Fanfics Brasil - 35 Uma Escola de Charme - Adaptada Vondy

Fanfic: Uma Escola de Charme - Adaptada Vondy | Tema: Vondy


Capítulo: 35

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Capítulo XII – Rio de Janeiro


Um navio esplêndido para uma viagem pelo oceano
Era aquele baleeiro
Nenhuma tempestade abalava sua tripulação Ou preocupava o capitão.
O homem detrás do timão havia sido ensinado a sentir Desprezo pela ventania mais forte.
E sempre parecia, quando o tempo clareava,
Que ele estivera em sua cama, abaixo.



Charles Edward Carryl,
Davi e o Duende: Uma Balada Náutica


O desastre se sucedeu de maneira tão rápida e completa que houve, Christopher admitiu, uma certa poesia em sua magnificência. Sentira o ar ameaçador e opressivo quando ele e Dulce tinham estado no alto do cordame. Embora tivesse concentrado sua atenção nela a um grau alarmante e surpreendente, uma parte prática de si vira o poder da iminente tempestade.

O observador inexperiente talvez tivesse notado as nuvens carregadas. Um marujo otimista poderia ter ficado mais tranquilo com a proximidade do Rio de Janeiro e achado que talvez alcançassem um porto seguro antes que a violenta tempestade desabasse.

Christopher sabia que não aconteceria exatamente daquela maneira. O aspecto daquelas nuvens prometia chuva torrencial e ventania. Ocultara sua reação de Dulce e de sua mãe, mas no momento em que se vira a sós chamara seus homens e lhes dera instruções para prepararem o navio, protegendo-o da tempestade.

A fúria dos elementos se veria dentro da hora seguinte, rajadas intensas de vento e águas agitadas, com formações de ondas originando-se de uma parte mais distante do Atlântico. A primeira atingiu o navio com tanta força que as tábuas reverberaram, as vibrações subindo praticamente até as pernas dos que se achavam no convés principal. O vento atingia as vergas e cordame como se fosse um músico sofrível tentando tocar um instrumento de corda.

Christopher e Izard encontraram-se na sala de navegação. Os olhos do primeiro imediato diziam o que não pôs em palavras, a sorte de principiante do capitão terminara. Ali estava a tempestade que colocaria à prova sua verdadeira habilidade como navegador.

- Iremos levantar o navio e torná-lo mais veloz - disse ele.

Izard não argumentou. Apenas meneou a cabeça em assentimento. Uma escotilha aberta deixou entrar uma rajada de vento que arrancou os mapas de navegação da mesa. Sem dizer nada, o primeiro imediato recolheu-os e acendeu o lampião que pendia da parede.

Enquanto o navio balançava, Christopher viu Dino entrando na cabine de navegação.

- Vá verificar como estão as mulheres - pediu-lhe. - Diga-lhes para permanecerem em suas cabines.

Embora grande temor o dominasse, não pôde negar o entusiasmo que também o percorria. Não deveria gostar daquilo, mas que os céus o ajudassem, gostava. Desejava o mar como desejava o corpo de uma mulher. O mar era sua amante, tinha o poder de curar, acalentar, amar, torturar ou destruir a seu bel-prazer. Como uma mulher, o mar era imprevisível, misterioso, impossível de decifrar a partir do que se via na superfície, um homem tinha que ir a fundo e explorar.

- Levantem-no - ordenou. - Levantem-no e depois abaixem-no.

Os homens não precisaram ouvir a ordem duas vezes. As pesadas âncoras auxiliares não demoraram a ser içadas e, depois, baixadas bruscamente.

Ondas ameaçadoras elevavam-se mais e mais, e o Cisne subia indefeso, num pico espumante, para, em seguida, mergulhar com impressionante rapidez. Christopher ficou na cabine de navegação, estando agora com o segundo imediato, ambos emudecidos pela fúria da tempestade.

- Seremos tragados pelas ondas - previu Click.

- Instruí Craven e Pole a acionarem as bombas.

- Talvez não seja o bastante. E estaremos perdidos, sem dúvida! - respondeu Click, alarmado. - Talvez tenhamos até que atirar carga ao mar!

Uma opressiva sensação de derrota tomou conta de Christopher. Céus, não a carga. A tempestade evoluíra a ponto terrível, com os mares revoltos e as nuvens implacáveis quase se confundindo num único caos cinzento. Respirando fundo, continuou esbravejando ordens para que a tripulação tentasse manter a embarcação sob controle.

No fundo, sabia que seriam necessários mais homens do que os que tinha para conseguirem fazer com que o navio sobrevivesse àquela tempestade. Recusava-se a pensar em desastre, ou em sua vergonha se fracassasse. Timothy Datty aproximou-se correndo, o vento soprando com violência nas roupas que lhe cobriam o corpo magro.

