Fanfics Brasil - 24 Uma Escola de Charme - Adaptada Vondy

Fanfic: Uma Escola de Charme - Adaptada Vondy | Tema: Vondy


Capítulo: 24

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Sabia que não deveria esperar nenhum tipo civilizado de boas-vindas ali. Aquele era um navio de carga, seu único propósito era fazer dinheiro. No convés principal, havia grande movimentação de marujos, carregadores, oficiais da alfândega e agentes. Que fantástico era tudo aquilo para ela, a carga que era conduzida ao interior do navio numa interminável parada, a agilidade dos marujos içando as velas, preparando-o para a viagem.

A simples ideia de todas aquelas mercadorias sendo enviadas para terras distantes cativava-a. Quando algo era levado a bordo, tal experiência mudava-o de alguma maneira, fundamental? Aquelas peças de tecido se transformariam, de algum modo, em algo vibrante, algo que seu criador nunca imaginara? Os blocos gigantes de gelo de Vermont, envoltos numa camada espessa e isolante de palha e aniagem, seriam usados para resfriar gêneros alimentícios que nenhum habitante de Vermont jamais sonharia em provar?

Ouviu passos por perto. Uma pilha de caixas avançou em sua direção. Pôde ver apenas as calças curtas e pés descalços do homem que as carregava nos braços. Quando a pilha oscilou precariamente, Dulce aproximou-se depressa e pousou a mão na caixa do alto, amparando-a.

- Cuidado - disse.

- Obrigado. - Uma cabeça espiou por detrás das caixas, mostrando um sorriso amistoso, de falhas nos dentes, e um rosto de origem africana - Eu não iria querer derrubar nosso jantar antes mesmo de termos zarpado. - acrescentou o homem, com um sotaque vagamente melódico.

Dulce olhou por cima das lentes dos óculos.

- As galinhas, você quer dizer - falou, um tanto acanhada.

- Sim. Algumas são poedeiras, outras irão para a panela. 

Mantendo a mão nas caixas, Dulce caminhou pelo convés junto com o pequeno homem africano.

- Você deve ser o cozinheiro, então.

- Sim. Sou Samuel Liotta, da Jamaica, mas todos me chamam de Doutor. Você deve ser a nossa nova passageira.

- Estarei trabalhando como a intérprete do capitão Uckermann. Meu nome é Dulce Maria Savinon.

- Bem-vinda a bordo, senhorita - disse o cozinheiro alegremente.

Ela o ajudou a colocar as caixas no chão. Olhando para o cercado dos animais, viu uma cabra e um porco.

- Matilda e o porco é como os chamo. Uma para dar leite, o outro, carne. - Ele passou as mãos empoeiradas pelo avental de lona. - Venha comigo. Já é tempo de conhecer os outros membros da tripulação.

O cozinheiro havia, por alguma razão, decidido dar-lhe uma simpática acolhida. Com melhores maneiras do que ela esperara de um marujo, apresentou-a a seus companheiros de tripulação.

Ralph ocupava o posto de primeiro imediato, o que o colocava no comando de praticamente tudo depois do capitão. Quando passou por ela, não teve tempo para conversar, mas abriu um sorriso cordial o bastante. Dulce notou uma certa resignação triste em seus olhos.

William, o segundo imediato, falava com um sotaque londrino e usava um facão numa bainha presa à cintura. Chips, o carpinteiro, era bastante alto e magro; Luigi, o italiano que fazia as velas, tinha constituição pequena, olhos alegres e um imenso bigode preto. Gerald, o contramestre com braços tatuados e argola de ouro na orelha, cumprimentou-a rapidamente e, em seguida, apressou-se a ajudar Timothy a desembaraçar um trecho do cordame.

Dulce carregou sua valise de tapeçaria para o alojamento que lhe foi designado. Ali, passaria a sua última noite em Boston e, pela manhã, partiriam com a maré.

De acordo com o Doutor, o Cisne de Prata, era uma embarcação incomum. Projetado de maneira a precisar de menos velas e, portanto, de menor tripulação, fora construído para um capitão do mar que insistira em viajar com sua esposa e quatro filhos. Aquilo explicava o espaço e o conforto da cabine do capitão e o tamanho reduzido das duas outras cabines que a ladeavam, que outrora haviam abrigado as crianças. Ale Uckermann e sua criada pessoal iriam ocupar uma daquelas cabines, e Dulce, a outra.

Ela encontrou uma cama simples, curta demais para sua estatura, uma única escotilha para deixar entrar a claridade do dia e um aparador, com bacia de rosto, jarro para água e um vaso logo abaixo. A cabine tinha o ar austero de uma cela de monge, e deu-se conta de que gostava de tal sensação.

Ale e Fayette saudaram-na efusivamente quando chegaram. Dulce as acompanhou até a outra cabine, que era maior que a sua, com duas camas e cadeiras abaixo da escotilha.

- Você está entusiasmada? - perguntou-lhe Ale, ajudando a criada a lidar com uma fechadura teimosa num baú.

