Fanfic: Uma Escola de Charme - Adaptada Vondy | Tema: Vondy
Soltou um suspiro, mantendo-se bastante ereta para que as barbatanas de baleia do espartilho não a machucassem. Fechando os olhos, permitiu-se um pequeno sorriso de triunfo. Poncho queria que ela participasse do entretenimento daquela tarde. Uma partida de croqué no Clube Kimball Green.
Imaginou a cena: Poncho e seus amigos usando uniformes brancos e reunidos no gramado para o jogo. Mal cabia em si de alegria ao pensar em fazer parte do animado grupo enquanto passassem uma tarde agradável sob o sol. Graças a Poncho, Dulce logo faria parte de seu charmoso mundo.
Com carinho, o sorriso ainda brincando-lhe nos lábios, dobrou a folha de papel com a mensagem e guardou-a no lugar mais romântico em que pôde pensar. Sob o alto do espartilho.
O papel em contato com sua pele provocou-lhe coceira.
As desagradáveis lembranças do baile povoaram-lhe a mente. Viu-se fazendo papel de tola para ajudar Alfonso a devolver o anel a Angel. Atraindo a atenção de todos quando, desajeitada, derrubara o vaso de plantas no vestíbulo. Sendo flagrada enquanto coçava o peito com o abridor de cartas. Balbuciando uma desculpa à Sra. Velasco, Deixando sua casa no meio da noite para ir à procura de Christopher Uckermann no porto.
A lembrança do sulista de cabelos desalinhados, com uma mulher em trajes indecentes em seu colo e o hálito cheirando a rum a fez torcer os lábios inesperadamente com uma expressão desgostosa. Não importando quanto vivesse humilhando a si mesma, jamais desceram àquele nível.
Finalmente, conhecera alguém que era muito mais condenável do que ela.
O capitão nunca saberia que consolo lhe representava. Endireitou os ombros. Aquele dia seria diferente, pensou, contendo um novo espirro. Sem dúvida, teria a chance de se redimir do grande fiasco da noite anterior.
Primeiro, precisava escolher um vestido. Embora não tivesse absolutamente o menor senso de moda, sabia que não deveria usar preto numa partida de croqué. Erguendo a barra das saias, adiantou-se depressa até seus aposentos e abriu todas as portas de seu guarda-roupa.
Céus... Quando fora que havia conseguido reunir tal coleção de roupas em preto, marrom e cinza? Tinha vestidos pretos com renda da mesma cor. Vestidos pretos bordados de marrom. Vestidos pretos com enfeites cinzentos. Mas ali estava, quase escondido a um canto, um vestido de linho cru feito para alguma ocasião social já esquecida. Era perfeito para uma tarde de croqué.
Tocou a sineta para chamar Thankful, e a criada apareceu num instante, deixando o espanador de pó numa banqueta.
- Ora, senhorita, esse é diferente dos demais, não resta dúvida - comentou ela, apanhando o vestido de linho.
- Acha que é diferente demais de meu estilo de sempre?
- Sim, é. - Com a impecável eficiência de quem já servia a família Savinon havia três décadas, Thankful ajudou Dulce a livrar-se do vestido preto do dia. Então, apanhou o outro da beirada da cama onde o deixara. - Vamos ver se conseguimos fazê-lo servir.
Dulce ergueu as mãos obedientemente, e a criada colocou-lhe o vestido por cima da cabeça, dizendo:
- Sabe, a sua irmã Anahí sempre ficou tão adorável nesta cor clara. Era uma visão graciosa, sem dúvida... - Sem cerimônia, apoiou o joelho nas costas de Dulce e puxou os cordões trançados atrás do vestido com força. -... descendo a escadaria para receber sabe-se lá quantos visitantes...
Dulce segurou-se na cabeceira da cama para se equilibrar, enquanto a criada lutava para ajustar-lhe o vestido ao corpo. Parou de prestar-lhe atenção à tagarelice. Já ouvira aquelas histórias inúmeras vezes. Os triunfos sociais de Maite, o duelo que quase ocorrera entre dois dos pretendentes de Anahí, o hábito de Thomas de sair com uma jovem diferente a cada noite, os relacionamentos de Peter com as melhores garotas de Boston...
