Fanfics Brasil - 7 Uma Escola de Charme - Adaptada Vondy

Fanfic: Uma Escola de Charme - Adaptada Vondy | Tema: Vondy


Capítulo: 7

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- Eu me sinto bastante ousada por estar saindo tão tarde - confessou Dulce a Alexandra. Recostou-se no assento de couro da pequena carruagem. O pai, que sempre exigia o melhor, providenciara para que fosse colocado na frente da carruagem de passeio um vidro curvado, como uma vitrine. Ambas estavam sentadas lado a lado no banco de trás, observando a cidade através do vidro, por onde se filtrava o pálido luar.

Lampiões a gás reluziam ao longo da Rua do Estado e sombras projetavam-se nas travessas mais próximas e na Rua dos Mercadores.

- O seu cocheiro pareceu um tanto surpreso quando lhe dissemos que queríamos ir até o porto - comentou Ale. - Realmente espero que isto não cause problemas a você com sua família.

- Acredite-me, Sra. Uckermann, desde a idade de quatorze anos, eu não tenho feito outra coisa exceto causar problemas à minha família.

Ale virou-se, a luz proveniente do lampião da carruagem banhando-lhe o rosto.

- O que pode estar querendo dizer?

Dulce brincava distraidamente com as fitas do chapéu de cetim abaixo de seu queixo.

- Até os quatorze anos, eu morei com uma tia solteira em Salem. Eu raramente via a minha família. - Relembrou os longos e tranquilos anos, época em que não tivera que se importar com mais nada além de passar algumas horas lendo um livro maravilhoso. - Foi um acerto que serviu muito bem a todos nós. Mas quando minha tia-avó morreu, tive que retornar para a casa em Beacon Hil. Receio ter sido um fardo para todos desde então.

- Não posso imaginá-la como um fardo.

- Sim, pode - respondeu Dulce, com gentil censura. - Apenas é bondosa demais para dizer isso. Uma solteirona sem atrativos, que se atrapalha toda durante uma conversa, que é desajeitada num salão de baile. Sou um fardo, especialmente para todos os Savinon.

- Todos nós temos as nossas qualidades únicas. Cabe à sociedade descobri-las.

- E se ninguém as descobre?

Alexandra Uckermann virou-se no assento para poder observá-la melhor. Lentamente, estendeu as mãos enluvadas e retirou os óculos de lentes grossas de Dulce, deixando-os pender da fita negra de seda em torno de seu pescoço.

- Ora, ora, minha cara Srta. Savinon - disse em seu agradável sotaque sulista - as pessoas não a estão vendo absolutamente.

Era algo tão parecido com o que sua tia teria dito que Dulce sentiu um súbito nó na garganta.

- Eles são os Savinon de Beacon Hil. - Ela usou seu tom mais altivo, provocando um sorriso em Ale. - Veem o mundo como acham que deve ser visto.

- Talvez você esteja no mundo errado, então.

- É o único que conheço, Sra. Uckermann. - Dulce lançou um sorriso triste na direção da janela. Uma recém-chegada e, ainda por cima, sulista. Não poderia entender. Em famílias como a dos Savinon nada mudava, jamais. Era a sagrada missão de cada geração da família prosseguir exatamente como os pais haviam feito antes e assim sucessivamente até o fim dos tempos.

Ovelhas negras como Dulce eram apartadas do rebanho. Colocadas de lado em algum lugar até que o cansaço e a meia-idade as deixassem inofensivas. Já de idade avançada, podiam até se tornarem úteis como tia Elizabeth fora. Podiam cuidar das ovelhas negras das gerações seguintes.

Teria que haver algo mais na vida, pensava Dulce com frequência. Mas o que? Ansiava por se libertar, por escapar daquela sina. Mas queria era escapar de sua própria vida e era justamente daquilo que não tinha como se ver livre.

Gostaria de esganar a si mesma por estar alimentando pensamentos tão sombrios. Esforçou-se para afastá-los e concentrar-se na mulher em sua companhia.

Alexandra Uckermann olhava agora para frente e mordia o lábio inferior com ar preocupado.

- Acho melhor avisar você sobre Christopher - disse-lhe. - Ele é a ovelha negra da família, embora eu nunca tenha me importado com esse termo tolo.

Dulce sentiu seu interesse sendo despertado. Talvez tivesse algo em comum com aquele Christopher Uckermann.
- Se me permitir perguntar, ele é uma espécie de fardo constante?

- Fardo? Minha cara, com seu charme, Chris seria capaz de persuadir uma pérola a sair de uma ostra.

O interesse de Dulce diminuiu. Ao que parecia, o homem era uma ovelha negra de outro tipo. Ela, por sua vez, não tinha nada em comum com uma pessoa charmosa.

- Eu tive esperança de que o fato de ter vindo para o norte do país o tornasse mais responsável. Em vez disso, a primeira coisa que ele fez quando deixou a Virginia foi conceder liberdade ao seu escravo.

- Ele tinha um escravo? - perguntou Dulce, num tom de censura.

Ale meneou a cabeça em assentimento.

- Christopher e Dino eram como irmãos.

- E ele libertou seu “irmão”.

- Sim, de fato o fez.

- Excelente - declarou Dulce, com veemência.

- Você é abolicionista?

- Sim, sou.