- Alguns cabos se soltaram, capitão. A culpa foi minha. Acho que não amarrei direito as cordas.

- Pode consertá-los?

- Sim, senhor! - gritou o garoto.

- Vá em frente, então. - Christopher lutava com o leme e Timothv subiu pelo cordame, alcançando as velas mais altas, onde fez o reparo. Luigi controlou-as, e o navio ganhou velocidade com o vento, subindo e descendo com as ondas, em nenhum curso estabelecido exceto o determinado pela impiedosa tempestade.

Datty estava prestes a descer, equilibrando-se precariamente numa verga. Naquele momento, uma onda gigantesca atingiu o navio, a enxurrada de água tão violenta que Christopher sentiu que começava a se afogar enquanto o mar o encobria. Instintivamente, segurou-se ao cabo da barra do leme, entreabrindo os olhos, mas não vendo nada exceto água turva à sua volta.

Estava submerso. Talvez o navio tivesse virado. Seus pulmões estavam sufocados e quando se viu prestes a sucumbir à vontade de se soltar, a água se afastou para os lados como o mar Vermelho diante de Moisés.

Inundando os pulmões de ar, deu-se conta de duas coisas. Timothy Datty escorregara da verga alta e em desafio às suas ordens, Dulce Savinon aparecera no convés.

Relâmpagos rasgavam o céu perto do navio. Christopher praguejou por entre os dentes, correndo pelo convés, tentando centralizar-se abaixo de Datty. O garoto pendia da extremidade da verga, agarrado a um cabo. O corpo magro balançava feito o badalo de um sino, para frente e para trás com os movimentos bruscos do navio.

Christopher não parou para pensar. Apanhou um pedaço de corda e começou a subir. Enquanto avançava pelo cordame, viu Dulce intervindo feito um marujo experiente, ajudando Izard a controlar o leme e correndo riscos físicos, deixando de lado a cautela, desobedecendo suas ordens.

Não teve tempo de ficar zangado com ela. A tempestade atingiu-o em cheio, fazendo-o sentir-se como presa de um lobo que o sacudisse entre as presas, tentando quebrar-lhe o pescoço. Segurou-se com firmeza, o olhar nunca se afastando de Timothy. A qualquer momento o garoto poderia se soltar, poderia cair nas ondas imensas para nunca mais ser encontrado.

Não o deixarei cair. Christopher selou a promessa em seu coração enquanto subia. Apoiando os pés no cordame abaixo da verga onde o garoto estava dependurado, atirou a corda. Por várias vezes, o vento a desviou. A ponta da corda passava depressa demais. Era impossível apanhá-la. O rosto de Timothy, atingido pela água da chuva e a espuma, estava pálido feito cera.

Revirou os olhos, os lábios movendo-se em preces aflitas. Christopher sentiu que o perdia. Gritou-lhe em encorajamento, disse-lhe que continuasse se segurando, mas o vento roubava suas palavras.

Desconfiava que Timothy não ouviria, de qualquer modo. Podia ver as mãos delgadas congelando em torno do cabo preso à extremidade da verga. O garoto estava enfraquecendo. Caso soltasse uma mão para apanhar a corda, cairia, com certeza.

- Aqui - disse uma voz perto de Christopher, praticamente ao seu ouvido.

Incrédulo, olhou através do cordame e viu Dulce, passando-lhe a ponta de outra corda.

- Passe a corda pela verga, vá balançando por ela e agarre-o.

Era uma ideia insana. Datty estava dependurado longe demais junto ao final da verga para que o alcançasse. Mas se Christopher fizesse o que ela lhe dissera, se balançasse pela verga quando o navio estivesse em posição favorável, talvez conseguisse segurar o garoto.

- Você quer ver a nós dois morrendo, não é? - gritou, mas, ainda enquanto falava, apanhou a corda e passou-a pela verga acima.

No convés abaixo, Ralph e Dino seguravam a outra ponta da corda para baixá-los depois que ele tivesse puxado Timothy para a segurança. Era tudo o que se permitiria pensar. Qualquer outra coisa e acabaria dissuadindo a si mesmo da ideia.

Observou as ondas e esperou até que o navio tombasse na direção em que Timothy estava. Então, lançando um último olhar a Dulce, que tinha o rosto molhado, os cabelos emplastrados, os olhos cheios de terror, ele tirou os pés do cordame abaixo.

A sensação de estar dependurado foi, pelo mais breve momento, carregada de uma euforia que não esperara.

No instante seguinte, não sentiu nada. O mar se elevou. Calculara mal a distância. Não iria conseguir alcançar Timothy. Talvez até acabasse empurrando-o irremediavelmente para longe do alcance.

- Outra vez! - gritou Dulce. - Você tem que tentar outra vez!

Ele tomou impulso e balançou para a frente, segurando-se à corda e, um segundo depois, Timothy estava dependurado bem à sua frente.

