Fanfic: Uma Escola de Charme - Adaptada Vondy | Tema: Vondy
Ela era tão insegura, tão vulnerável. Aquela era a oportunidade perfeita para Christopher extravasar sua raiva, para dizer-lhe que era totalmente inadequada para seus deveres e mandá-la deixar o navio. Dulce não argumentaria de maneira alguma agora.
Mas estudou-lhe a maneira como baixara a cabeça, como deixara os ombros caldos com um ar derrotado. Lembrou-se dela no jardim naquele dia, urna erva daninha obscura entre as flores resplandecentes de Beacon Hill, a solteirona com uma adoração secreta por um herdeiro que, apesar de desprovido de inteligência, devia ser cobiçado por boa parte das jovens da sociedade. Ele deu-se conta de que, com uma palavra, poderia esmagar Dulce.
- Tente erguer a barra das saias para afastá-las de seu caminho - sugeriu, um tanto brusco. - E, a partir de amanhã, use menos anáguas. Ah, e não se esqueça de afrouxar essa couraça.
- Como disse?
- A couraça. Esse maldito espartilho.
Vendo-a continuar a subir, Christopher manteve-se alerta, pronto a ampará-la outra vez caso tornasse a cair. Mas não foi o caso. Quando ambos saíram para o convés, uma noite clara e brilhante saudou-os. A agradável brisa marítima soprou-lhes suavemente no rosto.
- Tudo está pronto para zarparmos amanhã - disse o corpulento Gerald Craven, a cabeça calva reluzindo sob as estrelas enquanto se aproximava da escada que conduzia ao refeitório. - Eu resolvi o problema de acondicionamento da carga.
- Excelente, Sr. Craven.
- Pelo que sei, carga e lastro mal distribuídos podem causar um problema de estabilidade no navio - comentou Dulce depois que o contramestre desceu do convés.
Christopher estava surpreso que ela soubesse algo sequer a respeito de lastro.
- Andou lendo outra vez.
- Charles Dana. Ele explica por que é tão perigoso deixar a carga mal armazenada. Em mares revoltos, qualquer coisa deixada no convés pode se soltar e danificar o navio ou machucar alguém da tripulação. No porão, a carga solta, deslizando de lá para cá, pode desequilibrá-lo.
Quando Dulce falava sobre coisas que lia nos livros, libertava-se de parte de sua timidez. Enquanto ela se segurava na amurada, Christopher pôde notar-lhe a força das mãos sobre a madeira envernizada, a linha reta dos ombros enquanto olhava para o porto escuro. Era evidente que queria fazer aquela viagem, desesperadamente. Não era preciso perguntar a razão. Ele sabia. Bastava pensar nos pais e irmãos de Dulce e na maneira como a família Savinon se portava para saber.
Só gostaria que ela tivesse arranjado outro navio para escapar de sua atual realidade.
Dulce baixou os óculos pelo nariz e ergueu o olhar para o céu.
- Adoro as constelações no outono - disse. - Será que é o frio que as deixa tão claras?
- Talvez. – Ele estudou-a - Por que você usa óculos se sempre precisa olhar por cima deles para enxergar? - perguntou Christopher, sem se importar com sua impertinência.
- Minha mãe temeu que minha vista tivesse enfraquecido de tanto eu ler e, portanto, insistiu para que eu os usasse. Para ser franca, acho que enxergo melhor sem os óculos.
Ele mordeu a língua para evitar dizer algo ofensivo a respeito da mãe dela.
- Só estamos à espera da maré - comentou, mudando de assunto.
- Pensei que os homens nunca fossem terminar de trazer a carga. Acho que eu nunca tinha visto tanto gelo.
- Ouro branco. O nosso êxito depende de conseguirmos levá-lo rapidamente ao porto do Rio. Se o consignatório ficar satisfeito e eu negociar uma boa carga para trazer de volta, a viagem inteira deverá deixar o Sr. Herrera satisfeito.
- Estou curiosa. - Dulce virou-se para fitá-lo. - Você me parece tão ambicioso, tão determinado a ganhar uma fortuna nesta empreitada.
- Com certeza, isso não fere a sua sensibilidade ianque - retrucou ele. Aquela viagem, no que lhe dizia respeito, tinha razões muito mais complicadas, mas sabia exatamente o que faria com seus ganhos.
- Céus, não. Mas você tem que admitir que é incomum para um cavalheiro sulista tornar-se um capitão de navio ianque.
Christopher ainda estava aborrecido com a maneira como ela conseguira um lugar no navio, mas, ao mesmo tempo, igualmente curioso.
- Permite-me dizer-lhe algo bastante pessoal?
- Posso impedi-lo?
- Não.
- Então, prossiga.
- Srta. Savinon, acho que ambos somos a ovelha negra de nossas famílias. Eu, porque me recuso a erguer minha fortuna nas costas dos escravos, e você porque... - Droga. Acabara colocando a si mesmo numa situação delicada agora.
- Porque sou a solteirona feia numa família de pessoas bonitas e sociáveis - completou ela. - Está totalmente certo, capitão Uckermann - acrescentou, começando a se afastar.
Ele segurou-lhe o braço.
- Não coloque palavras nos meus lábios. Não foi o que eu quis dizer.
Dulce observou-lhe a mão em seu braço por tanto tempo que o deixou pouco à vontade e o fez soltá-lo.
- Entendo. E o que quis dizer, afinal?
- Simplesmente que... maldição. Você é sempre assim tão sensível?
- Sim. É um dos meus grandes defeitos. - Dulce olhou na direção da proa. Podiam avistar as silhuetas de Dino e Fayette perto da ponte de comando, as cabeças inclinadas, parecendo absortos em sua conversa.
