Vou precisar de um
passaporte e de outros documentos? - perguntei.
Ele inclinou a cabeça na minha direção.
- Posso cuidar de todos os preparativos para a
viagem. Nós três pegaríamos um vôo até
Mumbai, que você talvez ainda conheça como
Bombaim. Lá, precisarei ficar na cidade, para
tratar de negócios, e você continuaria a
acompanhar o tigre no trajeto por terra até a
reserva. Vou contratar motoristas e carregadores
para ajudá-la na jornada. Sua responsabilidade
principal será cuidar de Poncho, alimentando-o e
dando conforto a ele.
- E depois...?
- A jornada por terra leva de 10 a 12 horas. Ao
chegarem à reserva, você ainda fica por lá alguns
dias para se assegurar de que ele está se
adaptando bem ao seu novo ambiente e à
relativa liberdade. De lá você pega um ônibus até
o aeroporto de Jaipur, voa até Mumbai e embarca
de volta para casa, tornando sua viagem de volta
um pouquinho mais curta.
- Então levaria cerca de uma semana ao todo? -
perguntei.
- Você pode escolher voltar para casa
imediatamente ou, se preferir, pode tirar alguns
dias de férias na Índia e fazer um pouco de
turismo antes de voltar. Eu cuidaria de todas as
despesas da viagem, assim como de quaisquer
outras necessidades suas nesse período.
Pisquei e falei, gaguejando:
- É uma oferta muito generosa. Meu trabalho aqui
no circo está mesmo chegando ao fim e eu teria
que começar a procurar um novo emprego.
Mordi o lábio e comecei a andar de um lado para
outro, murmurando, hesitante, tanto para ele
quanto para mim mesma.
- A Índia é muito longe. Nunca saí do país. A ideia
é ao mesmo tempo empolgante e assustadora.
Posso pensar e decidir depois? Quando o senhor
precisa da resposta?
- Quanto mais cedo você confirmar, mais cedo
poderei tomar as providências necessárias.
- Está certo. Vou ligar para meus pais adotivos e
conversar com o Sr. Davis, para ver o que eles
pensam disso, e então lhe darei a resposta.
O Sr. Kamal assentiu e mencionou que o Sr.
Maurizio sabia como encontrá-lo quando eu
estivesse pronta para informar minha decisão.
Também disse que estaria no circo o restante do
dia, finalizando a papelada.
Com a cabeça a mil, peguei minhas coisas e
voltei para o edifício principal. Índia? Nunca
estive no exterior. E se eu não conseguir me
comunicar com ninguém? E se acontecer algo
ruim com Poncho enquanto ele estiver sob a minha
responsabilidade?
Apesar de todas as dúvidas, uma parte de mim
estava considerando seriamente a oferta do Sr.
Kamal. Era muito tentador passar um pouco
mais de tempo com Poncho e, além disso, eu sempre
quis conhecer outro país. Poderia desfrutar de
mini-férias de verão e ainda ser paga por isso. E
o Sr. Kamal não me parecia um daqueles
homens assustadores, com más intenções. Na
verdade, ele parecia ser de total confiança,
quase como um avô.
Encontrei o Sr. Davis ensinando um novo truque
aos cães. Ele confirmou que o Sr. Kamal lhe
oferecera o mesmo trabalho e que ele ficara
tentado a aceitar.
- Acho que seria uma ótima experiência. Você é
excelente com animais, especialmente com Poncho.
Se tem algo a ver com a carreira que pretende
seguir, então deveria considerar a oferta. O
trabalho causaria boa impressão no currículo.
Agradeci a ele e decidi ligar para Sarah e Mike,
que quiseram conhecer o Sr. Kamal, verificar
suas credenciais e descobrir que tipos de medida
de segurança ele planejava tomar. Eles
sugeriram improvisar uma festa de aniversário
para mim no circo de modo que pudessem
comemorar comigo e ao mesmo tempo conhecer
o Sr. Kamal.
Depois de pensar por um tempo nos prós e
contras, senti o entusiasmo com a viagem
desfazer meu nervosismo. Eu adoraria ir à Índia e
ver Poncho se adaptar à reserva de tigres. Seria
uma oportunidade única.
Voltei à jaula do tigre e encontrei o Sr. Kamal lá.
Ele estava sozinho e parecia estar falando
baixinho novamente com o tigre.
Acho que ele gosta de falar com tigres tanto
quanto eu.
Ainda na porta, fiz uma pausa.
- Sr. Kamal? Meus pais adotivos gostariam de
conhecê-lo e querem que eu o convide para
comemorar meu aniversário esta noite. Eles vão
trazer bolo e sorvete depois do espetáculo. O
senhor pode vir?
O rosto dele se iluminou com um sorriso radiante,
maravilhado.
- Que maravilha! Vou adorar ir à sua festa!
- Não fique muito animado. Provavelmente vão
trazer sorvete de soja e bolo sem glúten e sem
açúcar.
Depois de falar com ele, liguei para minha família
para combinar tudo.