Christopher viu seu próprio braço como se fosse o de um estranho. Viu-o estender-se, dobrar-se em torno de Timothy, envolvendo-o. Ouviu o som dos pulmões se esvaziando e não soube dizer se fora ele ou o garoto o emitira.

Suas pernas e peito ardiam enquanto, com um tranco, ele deslizou com a corda e Dino e Ralph baixaram-nos em segurança até o convés. Timothy esticou-se no chão de tábuas, flexionando as mãos e estremecendo.

Tão ágil quanto qualquer marujo, Dulce desceu do cordame. Christopher arrastou-a até uma escada que conduzia do convés e a fez descer rapidamente, furioso demais para falar.

Então, preparou-se para enfrentar o que ainda estaria por vir. Até aquele dia, o mar sempre fora como um velho amigo. Agora, ele estava tendo o troco por sua arrogância e sabia muito bem que o merecia. Era um homem irresponsável, às vezes até cruel por causa daquilo. Mal tendo parado para pensar nas consequências, tirara Dino de sua família, oferecendo-lhe pouco mais do que a intenção de voltar a reuni-los. Mentira descaradamente para ganhar o comando do Cisne Prata. Agora, todos morreriam por sua causa.

Imaginava que a tempestade destruiria a tudo, navio, carga, tripulação e a ele próprio. Mas, em vez daquilo, tão rapidamente quanto começara, a tempestade afastou-se para nordeste, deixando ondas altas e um céu escuro com sua passagem.

Christopher permaneceu com Dino no convés.

- Terminou.

- Nós sobrevivemos - disse o amigo. 

- Melhor do que isso - Izard apontou para o mar, reunindo-se a ambos junto à amurada. Começou a rir em puro contentamento. - Verifiquei as leituras. Estamos a menos de dez milhas do Rio de Janeiro.

Dulce estava sentada no refeitório, um cobertor rústico verde em torno dos ombros e uma caneca de chá morno entre as mãos. Abalado e cauteloso, o Doutor concordara em acender brevemente o fogo para aquecer água para um chá. Ela sorveu um gole, olhando por sobre a caneca para Timothy Datty. Alguém vestira-o com roupas secas. Agora, dormia profundamente num banco comprido junto à parede.

Parecia exausto depois de sua tribulação e extremamente jovem. Aninhado a seu lado, dormia o gato do navio. Deixando a caneca sobre a mesa, Dulce levantou-se e cobriu o garoto com o cobertor verde. Algum impulso impeliu-a a afastar-lhe os cabelos molhados da fronte pálida com gentileza. Naquele momento, soube que o menino era-lhe muito mais do que um mero companheiro de tripulação. Céus, quase o haviam perdido.

- Vá colocar roupas secas - disse-lhe uma voz junto à porta. - Não quero que apanhe uma friagem.

Despertada abruptamente do instante sentimental, virou-se de cenho franzido para Christopher.

- Não estou com frio. Estamos nos trópicos, lembra-se? 

Ele sacudiu a cabeça, os cabelos respingando na camisa e calça secas que agora usava. Adiantou-se pelo refeitório, parando diante dela, mantendo-se tão próximo que era fácil sentir o calor irradiando-se de seu corpo. Dulce tentou recuar, mas viu que sua passagem estava bloqueada pela mesa.

- Muito bem - comentou ele, dando de ombros. - Esse seu vestido encharcado nos dá a todos uma visão interessante de suas roupas de baixo, se não se incomoda em nos entreter desse jeito.

Dulce cruzou os braços de maneira protetora sobre o peito.

- Somente alguém como você consideraria uma tempestade no mar como fonte de entretenimento.

- Alguém como eu - repetiu Christopher, correndo o polegar pela parte interna do braço dela, até que sua mão foi afastada. - E exatamente como é que eu sou?

- Como o próprio demônio - explodiu Dulce.

- Não me diga. - Ele tocou-lhe o outro braço para que também o descruzasse. - Já fui chamado de muitas coisas, mas não de demônio. 

Ela sabia que devia achar aquela proximidade e o atrevimento do toque dele ofensivos, mas dava-se conta de que não era o caso. Por alguma razão, o movimento persistente e gentil do dedo em sua pele acalmava-a, embora lhe tornasse difícil pensar.

- Na verdade, eu diria que você tem uma grande capacidade para o bem. Ainda assim, usa o seu poder para me provocar e atormentar.

- É o que isto representa para você? - perguntou Christopher, com um riso deliciado. - Uma provocação? Um tormento?

- Por que acha tão engraçado? - retrucou Dulce, começando a sentir a cabeça aérea, o corpo estranho.

- Porque eu vim até aqui para agradecer-lhe por sua ajuda durante a tempestade e você interpretou mal as minhas intenções.

