Fanfics Brasil - 14 Uma Escola de Charme - Adaptada Vondy

Fanfic: Uma Escola de Charme - Adaptada Vondy | Tema: Vondy


Capítulo: 14

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Capítulo IV - Correndo atrás


Uma raça dura, mas nervosa, tenaz, mas inquieta [os ianques]; materialmente ambiciosa. Uma raça cujo membro típico está eternamente dividido entre uma paixão pelo que é certo e um desejo de se aventurar no mundo.

Samuel Eliot Morison 
História Marítima de Massachusetts


- Esta gola coça - queixou-se Dino. - E o casaco está apertado debaixo dos braços.

- Pare de reclamar - retrucou Christopher. - Tenho uma dor de cabeça terrível e nem sei bem o que estamos fazendo aqui.

- Perdendo tempo, quando deveríamos estar tentando salvar essa sua pele - observou Dino, passando a mão sob a gola de seu casaco. - E estes sapatos estão me matando - acrescentou.

Christopher virou-se para ele com um olhar faiscante, e o movimento súbito causou-lhe um latejo imediato na cabeça. Mas, após alguns segundos, seu olhar entrou em foco e viu que, sim, estava realmente ali, a meio caminho de Beacon Hil, numa missão tão absurda que se perguntava se ainda estaria embriagado com o que bebera na noite anterior.

- Não é a minha pele que precisa ser salva - respondeu.

Dino, que era incrivelmente alto, baixou o olhar para Christopher, cuja estatura não deixava nada a desejar em comparação à sua, mas era um pouco menor.

- Então, explique por que tive que despistar os seus credores nesta manhã.

- Que credores? E como diabos me encontraram?

- A nossa chegada foi anunciada numa festa num destes palacetes - declarou Dino, fazendo um gesto amplo com a mão. As sólidas mansões de tijolos enfileiravam-se pela elegante e ampla alameda, suas fachadas imponentes e gramados impecáveis parecendo querer negar peremptoriamente que algo tão desagradável quanto à pobreza existia no mundo.

Christopher estivera ali com frequência na época em que estudara em Harvard. Comparecera a jantares entediantes e bailes pomposos naquele verdadeiro reduto da elite. Mas quando, ingenuamente, tentara buscar amizade baseado em algo mais profundo do que riqueza ou habilidades atléticas, encontrara um esnobismo tão arraigado que simplesmente não pudera suportar.

- Os credores desta manhã eram o Sr. Lucius, do Fundo de Harvard, e seu assistente, o Sr. Keith - explicou Dino. - Aparentemente, a generosidade deles termina quando um homem deixa Harvard.

- E, para piorar tudo, minha mãe decidiu voltar da Europa.

- Sim. E você sabe do que mais? Ela irá para o Rio de Janeiro conosco.

Christopher parou de caminhar abruptamente, a incredulidade ainda maior que sua dor de cabeça.

O quê?

- Ela e a criada pessoal, Fayette, incluíram-se como passageiras. Sua mãe quer ir ver sua tia no Rio.

- Excelente. Sempre sonhei em passar semanas no mar na companhia de minha mãe. - Com passos lentos, Christopher retomou a caminhada. Amava a mãe, mas ambos pertenciam a mundos diferentes. Alexandra Uckermann era como uma gardênia de estufa... bonita, delicada e dominante quando em seu auge.

Ela não fazia ideia do que ele planejara para aquela viagem e por que era tão importante. Esperava muito que não interferisse em seus planos.

- Acha que sua mãe dirá ao Sr. Herrera que você mentiu a respeito de suas credenciais de comandante de navio? - arriscou Dino.

Christopher lançou-lhe um olhar atravessado.

- Você está conseguindo piorar minha dor de cabeça. E o dinheiro que ele ganhou graças a mim deverá deter quaisquer perguntas.

Uma luxuosa carruagem preta passou por ambos, a parelha musculosa esforçando-se para vencer a ladeira à frente revestida de tijolos. Parecia estranho andar por aquelas ruas, aquele lugar de ostentação. Os residentes prosperavam no comércio; ainda assim, a fortuna que possuíam era herdada, construída solidamente no tráfico de ópio e escravos. Não eram muito diferentes de seu próprio pai, pensou Christopher, embora em vez de traficar escravos ele apenas os tivesse possuído.

Christopher era considerado um traidor de sua gente por ter ingressado na radical instituição ianque conhecida como Harvard. Quando deixara a universidade, jamais pensara que retornaria a Beacon Hil outra vez. Certamente, não achara que seria bem-vindo, tendo “desgraçado” a si mesmo fugindo para o mar.