- Bem, agora sabemos que tipo de assunto devemos evitar se vamos nos tornar amigas. - Ale fez uma pausa e, então, acrescentou - É estranho estar aqui na companhia de ianques. A maioria de vocês me considera uma senhora de escravos sulista, uma provinciana.

- Duvido muito. As melhores famílias de Beacon Hill fizeram sua fortuna beneficiando o algodão cultivado através do trabalho escravo. Não é considerado de bom-tom mencionar o assunto, embora isso nunca tenha me impedido de ser contra a escravidão.

A carruagem dobrou uma esquina, entrando pela Rua Índia. Como tentáculos, cada cais escuro projetava-se até Town Cove e o porto de Boston. Os mastros de vários tipos de embarcações elevavam-se de encontro ao céu noturno.

- Oh, céus. - Ale observou a luminosidade dos lampiões das embarcações destacando-se na água escura. - Finalmente, é real para mim. Meu Chris realmente fugiu para o mar.

- O Sr. Herrera ficou bastante satisfeito com o serviço que ele realizou. - Dulcesentiu-se impelida a defender Christopher Uckermann, um homem que tivera a coragem de libertar um escravo. - Fez uma viagem em tempo recorde. Pelo que entendi, a próxima jornada é para o Rio.

Para Dulce, o Rio de Janeiro era mais do que um ponto no mapa. Ela e Elizabeth tinham por costume ler histórias sobre lugares distantes. O Rio de Janeiro tinha sido um dos favoritos, famoso por suas belezas naturais. Ambas tinham lido sempre à tarde, imaginando o aroma do café torrado e a exuberância das praias tropicais. Quando sua tia ficara doente demais para conseguir enxergar, Dulce sentara-se à sua cabeceira e lera para ela durante horas. Um dos últimos livros que haviam lido juntas fora ambientado no Rio de Janeiro.

Quando se aproximaram das docas da Companhia de Comércio Marítimo dos Herrera, Dulce avisou o cocheiro. Estava um tanto ansiosa para conhecer aquele homem que agradara Arthur Herrera e ganhara uma fortuna, que libertava escravos. Uma ovelha negra que obtivera tanto êxito na profissão que escolhera e lhe seria uma inspiração.

Talvez estivesse em sua cabine, descansando depois da frutífera viagem. Ou talvez ainda estivesse fazendo o merecido pagamento aos marujos. Talvez.

O som de vidro espatifando-se assustou os cavalos. Enquanto o cocheiro os controlava, Dulce olhou pela janela da carruagem.

Cisne de Prata estava mais iluminado do que as demais embarcações. Vez ou outra, alguém soltava fogos de artifício, colorindo o céu escuro.



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Autor(a): chrisdul

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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Quando a carruagem parou, Dulce não esperou que o cocheiro abrisse a porta, descendo um tanto desajeitadamente por conta própria.  Alexandra esperou pelo cocheiro e, então, desceu com a suavidade de uma borboleta pousando numa flor. Música barulhenta ecoava do convés. - Carruagem à vista! - gritou alguém e, então ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 49



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  • carolinevondyzinha Postado em 15/04/2015 - 20:09:41

    Meu deuses cadê vc posta +

  • lalita_vondy Postado em 15/07/2014 - 16:40:06

    Oieeeee LEITORA nova!! Posta mais por favor to curiosa!! Nao abandona nao por favor!!! Posta vai!! Bjoes!!

  • mariaeduardavondy Postado em 30/05/2014 - 15:20:42

    Oii! Sou leitora nova!por favor não abandona a web!Por favor!è uma das webs mais perfeitas q eu já li aq no site!por favor volta a postar!

  • samandra Postado em 08/03/2014 - 09:43:26

    Oi, posta mais :)

  • lolawho Postado em 24/02/2014 - 15:15:42

    POSTA MAIS!!! PLEASE...

  • taisa Postado em 03/02/2014 - 16:05:57

    Um MÊS SEM CAPÍTULO NOVO :/

  • taisa Postado em 22/01/2014 - 23:23:52

    QUERO POSTS...

  • lolawho Postado em 18/01/2014 - 19:18:39

    Por favor continua a web!!!! *---*

  • a_letiicia Postado em 03/01/2014 - 20:49:47

    Ahhh espero que você dê-nos esses capítulos enormes todos os dias, todos os dias! hahaha Porque é tão gostoso ir descendo, descendo e descendo o capítulo e ainda ter mais coisa pra ler hahahahahh na verdade é bom porque dá continuidade, não fica aquela história toda picada com meia dúzia de palavras por capítulos, interrompendo as coisas que tem que acontecer sabe? não sei explicar, mas é ótimo!!! hahaha Enfim, eu sabia!!!! Sabia que a timidez, a tristeza, e a inibição da Dulce eram culpa daquele bando de imbecis que ela tinha que conviver. Olha como ela está feliz nesse navio? Ela como ela está se divertindo, se soltando... Ela encontrou o seu lugar ali, perto das pessoas que a 'alta sociedade' provavelmente despreza. Claro que a Dulce tá se livrando pouco a pouco das 'máscaras', o cabelo grande com esses penteados horríveis, os óculos, as roupas enormes e pesadas, os sapatos antiquados... E isso é culpa do Christopher também, que a propósito já está louco por ela.

  • vemkgaabi Postado em 03/01/2014 - 11:37:36

    Por favor posta maaais estou amando a web *---*


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