Dulce descobriu-se olhando fixamente para os lábios dele. Christopher era tão mais alto do que ela que seus olhos pousavam diretamente naqueles lábios másculos e sensuais. Sim, eram lábios de um formato perfeito e sorriam com bastante frequência.

- Sendo assim, disponha. Mas não precisava me agradecer.

Ele tocou-lhe o queixo com gentileza, erguendo-o de leve até que seus olhos se encontrassem.

- Sim. Na verdade, você merece muito mais um...

Como por vontade própria, os olhos dela pareceram querer se fechar. E seus lábios, seus lábios ansiaram por...

- Mereço o quê? - perguntou, num sussurro que mal se ouviu acima do som da tempestade que se dissipava.

Christopher se aproximou ainda mais. Ela sentiu que se inclinava para a frente, mas, de repente, praguejando baixinho por entre os dentes, ele deu um passo atrás.

- Você merece muito mais um sermão sobre segurança. Eu lhe dei ordens para que permanecesse na cabine, mas desobedeceu-as deliberadamente.

Mortificada pela sensação de intimidade proibida que a envolvera apenas momentos antes, Dulce adiantou-se depressa na direção da porta.

- Não ouvi nenhuma reclamação quando você estava no alto daquelas vergas - retrucou.

- Então, não se esqueça de mencionar isso em seu relatório ao Sr. Herrera. - Os insolentes olhos verdes fixaram-se na frente do vestido dela. Christopher estava tentando intimidá-la, pensou Dulce. E, enquanto se apressava em deixar o refeitório, admitiu a si mesma que estava conseguindo.


Eles foram obrigados a permanecer longe da costa até que o mar agitado voltasse ao normal. Christopher usou o tempo livre para se preparar para a entrada grandiosa no Rio de Janeiro.

Em sua viagem anterior ao Caribe, aprendera que, num porto, aparências eram tudo. Ele representava os interesses do navio diante das autoridades portuárias, agentes e consignatórios. Para conseguir os melhores preços para sua carga, um capitão tinha que parecer próspero e distinto da cabeça aos pés. Felizmente, o Cisne Prata era uma embarcação de boa aparência, a tripulação eficiente, além de discreta quando a ocasião pedia. A tempestade causara poucas avarias. O navio pareceria de fato um cisne majestoso quando flutuasse até o porto. Christopher manteve a tripulação ocupada esfregando o convés, polindo as partes de latão, ajeitando os cabos e verificando se as velas estavam em ordem. Até as mulheres ajudaram, sua mãe esvaziando o baú das roupas de cama, enquanto Fayette as pendurava ao sol num varal improvisado no convés. Dulce fez reparos no cercado das galinhas, que ficara um tanto danificado com a tempestade e, então, para divertimento da tripulação, escovou meticulosamente o pelo da cabra.

Christopher tentava descobrir o que havia nela que o fascinava e enfurecia tanto. Sempre pareciam estar desafiando um ao outro da maneira errada, mesmo quando a situação começava agradável o bastante. Num momento, estavam rindo de um gracejo partilhado; no momento seguinte, discutiam um com o outro pelo mais banal dos assuntos. E, às vezes, de todas as tolices a fazer, ele se descobria levando-a para um canto qualquer para conversarem, mas ficava se perguntando que segredos ela escondia por baixo de seus vestidos volumosos.

Sempre se orgulhara de sua habilidade em entender as mulheres. Achava que sabia o que elas queriam, o que precisavam, o que esperavam. E, até que conhecera Dulce, fora capaz de prover tudo aquilo com bastante regularidade.

Mas ela, aquela mulher inteligente, interessante e enigmática, não parecia atraída por nenhuma das costumeiras frivolidades. Não se importava com moda, embora se apegasse aos restritos moldes de Beacon Hill por puro hábito. Era imune a galanteios, pois não acreditava em nenhum elogio que lhe fosse dirigido. Não sentia nenhuma satisfação nos costumeiros interesses femininos relacionados a bordados e mexericos, encontrando mais prazer em dividir tarefas com a tripulação ou dar aulas de dicção a Timothy Datty.

Observando-a, jamais teria adivinhado que ela teria força para suportar uma tempestade, mas, ainda assim, as dificuldades apenas a deixavam mais ativa e confiante do que jamais fora em terra firme.

Pior de tudo, Dulce parecia alheia ao inesperado calor que pairava entre ambos sempre que se achavam a sós. Christopher não fazia ideia de onde aquele indesejável anseio de estar perto dela se originara. Quisera intimidá-la, humilhá-la, fazê-la arrepender-se de ter conseguido um lugar a bordo contra sua vontade, mas seu plano fracassara.

Não apenas aquilo, mas o feitiço parecia ter virado contra o feiticeiro. Apanhava-se apreciando demais aquela proximidade entre ambos e querendo muito mais do que seria sensato partilharem.