- Eu mal consegui dormir na noite passada - confessou Dulce.

- É um tanto assustador, não é?

- É bastante assustador - declarou Fayette, lançando um olhar inquieto na direção da porta. - Na única vez em que fui a algum lugar com o Sr. Uckermann no comando foi a uma pescaria. Acabamos no meio da baia Mockjack numa canoa, ele não fazia ideia de como voltar!

Ale encontrou o olhar de Dulce.

- Creio que Christopher tinha nove anos de idade na época.

- Ele e aquele Dino. Os dois sempre se metendo em problemas. - Fayette sacudiu a cabeça e começou a encher de roupas uma gaveta comprida debaixo da cama.

Ale abriu um sorriso saudoso.

- Ele sempre foi um menino decidido.

- Você o mimou demais, e não há dúvida - resmungou Fayette.

- Suponho que sim. O pai dava tão pouca atenção a ele. Eu fui a segunda esposa de Vitor - explicou Ale a Dulce. - Com a primeira, ele tivera Simas, e era quase como se Christopher lhe passasse despercebido. Vitor me usava como um ornamento em seu braço, mas não tinha a menor ideia do que fazer com um menino como Christopher. - Mordeu o lábio inferior. - Não devo falar mal dos mortos.

Fayette soltou um riso.

- Querida, você não disse nada que todos nós lá não soubéssemos. - Lançou um olhar a Dulce. - Tenha cuidado com o homem que valoriza você pelo seu rosto bonito.

- Não é uma preocupação que eu precise ter - respondeu ela, sardônica, empurrando os óculos até o alto do nariz. - E, com certeza, o amor cresce com a familiaridade.

- Você é tão jovem, minha querida - comentou Ale. - Tão jovem quanto eu era enquanto estava criando Christopher. Ele cresceu livre e solto, e receio ter-lhe atendido cada vontade, tentando compensar a falta de atenção do pai. Christopher era impulsivo e carismático e sabia como conseguir o que queria de todo mundo, exceto do pai.

- Sempre houve um vazio na vida daquele menino - disse Fayette. - Mas não cabe a você preenchê-lo. Deixe seu filho encontrar o próprio caminho.

Dulce sentiu certo desconforto. As pessoas de sua família nunca falavam de assuntos tão íntimos, em especial não com os criados.



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Autor(a): chrisdul

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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- Acho que vou subir até o convés - falou a ambas. - Não quero perder nada. - Deixando a cabine, voltou ao convés principal, encontrando um canto junto a uma escada onde pareceu estar fora do caminho. Christopher estava na cabine de comando com um agente portuário. Podia ouvi-los conversando no alto, mas não distinguir as palavras. ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 49



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  • carolinevondyzinha Postado em 15/04/2015 - 20:09:41

    Meu deuses cadê vc posta +

  • lalita_vondy Postado em 15/07/2014 - 16:40:06

    Oieeeee LEITORA nova!! Posta mais por favor to curiosa!! Nao abandona nao por favor!!! Posta vai!! Bjoes!!

  • mariaeduardavondy Postado em 30/05/2014 - 15:20:42

    Oii! Sou leitora nova!por favor não abandona a web!Por favor!è uma das webs mais perfeitas q eu já li aq no site!por favor volta a postar!

  • samandra Postado em 08/03/2014 - 09:43:26

    Oi, posta mais :)

  • lolawho Postado em 24/02/2014 - 15:15:42

    POSTA MAIS!!! PLEASE...

  • taisa Postado em 03/02/2014 - 16:05:57

    Um MÊS SEM CAPÍTULO NOVO :/

  • taisa Postado em 22/01/2014 - 23:23:52

    QUERO POSTS...

  • lolawho Postado em 18/01/2014 - 19:18:39

    Por favor continua a web!!!! *---*

  • a_letiicia Postado em 03/01/2014 - 20:49:47

    Ahhh espero que você dê-nos esses capítulos enormes todos os dias, todos os dias! hahaha Porque é tão gostoso ir descendo, descendo e descendo o capítulo e ainda ter mais coisa pra ler hahahahahh na verdade é bom porque dá continuidade, não fica aquela história toda picada com meia dúzia de palavras por capítulos, interrompendo as coisas que tem que acontecer sabe? não sei explicar, mas é ótimo!!! hahaha Enfim, eu sabia!!!! Sabia que a timidez, a tristeza, e a inibição da Dulce eram culpa daquele bando de imbecis que ela tinha que conviver. Olha como ela está feliz nesse navio? Ela como ela está se divertindo, se soltando... Ela encontrou o seu lugar ali, perto das pessoas que a 'alta sociedade' provavelmente despreza. Claro que a Dulce tá se livrando pouco a pouco das 'máscaras', o cabelo grande com esses penteados horríveis, os óculos, as roupas enormes e pesadas, os sapatos antiquados... E isso é culpa do Christopher também, que a propósito já está louco por ela.

  • vemkgaabi Postado em 03/01/2014 - 11:37:36

    Por favor posta maaais estou amando a web *---*


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