Fanfics Brasil - 15 Uma Escola de Charme - Adaptada Vondy

Fanfic: Uma Escola de Charme - Adaptada Vondy | Tema: Vondy


Capítulo: 15

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Christopher verificou sua aparência no espelho acima do aparador. Levando em conta a noite que tivera, parecia surpreendentemente bem, os cabelos negros tendo sido aparados naquela manhã por Timothy Datty, o aprendiz do navio. Sua camisa branca e casaco azul-celeste estavam limpos e impecáveis, graças a Luigi Conti, o marujo que confeccionava velas e que era meticuloso em relação àquelas coisas.

Ele tivera sete anos de idade e estivera formalmente vestido no primeiro dia em que Dino lhe era levado, lembrou-se. O pai o fizera esperar no abafadiço salão de visitas de Albion num dia de verão e, exatamente ao meio-dia, Purdy surgira com um garotinho magro e de olhos imensos.

- Este é o meu sobrinho, Dino - dissera Purdy, o olhar baixo à maneira da maioria dos escravos. - Ele é um bom menino, não é, Dino? Um bom menino, sim, senhor.

E Dino surpreendera Christopher. Em vez do jeito submisso e deferente dos demais, fitara-o diretamente nos olhos e falara numa voz alta e clara:

- Sou o melhor menino que existe.

Aquele fora o começo. Ambos haviam brincado juntos, feito pescarias e passeios de barco na baía de Mockjack. Christopher dormira numa cama confortável de mogno, Dino num colchão de palha no chão; mas, com bastante frequência, quando Purdy levara a bandeja com o desjejum pela manhã, encontrara a ambos esparramados na grande cama. Sempre que Christopher fora à igreja, Dino esperara na carruagem do lado de fora. Quando ele quisera aprender a ler, escrever e fazer contas, Christopher o ensinara em segredo.

Quando o pai de Dino fora vendido para pagar dívidas de seu próprio pai, Christopher chorara e ficara furioso com ele.

Na época em que os dois garotos tinham completado dezesseis anos, Dino já se casara. Christopher havia seduzido um bom número de garotas locais, e debutantes de todas as melhores famílias haviam começado a notá-lo.

A vida teria prosseguido daquela maneira se duas coisas extraordinárias não houvessem acontecido. A primeira, Christopher tendo sido aceito para frequentar Harvard, com ianques radicais e tudo. E a segunda, a sua insistência em ter levado Dino junto. Ele se opusera o máximo possível. Adorara sua esposa e filha, que viviam numa plantação vizinha. Mas Christopher persistira demais, fora até autoritário em relação àquilo.

Nenhum cavalheiro que se prezasse matriculava-se numa universidade sem o seu criado, argumentara. Dissera-lhe ser seu dever acompanhá-lo. Não lhe dera escolha. Christopher tivera um plano. Não pudera nem sequer contar a Dino a respeito, porque a revolta e a dor de escravo tivera que ser convincente.

Christopher sorriu para sua imagem no espelho, lembrando-se do dia em que atravessara a divisa de Mason Dixon e dera a liberdade a Dino. Ele segurara a carta de alforria junto ao peito, emocionado, incapaz de falar enquanto as lágrimas haviam rolado por sua face.

Agora, o empreendimento náutico de ambos os deixara a mais um passo de seu objetivo final. Comprar a liberdade da esposa e das filhas de Dino e levá-las para o norte.

- Deve haver algo errado com ela - comentou o amigo, despertando-o das reminiscências.

- Com quem?

- Com essa mulher. - Dino correu o olhar por uma parede que era inteiramente tomada por prateleira após prateleira de livros de encadernações em couro. - Por que alguém iria querer deixar uma casa como esta?

- Deve haver algo neste tipo de vida que ela não consegue suportar - sussurrou Christopher, pensando em suas próprias razões para ter deixado Albion. - Talvez devêssemos perguntar. 

- A srta. Savinon irá recebê-los no jardim - anunciou o mordomo da soleira da porta. - Acompanhem-me, por favor.

Os dois seguiram-no por um corredor alto e estreito, por onde se enfileiravam quadros de molduras trabalhadas. Retratos da família, concluiu Christopher, notando que cada pessoa na tela parecia extraordinariamente bonita. Ou os pintores tinham sido galanteadores demais, ou aquele clã nascera para ostentar beleza.

Passaram por uma ampla varanda envidraçada e saíram para um extenso jardim. O paraíso em miniatura, pensou Christopher, notando as videiras, as árvores frondosas, os arbustos em flor. Na extremidade oposta, havia um coberto elegante e abobadado, sustentando por colunas trabalhadas. Num dos bancos ao centro, estava sentada uma mulher de preto, a cabeça baixa enquanto lia um volumoso livro em seu colo.

- Srta. Savinov? - chamou-a ele.

Ela ergueu o olhar, piscando várias vezes como se tivesse saído de um lugar escuro para a luz. Um par de óculos escorregara-lhe até a ponta do nariz, e parecia enxergar melhor espiando por cima das lentes.

- Sim. - Como sua voz falhasse, limpou a garganta. - Sim - repetiu. - Capitão Uckermann. Fico feliz que tenha vindo.

Ele aguardou, observando-lhe as mãos, esperando que ela lhe estendesse uma para que a beijasse polidamente. Em vez daquilo, viu-a segurando o livro com força, exibindo unhas roídas. Dulce tinha, acima de tudo, o olhar indireto, subjugado, de um escravo. Como se temesse que poderia apanhar a qualquer momento.