Sarah, Mike e as crianças chegaram cedo para
assistir ao espetáculo e ficaram totalmente
impressionados com o desempenho de Poncho. Eles
adoraram conhecer a trupe toda. O Sr. Kamal foi
educado e gentil e disse a eles que seria
impossível realizar sua tarefa sem a minha ajuda.
- Fiquem tranquilos porque estaremos sempre em
contato e Anahi poderá ligar para vocês a
qualquer hora - disse ele.
Mais tarde o Sr. Davis deu a sua contribuição:
- Anahi é mais do que capaz de cumprir a tarefa.
É basicamente a mesma coisa que ela vem
fazendo no circo nas últimas duas semanas. Além
do mais, será uma ótima experiência. Eu mesmo
gostaria de ir.
Passamos uma ótima noite e foi divertido ter uma
festa no circo. Sarah até trouxe cupcakes
normais e minha marca favorita de sorvete. Podia
não ser um aniversário de 18 anos típico, mas eu
me sentia feliz de estar com minha família
adotiva, meus novos amigos e meu pote de
sorvete de chocolate.
Após a festa, Sarah e Mike me puxaram de lado e
me lembraram de manter contato frequente
durante a estadia na Índia. Eles podiam ver em
meu rosto que eu estava determinada a ir e
imediatamente sentiram confiança no Sr. Kamal.
Eu os abracei, entusiasmada, e fui contar as
boas-novas a ele.
O Sr. Kamal abriu um sorriso feliz e disse:
- Bem, Srta. Anahi, vou precisar de mais ou
menos uma semana para providenciar o
transporte. Também vou pegar uma cópia da sua
certidão de nascimento e providenciar
documentos de viagem tanto para o tigre quanto
para você. Meu plano é partir amanhã de manhã
e voltar assim que tiver os documentos
necessários.
Mais tarde, quando se preparava para ir embora,
o Sr. Kamal aproximou-se para apertar minha
mão e a segurou por um minuto, dizendo:
- Muito obrigado por sua ajuda. Você me
tranquilizou e deu esperança a um velho
desiludido e pessimista.
Passada a agitação do dia, fui visitar Poncho.
- Aqui. Roubei um cupcake.. Provavelmente não
faz parte da sua dieta de tigre, mas você
também merece comemorar, não é?
Ele pegou delicadamente o cupcake da minha
mão estendida, engoliu-o de uma só vez e então
começou a lamber o glacê dos meus dedos. Eu ri
e fui lavar a mão.
- Do que será que o Sr. Kamal estava falando?
Tranquilizá-lo? Ele é um pouco dramático, você
não acha?
Bocejei e cocei atrás de sua orelha, sorrindo
quando ele apoiou a cabeça na palma de minha
mão.
- Bom, estou com sono. Vou para a cama. Vamos
fazer uma viagem divertida juntos, hein?
Reprimindo outro bocejo, verifiquei se ele tinha
água suficiente, então apaguei as luzes, fechei a
porta e fui me deitar.
Na manhã seguinte, acordei cedo para ir ver o
tigre. Entrei no galpão e me dirigi à jaula, mas
encontrei a porta aberta. Ele não estava lá!
- Ren? Onde você está?
Ouvi um ruído atrás de mim, me virei e deparei
com ele deitado em uma pilha de feno fora da
jaula.
- Poncho! Como você conseguiu sair? O Sr. Davis vai
me matar! Tenho certeza de que tranquei a porta
da jaula ontem à noite!
O tigre se levantou e se sacudiu, tirando a maior
parte do feno de seu pelo, e caminhou
preguiçosamente até mim. Foi só então que me
dei conta de que estava sozinha em um galpão
com um tigre solto. Fiquei em pânico, mas era
tarde demais para voltar e sair do galpão. O Sr.
Davis me ensinara a nunca desviar os olhos de
grandes felinos, assim ergui o queixo, pus as
mãos nos quadris e ordenei que ele voltasse para
a jaula. O estranho foi que ele pareceu
compreender o que eu queria dele. Poncho passou
por mim, esfregando a lateral do corpo em minha
perna, e... obedeceu! Seguiu lentamente para a
rampa, agitando a cauda de um lado para outro
enquanto me olhava, subiu e passou pela porta
em dois grandes saltos.
Corri para fechar a porta e, com ela finalmente
trancada, deixei escapar um grande suspiro.
Depois de providenciar sua água e sua comida do
dia, saí à procura do Sr. Davis para contar o que
acontecera.
O Sr. Davis recebeu bem a notícia, considerando
que um tigre ficara solto. Ficou surpreso por eu
ter me preocupado mais com a segurança de Poncho
do que com a minha. Ele me assegurou de que
eu agira certo e ficou impressionado com a calma
com que eu tinha enfrentado a situação. Eu lhe
disse que tomaria mais cuidado e que me
certificaria de que a jaula ficasse sempre
adequadamente trancada. Mas eu tinha certeza
de que não a deixara destrancada.
A semana seguinte passou voando. O Sr. Kamal
só reapareceu na noite da última apresentação
