Fanfic: Uma Escola de Charme - Adaptada Vondy | Tema: Vondy
- Você não fez isso.
- Não me deixou outra escolha. - Dulce retirou uma carta da bolsa e entregou-a a ele. - A sua recusa me levou a resolver o assunto por conta própria.
Quase furiosamente, Christopher rompeu o lacre de cera da carta. Posicionando o papel creme na direção da luz do lampião, começou a lê-lo.
Tentando não parecer nervosa, Dulce olhou ao redor. A cabine lembrava o escritório de um mercador e uma sala de estar em miniatura. Bancos ladeavam uma mesa comprida e, no centro, repousava uma bandeja com garrafas de cristal, decoradas com filetes prateados. Havia ali também uma pequena escrivaninha com alguns papéis e livros contábeis. Um baú de madeira maciça com uma grande fechadura de ar intimidante achava-se perto de um dos bancos estofados. Pelo vidro das escotilhas filtrava-se a claridade do dia.
Embora branda, a luz que se projetava sobre Christopher destacava-lhe a postura negligente, as roupas amarrotadas e o cenho que se franzia mais e mais a cada palavra que lia.
E mesmo de cenho franzido, Dulce não pôde deixar de notar que aquele era um homem incomum. Alguns até poderiam descrevê-lo como bonito no sentido clássico, as ondas dos cabelos negras quase gregas, as maçãs do rosto um tanto salientes e a fronte alta, de ar aristocrático. Estudando-o, ocorreu-lhe por um estranho momento de insensatez que a dama que estivera entretendo tivera toda a razão para se ressentir da interrupção.
- Então, você não sossegou enquanto não conseguiu convencer Arthur – declarou Christopher, flagrando-a a observá-lo. - Muito perspicaz.
- Não gosto das implicações por trás disso. Eu apenas apresentei o meu ponto de vista, e ele concordou. - Ela fez uma prece silenciosa para que o capitão jamais descobrisse que sua oferta incluíra espioná-lo. - O Sr. Herrera é um homem de negócios muito bem-sucedido, como você mesmo sabe. Ficou mais do que satisfeito em dar sua aprovação para que eu assuma esse cargo.
- E o que o filho dele acha disso, srta. Savinon? - Uma incontida crueldade evidenciava-se na voz de Christopher. - O que Poncho pensa sobre o assunto? Se é que é capaz de pensar, algo que não tenho certeza de que ele saiba fazer.
Pouco à vontade, Dulce desviou o olhar.
- Foi uma decisão de Arthur - disse, enfim. - Não faço a menor idéia do que Poncho possa pensar a respeito.
- E como você pode suportar ficar longe do galante Poncho por tanto tempo? Já pensou nisso?
Dulce apertou os lábios. Ninguém deveria saber a respeito de sua adoração secreta por Poncho. Ninguém. Como aquele homem rude, insolente, adivinhara?
Christopher amassou o papel da carta.
- Não aceito isto.
O primeiro instinto dela foi o de fugir. Não daquela vez, disse a mesma. Endireitou os ombros, reunindo sua coragem e determinação.
- Receio que você não tenha escolha.
Ele atirou o papel amassado num pequeno cesto ao lado da escrivaninha.
- Mesmo que seja a última coisa que eu faça, eu lhe provarei que não foi feita para a vida no mar, Srta. Savinon. - Adiantando-se até a porta, segurou-a aberta num galanteio zombeteiro. - Vá para a cama com esse pensamento hoje à noite.
Dulce não tinha orgulho de seus métodos de persuasão, e a reação do capitão Potter não fora exatamente a desejada, mas ela vencera.
Sentada no salão principal da mansão enquanto aguardava seus visitantes, fechou os olhos e lembrou-se do navio que em breve se tornaria seu lar pelos próximos seis meses. Mastros altos, velas leves como as próprias nuvens, o casco rodeado por ondas espumantes, era um mundo à parte, uma outra vida.
O Cisne de Prata. O próprio nome evocava imagens exóticas. Imaginou-se levada para um mundo diferente e fabuloso, deixando para trás aquele lugar onde sempre se sentira deslocada.
- Você parece satisfeita consigo mesma - disse a mãe dela, adiantando-se até o salão principal. - Posso supor que esteja realmente esperando receber visitas?
Dulce abriu os olhos, as imagens em sua mente desvanecendo-se como poeira num vento cortante.
- De fato, estou, mãe.
Sophia Savinon sacudiu o leque delicado diante do rosto.
- É uma mudança bem-vinda. Talvez eu também possa contar com você para comparecer à reunião de debates da Sra. Longbotton.
- Não, mãe. Depois da minha dissertação na última reunião, duvido que serei bem-vinda lá outra vez.
Como atividade social, as reuniões de debates eram razoavelmente concorridas. Os eruditos de Louisberg Square e Beacon Hill reuniam-se para trocar ideias, cultivar amizades e, às vezes, até flertar.
- E você se pergunta por quê? - indagou Sophia, na voz doses iguais de exasperação e afeição. - Não pode achar que o Dr. Longbotton estivesse de fato querendo que você argumentasse a respeito de sua teoria, sobre a natureza das emoções humanas.