Tinha uma curiosidade insaciável em relação a ela. Dulce dava de si incansavelmente aos outros, mas o que queria para si mesma? Deveria perguntar-lhe e o faria, caso ela não se recusasse a lhe falar depois da cena do dia anterior no refeitório.

- Ora, vejam só se você não está charmoso - declarou Dino, entrando na cabine. - Como se chama essa cor que está usando hoje, de casca de manga?

Christopher ajeitou a gravata e o casaco curto de seda, admirando o tom de pêssego maduro do tecido.

- Zombe quanto quiser, mas saiba que é uma de minhas cores favoritas.

- Cairia bem com uma calça verde-abacate.

Ele ignorou-lhe o tom de censura na voz. O assistente preferia cores sóbrias e uma atitude discreta, mas aquilo não combinava com o impetuoso Christopher Uckermann.

- Há uma razão para isto - argumentou.

- Sim. Gosto pessoal horrível, para começar.

- Gosto não se discute. Mas imagine os armazéns de Ferreira. Centenas de trabalhadores andando de lá para cá, dezenas de capitães com gelo para vender. De quem eles se lembrarão na próxima temporada? De um daqueles puritanos, todos vestidos de preto, ou do estonteante capitão Uckermann?

Dino ergueu as mãos no ar em sinal de rendição e deu um passo atrás.

- Deixe para lá, então. O comércio antes do gosto, sempre.

- Capitão! - Timothy bateu vigorosamente à porta da cabine. - O prático está aqui!

Christopher subiu ao convés principal. O prático do porto havia se aproximado num bote e subido a bordo. De pele morena, um chapéu metido debaixo do braço, ele olhava boquiaberto para Ale, que havia subido com Fayette e Dulce para observar a chegada.

- Acho que ele encontrou algo mais bonito do que você - gracejou Dino.

Ale usava um vestido de seda lilás, adornado por renda, o conjunto complementado por um chapéu de aba larga e uma sombrinha enfeitada. Christopher já vira arranjos de flores menos elaborados do que sua mãe.

Fayette achava-se devidamente atrás de sua senhora, embora seus olhos atentos permanecessem fixos no porto movimentado, as águas em volta salpicadas com os mais variados tipos de embarcações.

E ali também estava Dulce, já começando a se retrair, observou ele, aborrecido. Agora que estavam prestes a desembarcar, ela voltava a ser a criatura tímida e reticente que conhecera em Boston. Mantinha os ombros encolhidos e os olhos baixos, embora lançasse um olhar ocasional na direção do Pão de Açúcar, a grande formação rochosa que se avistava da baía. Havia se metido num vestido feioso marrom e os cabelos, que tinham começado a parecer bem melhor depois do corte forçado, estavam escondidos num esquisito chapéu preto e marrom.

Ao menos, ponderou ele, o iminente desembarque não havia tirado a cor saudável do rosto dela, e não a vira tossindo ou espirrando durante semanas.

Com um sorriso amistoso, adiantou-se na direção do prático.

- Senhor, seja bem-vindo a bordo do Cisne Prata.

- Oh, puxa - murmurou Ale, admirando a elegância do filho com inegável orgulho materno. - Meu garoto está bonito demais para se colocar em palavras, não acha Dulce?

Dulce lançou um rápido olhar a ele e, então, baixou a cabeça.

- Como você diz, não dá para se colocar em palavras. 

Naquele momento, os fortes à beira-mar dispararam uma salva de boas-vindas. Christopher ergueu os braços em agradecimento à cortesia.

O prático, enfim, desviou o olhar de Ale para oferecer uma mesura e um sorriso ao capitão. Christopher fez um gesto na direção do cais.

- Quanto cobra para nos levar até um ancoradouro?

- Quarenta libras esterlinas, senhor - respondeu o prático no idioma de Christopher, seu sotaque carregado. - Metade agora e metade depois. 

Christopher levou a mão ao peito.

- Ouviu isso, Sr. Izard? Exatamente quando eu pensei que havíamos feito a viagem sem incidentes, sou atacado por um pirata.

- Senhor, não entendo. Ofereço um serviço a um preço justo. 

- Quinze libras esterlinas e não se fala mais nisso - propôs Christopher.

O homem adquiriu um ar um tanto ofendido e soltou um rosário de lamentações no próprio idioma.

Christopher esperou pacientemente por uma contraproposta, mas, em vez daquilo, Dulce limpou a garganta:

- Capitão Potter, o pobre homem disse que tem cinco filhas e que a sogra moribunda está em sua casa. Realmente acho que a coisa certa a fazer é pagar o preço pedido.

O brasileiro obviamente viu Dulce como o ponto fraco e dirigiu-lhe a sua lista seguinte de lamentações.

Ela ouviu atentamente.