Inquieto com o pensamento, Christopher optou por fazer-lhe uma mesura formal.

- Este é o Sr. Dino, meu sócio e assistente pessoal no Cisne.

Ela segurou o livro com mais força ainda junto a si.

- Eu estava esperando uma mensagem, não dois homens! É uma satisfação conhecê-lo.

Christopher jamais conhecera uma mulher mais socialmente desajeitada do que aquela.

Dulce tornou a limpar a garganta e empurrou os óculos até o alto do nariz. O referido nariz estava muito vermelho, indicando uma indisposição, ou que o livro a levara às lágrimas.

Vendo-a espirrar violentamente junto a um lenço amassado, concluiu que estava indisposta mesmo.

- Perdoem-me - disse ela, guardando o lenço no bolso da saia. - Estou com um terrível resfriado.

- Costuma tê-los com frequência?

- Constantemente. Exceto na primavera, quando é uma febre persistente que me atormenta, embora eu raramente possa dizer a diferença entre as duas enfermidades - Dulce interrompeu-se, parecendo horrorizada. - Perdoem-me por eu ter-me estendido tanto em assunto tão desagradável.

- Não acho nada desagradável um assunto que lhe diga respeito - declarou Christopher, forçando sua veia galante ao máximo. Estava ali para recusar a oferta dela e, portanto, era melhor que o fizesse com polidez.

Dulce finalmente pareceu lembrar-se do livro que estava segurando e tornou a se desculpar, fechando-o e pousando-o numa mesinha de mármore ao lado.

Christopher lançou-lhe um olhar para ver o título. Os símbolos na capa pareceram apenas vagamente familiares. Ele fizera questão de dormir durante os clássicos na universidade.

- Ptolomeu - disse ela.

- No original grego - presumiu ele.

- Sem dúvida. Eu não iria querer ler Ptolomeu de nenhuma outra maneira. Ele tem uma autoridade tão distinta no original.

- Concordo plenamente - respondeu Christopher e teve certeza de poder ouvir um riso querendo escapar da garganta de Dino. - Pelo que entendi, tem grande facilidade com idiomas.

- Sim, sim, tenho. Fui agraciada com a sorte de ter como tutora a minha falecia tia-avó, que foi uma grande letrada em sua época, e também frequentei o internato de Monte Holyoke. Falo espanhol, francês, italiano, português e tenho boa leitura em latim, grego e hebraico.

Ela era provavelmente mais culta do que a maioria dos graduados de Harvard, imaginou Christopher. Curioso... Por que os pais ricos iriam permitir a uma garota tamanha erudição?

- Srta. Savinon - começou - eu vim pessoalmente porque qualquer outro meio de contato não faria jus à generosa oferta que me fez.

Dulce apertou as mãos diante de si como se estivesse em grande expectativa.

- Então, irá me levar? Irei para o Rio de Janeiro no seu navio?



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Autor(a): chrisdul

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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- Não. - Christopher respondeu rapidamente para dissipar o ar esperançoso que lhe surgia no rosto. - Não é que você não esteja apta de algum modo a fazer a viagem - apressou-se a acrescentar. - O problema é comigo e com minha tripulação. O Cisne é um navio de carga, repleto de trabalhadores. Jamais pod ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 49



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  • carolinevondyzinha Postado em 15/04/2015 - 20:09:41

    Meu deuses cadê vc posta +

  • lalita_vondy Postado em 15/07/2014 - 16:40:06

    Oieeeee LEITORA nova!! Posta mais por favor to curiosa!! Nao abandona nao por favor!!! Posta vai!! Bjoes!!

  • mariaeduardavondy Postado em 30/05/2014 - 15:20:42

    Oii! Sou leitora nova!por favor não abandona a web!Por favor!è uma das webs mais perfeitas q eu já li aq no site!por favor volta a postar!

  • samandra Postado em 08/03/2014 - 09:43:26

    Oi, posta mais :)

  • lolawho Postado em 24/02/2014 - 15:15:42

    POSTA MAIS!!! PLEASE...

  • taisa Postado em 03/02/2014 - 16:05:57

    Um MÊS SEM CAPÍTULO NOVO :/

  • taisa Postado em 22/01/2014 - 23:23:52

    QUERO POSTS...

  • lolawho Postado em 18/01/2014 - 19:18:39

    Por favor continua a web!!!! *---*

  • a_letiicia Postado em 03/01/2014 - 20:49:47

    Ahhh espero que você dê-nos esses capítulos enormes todos os dias, todos os dias! hahaha Porque é tão gostoso ir descendo, descendo e descendo o capítulo e ainda ter mais coisa pra ler hahahahahh na verdade é bom porque dá continuidade, não fica aquela história toda picada com meia dúzia de palavras por capítulos, interrompendo as coisas que tem que acontecer sabe? não sei explicar, mas é ótimo!!! hahaha Enfim, eu sabia!!!! Sabia que a timidez, a tristeza, e a inibição da Dulce eram culpa daquele bando de imbecis que ela tinha que conviver. Olha como ela está feliz nesse navio? Ela como ela está se divertindo, se soltando... Ela encontrou o seu lugar ali, perto das pessoas que a 'alta sociedade' provavelmente despreza. Claro que a Dulce tá se livrando pouco a pouco das 'máscaras', o cabelo grande com esses penteados horríveis, os óculos, as roupas enormes e pesadas, os sapatos antiquados... E isso é culpa do Christopher também, que a propósito já está louco por ela.

  • vemkgaabi Postado em 03/01/2014 - 11:37:36

    Por favor posta maaais estou amando a web *---*


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