Enquanto Thankful prosseguia e executava o penoso ritual de forçar o vestido um tanto apertado a conter suas formas, Dulce tentava não contrair o semblante. Sempre se perguntara por que as roupas de uma dama deviam machucar. Espartilhos sufocavam, sapatos apertavam, pentes ornamentais espetavam o delicado couro cabeludo, e a sociedade soltava exclamações de pura admiração diante daqueles verdadeiros instrumentos de tortura. Aquilo sempre a intrigara.
- Thankful, acho que os laços estão tão apertados quanto devem ficar.
- Só mais um puxão e estará terminado. Eu lhe digo, você deveria seguir o exemplo de sua mãe e irmãs, senhorita. Elas nunca se importam em sacrificar um pouco de conforto em nome da moda.
Dulce não argumentou. A criada, assim como todos no mundo, simplesmente não conseguia entender o que acontecera com a filha do meio do casal mais proeminente de Boston. Ela era o produto da mesma linhagem cuidadosa que havia dado a Beacon Hill suas encantadoras irmãs e elegantes irmãos. Ainda assim, Dulce era em nada como eles. Não chegava nem perto.
- Pronto - anunciou Thankful, dando um passo atrás e enxugando o suor da fronte. - Deseja algo mais, senhorita?
- Não, obrigada. - Dulce correu as mãos pela saia, já se sentindo melhor. Um vestido bonito era exatamente o que precisava para conquistar a atenção de Poncho.
Apanhou um pequeno espelho de mão de uma mesa de canto. Segurando-o à sua frente, podia admirar o vestido em partes individuais. Mangas bufantes, corpete justo, saias amplas.
Deixado o espelho de lado, notou que Thankful esquecera seu espanador. Em vez de tocar a sineta para chamá-la outra vez, decidiu levá-lo. Adiantando-se na direção da escada de serviço dos fundos, só se deu conta quando já era quase tarde demais que Thankful e uma criada da cozinha, Tilly, estavam fofocando no andar de baixo.
-... achei que teria que chamar você para me ajudar a fazê-la caber no vestido - dizia Thankful, em tom de chacota.
- Ainda bem que você não me chamou - respondeu Tilly. - Eu não teria conseguido segurar o riso.
- E aquele vestido... Espere até vê-lo. Ela ficou ridícula, usando um traje que mais parece uma fantasia de camponesa, feita com a lona de uma vela de navio.
Dulce gelou no meio da escada. Geralmente, era bastante desajeitada e dada a retiradas barulhentas, mas não daquela vez. Daquela vez, mortificada, sentiu-se pequenina feita um camundongo, enquanto segurava o corrimão com força e subia silenciosamente a escada em caracol.
Não fez o menor ruído enquanto caminhou de volta pelo corredor, embora quisesse correr para escapar do riso maledicente que subia pela escada. Somente quando abriu a porta que dava para o quarto de Anahí e parou diante do espelho alto para observar seu reflexo, emitiu um ruído. Um soluço.
O corte do vestido aumentava sua silhueta a proporções épicas. O linho claro a desprovia por completo de cor, exceto pelo forte rubor que lhe tingia as faces. Mechas de cabelo desprendiam-se do alto da cabeça, e os cachos em forma de salsicha de cada lado de seu rosto ficavam molhados e ainda mais pesados enquanto as lágrimas os encharcavam.
O que estivera pensando, para ter-se vestido daquela maneira? Quem iria querer criatura tal como a aberração que via no espelho?
Voltou para o próprio quarto e abriu as portas-janelas, saindo para o terraço em meio a um dia de outono tão radiante que sua beleza parecia zombar dela.
Olhou para baixo. O terraço era bastante alto. Se acontecesse de cair dali, quem iria sentir sua falta?
Inclinou-se ligeiramente junto ao gradil de ferro, uma peculiar escuridão dominando-a por dentro. Que tentadora era a ideia de que seu sofrimento poderia terminar tão depressa. De maneira tão permanente. E tão dramática, com a mensagem de Alfonso Herrera guardada junto a seu coração.
Mas, ao final, afastou-se do gradil, tão temerosa de seus próprios impulsos quanto se sentia a respeito de tudo o mais que exigisse fibra e coragem.
Por quanto tempo, perguntou-se, desprezara a si mesma? Sabia que não chegara a seu infeliz estado de aversão por si mesma rapidamente. Tinham sido necessários todos os seus intermináveis anos de solteirona para alcançá-lo.
Pecadora, disse a si mesma. Era a verdade. Cada impulso obscuro e condenável vivia dentro de si... despeito, inveja, mesquinhez e anseio. Era culpada de tudo aquilo e muito mais.