de Poncho. Ele se aproximou e perguntou se podia
falar comigo depois do jantar.
- Claro. Posso me sentar com o senhor para a
sobremesa - repliquei.
A atmosfera era de festa. Quando vi o Sr. Kamal
entrar no prédio, peguei papel, lápis e dois
potinhos de sorvete e me sentei de frente para
ele.
Ele começou espalhando vários formulários e
documentos para que eu assinasse.
- Vamos levar o tigre de caminhão daqui até o
aeroporto de Portland. De lá, embarcaremos num
avião de carga, que nos levará até Nova York,
cruzará o oceano Atlântico e continuará até
Mumbai. Quando chegarmos lá, deixarei Poncho em
suas mãos competentes por alguns dias
enquanto resolvo negócios na cidade.
- Tudo bem.
- Um caminhão estará nos aguardando no
aeroporto de Mumbai. Você e eu
supervisionaremos os homens que transportarão
Poncho do avião até o caminhão. Um motorista
levará vocês dois até a reserva. Providências
também foram tomadas para que você fique lá
por alguns dias. Então, você poderá se preparar
para a volta quando achar melhor. Eu fornecerei
todo o dinheiro necessário para a viagem, mais
do que o suficiente para qualquer emergência.
Fui anotando freneticamente, tentando registrar
todas as suas instruções.
- O Sr. Davis vai ajudar a preparar Poncho e também
vai colocá-lo no caminhão amanhã de manhã.
Sugiro que você prepare uma mala com todos os
pertences pessoais que queira levar. Vou dormir
aqui esta noite, portanto você pode usar meu
carro alugado e ir até sua casa pegar suas coisas,
desde que esteja de volta amanhã bem cedo.
Alguma pergunta?
- Bem, tenho mais ou menos um bilhão delas,
mas a maior parte pode esperar até amanhã.
Acho que é melhor eu ir para casa fazer a mala.
Ele sorriu afetuosamente e pôs as chaves do
carro na minha mão.
- Obrigado mais uma vez, Srta. Anahi. Estou
ansioso por nossa viagem. Até amanhã.
Sorri de volta e me despedi. Voltei à tenda para
pegar minhas coisas e falei brevemente com
Matt, Cathleen, o Sr. Davis e o Sr. Maurizio. Eu
havia passado pouco tempo no circo, mas me
afeiçoara a todos.
Depois de lhes desejar boa sorte e me despedir,
passei na jaula de Poncho para dizer boa-noite. Ele já
estava dormindo, então o deixei e segui para o
estacionamento.
Só havia um carro estacionado - um lindo
conversível prata. Olhei para o chaveiro e li
"Bentley GTC Conversível".
Minha nossa! Só pode ser brincadeira. Este carro
deve valer uma fortuna! O Sr. Kamal confia
mesmo em mim.
Aproximei-me do carro timidamente e apertei na
chave o botão de destravar as portas. Os faróis
piscaram para mim. Abri a porta, me sentei na
poltrona de couro macio e corri a mão sobre a
costura elegante e bem-acabada. O painel
parecia ultramoderno. Era o carro mais luxuoso
que eu já vira.
Liguei o motor e dei um pulo quando ele rugiu,
ganhando vida. Mesmo eu, que não tinha o
menor conhecimento sobre veículos, podia ver
que aquele carro era rápido. Suspirei de prazer
quando percebi que ele também incluía assentos
massageadores aquecidos. Cheguei em casa em
poucos minutos, decepcionada por morar tão
perto do circo.
Mike insistiu que um Bentley devia ser
estacionado na garagem. Colocou, ansioso, seu
velho sedã na rua, estacionando-o perto das latas
de lixo. O pobre carro foi despachado como um
gato velho enquanto o gatinho novo ganhava
uma almofada macia na cama.
Mike acabou passando várias horas na garagem
naquela noite, paparicando e acariciando o
conversível. Eu, por outro lado, passei a noite
tentando descobrir o que levar para a Índia. Pus
umas peças de roupa na máquina de lavar,
arrumei uma bolsa grande e passei algum tempo
com minha família adotiva. As duas crianças,
Rebecca e Sammy, queriam saber tudo sobre as
minhas duas semanas no circo. Também falamos
sobre as coisas incríveis que eu iria ver e fazer na
Índia.
Eram boas pessoas, uma boa família, e se
preocupavam comigo. Dizer adeus foi difícil,
embora fosse apenas temporário. Legalmente, eu
era adulta, mas ainda me sentia nervosa diante
da perspectiva de ir sozinha para tão longe.
Abracei e beijei as crianças. Mike apertou minha
mão todo formal e me deu um meio abraço por
um longo minuto. Então me virei para Sarah, que
me puxou para um abraço apertado. Ficamos as
duas com lágrimas nos olhos, mas ela me
assegurou de que estariam a apenas um
telefonema de distância.
Naquela noite, mergulhei rapidamente em um
sono profundo e sonhei com um belo príncipe
indiano que tinha um tigre de estimação.