- Não sei por que está fazendo isto - resmungou Dino. - Você deveria ter escrito uma mensagem para a estranha mulher e recusado a oferta.

Christopher examinou as discretas plaquetas de latão identificando cada casa enquanto passavam. Greenwood, Appleton, Kimball, Lowell... eram conhecidas como as Primeiras Famílias de Boston, sendo clãs dos mais fechados.

- Algumas coisas exigem uma resposta que seja dada pessoalmente - explicou. - Além do mais, estou curioso a respeito dessa estranha mulher, como você mesmo se referiu a Srta. Savinon. - Ele deu um tapinha na carta guardada no bolso do casaco. - Que tipo de mulher me faria uma oferta peculiar dessas?

Dino abriu um largo sorriso, os dentes alvos brilhando em contraste com a pele escura.

- Você deve tê-la impressionado a valer, capitão.

- Uma ideia assustadora.

Ambos caminharam ao longo de uma fileira de arbustos cuidadosamente aparados, aproximando-se de uma imponente mansão entre as ruas Chestnut e Beacon. A casa dos Savinon. Christopher conhecera alguns Savinons na universidade... Thomas e Peter. Seriam parentes de Dulce?

Parou de caminhar, a cabeça pendendo para trás enquanto olhava para o alto da majestosa mansão. O sol intenso incomodou-lhe os olhos, aumentando sua dor de cabeça.

- Acho que podemos concluir - disse a Dino - que ela não fez essa oferta porque está precisando de dinheiro.

- Provavelmente não. - Dino abriu o portão de ferro preto e reluzente, e os dois entraram, atravessando um jardim meticulosamente cuidado, de ar rigoroso e estilo grego, com elegantes pedestais de mármore e estatuetas em pontos estratégicos entre os arbustos bem-aparados.

A aldrava de bronze da porta personificava um Netuno de cenho franzido. Christopher apanhou-a, mas antes que batesse à porta, o amigo disse:

- Tenho uma pergunta, capitão.

- E qual é?

- Você já arranjou um intérprete para a próxima viagem?

Christopher soltou um suspiro, a cabeça ainda latejando, o gosto de rum parecendo não ter se dissipado de sua boca.

- Se quer saber, eu já considerei uma façanha ter encontrado o chão debaixo dos meus pés quando me levantei da cama nesta manhã.

Dino estudou-o, os olhos negros avaliando-o com a intensidade de quem já o conhecia bem após longos anos de amizade.

- Por que você bebe dessa maneira? - perguntou, num tom gentil. - Por que bebe até o ponto de enlouquecer?

Christopher bateu à porta com a pesada aldrava.

- Porque é mais fácil do que manter a sanidade - resmungou. Sua vida, refletiu, não deveria ter tomado àquele rumo. Segundo as convenções, àquela altura deveria estar sentado na sua varanda da frente no sul, bebericando um chá gelado, com um solícito criado parado ao lado, abanando-o. Em vez daquilo, tornara-se um capitão do mar no comando de uma tripulação rude. Um sulista comprometido com uma causa que ia contra os interesses de sua família.

A porta abriu-se de repente sem ruído e um mordomo de ar formal e uniforme impecável saudou-o. Parecia estar bem familiarizado com os trajes socialmente aceitáveis, pois com um breve olhar avaliou-lhe o casaco caro como adequado.

- O que deseja, senhor?

- Sou Christopher Uckermann. Estou aqui para ver a srta. Savinon, se fizer a gentileza de me anunciar.

O mordomo afastou-se para o lado, dando-lhe passagem. Ele e Dino adiantaram-se por um tapete oriental em tons de vermelho e azul. Um espelho de moldura dourada adornava uma parede, e a um canto achava-se um suporte para planta, mas estava vazio.

- Irei verificar se a srta. Anahí está em casa - disse o mordomo.

O nome não soou familiar a Christopher, nem a Dino, a julgar pela discreta cotovelada que lhe deu.

- Na verdade, seria a srta. Dulce, certo?

O mordomo permitiu-se arregalar os olhos. Se diante de seu sotaque sulista ou a menção a srta. Dulce. Christopher não fez ideia.

- Está aqui para ver a srta. Dulce?

Ele abriu um sorriso paciente.

- Exato. Ela está em casa?