- Ele está dizendo que um prático menos hábil estaria arriscado a fazer um navio deste tamanho encalhar - alertou, traduzindo o que o homem falava. - Quarenta libras não são nada em comparação com os milhares que você corre o risco de perder se deixar um navegador menos experiente encalhar o seu navio. Ele tem toda a razão. Você...

- Vinte. E esta é a minha oferta final - retrucou Christopher.

- Trinta - disse o homem.

- Feito - declarou Christopher antes que Dulce pudesse tornar a interferir.

O rosto do brasileiro iluminou-se com um sorriso e afastou-se para cuidar de sua tarefa.

Christopher puxou Dulce de lado, baixando a voz até um resmungo furioso:

- Nunca mais volte a fazer isso.

- Eu sou a sua tradutora.

- Então, limite-se a traduzir. Não me aconselhe quanto ao que devo pagar.

- Mas cinco filhas para sustentar e uma sogra moribunda? As dez libras a mais significariam muito para o pobre homem.

- Pobre, pois sim! O sujeito é um solteirão que vive em seu barco. O dinheiro extra serve-lhe para a bebida e as mulheres.

- E como sabe disso?

- Eu simplesmente sei como são as coisas. Agora, da próxima vez que houver alguma tradução a ser feita, passe-a a mim palavra por palavra, sem nenhum de seus comentários ingênuos.

Christopher afastou-se, sentindo-se estranhamente revigorado pela pequena discussão. Aquele era o aspecto peculiar em conhecer Dulce. Argumentar com ela era muito mais divertido do que uma conversa polida com uma dezena de outras damas.

Ale alugou uma carruagem para levá-las até as colinas onde a irmã morava. Enquanto Fayette supervisionava o acondicionamento dos vários baús de viagem, Ale abanava-se com um leque. Os aromas de grãos de café torrados e açúcar de cana inundavam o ar.

Na preparação para o desembarque, Dulce lera um guia do viajante e estudara os desenhos para aprender algo sobre o lugar. Mas nada do que pudesse ter lido ou estudado poderiam tê-la preparado para o Rio de Janeiro. Ela contemplava o cenário à sua frente em novo embevecimento, observando o paraíso movimentado e reluzente: uma montanha chamada Corcovado, revestida do verde esmeralda da exuberante vegetação. O morro do Pão de Açúcar, grande e brilhante como puro mármore sob o sol quente. Botafogo, uma orla como um colar cintilante de diamantes que circundava a baia turquesa. Elevando-se em meio a todo aquele esplendor estava um magnífico edifício branco que ela reconheceu como o Palácio das Laranjeiras.

Oh, pensava, deslumbrada, morri e acordei no Paraíso. Quase acreditou no pensamento fantasioso, exceto pela camada de suor que se formava em suas costas e entre os seios.

- Ah, a nossa carruagem já está pronta! - exclamou Ale. - Quase não acredito que estou quase lá. Mal posso suportar a expectativa.

Dulce observou a carruagem com uma ponta de desconfiança. Praticamente submerso sob uma pirâmide de bagagem, o veiculo dava a impressão de estar prestes a desmoronar a qualquer momento.

- Acha que estaremos seguras nesta carruagem? - indagou.

- É claro que sim. É a maneira como todas as pessoas refinadas viajam. Você já pegou tudo o que precisava?

- Sim, mas eu devo ficar aqui - protestou Dulce. - O capitão Uckermann talvez precise de minha ajuda como intérprete e...

- Hoje, não - interveio Christopher, aproximando-se com seu ar confiante e traje elegante de calça preta, camisa branca ampla e casaco curto de seda pêssego combinando com a gravata.

Estava com um homem moreno e magro de raça indeterminada, tinha os cabelos negros como os de um africano, mas a pele possuía um tom intenso de canela.

- Edison Carneiro, a seu dispor - apresentou-se, sua mesura como a de um toureiro no meio de uma arena. Quando endireitou as costas, olhou na direção de Fayette.

Dulce sentiu um clima peculiar entre ambos. Foi a única maneira que encontrou para explicar aquilo. No momento em que aqueles dois se entreolharam, experimentaram algo intenso. Ela lançou um olhar a Christopher para ver se também notara o súbito e inegável interesse.

- Ele é um agente do meu consignatório - explicou Christopher, claramente alheio à reação de Fayette a Carneiro. - Uma vez que fala perfeitamente o nosso idioma, não precisarei de intérprete. - Seu sorriso estava entusiasmado, os olhos verdes brilhando.

- Ora, filho, você certamente parece satisfeito consigo mesmo - notou Ale.

- É a carga do gelo - explicou Carneiro. - Está em excelente condições. O de vocês é o primeiro gelo da temporada a chegar. - Ele fez com que o rosto moreno adquirisse uma expressão de lamento que não conseguiu disfarçar seu verdadeiro contentamento. - O capitão me roubará descaradamente, fazendo-me pagar uma soma exorbitante pelo gelo.