- E como eu não poderia? Como é absurdo afirmar que as mulheres são irremediavelmente governadas por seus corações e jamais por suas mentes. As palestras do homem são destinadas a provocar polêmica.
- Mas você não deve provar que ele está errado.
- Se está, por que não provar isso? O criador de uma teoria deve ser capaz de defendê-la. O Dr. Longbotton simplesmente ficou aborrecido porque não pôde responder à minha argumentação.
- “Aborrecido” para dizer o mínimo. - Sophia endireitou uma prega no vestido preto de Dulce. - Suponho que a culpa seja minha por ter deixado você viver durante todos aqueles anos em Salem. A sua tia-avó falhou em incutir em você as lições mais fundamentais. Sim, uma mulher pode ser bem mais inteligente do que um homem. Mas se ousar demonstrar isso, ela se torna uma pária.
Dulce apertou a mão da mãe na sua.
- Então, estou destinada a ser uma pária. Não tenho discernimento para esse tipo de coisa. Como eu deveria saber que ele não estava à procura de um desafio?
Sophia abriu um sorriso irônico.
- Nenhum homem está, minha querida. Nenhum homem. - O sorriso alargou-se ao olhar na direção da porta. - Nem mesmo seu pai - murmurou, atravessando o salão para ir ao encontro do marido que acabara de entrar.
Dulce observou os pais com afeto. Ainda assim, ciente da distância que sempre existira entre os dois. Podia ver o respeito mútuo que tinham um pelo outro, podia sentir a afeição que partilhavam. Apenas não fazia ideia da natureza do amor de ambos. Havia paixão? Não sabia dizer. Para um observador externo, eram duas pessoas excessivamente bonitas, habilidosas no comércio e na arte da conversação, certas de seu lugar no mundo. Mas e quanto à paixão? Os dois a conheceriam? Importavam-se àquele respeito?
Thankful bateu discretamente à porta do salão.
- Os seus convidados chegaram.
Dulce sentiu a boca seca. O momento decisivo chegara. O momento que estivera esperando ansiosamente e, ao mesmo tempo, temendo. Precisava da bênção de seus pais naquela empreitada.
- Oh, que ótimo! - exclamou Sophia, ignorando por completo o verdadeiro propósito do encontro. Presumia que se tratava meramente de uma visita social. - Faça-os entrar.
Autor(a): chrisdul
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Como um raio de sol, Alexandra Uckermann entrou no salão. - Sr. e Sra. Savinon. Srta. Savinon. Que gentileza nos receberem sem termos tido a chance de avisá-los com mais antecedência. Christopher entrou um pouco depois da mãe, parecendo ainda mais atraente do que no dia anterior. Usava roupas de corte impecável, embora a faixa na cintura e ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 49
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carolinevondyzinha Postado em 15/04/2015 - 20:09:41
Meu deuses cadê vc posta +
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lalita_vondy Postado em 15/07/2014 - 16:40:06
Oieeeee LEITORA nova!! Posta mais por favor to curiosa!! Nao abandona nao por favor!!! Posta vai!! Bjoes!!
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mariaeduardavondy Postado em 30/05/2014 - 15:20:42
Oii! Sou leitora nova!por favor não abandona a web!Por favor!è uma das webs mais perfeitas q eu já li aq no site!por favor volta a postar!
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samandra Postado em 08/03/2014 - 09:43:26
Oi, posta mais :)
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lolawho Postado em 24/02/2014 - 15:15:42
POSTA MAIS!!! PLEASE...
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taisa Postado em 03/02/2014 - 16:05:57
Um MÊS SEM CAPÍTULO NOVO :/
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taisa Postado em 22/01/2014 - 23:23:52
QUERO POSTS...
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lolawho Postado em 18/01/2014 - 19:18:39
Por favor continua a web!!!! *---*
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a_letiicia Postado em 03/01/2014 - 20:49:47
Ahhh espero que você dê-nos esses capítulos enormes todos os dias, todos os dias! hahaha Porque é tão gostoso ir descendo, descendo e descendo o capítulo e ainda ter mais coisa pra ler hahahahahh na verdade é bom porque dá continuidade, não fica aquela história toda picada com meia dúzia de palavras por capítulos, interrompendo as coisas que tem que acontecer sabe? não sei explicar, mas é ótimo!!! hahaha Enfim, eu sabia!!!! Sabia que a timidez, a tristeza, e a inibição da Dulce eram culpa daquele bando de imbecis que ela tinha que conviver. Olha como ela está feliz nesse navio? Ela como ela está se divertindo, se soltando... Ela encontrou o seu lugar ali, perto das pessoas que a 'alta sociedade' provavelmente despreza. Claro que a Dulce tá se livrando pouco a pouco das 'máscaras', o cabelo grande com esses penteados horríveis, os óculos, as roupas enormes e pesadas, os sapatos antiquados... E isso é culpa do Christopher também, que a propósito já está louco por ela.
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vemkgaabi Postado em 03/01/2014 - 11:37:36
Por favor posta maaais estou amando a web *---*