Desde a época em que deixara a casa de sua falecida tia-avó, fora ensinada que uma jovem devia ser bonita e popular. O que só podia atribuir a um acidente de nascimento a havia colocado no meio de duas irmãs lindas e dois irmãos perfeitos. Como a vida devia parecer maravilhosa a eles, como devia ser empolgante acordar a cada dia e saber que tudo seria agradável, esplêndido.
Dulce sabia o que era a felicidade. Fora feliz no passado. Fora feliz com tia Elizabeth.
Fechou os olhos, relembrando os anos de sua tenra juventude. Quando ela estava com cinco anos de idade, a tia de Salem fora visitá-los. Firme e regrada como um general, ela não precisara de coisas bonitas, e aquilo incluíra sobrinhas-netas bonitas. Surpreendera Dulce quando se mostrara mais impressionada com seu jeito de conversar e interesses do que com o charme e beleza de seus irmãos. Ela a levara para Salem, e os Savinon mal tinham notado.
As duas haviam passado anos felizes lá... Dulce tendo adquirido uma educação ainda mais completa do que a de um menino. Tia Elizabeth lhe ensinara que não havia nada de estranho em ser tão culta. E a aparência da sobrinha simplesmente não lhe importara nada. Assim como não importara à própria Dulce.
Até o dia em que a tia morrera, e ela se vira obrigada a retornar para a mansão dos pais em Beacon Hill.
Jamais iria se esquecer da reação de sua mãe quando ela surgira na porta da frente. Suas únicas palavras tinham sido:
- E aí está Dulce, de volta ao lar outra vez. - Mas fora a expressão em seu rosto que ficara gravada no coração de Dulce e moldara todos os dias, meses e intermináveis anos que tinham se seguido àquilo.
o que estão achando?
Autor(a): chrisdul
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
A inteligente e culta garota de quatorze anos não tivera ideia de como se transformar numa beldade da sociedade. Soubera grego, latim e matemática demais para ser popular e se importara em excesso com responsabilidade social para ser digna de confiança. Assim, ali estava morrendo aos poucos por dentro. Murchando feito uma planta sem água, feia e ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 49
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carolinevondyzinha Postado em 15/04/2015 - 20:09:41
Meu deuses cadê vc posta +
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lalita_vondy Postado em 15/07/2014 - 16:40:06
Oieeeee LEITORA nova!! Posta mais por favor to curiosa!! Nao abandona nao por favor!!! Posta vai!! Bjoes!!
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mariaeduardavondy Postado em 30/05/2014 - 15:20:42
Oii! Sou leitora nova!por favor não abandona a web!Por favor!è uma das webs mais perfeitas q eu já li aq no site!por favor volta a postar!
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samandra Postado em 08/03/2014 - 09:43:26
Oi, posta mais :)
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lolawho Postado em 24/02/2014 - 15:15:42
POSTA MAIS!!! PLEASE...
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taisa Postado em 03/02/2014 - 16:05:57
Um MÊS SEM CAPÍTULO NOVO :/
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taisa Postado em 22/01/2014 - 23:23:52
QUERO POSTS...
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lolawho Postado em 18/01/2014 - 19:18:39
Por favor continua a web!!!! *---*
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a_letiicia Postado em 03/01/2014 - 20:49:47
Ahhh espero que você dê-nos esses capítulos enormes todos os dias, todos os dias! hahaha Porque é tão gostoso ir descendo, descendo e descendo o capítulo e ainda ter mais coisa pra ler hahahahahh na verdade é bom porque dá continuidade, não fica aquela história toda picada com meia dúzia de palavras por capítulos, interrompendo as coisas que tem que acontecer sabe? não sei explicar, mas é ótimo!!! hahaha Enfim, eu sabia!!!! Sabia que a timidez, a tristeza, e a inibição da Dulce eram culpa daquele bando de imbecis que ela tinha que conviver. Olha como ela está feliz nesse navio? Ela como ela está se divertindo, se soltando... Ela encontrou o seu lugar ali, perto das pessoas que a 'alta sociedade' provavelmente despreza. Claro que a Dulce tá se livrando pouco a pouco das 'máscaras', o cabelo grande com esses penteados horríveis, os óculos, as roupas enormes e pesadas, os sapatos antiquados... E isso é culpa do Christopher também, que a propósito já está louco por ela.
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vemkgaabi Postado em 03/01/2014 - 11:37:36
Por favor posta maaais estou amando a web *---*