Christopher soltou um riso.

- Vocês recuperarão o investimento. O Sr. Ferreira não é tolo. Sabe quanto vale ser o primeiro a abastecer seu armazém com gelo.

O cocheiro ajudou Ale a subir na carruagem, e Christopher ofereceu a mão a Dulce. Ele ficara contrariado com a sua interferência quando servira de intérprete na conversa com o prático do porto, ponderou ela. Sem dúvida, aquela era a sua maneira de demonstrar aquilo, tratando-a formalmente, como se fosse uma estranha.

- O que está achando do Rio? - perguntou-lhe, enquanto a ajudava a entrar no veículo. O tom era indiferente. Não estava interessado numa resposta.

O que Dulce queria dizer era que estava achando a cidade surpreendente, mágica e encantadora. Um paraíso que vira apenas em sonhos.

- É muito bonito - respondeu de maneira sucinta, sentando-se ao lado de Ale.

- Fayette - chamou ela. - Você não vem?

- Sim - respondeu a criada. Distraída, não parou de olhar para Edison Carneiro, nem ele tirou os olhos dela enquanto a ajudava a subir na carruagem. De fato, o magnetismo era inegável entre a bela criada negra e o galante agente.

- Até breve - disse ele, dirigindo-se a todas as damas, mas o olhar ainda fixo em Fayette.

A carruagem pôs-se em movimento, seguindo pela estrada de terra.

- Francamente, Fayette - disse Ale num tom de reprimenda que não conseguia encobrir sua indulgência. - Não faz nem uma hora que desembarcamos e você já está flertando. O que devo fazer com você?

- Não sei - respondeu a criada vagamente, recostando-se no assento, um ar distante no rosto. - De fato, não sei. - Suspirou docemente e ergueu a mão para acenar em despedida. 

Carneiro retribuiu o gesto, mas Christopher já dava meia-volta.

Dulce concentrou sua atenção na paisagem. Observou o mercado na distância, uma interessante mescla de cores e sons, barracas em tons vibrantes exibindo montes de melões, abacaxis e frutas que nunca vira antes. Passaram por estabelecimentos movimentados, uma igreja com uma música suave ecoando de seu coral e um grupo de freiras caminhando pela rua. Criados e lavadeiras de pele negra equilibrando cestas na cabeça passavam atarefados de lá para cá.

- Há tanta coisa para ver! - exclamou, entusiasmada. - Chega a ser difícil prestar atenção em tudo ao mesmo tempo.

- Você tem três maravilhosas semanas aqui antes de tornarmos a partir no Cisne Prata - lembrou-a Ale. - Deveria ter como meta conhecer uma nova paisagem a cada dia. E algo que aprendemos durante nossa viagem pela Europa, não é mesmo, Fayette? Algo novo a cada dia. Fayette? Você não ouviu uma palavra do que eu disse.

- Não, senhora - respondeu a criada com ar sonhador. Quando a estrada serpenteou em torno de uma colina, depararam com um agrupamento de casas. As habitações construídas na lateral da colina eram caiadas e tinham telhados vermelhos. Em todos os espaços vazios, ao que parecia em torno de cada rocha e fenda, arbustos e flores de cores variadas cresciam, numa agradável profusão de cores.

A carruagem entrou por uma floresta densa, onde a estrada se estreitava, mas era uma floresta como Dulce nunca tinha visto. As árvores eram incrivelmente altas, tinham folhas grandes e aveludadas e, em algumas, desabrochavam imensas e misteriosas flores de pontas amareladas. Samambaias exuberantes cresciam no chão. Pássaros, nos mesmos tons de verde e amarelo das folhagens, saltitavam pelos galhos e, em algum lugar por perto, ouvia-se o som cristalino de um regato. Ela recostou-se no assento e soltou um longo suspiro, sentindo-se como se tivesse desembarcado no meio de um sonho e tinha medo de acordar. 

Quando a carruagem parou num caminho revestido por conchas trituradas diante de uma ampla vila cor-de-rosa, ousou acreditar que era a realidade.

O cocheiro soltou um assobio. Um grupo de jovens criados rodeou a carruagem, ajudando-as a descer e descarregando a bagagem. O entusiasmo de Dulce era crescente enquanto os ouvia conversando entre si. Como o idioma era diferente e mais interessante do que o que estudara em seus livros. A gíria rápida e vivaz mal se parecia com a língua formal.

Seu olhar encontrou o de um dos garotos e abriu-lhe um sorriso aberto, saudando-o em seu melhor português.

Ele e os amigos soltaram risinhos incontroláveis.

- O que você lhes disse? - indagou Ale.