- Eu... - O homem franzino hesitou, em seguida respondeu: - Irei verificar. Se desejar, pode aguardar no salão de visitas. O seu criado pode dar a volta até a entrada de serviço nos fundos.

Christopher já esperara o erro.

- Este é o Sr. Dino, e não é um criado, mas meu sócio.

O mordomo calmo, distinto, pareceu conter-se a muito custo para não perder a compostura.

- Entendo. Com sua licença?

- Claro. - Seu sujeitinho esnobe, acrescentou Christopher silenciosamente enquanto o empertigado mordomo desaparecia pelo corredor.

- Você deveria ter me deixado dar a volta até os fundos - declarou Dino. - A comida e a conversa costumam ser bem melhores lá, de qualquer modo.

- Você não é um criado, droga! - Christopher adiantou-se sem cerimônia pelo amplo vestíbulo até o luxuoso salão de visitas. Um imenso lustre de onde pendiam gotas de cristal reinava acima de uma elegante disposição de mobília cara e objetos de arte. Um serviço de chá de prata e um conjunto de garrafas de cristal adornavam um aparador.

- Eu não quis soar ingrato - respondeu Dino, apoiando-se no console azul e dourado da lareira. - Você mudou sua vida inteira para que eu não fosse um criado.

- É verdade, não resta dúvida. E não pense por um minuto que eu me arrependo.

Uma sensação peculiar tomou conta de Christopher. Gostava de seu amigo e com um fervor como nunca sentira por seu próprio irmão. Ele e Dino haviam enfrentado tudo juntos, desde os meninos travessos de sete anos do passado até os homens que haviam se tornado agora.

O fato de que um fora senhor e o outro escravo não havia interferido na amizade, ao menos não no princípio.



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Autor(a): chrisdul

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

Prévia do próximo capítulo

Christopher verificou sua aparência no espelho acima do aparador. Levando em conta a noite que tivera, parecia surpreendentemente bem, os cabelos negros tendo sido aparados naquela manhã por Timothy Datty, o aprendiz do navio. Sua camisa branca e casaco azul-celeste estavam limpos e impecáveis, graças a Luigi Conti, o marujo que confeccionava velas ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 49



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  • carolinevondyzinha Postado em 15/04/2015 - 20:09:41

    Meu deuses cadê vc posta +

  • lalita_vondy Postado em 15/07/2014 - 16:40:06

    Oieeeee LEITORA nova!! Posta mais por favor to curiosa!! Nao abandona nao por favor!!! Posta vai!! Bjoes!!

  • mariaeduardavondy Postado em 30/05/2014 - 15:20:42

    Oii! Sou leitora nova!por favor não abandona a web!Por favor!è uma das webs mais perfeitas q eu já li aq no site!por favor volta a postar!

  • samandra Postado em 08/03/2014 - 09:43:26

    Oi, posta mais :)

  • lolawho Postado em 24/02/2014 - 15:15:42

    POSTA MAIS!!! PLEASE...

  • taisa Postado em 03/02/2014 - 16:05:57

    Um MÊS SEM CAPÍTULO NOVO :/

  • taisa Postado em 22/01/2014 - 23:23:52

    QUERO POSTS...

  • lolawho Postado em 18/01/2014 - 19:18:39

    Por favor continua a web!!!! *---*

  • a_letiicia Postado em 03/01/2014 - 20:49:47

    Ahhh espero que você dê-nos esses capítulos enormes todos os dias, todos os dias! hahaha Porque é tão gostoso ir descendo, descendo e descendo o capítulo e ainda ter mais coisa pra ler hahahahahh na verdade é bom porque dá continuidade, não fica aquela história toda picada com meia dúzia de palavras por capítulos, interrompendo as coisas que tem que acontecer sabe? não sei explicar, mas é ótimo!!! hahaha Enfim, eu sabia!!!! Sabia que a timidez, a tristeza, e a inibição da Dulce eram culpa daquele bando de imbecis que ela tinha que conviver. Olha como ela está feliz nesse navio? Ela como ela está se divertindo, se soltando... Ela encontrou o seu lugar ali, perto das pessoas que a 'alta sociedade' provavelmente despreza. Claro que a Dulce tá se livrando pouco a pouco das 'máscaras', o cabelo grande com esses penteados horríveis, os óculos, as roupas enormes e pesadas, os sapatos antiquados... E isso é culpa do Christopher também, que a propósito já está louco por ela.

  • vemkgaabi Postado em 03/01/2014 - 11:37:36

    Por favor posta maaais estou amando a web *---*


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