Fanfic: Uma Escola de Charme - Adaptada Vondy | Tema: Vondy

- Diga que você o fará. - O sorriso de Poncho pareceu vago, os olhos inquietos enquanto afastava a cortina e observava a multidão.

O dedo dela era grosso demais para anel tão delicado.

- Claro que farei, mas...

- Ela está ali, usando aquele vestido lilás. - Tocando-lhe o ombro, Poncho inclinou-se para a frente e apontou.

- Angelique Boyer. Ela está dançando com Duarte. Peguei-lhe o anel para fazer troça e está tão zangada comigo que não me deixa nem sequer chegar perto para devolvê-lo. Por favor, diga-lhe que sinto muito.

Dulce não escutou o restante das palavras devido ao súbito zumbido em seus ouvidos. Através de um véu de humilhação, viu Angelique, linda em seu vestido lilás, jogando a cabeça para trás graciosamente enquanto ria de algum comentário espirituoso de seu elegante parceiro de dança.

- Você quer que eu devolva este anel a srta. Boyer? - conseguiu dizer.

- Exatamente. - Pousando-lhe a mão nas costas, ele a fez deixar o grande nicho da janela.

- Poncho?

- Sim?

Dulce ansiava por atirar-lhe o anel no rosto excessivamente bonito. Em vez daquilo, fez algo pior. Algo muito pior.

- Como quiser. – disse, fitando-o nos olhos e tentando esconder sua frustração. 

- Eu sabia que poderia contar com você, Dul. - Poncho fez um gesto na direção da multidão. - Veja, você vai ter que se apressar. A música terminou.

Odiando a si mesma, Dulce adiantou-se pelo salão para atender-lhe o pedido. Devolveu o anel à legítima dona. Angelique abriu-lhe um de seus sorrisos encantadores e disse:

- Obrigada, Dul. Pensei que você fosse roubar Poncho de mim. - Ela e as amigas que agora a cercavam riram, cada riso divertido parecendo o golpe de um punhal. - Ora, vejam só você de preto - prosseguiu a jovem, tocando-lhe a fita na cintura do vestido. - Qual a razão para estar de luto?

Pela morte das boas maneiras, pensou Dulce, mas estava constrangida demais para falar. Aborrecida pelas farpas femininas, tentou afastar-se rapidamente dali. Mas ao virar-se, acabou esbarrando numa mulher loira com sua bela saia armada e leque de marfim e renda. A dama abriu-lhe um sorriso hesitante, como se estivesse prestes a cumprimentá-la.

Dulce fez uma mesura polida, esperando que o forte rubor em suas faces diminuísse. Apenas o espartilho a mantinha ereta enquanto passava pela mulher. Não fosse pela rígida peça de baixo, teria se encolhido em pura vergonha. Precisava sair dali e depressa.

Para seu horror, ouviu alguém chamando-a. 

- Dulce, querida - disse a Sra. Narcisa Velasco, mãe do noivo de Anahí, estava radiante com seu triunfo social. - Não estamos encantadoras nesta noite?

- Algumas de nós, sim - respondeu Dulce num quase murmúrio.

- Como você deve estar feliz em ver sua irmã mais nova ficando noiva. Ora, logo restarão apenas você e seus estimados pais, sozinhos nesta casa. Não será aconchegante?

- Será aconchegante, sem dúvida. E que imensa bondade de sua parte apontar o fato.

- Venha - sugeriu a Sra. Velasco - Devemos fazer um brinde a esse noivado.

Não, pensou Dulce, numa súplica aos céus, não poderia enfrentar a todos agora. Nunca conseguira esconder seus sentimentos. Sua família saberia de imediato que estava aborrecida. Depois a questionariam à sua insuportável maneira bem-intencionada, e ela desmoronaria diante de todos.

- Dulce, você não me ouviu? Tem que se reunir ao grupo da família. E para onde foram seus irmãos? - A Sra. Velasco sacudiu a mão no ar num gesto de impaciência.

Alguém segurou o braço de Dulce. Sobressaltada, soltou um pequeno grito e recuou um passo para se ver diante da mulher loira a quem praticamente atropelara enquanto estivera tentando escapar do salão de baile.

Cachos perfeitos. Um rosto maduro e bonito. Olhos cheios de simpatia. Bastou fitá-los por um instante e ela teve a confirmação de sua suspeita. A mulher testemunhara a sua humilhação.

- Posso ajudá-la? - perguntou-lhe, hesitante.

- Na verdade, sim. - A mulher virou-se para a Sra. Velasco. - Estou sentindo uma ligeira indisposição, Narcisa. Dulce teve a gentileza de me oferecer o refúgio de seu quarto para um pequeno descanso.

A Sra. Velasco estreitou o olhar.

- Mas Ale, nós íamos brindar ao noivado.

- Tenho certeza de que o conforto de nossos convidados deve vir antes de um brinde - murmurou Dulce. Num misto de alívio e gratidão, ela conduziu a mulher pelas escadarias até seu quarto amplo e arejado e fechou a porta atrás de ambas. - Obrigada - disse, com um suspiro.

A mulher dispensou-lhe o agradecimento, enquanto Dulce acendia as velas de um candelabro no criado mudo.

- Meu nome é Alexandra Casillas Von Uckermann - apresentou-se.

Dulce notou-lhe o sotaque sulista na voz.

- Como vai? Veio de fora da cidade para uma visita? 

- Na verdade, sim. Sou da Virgínia, embora tenha retornado recentemente depois de ter passado três anos na Europa. Os seus pais tiveram a gentileza de me convidar para a festa de sua família.

- Espero que esteja se divertindo. - Acordes de música e aplausos ecoaram do salão de baile. Anahí e seu bonito noivo deviam estar sendo o centro das atenções naquele momento, rodeados por Maite, Thomas, Peter e os pais, mal cabendo em si de orgulho. Dulce conteve a vontade de tapar os ouvidos.

- Na verdade, não estou. Estive com a esperança de trocar uma palavra com o Sr. Arthur Herrera

- Oh, puxa! Lamento, mas ele recebeu uma mensagem e teve que deixar a festa para resolver um assunto de negócios.

Alexandra retirou as luvas e apanhou do toucador um frasco de cristal com água de rosas.

- Posso?

- Claro.

Ela aplicou gotas do perfume nos pulsos.

- Suponho que terei que esperar, então. Mas já estou acostumada. - Baixou a cabeça, a luz das velas destacando-lhe o perfil delicado, o rosto preocupado pela dúvida. - Na verdade, estou procurando Christopher Uckermann. Ao que parece, ele partiu numa embarcação de Herrera.

O problema de Dulce com Poncho pareceu insignificante de repente. Ali estava uma mulher que viajara através do Atlântico para ver o marido... e não o estava encontrando.

- Céus, Sra. Uckermann, lamento tanto - disse, atravessando o quarto para tomar as mãos da dama nas suas. - Eu... Como foi mesmo que disse que era o nome dele?

- Christopher. Christopher Von Uckermann.

- Que maravilhosa coincidência - exclamou Dulce, satisfeita em poder subitamente ser útil em algo. - Não precisa se preocupar em esperar para falar com o Sr. Herrera. Posso levá-la diretamente até Christopher Uckermann . Nesta noite, se desejar.

- O quê?

- Eu sei exatamente onde ele está Sra. Uckermann.

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