- Estão falando de casa – explicou Christopher. - Fayette pode lhe dizer coisas que ninguém mais teria como saber.
- Por que ele quer ouvir noticias do lugar onde estava em regime de escravidão?
Christopher hesitou e, então, concluiu que não haveria nenhum mal em lhe contar.
- Porque Dino deixou parte de si para trás.
- O que quer dizer?
- Sua esposa e filhas. Elas pertencem aos nossos vizinhos, os Beaumont.
Ela arregalou os olhos, parecendo perplexa e consternada.
- Céus - murmurou. - Então, a liberdade para ele é o exílio.
- Foi uma decisão difícil de tomar. - Christopher lembrou-se de como ficara insone noite após noite, angustiado enquanto o dia de sua partida para Harvard fora se aproximando. - Se eu lhe desse a liberdade, ele nunca mais poderia ver sua família novamente. Mas se permanecesse um escravo, viveria como a sombra de um homem, preso a mim pelo resto de seus dias e seus filhos depois dele.
Dulce desmanchou-se em lágrimas. Desconcertado, Christopher meteu a mão no bolso e encontrou um lenço limpo.
- Pelo que vejo, você tem sentimentos fortes em relação à questão da escravidão, não é?
- É exatamente isso. Eu achei que tivesse, mas até este momento eu nunca havia entendido de verdade o que significa. Você tomou a decisão certa. - Ela enxugou as lágrimas e amarrotou o lenço na mão. - Eu o lavarei para você - prometeu.
Ele quase sorriu, mas conteve-se. Não precisava da aprovação de ninguém, muito menos da admiração daquela empertigada mulher de Boston. Viviam em mundos completamente diferentes. Era apenas a proximidade da vida a bordo, causada pelas circunstâncias, que dava a ilusão de intimidade.
- Acho melhor eu me recolher à cabine - disse Dulce. - Sei que não conseguirei dormir, mas prometi a mim mesma que tentaria.
Afastou-se, caminhando na direção da escada. Os pés, confinados às pequenas botas de saltos, moviam-se, incertos, pelo convés. As botas, decidiu Christopher, teriam que ser eliminadas. Assim como o traje de matrona de Beacon Hill. As volumosas saias pretas e anáguas, o rígido espartilho; enfim, todos os apetrechos do conservadorismo não se ajustavam a um navio mercante. O cabelo dela era um problema também, uma vez que insistia em prendê-lo em parte no alto da cabeça, deixando soltos aqueles incômodos e grossos cachos na frente. Portanto, o cabelo teria que mudar também, decidiu, junto com o vestido e as botas.
Abriu um sorriso diante da imagem que evocou. Fazer com que a sisuda Srta. Savinon andasse pelo convés feito um marujo descalço seria um grande desafio, sem dúvida.
Christopher Uckermann sempre gostara de um desafio.
Gente, desculpa a demora em postar é que aconteceram muitos imprevistos nesses dias e acabou que em deu tempo, espero conseguir postar mais regularmente.
bjs, obrigada pelos coments, love u`
Autor(a): chrisdul
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
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Capitulo VIII – Ação Impulsiva Vocês sabem com que freqüência temos ansiado por uma viagem marítima, como a realização de todos os nossos sonhos de poesia e romance, a compreensão de nossos mais altos conceitos de existência alegre, Livre... Deixe-me assegurar-lhes, meus caros, que ir para o mar nã ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 49
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carolinevondyzinha Postado em 15/04/2015 - 20:09:41
Meu deuses cadê vc posta +
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lalita_vondy Postado em 15/07/2014 - 16:40:06
Oieeeee LEITORA nova!! Posta mais por favor to curiosa!! Nao abandona nao por favor!!! Posta vai!! Bjoes!!
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mariaeduardavondy Postado em 30/05/2014 - 15:20:42
Oii! Sou leitora nova!por favor não abandona a web!Por favor!è uma das webs mais perfeitas q eu já li aq no site!por favor volta a postar!
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samandra Postado em 08/03/2014 - 09:43:26
Oi, posta mais :)
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lolawho Postado em 24/02/2014 - 15:15:42
POSTA MAIS!!! PLEASE...
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taisa Postado em 03/02/2014 - 16:05:57
Um MÊS SEM CAPÍTULO NOVO :/
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taisa Postado em 22/01/2014 - 23:23:52
QUERO POSTS...
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lolawho Postado em 18/01/2014 - 19:18:39
Por favor continua a web!!!! *---*
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a_letiicia Postado em 03/01/2014 - 20:49:47
Ahhh espero que você dê-nos esses capítulos enormes todos os dias, todos os dias! hahaha Porque é tão gostoso ir descendo, descendo e descendo o capítulo e ainda ter mais coisa pra ler hahahahahh na verdade é bom porque dá continuidade, não fica aquela história toda picada com meia dúzia de palavras por capítulos, interrompendo as coisas que tem que acontecer sabe? não sei explicar, mas é ótimo!!! hahaha Enfim, eu sabia!!!! Sabia que a timidez, a tristeza, e a inibição da Dulce eram culpa daquele bando de imbecis que ela tinha que conviver. Olha como ela está feliz nesse navio? Ela como ela está se divertindo, se soltando... Ela encontrou o seu lugar ali, perto das pessoas que a 'alta sociedade' provavelmente despreza. Claro que a Dulce tá se livrando pouco a pouco das 'máscaras', o cabelo grande com esses penteados horríveis, os óculos, as roupas enormes e pesadas, os sapatos antiquados... E isso é culpa do Christopher também, que a propósito já está louco por ela.
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vemkgaabi Postado em 03/01/2014 - 11:37:36
Por favor posta maaais estou amando a web *---*