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Autor(a): ju10linha

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Na manhã seguinte, acordei cheia de energia,sentindo-me otimista e empolgada com aviagem. Depois de um banho e de um rápido caféda manhã, peguei minha bolsa, abracei Sarahnovamente, pois ela era a única acordada, e corripara a garagem.Entrei no estacionamento do circo e parei ao ladode um caminhão de tamanho médio. O veí ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 98



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  • franmarmentini♥ Postado em 10/09/2015 - 15:59:39

    OLÁAAAAAAAAAAAAAA AMORE ESTOU POSTANDO UMA FIC* TE ESPERO LÁ BJUS http://fanfics.com.br/fanfic/49177/em-nome-do-amor-anahi-e-alfonso

  • Elis Herrera ❤ Postado em 23/04/2015 - 16:57:14

    Postaaaaaaaa =(

  • franmarmentini♥♥ Postado em 02/04/2015 - 17:30:00

    AMORESSSSSSSSS IREI VIAJAR E JÁ TO COM VÁRIAS FICS EM ATRASO MINHA VIDA TA UMA LOUCURA MAS NUNCA NUNCA VOU DEIXAR DE LER...VOU IR VISITAR A CIDADE ONDE MINHA MÃE ESTÁ INTERRADA QUE FICA PERTO DE PITANGA PARANÁ E É NO SITIO ENTÃO PROVAVELMENTE EU NÃO TENHA COMO LER PQ TENHO MUITOS TIOS LÁ E QUERO VER SE CONSIGO VISITAR TODOS...VOLTO NA TERÇA FEIRA E PROMETO TENTAR COLOCAR EM DIA TODAS AS FICS O QUANTO ANTES BJUSSSSSSSSSSSSSSSS A TODAS AMO VCS!!!!!!!!! FUI....

  • franmarmentini Postado em 29/01/2015 - 08:39:07

    thatyponny o que vai acontecer??? quero aya juntosssssssssssssss :/ agora vc me deixou apriensiva..;.

  • franmarmentini Postado em 29/01/2015 - 08:37:34

    quero felipe bem longeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee eeeeeeeeeeeeeee da any,,,,e não vejo a hora dela encontrar o poncho logo :)

  • elis_maria Postado em 23/01/2015 - 12:43:03

    Posta mais...

  • thatyponny Postado em 08/01/2015 - 14:14:54

    VOCÊ NÃO SABE QUANTO EU ESPEREI, ESPEREI TANTO QUE JÁ LI TODOS OS LIVROS, MAS LER EM PONNY É UM AMOR O RUIM É QUE EU SEI O QUE VAI ACONTECER.

  • franmarmentini Postado em 04/01/2015 - 16:50:57

    Ebaaaaaaaaaaa

  • franmarmentini Postado em 08/12/2014 - 11:48:24

    cade vc?? :(

  • elis_herrera Postado em 20/10/2014 - 20:39:49

    Olá, continua... gostei de sua fic.


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