- Espero ter dito que é um prazer estar aqui, mas, pela maneira como estão rindo, não tenho certeza. - Achou os garotos encantadores. Não sabia exatamente qual era sua raça. Não tinham a pele tão negra quanto Dino e o Doutor, mas também não eram de origem caucasiana. Os rostos e pernas despidas eram da cor do café com leite que as autoridades portuárias tinham lhes oferecido no desembarque.

Achou interessante que sua raça fosse indeterminada e que aquilo não parecesse importar nem um pouco.

Um grito eufórico ecoou de um arco de pedra que dava para um caminho que conduzia à casa principal. Ale ficou alerta de imediato. Virou-se abruptamente e respondeu com um idêntico grito de alegria.

- Rose! Oh, minha querida Rose!

As duas mulheres atiraram-se uma nos braços da outra com tamanha emoção que Dulce e Fayette contiveram as lágrimas enquanto observavam.

As duas irmãs faziam um par adorável. Ale era alva e delicada feito um lírio, como seu nome em inglês já dizia e, da mesma maneira, Rose era marcante e vibrante feito uma rosa. Usava um traje extraordinário, uma saia presa com um nó lateral que exibia seus tornozelos bem-feitos e pés descalços. A blusa tinha decote arredondado, revelando parte do colo. Dulce teve certeza de que Rose não usava nenhum espartilho ou anáguas por baixo daquelas roupas leves e descontraídas.

Quando Ale fez as apresentações, a irmã abraçou Dulce e Fayette calorosamente.

- Sejam bem-vindas a minha casa - declarou. Um quê do sotaque da Virgínia ainda se notava em suas palavras, mas sua fala também tinha o ritmo cadenciado do Brasil. Ela riu dos olhares surpresos das três e, com ar de gracejo, tocou a barra das fartas saias de Ale. - Nós nos vestimos de acordo com a temperatura aqui na Vila do Céu, e é como vocês deverão fazer. Se não fosse pela natureza quente dos nossos homens, nós provavelmente andaríamos totalmente sem roupa.

Dulce conteve uma exclamação de perplexidade. Ainda assim, a terra não se abriu abaixo das quatro e as tragou simplesmente porque uma mulher mencionou algo com sentido carnal. Concluiu que gostou muito da espontânea Rose.

Enquanto ela as conduzia em direção à casa, Dulce olhou para cima e viu que cada flor que crescia em torno do arco de pedra era uma orquídea perfeita. Soube que iria adorar o Rio de Janeiro.



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Autor(a): chrisdul

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 49



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  • carolinevondyzinha Postado em 15/04/2015 - 20:09:41

    Meu deuses cadê vc posta +

  • lalita_vondy Postado em 15/07/2014 - 16:40:06

    Oieeeee LEITORA nova!! Posta mais por favor to curiosa!! Nao abandona nao por favor!!! Posta vai!! Bjoes!!

  • mariaeduardavondy Postado em 30/05/2014 - 15:20:42

    Oii! Sou leitora nova!por favor não abandona a web!Por favor!è uma das webs mais perfeitas q eu já li aq no site!por favor volta a postar!

  • samandra Postado em 08/03/2014 - 09:43:26

    Oi, posta mais :)

  • lolawho Postado em 24/02/2014 - 15:15:42

    POSTA MAIS!!! PLEASE...

  • taisa Postado em 03/02/2014 - 16:05:57

    Um MÊS SEM CAPÍTULO NOVO :/

  • taisa Postado em 22/01/2014 - 23:23:52

    QUERO POSTS...

  • lolawho Postado em 18/01/2014 - 19:18:39

    Por favor continua a web!!!! *---*

  • a_letiicia Postado em 03/01/2014 - 20:49:47

    Ahhh espero que você dê-nos esses capítulos enormes todos os dias, todos os dias! hahaha Porque é tão gostoso ir descendo, descendo e descendo o capítulo e ainda ter mais coisa pra ler hahahahahh na verdade é bom porque dá continuidade, não fica aquela história toda picada com meia dúzia de palavras por capítulos, interrompendo as coisas que tem que acontecer sabe? não sei explicar, mas é ótimo!!! hahaha Enfim, eu sabia!!!! Sabia que a timidez, a tristeza, e a inibição da Dulce eram culpa daquele bando de imbecis que ela tinha que conviver. Olha como ela está feliz nesse navio? Ela como ela está se divertindo, se soltando... Ela encontrou o seu lugar ali, perto das pessoas que a 'alta sociedade' provavelmente despreza. Claro que a Dulce tá se livrando pouco a pouco das 'máscaras', o cabelo grande com esses penteados horríveis, os óculos, as roupas enormes e pesadas, os sapatos antiquados... E isso é culpa do Christopher também, que a propósito já está louco por ela.

  • vemkgaabi Postado em 03/01/2014 - 11:37:36

    Por favor posta maaais estou amando a web *---*


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